It's Definitely You escrita por Cellis


Capítulo 1
Definitivamente é você (ÚNICO)




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— Não! Vira para a direita, seu animal! Não, não! Ah, eu não acredito nisso! 

Uma veia saltava irritada na testa de Kim Taehyung, mas toda a pressão sanguínea que corria por ali se foi de uma só vez quando ele viu o seu guerreiro mais forte morrer bem diante dos seus olhos  inclusive, ter uma televisão de última geração que mais parecia uma tela de cinema não lhe era muito útil em momentos como ele, apenas tornava a situação ainda mais depressiva. 

You died. 

As duas palavras em inglês piscavam na tela e anunciavam o fim de uma era. Taehyung tinha passado horas e mais horas, perdendo madrugadas de sono, inclusive, jogando aquele maldito jogo de RPG para fortalecer o seu personagem e, assim, poder chegar à batalha final com maestria  agora, tudo estava perdido. 

Que o Mr. Lindo, seu guerreiro viking, descansasse em paz no limbo dos videogames. 

 Isso não pode ter acontecido...  sussurrou para si mesmo, descrente. Como se fosse uma criança que tinha acabado de ter o seu doce roubado, ele queria abrir a boca a chorar.  Era a semifinal!  

Ainda choramingando, ele lançou o controle em algum canto aleatório do sofá sem sequer reunir a disposição necessária para fechar a página que anunciava a sua morte, desligar o videogame ou fazer qualquer outra coisa que não fosse abaixar os ombros e fitar o tapete cinza sob os seus pés. De repente, lembrou-se de ligar para Jimin, seu melhor amigo, e xingá-lo de todos os piores nomes possíveis por tê-lo viciado naquele jogo e... 

 Eu sinto muito. 

A voz repentina que aparentemente surgira do além fez o Kim soltar um grito assustado do qual não se orgulhava muito. Parecendo um suricato amedrontado, ele esticou o pescoço em todas as direções da sua nem tão extensa sala de estar, mas em lugar nenhum encontrou de onde vinha aquela voz masculina e aleatória. Engoliu em seco. Teria o videogame o irritado tanto ao ponto de enlouquecê-lo daquele modo? Não, não era possível.  

Não era, certo? 

 Quem é você?  ele perguntou pausadamente pelo medo, ainda olhando ao seu redor como se estivesse à procura de um fantasma.  O que você está fazendo na minha cabeça? 

A voz riu, o que fez Taehyung se arrepiar até mesmo em lugares os quais ele não sabia que poderiam se arrepiarem.  

 Olha, eu não sei exatamente como você estava jogando, mas eu suponho que eu tenha entrado na sua cabeça pelos fones de ouvido.  a voz disse brincalhona, fazendo Taehyung franzir o cenho em confusão. 

De repente, finalmente percebeu sobre o que se tratava tudo aquilo: mesmo que o seu personagem estivesse morto, o jogo em si não estava finalizado. Alguns outros jogadores ainda competiam atrás da frase inglesa que jogava na cara do Kim que ele havia morrido, por isso, tudo o que ele dizia ainda podia ser ouvido pelos seus companheiros de equipe através dos fones de ouvido que se encaixavam em sua cabeça feito um arco. 

Ao se dar conta daquilo, mesmo que morasse sozinho e não existisse nenhuma outra alma viva em seu humilde apartamento naquele momento, ele quis bater a sua cabeça contra o chão até abrir um buraco no assoalho para, depois, poder enterrá-la ali junto com a vergonha que sentia naquele momento.  

 Ah...  iniciou, envergonhado. Ao contrário de como agia quando jogava, Taehyung era um rapaz extremamente calmo e introvertido.  Desculpe, eu esqueci que ainda estava conectado. Vou desligar para não atrapalhar você... 

 Não!  a pessoa em seu fone exclamou alto o suficiente para fazê-lo pular. Em seguida, pigarreou.  Digo, eu já morri há algum tempo, então você não está me atrapalhando em nada. 

Repentinamente atraído para aquela conversa, Taehyung recostou-se no sofá e cruzou as pernas como se fosse um Buda desconfiado.  

 Se você já morreu, então por que ainda está conectado?  indagou, sério.  

 Na verdade, eu...  o estranhou pausou, parecendo hesitante.  Eu estava esperando por você. 

 Por mim?!  Taehyung indagou um pouco mais alto do que deveria devido à surpresa e, no mesmo segundo, se arrependeu por provavelmente ter contribuído para uma possível perda auditiva de quem estava do outro lado daquele fone. 

