My Dear Secret Admirer escrita por KAT


Capítulo 15
Vilões não se suicidam


Notas iniciais do capítulo

OLHA QUEM ESTÁ DE VOLTA? E COM UM CAPÍTULO GIGANTE. Nunca atualizei tão rápido, eu sei haha
eu ouvi essa música UM MILHÃO de vezes enquanto escrevia esse capítulo, então tome pra vocês ouvirem enquanto leem: Don't Hold Me
https://www.youtube.com/watch?v=29nS1PyoU2U



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Corri o mais rápido que pude, sentindo meus pulmões arderem e quando finalmente cheguei no funeral, notei que eu não tinha a menor ideia do que fazer. Ainda é cedo demais, havia poucas pessoas presente, andei mais um pouco e finalmente notei o caixão, mas Noah não estava ali. Não estava em lugar nenhum.

Voltei a correr pelas ruas novamente, Noah odeia funerais, lógico que ele não pretendia ir. Assim que cheguei em sua casa, me arrependi de ter ido naquele momento, quando olhei pela janela o avistei parado diante da mesa, inalando algum tipo de droga que eu não faço ideia do nome.

— NOAH – berrei, abrindo a porta rapidamente – que merda você está fazendo? – ele deixou o pó que segurava em cima da mesa, e fitou-me com os olhos surpresos.

— Eu não pensei que viria – ele sussurrou.

— Você me prometeu – lembrei desapontada – prometeu nunca mais fazer isso com você mesmo – continuei devagar, sentindo meu coração bater com força.

— Me desculpe – soltou com a voz quase inaudível, e então ajoelhou-se no chão, parecendo exausto. Seus olhos estavam fundos, eu nunca havia o visto tão mal assim.

— Que droga, Noah, você prometeu – andei rápido até ele e então joguei-me em seus braços, abraçando-o com força.

 Ficamos assim por um longo tempo; ajoelhados no chão, abraçados, enquanto eu o ouvia chorando baixinho e me segurava para não chorar também. Eu falhei com ele, não posso agir como se fosse o contrário. Noah me prometeu nunca mais usar drogas, e eu prometi nunca mais deixá-lo sentir-se tão mal a ponto de pensar que precisava.

— Meu bem, olha pra mim – pedi e ele obedeceu, encarando-me de perto com os olhos marejados, e sei que é errado pensar isso em um momento desses, mas estávamos tão próximos, que consegui imaginar seus lábios nos meus – você precisa ir até lá. 

— Eu não vou, ele sequer merece.

— Noah...

— Esse filho da puta era um pai horrível e como se não bastasse, precisou se suicidar pra me deixar com essa culpa para sempre – cuspiu as palavras, irritado.

— Não é sua culpa – foi a única coisa que consegui dizer.

— Na verdade é. Um pouco antes de eu sair para naquele baile, nós começamos a brigar feio por algum motivo que eu sequer lembro agora, não é hilário? — ele gargalhou, mas não havia humor, apenas dor –  e eu disse que o odiava, que queria que ele morresse... Eu disse que preferia se ele estivesse morto, Malu – lágrimas desciam por seu rosto sem parar. E eu simplesmente fiquei paralisada, sem conseguir dizer nada. Não é algo que tenha algum consolo, isso iria atormentá-lo para sempre – e quando cheguei em casa, ele estava morto no chão do meu quarto. Caído no chão com sangue espalhado por todo o lado, e com uma arma na mão. Eu liguei para a emergência, mas era tarde demais.

— Noah, eu sinto muito – lágrimas desciam por meu rosto também – você não merece passar por nada disso.

— Eu não consigo ir até lá. Não consigo vê-lo morto e saber que é minha culpa.

— Não é sua culpa. Ninguém se mata apenas por um motivo. Você fez o possível para ajudá-lo, você sempre fez — afirmei, olhando em seus olhos –  E eu vou estar com você o tempo todo, prometo!

— Eu também – de repente Redd entrou por aquela porta que eu tinha deixado escancarada.

— Nós também – disseram em coro, o grupinho popular que sempre andava com Noah pelo colégio.

— Eu sempre vou estar com você – era a casey, obvio que era. Ela abraçou Noah, empurrando-me para o lado.

 

— E até eu – eu não acreditei quando ouvi a voz de Harry, era inacreditável. Noah me entreolhou como se não acreditasse também, e de repente começamos a gargalhar em meio as lágrimas.

— Todos nós – e de súbito a pequena sala da casa de Noah estava lotada de alunos da nossa escola, ajoelhados ao redor de Noah em um grande abração.

—Nós não podemos sequer imaginar como é passar por isso, mas queremos que saiba que você não está sozinho, querido – Era a professora que ameaçou me reprovar um pouco antes.

— Eu não acredito que estudo na escola mais brega de todos os tempos – Noah soltou, e todos gargalharam.

Eu chorava feito idiota junto com Noah nessa altura, era um gesto lindo, a escola inteira parou para dar apoio ao meu melhor amigo. Não existe a menor dúvida que ele mereça tudo isso, afinal, não é apenas por mim que ele sempre esteve presente, é por qualquer um que precisasse. Ninguém merece essa paralisação mais que Noah Adams.

