Assim que acordei senti alguém deitado ao meu lado, pensei de imediato que fosse Noah, mas assim que despertei um pouco mais notei que aquele não era seu cheiro, assim que percebi pulei da cama aos berros.

— Calma, maria luiza — harry falou, pulando da cama também.

— O que você está fazendo aqui? — gritei — você não pode invadir minha casa, juro que não.

— A porta estava aberta — ele deu de ombros.

— Desde quando isso é um convite? — continuei gritando, ia demorar uns segundos pro susto passar.

— Noah sempre invade — soltou.

— Ele tem a chave daqui — falei, e notei o desconforto em seu olhar.

E até que é compreensível, eu provavelmente não gostaria que a melhor amiga dele tivesse acesso liberado em sua casa, mas não é como se Noah tivesse me deixado escolha.

— você não devia deixar a porta aberta enquanto dorme — mudou de assunto.

— eu sequer lembrei disso ontem.

Tinha outras preocupações, como sua irmã sugerindo que sou apaixonada por Noah.

— Não sabia que um doido entraria aqui — soltei, e ele sorriu pra mim, sorri de volta enquanto me aproximava, abraçando-o.

— Hoje é o baile da escola, vim oficialmente te convidar como um cavalheiro — disse, entregando-me uma rosa.

— Você precisa parar de me dar flores, ela é linda mas agora vai morrer — pedi, pegando-a.

— Então você realmente não gosta de ganhar flores? — disse, parecendo decepcionado.

— Eu aceito ir ao baile contigo — soltei — com certeza vamos ganhar como rei e rainha — ironizei, fazendo-o gargalhar.

— O rei e rainha mais estranhos de todas as galáxias — continuou, fazendo-me rir também — Redd mandou te entregar aquilo — apontou para o sofá, onde tinha um vestido vermelho maravilhoso, tinha alguns brilhos e parecia ser rodado. 

— É tão lindo — falei, deslumbrada — em toda minha vida nunca vi vestido tão bonito, e deve ser tão caro. Não posso aceitar.

— Ela disse que não aceitaria um não como resposta — citou, fazendo-me sorrir — Ela gosta mesmo de você, Malu. Todas as outras garotas que ela conhece são umas vadias falsas.

— Ela é incrível, Harry. Você devia agradecer por ter uma irmã assim — fui sincera. Se eu tivesse uma irmã como Redd e não como a minha, certamente não seria tão sozinha. 

— Ela consegue ser bem chata quando quer — falou, e então rimos — eu vou embora e deixar você se arrumar, volto para te buscar as seis — completou, e então me deu um selinho, saindo em seguida.

Passei o resto da tarde fazendo coisas de garota, hidratação de cabelo de banana e passar café no rosto, até assisti alguns vídeos de maquiagem de blogueira, e cada vez que tentava reproduzir uma em meu rosto ficava parecendo o coringa, então por fim, desisti e me maquiei da forma que sei. Que se fodam as blogueiras.

Eram cinco da tarde quando alguém bateu em minha porta, não podia ser Harry, ele só chegaria as seis. E eu sequer estava com o vestido ainda, só com o rosto cheio de maquiagem.

Pensei em ignorar, mas a pessoa era insistente, então desci até a sala e quando finalmente abri a porta dei de cara com Noah, seus cabelos estavam molhados, e ele estava de terno, Noah nunca usava terno.

— Por que está com uma maquiagem chique e pijama? é um contraste curioso — ele soltou, assim que me viu.

— Vou vestir o vestido por último — justifiquei — mas não venha com esse papinho, você não é bem-vindo aqui, esqueceu? — cruzei os braços.

— eu preciso de ajuda — ele balançou a gravata colocada de qualquer jeito, com aquela carinha de cachorro abandonado.

— você é terrível — revirei os olhos, deixando-o entrar— Por que bateu antes de entrar se tem a chave?

— Não sou bem vindo aqui, esqueceu? — soltou, imitando-me com sotaque — fiquei com medo de você atirar um copo em mim — continuou, fazendo-me gargalhar — você tá tão bonita — elogiou, e por algum motivo me isso me incomodou. Por mais que me esforçasse pra ignorar cada uma das palavras de Redd, parecia impossível.

— Obrigada, mas eu nem acabei de me maquiar ainda — dei de ombros.

— Eu sequer sabia que esse baile era hoje — começou a tagarelar, assim que chegamos em meu quarto — quer dizer, que escola é obrigatório participar desses eventos?

— A nossa — soltei, aproximando-me para consertar sua gravata vermelha — Você fica bem de terno, Adams — completei parada em sua frente, sorrindo.

— Eu fico bem de qualquer coisa — gabou-se com um sorriso convencido — especialmente sem roupa — continuou fazendo-me gritar.

— Seu idiota — revirei os olhos, esforçando-me para não rir.

— Obrigado por arrumar isso — apontou para a gravata — agora será que você me daria a honra de ir comigo a esse baile?

