A Última Chance escrita por Caroline Oliveira


Capítulo 6
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Notas iniciais do capítulo

Eaiii gente?? Recuperados das fortes emoções do capítulo passado? Eu não estou nem um pouco kkkkk as coisas vão ser mais suaves nesse, com a introdução de alguns personagens originais, uns importantes, outros nem tanto!
Boa leitura!!



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Lúcia Pevensie

O calor que começou a fazer poucas horas depois que o sol nasceu tirou a todos rapidamente da cama. Era uma verdadeira sauna permanecer debaixo das cobertas após o sol despontar no horizonte.

Tomei um merecido banho de cabeça preparado por uma serva bem ligeira e calada. Assim, escolhi um vestido amarelo claro de tecido transpassado no busto, bordado na gola canoa e nas barras das mangas – justas até os cotovelos e soltas no restante.

Ainda de roupão, peguei um pente para tirar os nós dos cabelos e caminhei até a sacada dos aposentos. Da torre onde a maioria dos quartos ficava, era possível ver as florestas. Pálidas. As folhas não tinham o verde vibrante que eu recordava. Vez ou outra, eu via as árvores se movimentarem, mas não dançavam com alegria. Estavam em agonia, com sede.

Uma batida na porta.

— Entra!

— Lúcia? – Susana chamou, tendo sua imagem revelada quando o guarda abriu a porta. – Está ocupada?

— Não, não – Respondi, voltando ao quarto.

Susana usava um vestido turquesa de tecido fluido, as mangas ombro a ombro bufantes e uma faixa de seda da mesma cor marcando a cintura.

Ela se sentou na cama.

— Pedro e Edmundo vão com Caspian visitar as plantações após o desjejum – Ela esticou o tecido do meu vestido enquanto falava.

— Não fomos convidadas? – Joguei o pente na cama depois de terminar os cabelos e peguei o vestido para abrir os botões das costas.

— Até fomos – Respondeu, deitando-se de lado na cama, apoiando a cabeça na mão esquerda – Mas pensei que seria melhor eu ajudar Coriakin e Cornelius na biblioteca. Caspian recebe más notícias todos os dias, temos que andar logo com isso. Se você quiser, pode ir com eles.

Tirei o robe, revelando as anáguas que costumávamos colocar abaixo dos vestidos. Coloquei as pernas dentro das saias. Foi quando lembrei a noite anterior.

— Aconteceu algo ontem à noite? – Perguntei – Ouvi você gritar, depois não escutei mais nada.

— Ah, isso – Ela sorriu – Tive um pesadelo e fiz o favor de dormir na beirada da cama. Acordei no susto e caí no chão – Não pude evitar rir ao imaginar a cena. – Ei, não foi nada engraçado! Estou dolorida até agora!

— Desculpe, não resisti – Pedi e enfiei os braços nas mangas. Susana prontamente levantou-se da cama e se pôs a abotoar o vestido – E você e Caspian? Está tudo bem?

Ouvi-a respirar fundo, ponderando sobre o que dizer. Era complicado, eu sabia. Em meio a toda essa confusão, ter que conviver com o rapaz por quem se é apaixonada e com a noiva dele...

— Conversamos ontem, depois que eu caí – Virei a cabeça em direção a ela, surpresa – É – Confirmou. Já estava no penúltimo botão – Foi bem diferente do que eu imaginava e confesso que doeu um pouco, mas... ele foi honesto.

— Ele não vai terminar o noivado, não é? – Meu tom era decepcionado.

— Eu não o culpo por se sentir deixado – Ela terminou e eu me virei para ela – Você sabe, vamos voltar para casa depois.

— Não queria ter que fazer isso – Ergui as sobrancelhas para ela.

— Não está no nosso controle – Ela balançou a cabeça em negativa – Não nascemos aqui, não pertencemos a Nárnia...

— É isso o que sente? – Retruquei, a interrompendo – Não sente que pertence a Nárnia? Que é o lugar que realmente nos faz felizes?

Soltou o ar devagar.

— Só estou tentando encontrar um jeito de me conformar. Não vou obrigar Caspian a jogar o casamento fora para passar, sei lá, um mês comigo no máximo.