— Como vocês estão aqui? Não é dia de prova? – Noah indagou, após alguns segundos em que todos apenas ficarem em silêncio abraçando-o.

— A senhorita Cooper mandou a minha prova ir se foder e saiu da sala – a professora disse, encarando-me – essa atitude me fez pensar: realmente, que se foda minha prova. Então, resolvemos vir – todos riam, eu por minha vez, fiquei morrendo de vergonha. Mandar a prova se foder não é algo que eu faria em uma situação comum.

— Você realmente me ama, não é? – Noah brincou, sussurrando em meu ouvido e fazendo-me prender a respiração. Você não faz ideia do quão certo está.— Eu não sei como agradecer a vocês – continuou.

— Você não precisa agradecer por nada, todos aqui amam você e só precisamos que fique bem – A senhora Carter disse, com carinho.

— Ok, não vamos generalizar tanto – Harry intrometeu-se, e todos riram outra vez. Com certeza Harry não ama Noah, mas é legal ele ter vindo.

— Mas você precisa ir naquele funeral, ou se arrependerá para sempre – A professora continuou, e Noah balançou a cabeça em concordância.

Em seguida, todos entraram no ônibus da escola estacionado do lado de fora e fomos em direção ao pior lugar de todos, onde tudo termina. Sentei-me ao lado de Noah, em completo silêncio.

— Nada disso faz o menor sentido – ele soltou, repentinamente.

— O que? – indaguei.

— Não faz sentido doer tanto, não faz sentido eu estar tão deprimido, ele era um babaca – explicou-se.

— Sabe, quando meu pai abandonou a mim e minha irmã – noah me olhou surpreso, eu nunca falo sobre meu pai – eu fiquei com muita raiva, eu só tinha cinco anos, mas lembro-me de querer que ele morresse por me deixar. Mas ainda assim eu fiquei arrasada, chorei todas as noites por vários dias sentindo falta das histórias que ele me contava antes de dormir. Eu sabia que a culpa era dele, minha mãe repetia todos os dias que não havia nada de errado comigo e que ele só estava quebrado demais pra conseguir ser um bom pai. Algumas pessoas estão quebradas e não podemos consertá-las, mas ainda tentamos desesperadamente e ainda dói toda vez que não dá certo. Isso é família, não precisa fazer sentido.

— Você está assistindo muito the originals — ele brincou, fazendo-me sorrir – obrigado por ter vindo, apesar de tudo – completou, acariciando meu cabelo.

— Desculpe ter ignorado suas cento e vinte e uma mensagens – retruquei, então sorrimos um para o outro e eu deitei-me em seu ombro, respirando fundo.

Independente de qualquer coisa, ainda somos nós. Noah e Malu. Sempre estaremos presentes um para o outro, é como funcionamos. 

Assim que chegamos ao funeral, todos sentaram em algum canto espalhado, e várias pessoas se aproximaram de Noah dizendo que sentiam muito, pessoas que eu nunca tinha visto em minha vida, provavelmente parentes distantes. Após alguns minutos, Noah finalmente aproximou-se do caixão, segurei seu braço e fiquei ao seu lado. 

— Eu sinto muito papai, não queria que você morresse de verdade – ele disse baixo, com lágrimas escorrendo por seus olhos constantemente, enquanto encarava o pai morto e pálido. Sem vida e gelado.

Noah pode dizer o que for para sentir-se melhor, mas é tarde demais. Seu pai se foi e nunca irá saber o quanto ele se arrepende. É cruel, claro que é. Mas Noah nunca poderá mudar as últimas palavras que lhe disse, sempre será duro assim quando ele olhar para trás.

Ele nunca poderá dizer: meu pai morreu de câncer, mas aproveitei seus últimos dias. Ou, meu pai morreu assassinado por que era um filho da puta, mas sempre fiz o possível para salvá-lo. Ele sempre será forçado a respirar fundo e dizer: meu pai se suicidou por que eu disse o odiava e o queria morto.

— Eu nunca disse que o amava – Noah sussurrou baixinho para mim, com os olhos preenchidos de dor.

O pai de Noah realmente era uma pessoa horrível. Desde quando conheci Noah e soube que seu pai havia jogado uma garrafa em sua cabeça simplesmente por perguntar sobre a mãe, eu soube. Entretanto, eu nunca o imaginei morto. Ainda mais de suicídio. Vilões não se suicidam, é o que sempre pensei.

Mas analisando bem, até que é um ótimo último golpe cruel. Ele foi um desgraçado a vida inteira e depois quando alguém lhe disse algo ruim, simplesmente se matou. Isso vai perseguir e atormentar Noah para sempre, seu pai foi um bom vilão, afinal.  

Ou talvez, só talvez, ele não fosse um vilão de verdade e apenas um cara fodido pela vida de um milhão de formas diferentes, talvez ele tenha sido forçado a se transformar nesse monstro horrível para sobreviver.

Quando finalmente nos afastamos daquele caixão, andamos juntos em silêncio por aquele cemitério enorme. Todos os cantos túmulos de pessoas diferentes, de épocas e séculos diferentes: homens, mulheres, crianças, um milhão de histórias em túmulos frios. Um calafrio se espalhou por meu corpo e senti uma gratidão imensa por estar viva.