Envergonhado, ele não disse mais nada. 

 Sabe, há um bom tempo eu venho acompanhando você, Mr. Lindo céus, aquele apelido nunca havia soado tão ridículo em seus ouvidos como naquele momento, literalmente Você é um dos melhores jogadores que eu já vi, pelo menos na minha opinião.  

De repente, mesmo sem saber o porquê, Taehyung sentiu suas bochechas esquentarem e se remexeu no sofá com um sorrisinho orgulhoso no rosto. Era estranho conversar com alguém que ele nunca tinha visto na vida daquele modo, fora do contexto do jogo de videogame, mas nem mesmo a sua real personalidade tímida o impedia de colocar um ponto final naquilo. 

 Bem, obrigado.  murmurou, feliz.  Mas, infelizmente, eu não consegui chegar até a final. 

 E de que isso importa?  o outro rebateu na mesma hora.  Mesmo que você tenha morrido, para mim você ainda é o vencedor. Porque mesmo que você morra, é você. 

Aquilo soava como uma letra de trilha sonora de dorama romântico e, com esse pensamento em mente, o cérebro do Kim resolveu congelar e não emitir mais nenhuma reação. Ele tinha acabado de iniciar  entre aspas  uma conversa com um completo estranho e, de repente, o homem já estava lhe dizendo tais coisas. 

Pelos céus, ele era um mocinho de família. 

 Desculpe se assustei você, minha frase foi um pouco intensa.  a voz tornou a se pronunciar depois de um longo período de silêncio. Taehyung não sabia absolutamente nada sobre aquela pessoa, mas conseguia imaginar alguém coçando a nuca em vergonha.  Eu só quis dizer que você merecia ser o campeão. 

Agora, quem coçava a nuca era o Kim. Fazia parte da sua personalidade exagerar demais em seus pensamentos e, por isso, ele passou a se sentir mal por ter feito um estranho se sentir pior ainda. 

 Tudo bem.  sussurrou em concordância, no fim das contas. Aquele seria um ótimo momento para encerrar aquele contato e seguir em frente para o próximo RPG que o faria passar raiva, mas Taehyung simplesmente não soube como parar.  Na verdade... Eu posso saber qual é o seu nome? 

Hora de parar, o seu cérebro introvertido gritava, ainda que ele não obedecesse. 

 Claro que pode.  o outro concordou.  Muito prazer, eu sou o Wordwide Handsome. 

Naquele momento, se estivesse bebendo alguma coisa, Taehyung provavelmente teria se engasgado até atingir o mais pleno estado de óbito. Seu primeiro pensamento, o mais espantado e idiota, foi de criticar com firmeza os pais daquela pessoa por terem feito aquilo com uma pobre criança... 

E, em seguida, ele finalmente se tocou de que se tratava de um jogo e, por isso, o rapaz no fone tinha lhe dito o seu user. 

 Parece que nós dois temos em comum a autoestima elevada no que se trata de beleza, mas...  Taehyung pausou, tentando não rir de si próprio por ter cogitado que aquele realmente era o nome do homem.  Eu quis dizer qual é o seu nome de verdade. 

A risada do rapaz se fez presente novamente no seu ouvido e, sabe-se lá o porquê, Taehyung sentiu um arrepio percorrer toda a extensão da sua espinha ao ouvi-la. 

 Faz sentido.  comentou, ainda rindo. De repente, numa tentativa de se recompor, ele pigarreou alto.  Vou corrigir a frase, então. Muito prazer, eu sou Kim Seokjin.  

Kim Seokjin. 

Aquele nome, pensando bem, não lhe soava tão estranho assim... Bem, Taehyung não era exatamente uma pessoa sociável e não possuía um grande círculo de amigos e conhecidos, contudo, algo em sua memória parecia querer se revelar quando ele ouviu aquele nome. Pensou, pensou e pensou mais uma vez, mas nada lhe veio em mente. Enquanto isso, Seokjin parecia esperar por algo do outro lado do fone com toda a paciência do mundo  o que permitiu que Taehyung pensasse mais uma vez, mas nada realmente lhe ocorria. 