— Eu vou com o Harry, esqueceu dele? — explico, sem encará-lo.

— Maldito Harry — reclamou.

— Não reclame como se ir com sua melhor amiga fosse sua única alternativa — falei — qualquer garota linda e popular largaria o namorado e correria para acompanhar você.

— nenhuma delas é você — encarou-me, fazendo-me prender o ar — está tudo bem com você? — continuou, rindo, provavelmente notando minhas reações estranhas por qualquer coisa boba que ele falava.

— Você não pode mais fazer isso — sussurrei, de cabeça baixa.

— O que? — indagou com a voz rouca, aproximando-se de mim.

— isso que você faz com todo mundo, sabe? ficar flertando o tempo todo — disse, voltando a me afastar — É por isso que o Harry morre de ciúmes — menti, harry não era o motivo principal pelo qual eu queria que ele parasse.

— Eu não faço isso com todo mundo — disse ele, aproximando-me outra vez, fazendo-me prender a respiração.

— Tanto faz, só pare de fazer comigo — soltei irritada, sem conseguir encará-lo.

— Você ama o Harry? — perguntou, tão de repente que me assustou.

— eu amo você — meus lábios pareceram ter vida própria, e só quando vi sua expressão percebi o que havia dito, e como ele provavelmente entendeu — quer dizer, eu amo você como amigo, e não quero ter que escolher entre um de vocês — gaguejei, enquanto tentava corrigir. Não sei por que só ando passando vergonha com o Noah ultimamente.

— Quer que eu pare de flertar com você pro seu namorado não ficar com ciúmes? — voltou a perguntar — tem certeza que esse é o motivo? — ele sorria de leve, como se soubesse sobre todas minhas incertezas sobre nossa amizade, provavelmente meu olhar me entregava.

— Eu preciso que você pare — quase sussurrei.

— eu paro — ele sussurrou de volta, com a voz rouca — quando você me responder se está ou não apaixonada pelo harry.

— Eu não sei, como vou saber? nunca estive apaixonada antes — dei de ombros, tentando me afastar outra vez, porém ele colocou o braço na parede, me impedindo de sair.

— Quando você está apaixonado você quer ficar perto da pessoa o tempo todo — começou a dizer, fazendo-me engolir seco — você não sabe como agir perto dela, e seu corpo parece estar eletrizado toda vez que a toca — encostei-me na parede, tentando afastar nossos corpos — você quer que a pessoa fique feliz, independente do que isso signifique pra você — ele parou de falar por alguns instantes, enquanto me encarava — você sabe que ama alguém, quando seu melhor lado é despertado quando está ao lado dela.

— Como você sabe disso se nunca esteve apaixonado por alguém? — voltei a tentar me afastar, dessa vez ele segurou minha cintura.

— para com isso, Malu — pediu, com o rosto próximo ao meu.

— Parar com o quê?

— Pare de fingir que não sabe — meu coração parecia querer sair pela boca.

O que ele está tentando dizer?

— Do que você está falando? — encarei-o, e dessa vez foi ele quem abaixou a cabeça — o que eu não sei, Noah? — coloquei minhas mãos eu seu rosto, levantando-o, então ele me encarou como nunca tinha feito antes, e eu me senti como nunca havia me sentido.

— Malu — era a voz de harry — está pronta? — ele gritava da sala, então me afastei bruscamente do maior em minha frente — preciso acabar de me arrumar.

— Eu já vou embora — ele engoliu seco, então me encarou pela última vez e saiu, deixando-me completamente desnorteada.

Meu coração batia tão rápido que sentia que ia sair voando por aí em qualquer instante. Era verdade o que Redd havia dito, afinal?

Noah havia praticamente se declarado para mim?

Será que eu estou sonhando e isso não passa de uma ilusão do meu cérebro? Belisquei meu próprio braço com força, é real.

É mesmo real, embora não faça o menor sentido. Talvez ele estivesse brincando, existe essa chance não é?

Noah brincaria com meus sentimentos assim? Ele não pode ter falado sério. É tão cruel, ele é tão cruel.

Como espera que eu aja agora?

— Você está pronta? — Harry estava parado em frente a porta.

— Eu... só vou me vestir — gaguejei, sentando-me em minha cama.

— Se apresse, ou vamos nos atrasar — pediu, saindo em seguida.

Vesti-me o mais rápido que pude enquanto sentia minha cabeça dar voltas, sequer me olhei no espelho, então não entendi o olhar de harry quando me viu descendo ás escadas.

— você está… — ele parecia tentar achar as palavras — uau — sorriu feito bobo.

— O que um vestido chique não faz, não é? — continuei descendo ás escadas. 

— espere — ele gritou — preciso tirar foto uma foto desse momento.

— Harry, não precisa — soltei, já pensando na pose que faria — não gosto de tirar fotos — menti, por que é o que sempre falam nos filmes.

— é o seu baile do último ano, garota. Que tipo de homem eu seria? — soltou, fazendo-me sorrir.