— Seria o mês mais feliz da vida dele – Falei e ela olhou indignada para mim – Mas está bem – Levantei as mãos em rendição – Eu respeito. – Pus as mãos na cintura – Bem, acho que vou com os meninos, se não se importar. Faz tempo que não vou à floresta. Quero ver se encontro minhas amigas. – Eu falava das dríades.

— Vamos descer, então?

[...]

O desjejum foi breve, apesar de animado. Não foi preciso se esforçar muito para conversar bastante, como há tempos não fazíamos, mesmo entre meus irmãos e eu. Até mesmo Liliandil nos acompanhou, atenta a todas as nossas aventuras e fazendo comentários pontuais. A maioria dos fatos ela assistiu dos céus, mas não era o mesmo a quilômetros de distância acima.

Fomos para o pátio logo depois, esperar que trouxessem nossos cavalos.

— Os cavalos, majestade – Avisou um soldado, vindo à frente de um grupo que trazia quatro entre cavalos e éguas, acompanhados carinhosamente de uma menina que fez meu coração saltar de alegria.

— Gael! – Exclamei quando a vi.

— Lúcia! – Ela empurrou as rédeas do cavalo que trazia nas mãos do soldado a seu lado e veio correndo até mim.

Gael estava mais alta, os cabelos cortados aos ombros estavam mais cacheados, diferente de quando nos conhecemos. O rosto adquiriu um formato menos arredondado, o queixo mais fino.

Ao chegar até mim, abraçou-me com força. Ela fora minha companhia feminina quando Susana não estava conosco no Peregrino da Alvorada, a menininha doce e corajosa que seguiu o pai na jornada em busca de sua mãe.

— Pensei que fosse voltar para as Ilhas Solitárias – Observei quando nos afastamos. Ela estava um pouco mais alta, os cabelos cortados aos ombros, diferente de quando nos conhecemos.

— O rei Caspian convidou meu pai para fazer parte da marinha de Nárnia oficialmente – Ela indicou Caspian agradecidamente com a mão – Foi um pouco difícil se adaptar a não estar sempre rodeada de água, mas descobri que cavalos são melhores amigos que os peixes.

Eu ri. Estava feliz por ela, que agora poderia crescer em paz com a família sem os abusos e o medo causado pelos mercadores das Ilhas Solitárias.

— Como está o sr. Rince, Gael? – Caspian perguntou.

— Está bem, majestade, obrigada.

— Então você é a famosa Gael? – Susana se aproximou de nós. Eu falara tantas vezes de Gael a ela que poderia jurar que as duas já eram amigas há anos.

— Eu não sabia que era famosa – Ela disse enquanto fazia uma reverência – É um prazer conhecê-la, majestade.

— O prazer é todo meu.

Susana Pevensie

Meus irmãos e Caspian cruzaram o portão. Gael se despediu e voltou para os estábulos. Éramos apenas eu e Liliandil no centro do pátio. A aura luminosa que a circundava ficava mais clara e quase imperceptível à luz do sol, que ofuscava as estrelas. O olhar sereno acompanhou o grupo até desaparecerem no horizonte.

— Lorde Argos está aqui – A loira informou de repente, como se tivesse acabado de se lembrar – Deve ter vindo prestar o relatório de Cair Paravel.

— O que houve lá? – Franzi o cenho. Não pensei que houvesse atividade na praia, já que era apenas água e ruínas.

Liliandil parou por um instante.

— Ah, claro, ele não disse – Falou decepcionada, embora tivesse um sorriso sem graça no rosto – Caspian está reconstruindo o Castelo dos Quatro Tronos.

Arregalei os olhos. Jamais pensei que ele faria isso. Tudo bem que seus ancestrais não o fizeram por medo da floresta, mas não parecia o mais urgente a se fazer.

— É surpreendente, não é? – Observou – Todos ficaram assim quando ele apareceu com a ideia – A loira se aproximou de mim para manter a conversa – Mas sabe, Cair Paravel sempre foi o centro do governo narniano, um símbolo histórico de felicidade e prosperidade. Caspian não sabe se vai se mudar para lá quando estiver tudo pronto, mas... ele parecia bem empolgado antes desse problema aparecer.

— Ele quer que seja igual ao original? – Perguntei, imaginando como seria ver o castelo tal qual era quando eu e meus irmãos reinamos.

