Marinette estava em silêncio, apenas escutando os comentários dos seus amigos. Estava tão nervosa que nem notou que Adrien puxava a gola da camisa de dez em dez segundos, a fim de deixar um pouco do ar gelado adentrar a peça de roupa, pois seu corpo estava quente pelo nervosismo.

— Tá, ok! – Alya levantou as mãos encerrando o burburinho – Vamos fazer assim, um de cada vez fala a sua teoria. – todos os colegas de classe estavam reunidos na biblioteca, visto que tinham o período de aula livre e é claro que não podiam deixar de comentar a foto do “beijo LadyNoir” como chamavam, tirada por Alya no dia anterior. – Eu começo. – Marinette apenas encarou a melhor amiga com um olhar preocupado. Só de lembrar que tinha beijado Chat Noir por motivos desconhecidos, ficava nervosa. – Bom, os dois perderam a memória, certo? Mas talvez tenham perdido uma parte dela e não por completo, já que eles são super-heróis.

— E como isso explica o beijo? – Ivan questionou.

— Talvez eles sejam um casal de verdade, só que não podem revelar. Então, como perderam parte da memória, a única coisa que eles lembravam era o fato de serem um casal. – disse com um sorrisinho. – O que culminou no beijo LadyNoir em público.

— Porque não há como esquecer o amor! – Rose juntou as mãos.

— O quê? Não! – Marinette protestou, fazendo com que os olhares se voltassem para si.

— Você tem uma teoria melhor? – Alya a encarou.

— Não, não tenho. Esquece o que eu disse, continua. – cruzou os braços e se recostou na cadeira.

Amava a sua melhor amiga mais do que tudo, mas aquela maldita foto já estava lhe dando nos nervos. Todos na cidade de Paris, sem exceção, estavam comentando sobre.

O pior de tudo é que Marinette não lembrava de nada, exceto uma única coisa, que ela sim deu permissão para Chat Noir a beijar. E ela não fazia ideia do porquê, provavelmente um efeito secundário do akuma sobre si? Alguma feitiçaria de Chat Noir?

Na cabeça dela não fazia sentido eles terem se beijado, muito menos ela ter dado permissão.

— Bom, eu já acabei. Acho que é isso.

— Já eu acho que isso é coisa do Chat Noir. – Kim levantou atraindo olhares, o que fez Marinette quase agradecê-lo por fazer uma teoria mais próxima da realidade. – Ele é um cara. Provavelmente achou ela bonita, aproveitou que ela estava sem memória e a beijou. – ok, voltou atrás no seu julgamento de segundos atrás. A azulada conhecia o herói o suficiente para saber que ele nunca faria isso.

— Ele nunca faria isso! – Adrien protestou, exatamente o mesmo pensamento de Marinette – Q-Quer dizer, eu acho q-que não. Acho que ele sabia o que sentia por ela e se como a Rose disse, não há como esquecer o amor...

— Wow, cara! – Nino exclamou – Está sugerindo que o Chat Noir ama a Ladybug?

— Talvez. Como que eu vou saber? – devolveu com outra pergunta, nervoso ao tocar no assunto.

— Então já entramos em outro ponto, será que a Ladybug ama ele também? – Alix jogou na roda e então Marinette e Adrien olharam para baixo. O assunto estava tomando um rumo não muito interessante.

— Eu acho melhor voltarmos ao assunto principal. – a blogueira sugeriu, deixando os dois heróis aliviados – Alguém tem mais alguma teoria que faça sentido?

— Eu estava aqui pensando... – Nino começou – A Ladybug e o Chat Noir usaram seus poderes antes de serem atingidos, e no final eles usaram de novo.

— O que significa que no meio disso, eles tiveram que desfazer as transformações. – Alya continuou, pegando a linha de raciocínio do namorado.

— Exatamente. Ou seja, eles provavelmente descobriram quem eram. – nesse momento Marinette e Adrien arregalaram os olhos. Ambos focaram tanto no beijo em si, que sequer lembraram dessa parte. Em algum momento, eles descobriram as suas identidades. – É, mas de qualquer jeito eles estavam em memória.