Quando se deu conta, Taehyung já tinha engatado em uma conversa com Seokjin como se o mesmo estivesse presente em seu apartamento de corpo e alma. Esqueceu da existência do jogo e começou a realizar tarefas diárias enquanto conversava com o outro Kim como se fossem amigos há décadas. Enquanto ele preparava uma generosa porção de lámenSeokjin lhe contou que tinha vinte e seis anos de idade  já vinte e sete de acordo com o sistema coreano  e que trabalhava como médico na emergência de um hospital localizado numa área menos movimentada de Seul, local esse que acabou sendo muito próximo da universidade onde Taehyung cursava o último ano da sua graduação em fotografia e paisagismo. Quando Taehyung decidiu lavar a roupa suja que já se acumulava no seu cesto há mais de uma semana, Seokjin lhe confessou que os jogos de RPG eram como uma válvula de escape para o seu dia a dia agitado e, depois disso, foi a vez de Taehyung timidamente contar que jogava porque o videogame lhe proporcionava a experiência de ser alguém que ele não conseguia ser no seu dia a dia. 

Taehyung estava lavando uma pia de louça suja quando o assunto que realmente interessava surgiu: deveriam se encontrar? Na verdade, ele chegou a pensar sobre aquilo, mas o seu lado tímido e introvertido voltou a tomar conta do seu ser e não permitiu que ele questionasse em voz alta aquilo. Por um outro lado, Seokjin parecia não nutrir essa preocupação do outro lado do fone e, por isso, seguia a conversa normalmente e com toda a informalidade do mundo. 

Foi quando, de repente, a voz de Seokjin deu lugar a um toque simples de celular.  

 Ah, é do trabalho.  ele murmurou, parecendo preocupado.  Eu preciso ir, deve ser urgente para me ligarem no meio de um domingo. Eu sinto muito, Mr. Lindo. 

Taehyung não teve sequer tempo de se despedir do outro com quem havia falado tanto nas últimas horas, pois o mais velho logo encerrou a conexão entre os dois. O Kim mais novo suspirou alto e ainda meio atordoado, sem realmente acreditar que não teria mais a voz suave de Seokjin deixando os seus fones bluetooth diretamente para ocupar grande parte do seu cérebro, ainda que sem a sua permissão. 

De repente, Taehyung se pegou se perguntando como Seokjin seria fisicamente. Pela voz, ele parecia ser alto. Talvez tivesse alguma característica marcante, como sardas ou, até mesmo, ombros bem largos. Seria... bonito? Bem, ele trabalhava necessariamente de jaleco e aquela informação por si só já fazia Taehyung pensar em algumas coisas não muito apropriadas para aquele horário do dia. 

 Aquieta o facho, Taehyung disse para si mesmo, sacudindo a cabeça.  Vocês provavelmente nunca mais vão se encontrar. 

Como já estava na cozinha, o rapaz se serviu com um copo bem cheio de água gelada para tentar acalmar os hormônios. Caminhou até a sala de estar e finalmente se lembrou de desligar o tal jogo de RPG  na verdade, ele já tinha se atentado para isso antes, mas não quis fazê-lo porque aquilo significava encerrar aquela pequena loucura que tinha cometido ao passar a tarde inteira conversando com um estranho sem sequer vê-lo.  Abaixou-se diante da estante e, triste, apertou o botão que cuspiria o CD para fora do videogame. 

E, então, o seu pior pesadelo tornou-se realidade bem diante dos seus olhos: uma barata. Por cima do aparelho cinzento, a monstra parecia ter saído diretamente de Chernobyl para a sala de estar de Taehyung, o que fez o Kim soltar um grito que provavelmente assustaria todo o seu prédio e, em seguida, derramar o copo de água todo sobre o videogame.  

 Não!  exclamou em choque, sem saber se se preocupava mais com a barata que já tinha sumido de suas vistas ou pelo videogame banhado em água gelada.  Desgraça de inferno! 

Não xingava palavrões em si, então aquilo era o melhor que a sua versão irritada conseguia fazer. Correu para apanhar um pano na cozinha e secou até mesmo a alma do aparelho de videogame, contudo, ao ligá-lo novamente, o efeito não foi o esperado.  

Queimado. Completamente queimado.  

 Droga...  murmurou, jogando-se sentado de frente para a estante. Aquele videogame era um dos bens de maior valor dentro do seu apartamento e tinha lhe custado seis meses inteiros de um trabalho sofrido de meio período. Com as despesas que tinha agora, o próximo lhe custaria um ano, no mínimo. Bufou e cogitou seriamente abrir o berreiro feito uma criança contrariada.  Até nunca mais, Kim Seokjin. 