— Existem poucas pinturas sobre a parte interna, mas acho que, com você e seus irmãos aqui, tenhamos alguma ajuda. – Eu não havia pensado nisso, era uma ótima ideia – A fachada com certeza vai ser o mais parecida possível.

— Vai ficar incrível, tenho certeza – Eu ainda não me sentia à vontade em sua presença, embora me esforçasse para ser gentil. Era terrivelmente desconfortável desejar estar em seu lugar, compartilhar com Caspian os projetos grandiosos que ela agora dividia. Meus ciúmes analisavam Liliandil a cada segundos em busca de defeitos e eu me sentia mal por isso. – Bem, não vai encontrar-se com o Lorde? Eu não quero atrasá-la.

— Pensei em convidá-la para vir comigo.

— Pretendo ir à biblioteca ajudar Coriakin e Cornélius com a pesquisa – Recusei, rezando para que ela não insistisse.

— Está bem, então eu me despeço – Liliandil fez uma reverência, o vestido azul cobalto farfalhando enquanto ela se movia com graça.

Eu estava sendo ridícula. Se eu queria culpar alguém, que culpasse Caspian pela decisão que tomou de continuar noivo de Liliandil. Era deplorável que o ciúme despertasse em mim pensamentos tão amargos sobre ela.

 

Caspian X

Cavalgamos junto a um pequeno grupo de soldados composto por dois faunos, um centauro e três telmarinos. Pedro e Edmundo apostaram corrida até as margens do Grande Rio e Lúcia ficamos rindo enquanto os dois faziam os cavalos quase se bateram na brincadeira.

— Faz tempo que não vejo Pedro rir desse jeito – Lúcia comentou, aproximando o cavalo para trotar ao lado do meu. Ela parecia até emocionada ao ver o irmão tão feliz.

— Aconteceu algo em seu mundo? – Indaguei, ainda hesitante. Susana me fizera ter essa curiosidade, mas não tive coragem de perguntar, afinal estávamos tentando salvar Edmundo da peçonha da serpente. – Sua irmã mencionou algo sobre perda.

Lúcia suspirou e sorriu sem mostrar os dentes. Foi quando olhou para mim.

— Enquanto estávamos na casa de Eustáquio, Susana viajou com nossos pais para os Estados Unidos, um país do nosso mundo. Quando voltavam, o trem que os trazia de volta sofreu um acidente... Susana não morreu por pouco também.

Eu não sabia o que era um trem, mas compreendi o que ela queria dizer. Os pais estavam mortos, faleceram no tal acidente. Nossa, deve ter sido horrível.. doeu em mim imaginar a dor pela qual Susana passara... ver os pais morrerem em sua frente, serem tão repentinamente tirados de si sem poder impedir... e pior, saber que ela poderia ter morrido também... apenas pensar na possibilidade era angustiante.

— Eu sinto muito, Lúcia – Falei e ela assentiu – Sei como isso dói.

— Nós estávamos animados – Contou, as lembranças marejando os olhos – Finalmente íamos estar todos juntos... – Ela mordeu o lábio inferior enquanto pensava – Susana tem pesadelos vez ou outra, lembrando do vagão se chocando contra a rocha – Não devia ser uma cena nada bonita. Meu coração apertou ao ouvi-la – E Pedro mal teve tempo de viver o luto. Tinha que cuidar da gente.

— Não é uma dor que nos deixa, sabe – Falei, baseado na minha própria dor – Pensar que tudo poderia ser diferente... tem dias que é apenas uma lembrança ruim, mas tem outros... – Ela comprimiu os lábios. Decidi que era a hora de parar de falar sobre isso – Mas a vida continua – Lúcia voltou a me olhar – Vai aprender a conviver com isso e ser feliz apesar disso.

— Obrigada por dizer isso – Ela foi sincera ao dizê-lo, os olhos azuis enfatizavam suas palavras – Bem, acho que deve estar se perguntando o que é um trem – Seu olhar se iluminou.

Assenti sorrindo.

— Não faço ideia do que seja isso – Confessei.

— Vamos, gente! – Edmundo gritou já na entrada da floresta ao oriente – Vamos chegar às lavouras amanhã nesse ritmo!

— Se ganhar de mim, eu conto o que é um trem – Lúcia desafiou.

— Pois, prepare-se – Segurei as rédeas com firmeza.

Começamos a galopar.