— Sim, mas será que eles se conheciam por trás das máscaras e isso meio que ativou suas memórias? Já li sobre isso. – Sabrina sugeriu e então os dois heróis começaram a ficar ainda mais nervosos.

Marinette parou para pensar, realmente não conhecia ninguém como Chat Noir – na questão de personalidade –, logo, achou improvável que fosse verdade. No entanto, tudo mudou quando, o que parecia ser um flash de memória, invadiu a sua mente. Dois olhos verdes estavam diante de si, ela sabia que eram os de Chat Noir, mas eles estavam sem a máscara. Seus lábios estavam na bochecha do garoto, depositando um beijo ali. Quando se afastou e finalmente veria o seu rosto, tudo ficou preto novamente.

Já Adrien, foi invadido por uma memória diferente. Sua mão estava prestes a trancar a cabine no banheiro, quando Ladybug tocou ela. Ele conseguiu ver a pele mais branca que a sua, mas quando desviou o olhar para a garota, voltou para a realidade.

— É, pode ser isso. Por que pelo que eu vejo, eles não se conhecem por trás da máscara. – foi a vez de Chloé opinar.

— Eu acho que foi puro golpe de publicidade. – Lila entrou no assunto – É evidente que a Ladybug queria aparecer e por isso beijou o Chat Noir. Talvez ela nem goste dele de verdade. – todos os presentes, olharam para ela com desgosto.

— A Ladybug não é uma mentirosa! – disse Alya com os braços cruzados.

— Igual a certas pessoas! – Chloé completou, deixando a italiana de boca aberta. – Mas voltando ao assunto, alguma coisa rolou entre eles enquanto estavam sem as máscaras.

— Será que foi só beijo? – Kim comentou com um tom de malícia, fazendo todos rirem.

Marinette e Adrien estavam rezando para que ninguém olhasse para eles, pois estavam completamente vermelhos. Mas como nem tudo é como se deseja...

— Marinette, você está bem? – Alya questionou, percebendo o estado da amiga.

— A-Ah sim, eu estou sim. Só... Eu.. A sede deu calor. Quer dizer, o calor! O calor deu sede. – Adrien estranhou o comportamento dela, porém deu graças a Deus que o foco estava na azulada e não em si – Eu vou beber uma água. – levantou e saiu.

— Então, vocês acham que o Chat Noir tem pegada? – Alix indagou com um sorriso e Adrien levantou repentinamente, atraindo olhares.

— O que foi cara? – seu melhor amigo se preocupou.

— Eu preciso... Ligação perdida do meu pai. Vou ali fora, retornar. Sabe como é. – riu nervoso e saiu o quanto antes.

Adrien virou o corredor com pressa e sem querer bateu de frente com uma pessoa, fazendo seu celular despencar no chão.

— Ai meu Deus! Me desculpa, eu... – era Marinette, que foi juntar ao mesmo tempo que o loiro, fazendo as mãos se tocarem.

— Não tem problema, eu... – no momento do toque, Adrien teve o famoso déjà vu e rapidamente pegou o aparelho, ficando de pé.

— N-Não quebrou? – a azulada questionou. Por mais que estivesse muito nervosa, não deixou de ficar preocupada.

— Não, não. – finalmente a encarou e no momento que o olhar de Adrien encontrou o seu, foi a vez de Marinette ter o seu déjà vu. Os dois então ficaram parados, sem dizer uma palavra.

A memória deles foi invadida, só que por um flash bem mas específico. Estavam parados de frente um para o outro, em um banheiro. Logo o cenário mudou, embora estivessem na mesma posição, porém Marinette via Chat Noir na sua frente e Adrien via Ladybug, no telhado do prédio da emissora.

Ambos pularam para trás e balançaram a cabeça, aquela visão tinha sido real demais. Ou será que não era apenas uma visão?