 

*** 

 

Uma semana havia se passado desde o maior desastre da vida de Kim Taehyung — mais especificamente sete dias, duas horas e cinquenta e sete minutos. Seu videogame ainda estava estragado sob a sua estante, um lembrete diário de que ele tinha literalmente afogado a possibilidade de algum dia encontrar de verdade Seokjin e, bem, de bônus desperdiçado seis longos meses de economia.  

— Taehyung—ah? — Jimin chamou o amigo pela quinta vez, dessa vez batendo palmas diante dos olhos do mesmo para acordá-lo do seu sono da tristeza. — Você me ouviu? 

Finalmente fitando o Park, Taehyung bufou. 

— Não, eu estava ocupado refletindo sobre o desastre que é a minha vida. — respondeu.  

— Jesus, homem... — Jimin murmurou abismado pela depressão do Kim. — Isso tudo é por causa do videogame? Já faz uma semana, Taehyung! Se esse for o problema, eu posso inteirar para você comprar um novo e... 

— Você não entende, Jiminie. — o Kim retrucou. — Justamente por fazer uma semana, ele já deve ter desistido de procurar por mim...  

— Quem? O cara da semifinal, o tal de Seokjin? — indagou, recebendo um balançar deprimido, porém positivo, de cabeça. — Tenha santa paciência, Kim Taehyung! Como você pode estar sofrendo por um cara que você nem conhece? 

Jimin conhecia o Kim há mais tempo do que podia contar nos dedos e, mesmo com a personalidade mais sensível, tímida e introvertida do amigo, ele só tinha o visto triste daquele modo uma única vez em todos aqueles anos: ao zerar o seu jogo preferido, Super Mario Bros, e depois disso se ver sem o que fazer de sua vida no auge dos seus quinze anos. 

Sim, ele era um completo viciado em jogos dos mais diversos tipos. 

Suspirou, pensando num jeito de animar o amigo. 

— Você não disse que ele trabalha no hospital aqui do lado? — Jimin perguntou, pensativo. Novamente, Taehyung lhe respondeu com um aceno positivo de cabeça. — Então por que você não vai lá procurar por ele? 

— Você enlouqueceu?! — o outro exclamou, abismado. — Eu vou chegar lá, encontrar com ele e dizer o que? Prazer, sou eu, o Mr. Lindo?  

— Exatamente? — o Park respondeu de um jeito tão óbvio que aquilo acabou soando como uma indagação.  

— Nem morto. — Taehyung respondeu, firme.  

Aquilo fez Jimin bufar e, fitando o bico emburrado e decidido do amigo, ele se perguntou como tinha sido capaz de aturar o Kim e a sua personalidade singular durante todos aqueles anos.  

Peculiaridades não lhe faltavam, isso era um fato. 

De repente, Jimin teve algo que Taehyung costumava chamar de uma ideia típica de Park Jimin. Passou a mão pelo cabelo tingido de rosa claro e, em seguida, respirou fundo para criar coragem de colocar o seu mais novo plano em prática.  

Era aquilo ou continuar aturando aquela versão lamentável do Kim por sabe-se lá mais quanto tempo.  

Não, a última opção era a verdadeira personificação do maior dos seus pesadelos. 

Os amigos estavam no refeitório da faculdade e, de repente, o estudante de dança contemporânea alcançou uma colherzinha de plástico que viera junto dos hashis na bandeja da cafeteria. Em seguida, apanhou uma colherada generosa do doce que lhes fora dado como sobremesa, um bolinho pequeno e marrom que mais parecia um pudim queimado.  

Por oitenta e nove centavos, aquele era um almoço relativamente bom e, de bônus, uma ótima solução para a sofrência de Kim Taehyung. 

— Coma isso. — Jimin ordenou e ergue a colher com doce na direção do amigo. 

— Por que? Eu nem acabei de comer... 

— Coma. — insistiu. — Você vai me agradecer mais tarde. 

Taehyung fitou o amigo desconfiado, porém logo deu de ombros e aceitou a colherada. O doce não era de todo ruim, na verdade, tinha um gosto muito familiar... 

— O que é isso? — indagou logo depois de engolir o tal bolo. 

— Bolo de amendoim. — o Park respondeu atento à reação do amigo, que em nada foi boa.  

— Amendoim?! — exclamou alto, arregalando os olhos. — Jimin, você sabe que eu sou alérgico a amendoim! 