Susana Pevensie

A porta da sala do tutor de Caspian estava aberta e bagunçada assim como no dia que entramos sorrateiramente por ela, a não ser pelos pergaminhos e livros que voavam. Voavam.

— Doutor Cornelius – Chamei ao descer os degraus para entrar, o portal com algum tipo de feitiço amarelado que só percebi ao tocá-lo. Quem surgiu de trás das estantes fora o mago Coriakin.

— É uma magia para acelerar nossa busca – Ele trazia uma pilha de livros, provavelmente para colocar na mesa. Sua túnica marrom tinha bordados de figuras estranhas, contudo não me senti à vontade para continuar olhando. – A senhora deseja algo?

— Na verdade, eu vim oferecer ajuda com os livros.

— Isso irá ser bastante útil, vossa graça – Cornelius também surgiu com uma pilha de livros, dessa vez com alguns pergaminhos no topo – Limitamos a busca em alguns títulos – Ele levou os olhos aos livros que flutuavam para as filhas organizadas em cima e na lateral esquerda da mesa dele.

— Procuramos por “serpentes encantadas” – Coriakin explicou, mostrando um livro que parecia tratar de criaturas lendárias – “Armas raras e mágicas” e “maldições” em geral, algo que mencione arrasar reinos com uma seca.

— Entendi. Por onde começo?

— Vossa majestade pode começar a analisar os livros – Cornelius propôs – Ao que parece, a magia do nosso companheiro aqui responderá suas perguntas.

Assenti. Seria um dia atarefado.

Peguei o primeiro livro e analisei o índice. Ele tratava de armas em geral, nada sugeria magia. Dirigi-me ao capítulo que tratava de lanças. Se bem me lembrava, a profecia dizia que apenas a “lança de água” era capaz de derrotar quem quer que tenha jogado a maldição em Nárnia.

Havia lanças de diversos tipos, desde as rudimentares feitas puramente de madeira, outras de madeira com pontas de metal, umas com duas pontas, outras com uma só. Algumas eram feitas de aço, puro ou misturado com ferro ou outras coisas. A variedade de tamanhos e propriedades era imensa, mas a única menção à água era relacionada a ferrugem.

— Existe alguma probabilidade – Falei alto, afinal os dois estavam de novo atrás das estantes – De a lança ser realmente feita de água? De gelo, não sei.

— Hum – Resmungou Cornelius – A única arma que tenho memória é a da Feiticeira Branca. Não era exatamente uma lança, era um cetro; de aço, gelo e até cristal se formos otimistas. Há mais de um livro que o menciona. Devem estar entre os que estamos separando.

— Continuem – Pedi – Vou seguir procurando aqui.

 

Pedro Pevensie

As lavouras tomavam um terreno a perder de vista na planície que antecedia as terras do agreste do norte. Os canais de irrigação eram compridos, viemos seguindo seu curso até o local administrado pelo Lorde Theodor.

Não era preciso se aproximar muito das plantações para ver que o solo não deveria estar com aquela cor. Além da deficiência de água, estava perdendo minerais.

— Não pensei que fosse tão ruim – Caspian lamentou, o semblante rígido, decepcionado.

— Vamos dar um jeito – Assegurei. Eu fora rei por quinze anos, sabia como aquelas coisas eram. Sentir-se responsável pelo bem-estar dos súditos, principalmente quando se tratava de alimentação. Eu me punha em seu lugar.

O lorde Theodor logo veio até nós, junto a um anão loiro de barba curta e um homem calvo de bigode espesso, Grimbar e Giulen, os responsáveis pelas plantações. Theodor disse que alguns agricultores encontraram um líquido oleoso, translúcido e levemente amarelado, quando cavaram o solo mais profundamente. Dois dos trabalhadores morreram depois do contato. O lorde nos entregou um frasco para que tentássemos descobrir o que era.

Sobre a colheita, o anão Grimbar até retirou o chapéu, vista a sua decepção. Grande parte dos vegetais havia sido perdida. O trigo, já muito próximo de colher, foi retirado com pressa para não ser perdido também. Giulen mencionou que os pomares também estavam improdutivos. Ele explicou que as plantas aguentavam um pouco de falta de água, mas a falta de nutrientes e aquela espécie de veneno estava acabando com tudo.