— V-Você... – Adrien começou – Também viu? – questionou receoso, desejando que Marinette não achasse que ele era completamente louco.

— Você viu? Tipo, o que eu vi? – ela arregalou os olhos assustada.

— Sim... Eu acho. – Adrien levou a mão até a nuca, enquanto a azulada o encarava sem conseguir mover um músculo. – Por acaso você é... A Ladybug? – a garota desviou o olhar.

— Aham. E eu imagino que você seja o Chat Noir. – o loiro mordeu o lábio inferior, não identificando ao certo o que a reação de Marinette significava. Estava decepcionada? – Eu entendo que... Deve ser meio decepcionante pra você.

— O quê? Decepcionante pra mim? – Marinette finalmente o encarou – Você acha que eu estou decepcionado? – ela assentiu – Eu achei que você estivesse.

— Não! Eu não... Você é o garoto dos meus sonhos, por que eu ficaria decepcionada? – tapou a boca assim que notou o que tinha dito. – Eu não quis... Eu...

— Espera um pouco. – colocou as mãos na frente do corpo – O garoto que você disse que gostava... Era eu? – assentiu devagar e então Adrien começou a rir – É sério que esse tempo todo eu estava me odiando?

— Odiando? – engoliu em seco assim que notou o que tinha dito. Mas logo respirou fundo e tomou coragem.

— É, odiando o cara que tinha roubado o coração da minha lady. – Marinette quase enfartou e não conseguiu esboçar nenhuma reação quando Adrien segurou a sua mão e depositou um beijo.

— Você ainda gosta de mim?

— Nunca deixei de gostar.

— M-Mas eu sou só a Marinette.

— Não é “só a Marinette”. Se não houvesse uma mágica que nos impedisse de saber quem somos por trás da máscara, eu certamente desconfiaria que você é a Ladybug.

— Por quê?

— Porque você é incrível, Marinette. A garota mais incrível que eu conheço, pra falar a verdade. – ela sorriu, involuntariamente – Mas e você... O fato de eu ser o Chat Noir...

— Só te deixa ainda mais maravilhoso. – disse novamente em modo automático, fazendo Adrien rir. – Desculpa, eu sou um desastre como você pode ver.

— Um desastre adorável. – a garota riu. – Então... – Adrien se aproximou, ficando a uma distância perigosamente curta – Com a sua permissão, my lady, gostaria de reviver o acontecimento de ontem. – segurou a mão dela, que se assustou no começo, porém logo sorriu e assentiu. Exatamente como Ladybug tinha feito para Chat Noir.

Adrien então se aproximou, segurou a cintura dela com uma das mãos e entrelaçou a outra na dela. Marinette colocou a sua mão livre no ombro do loiro, se apoiando ali e ficando na ponta dos pés. Em seguida, os lábios finalmente se tocaram e naquele momento a sensação do beijo do dia anterior voltou com tudo em suas mentes.

Com um sorriso sincero, se separaram lentamente. Com certeza, aquela tinha sido a melhor sensação do mundo.

— Primeiro eu registro um beijo LadyNoir, e agora um beijo Adrinette? – Alya chamou a atenção do casal. A morena estava parada com o celular apontado para eles, Nino estava ao seu lado com um sorriso no rosto e toda a turma deles estava observando atrás.

Marinette rapidamente escondeu o rosto na curva do pescoço de Adrien, imaginando que ele com certeza estava da cor do seu uniforme como Ladybug.

— Nós... É... – Adrien tentou dizer, mas viu que seria inútil. Então deixou as palavras morrerem no ar.

— Então, quem quer começar com as teorias de porquê rolou beijo Adrinette? – a morena questionou, fazendo todos começarem a falar ao mesmo tempo.

Marinette e Adrien trocaram olhares divertidos. Em seguida, o loiro a segurou pela mão e a conduziu discretamente para longe do grupo de pessoas. Queriam ficar sozinhos no momento, conversar por longos minutos e trocar ainda mais beijos antes da aula começar.