— Você acha que ele está no Céu? – perguntei a Noah, quando paramos embaixo de uma árvore gigante, ventava forte e meus cabelos voavam para trás.   

— Definitivamente não, mas sei lá, não gosto de imaginar que ele está no Inferno — respondeu, fitando-me.

— Deve haver um meio termo – soltei, ficando de frente para ele.

— Eu acho que não existe nada disso – deu de ombros.

— Mas tem de haver algo falei  é assustador demais se não tiver.

— Talvez nossa energia apenas se espalhe por aí, cada partícula de quem fomos perdidas de forma insignificante em uma parte do mundo – teorizou, enquanto eu o ouvia com atenção.

— Vocês precisam parar com esse assunto ruim – Redd intrometeu-se, aproximando-se de nós.

— Isso é um velório, ou choramos ou falamos sobre a morte – Noah soltou, fazendo Redd calar-se.

— A energia dele deve estar em uma balada cheia de pessoas bebendo muito e fazendo sexo selvagem – soltei sem pensar, e estava prestes a me arrepender de dizer coisas tão insensíveis, então Noah gargalhou. E de repente aquele peso saiu de mim, era bom vê-lo sorrir. Fazê-lo sorrir.

— Devíamos dar uma festa cheia de pessoas bebendo e transando em homenagem a ele – Redd continuou.

— Eu gosto dessa ideia – Noah concordou.

— Seu desejo é uma ordem – a garota berrou, fazendo Noah rir outra vez – Eu vou organizar – completou e se afastou novamente.

— Tem certeza que quer ir em uma festa agora? – questionei.

— Quero – disse – eu duvido que alguma parte dele resolva visitar o filho que o fez se suicidar, mas podemos tentar – fez humor negro com sua própria desgraça como sempre fazia, mas dessa vez, não achei a menor graça, apenas aquele vazio gigante no peito.

— Você vai ficar bem, não é? – indaguei preocupada, deitando-me em seu ombro.

— Se eu tiver você, com certeza vou – soltou como se fosse um pedido, então lembrei-me de tudo. Da confusão que nós dois somos, e afastei-me um pouco para encará-lo – Tá tudo bem entre nós, Malu?

— Tá tudo normal.

— Nós precisamos falar sobre isso e... – ele começou a dizer algo, mas logo interrompi.

— Não vamos falar sobre isso agora, Noah – avisei – nesse momento eu só quero ser uma boa amiga pro meu melhor amigo, está bem? – completei e ele apenas balançou a cabeça em concordância.

— Eu não usei droga nenhuma – ele disse após uns minutos, como se precisasse justificar-se.

— Não precisa mentir, eu vi – repreendi, suspirando.

— É, eu realmente ia, por que sou um idiota auto-destrutivo – contou-me, respirando fundo – mas aí você chegou e me salvou de mim mesmo mais uma vez. Não é ridículo? meu maior medo sempre foi magoar você e é tudo que eu faço – falou, fitando o chão. Então abracei-o com força, sequer devia se preocupar comigo agora, mas é tudo que ele faz.

— Está tudo bem, Noah – sussurrei – nós vamos ficar bem – o maior afastou-se minimamente daquele abraço e me encarou por alguns instantes. Caso ele me beijasse agora eu não ia relutar, não ia pensar, apenas ia ser dele. Contudo, ele subiu os lábios e beijou minha testa.

Noah me respeita demais para me beijar nesse momento, sabendo que eu não recusaria por ele estar triste, mas a verdade é que caso ele se aproveitasse disso, eu não acharia ruim. Eu o beijaria com paixão e com toda vontade que venho reprimindo desde o dia que o conheci.

— Já podemos ir para a festa do ano em minha casa – era Redd outra vez. Tentei afastar meu corpo de Noah, mas ele me puxou para si novamente – vocês são tão namoradinhos – a morena opinou e Noah sorriu como se gostasse de ouvir aquilo, eu por minha vez, apenas fiquei extremamente vermelha – Malu, seu rosto vai explodir – continuou de propósito para me constranger, dessa vez Noah gargalhou.

— Vá se foder – repreendi, sentindo meu rosto corar ainda mais – você já organizou tudo? – questionei apenas para mudar de assunto, mas realmente impressionada.

— Querida – ela sorriu como se eu não soubesse de nada – eu dou a ordem e outras pessoas executam.

— De qualquer modo não dá pra ir ainda, precisamos esperar o sepultamento – lembrei-os.

— Eu definitivamente não quero ver isso – noah respondeu – vamos logo embora desse lugar. 

De repente temos uma festa para ir após um funeral. Qual o sentido nisso? Não faz sentido algum. Não existe sentido algum em eu simplesmente não ter ideia de como agir perto do meu melhor amigo. Isso provavelmente não vai acabar nada bem.


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Notas finais do capítulo

a estória tá no final sabe, estou tão triste e ao mesmo tempo feliz por ter começado ela. DEIXE SEU COMENTÁRIO!!
bjinhos



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