— Eu sei, eu sei. Mas foi para o seu bem, acredite em mim. — Jimin dizia com toda a calma do mundo. Sabia que o medo de Taehyung da sua alergia era duas vezes maior do que a gravidade da mesma, de fato. — Agora sente-se aí e sobreviva, está bem? Essa parte é comigo. — levantou-se e pigarreou, como se estivesse preparando a voz para um evento importante. — Socorro! Meu amigo está tendo um choque anafilático, socorro, alguém nos ajude!  

— Jimin! O que diabos você está fazendo? 

Taehyung sequer teve tempo de fazer algum protesto, pois logo uma multidão se aglomerava ao seu redor e de algum modo ele acabou sendo carregado para o carro de um veterano preocupado. O Kim sentia falta de ar e uma queimação absurda no pescoço, mas não sabia dizer ao certo se era devido à alergia a amendoim ou pelo pânico de ter toda aquela gente à sua volta. Queria resmungar ou sair correndo, mas sempre que apenas pensava em fazê-lo, Jimin se apressava para tampar sua boca e segurá-lo pelo braço. 

E por falar no Park, Taehyung estava doido para ouvir uma explicação magnífica de boa para toda aquela loucura do amigo ou, caso contrário, seria obrigado a cometer um Jiminicídio. 

Quando se deu conta, o Kim estava na emergência de um hospital e, no meio do caos, sentiu seu braço sendo perfurado um par de vezes sabe-se lá o porquê. Quando tudo se acalmou, cerca de meia hora depois, ele estava sentado sobre uma cama hospitalar desconfortável, separado dos mais diversos tipos de politraumatizados apenas por uma cortina fina e azul, e tremia de frio ao lado de Jimin — e esse, por um outro lado, estava de pé ao lado da cama com a expressão mais serena possível. 

— Park Jimin. — chamou o amigo como se pudesse assassiná-lo com o seu tom de voz. — Você pode me explicar o que diabos foi tudo isso? 

De repente, Jimin piscou os olhos como se fosse a fada do destino. Sabia que a alergia do amigo era leve e, se tudo corresse como ele planejava, logo mais Taehyung estaria o agradecendo por aquilo.  

— Enquanto você estava sendo picado aí, eu fui dar uma voltinha pelo hospital e, bem... — pausou, sorrindo de canto. — Resolvi o seu problema. 

— Que problema, seu assassino de melhores amigos?  

Felizmente, o Park pode poupar a voz que gastaria com uma longa explicação ao ser interrompido por uma presença estranha. Aparecendo de trás da cortina do leito, um médico alto e extremamente bonito surgiu com todo o seu ar elegante e profissional. Seus cabelos loiros estavam perfeitamente bem penteados num topete e, além disso, o jaleco branco e impecavelmente bem passado acentuava seus ombros largos e atléticos. Taehyung não enxergava bem de longe e, por isso, não conseguia ler o nome escrito no crachá daquele homem que mais parecia uma escultura dos deuses da Grécia Antiga — ou, talvez, fosse a beleza do mesmo ofuscando a sua visão — mas sentia que sequer precisava daquela informação.  

— Com licença. — disse com a voz mais suave que Taehyung já tinha escutado em toda a sua vida. Em seguida, virou-se para o mesmo. — Você é o paciente com crise alérgica? 

Aquela voz. 

Taehyung não precisara de um par de segundos para reconhecê-la, mesmo que só tivesse a escutado uma única vez na vida. Arregalou os olhos, agora mais assustado do que quando tinha pensado que morreria por causa de um bolo de amendoim.  

— Você... — Taehyung sussurrou, apontando para o médico. — Você é Kim Seokjin? 

Foi a vez do médico se assustar, mas, ao contrário do que Taehyung esperava, ele logo exibiu um largo sorriso na direção do paciente. 

— Mr. Lindo? — indagou, nitidamente animado. Em seguida, riu de si mesmo. — Digo, Kim Taehyung, certo? Eu estive procurando por você naquele jogo todos os dias! É você, não é? É definitivamente você. 

Taehyung não conseguiu conter um sorriso bobo e, fitando o melhor amigo de relance, pode ver o sorriso orgulhoso no seu rosto. Park Jimin quase tinha o matado, mas ele tinha que confessar que fora por uma boa razão. 

Ótima, na verdade.  

— Sim, sou eu. — respondeu feliz, fitando Seokjin. — Definitivamente sou eu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!