Caspian, preocupado, apertando o cabo da espada com força, concluiu:

— Espero que Coriakin, Cornelius e Susana tenham feito algum progresso – Desejou ele – Nosso estoque está aguardando a reposição anual com a colheita. Se não conseguirmos repor... vamos ter problemas.

 

Lúcia Pevensie

A volta para o castelo não teve um pingo sequer da animação que nos levou às plantações. Edmundo aconselhava Caspian sobre que providências tomar, enquanto Pedro ouvia e argumentava também, o trio de cavalos montados por eles trotando atrás de mim.

Eu estava mesmo preocupada, não só com os súditos, em como se alimentariam dali para a frente, mas também com as florestas. Os humanos sempre davam um jeito: migravam, compravam, trocavam com outras aldeias, nações. Os animais, os faunos, os centauros, os anões, as dríades, as árvores, os grifos... não faziam nada disso. Como sobreviveriam com a falta de água e com o solo envenenado?

Dei-me conta que subíamos o monte do castelo. A movimentação familiar da cidade começava a ser ouvida: crianças brincando, homens conduzindo carros de mão, ferreiros trabalhando, padeiros já preparando o pão das seis horas... uma vida provinciana normal. O que seria deles quando a comida começasse a faltar?

Foi quando uma gritaria soou numa taverna.

— Sorien, o que é isso? – Caspian indagou a um dos faunos, que foi se aproximando da taverna para ver o que acontecia, mas foi empurrado pela porta do estabelecimento, aberta de repente.

Um jovem foi jogado para fora, rolou para a rua e assustou o meu cavalo, arrancando um grito meu quando o animal se colocou sobre as patas traseiras.

— Lúcia! – Edmundo exclamou.

Agarrei as rédeas com força, sem deixar que ele me derrubasse. Felizmente ele se acalmou quando o rapaz rastejou depressa para longe do animal.

— E não me apareça aqui de novo, Rilian! – Uma mulher gorda e grande bradou da porta da taverna, o avental branco e a flanela da mesma cor se destacando na pele morena e nas roupas vermelho-escuras – Já causou problemas demais!

— Não faz isso comigo, Arisia! – O loiro se levantou do chão.

— Vá cuidar do seu irmão! – Ela retrucou, já entrando no estabelecimento – Pare de gastar dinheiro com apostas e vá alimentá-lo! – Foi quando ela finalmente notou diante de quem estava. – Ma-ma-majestade – Arisia se ajoelhou para nós, sobretudo para Caspian, que manteve o semblante sério, embora eu tivesse certeza de que queria rir. – Perdoe-me por isso.

— Deve pedir desculpas à Rainha Lúcia – Ele retrucou e a mulher me encarou perplexa – Quase a derrubou do cavalo quando empurrou o rapaz para fora.

— Perdoe-me, minha senhora – A mulher continuava abaixada, extremamente envergonhada.

— Não se preocupe – E virei-me para o rapaz, de expressão emburrada e até um pouco constrangida – E você? Precisa de alguma coisa?

O tal Rilian me olhou com tédio, irreverente. Senti um aperto no coração quando nos encaramos. Os olhos azuis estavam avermelhados, os cabelos loiros bagunçados, as roupas amarrotadas e ele parecia ter levado alguns socos. Parecia bêbado, também.

— Não – Foi tudo o que me disse. Ele colocou as mãos nos bolsos e baixou a cabeça, caminhando rumo ao outro lado da rua.

Sorien já ia para cima dele, exigir-lhe respeito, imaginei.

— Deixe que vá – Pedi. Sorien obedeceu – Quem é ele? – Perguntei a Arisia.

— É um pobre infeliz que veio de Terebíntia, ou Galma – Explicou – Perde todo o dinheiro que ganha com apostas e bebida aqui na taverna. O irmão está quase desnutrido, coitado.

— Ele me é familiar – Caspian franziu o cenho.

— Pode ser da própria cidade – Pedro sugeriu.

— É, pode ser – Maneou com a cabeça – Arisia – A mulher o olhou – Certifique-se de que o irmão dele está se alimentando, darei suas despesas se necessário.

Prosseguimos rumo ao castelo em seguida. Meus dedos doíam pela força que usei para segurar as rédeas e meu coração ainda estava acelerado. Acelerado e apertado.

— Você está bem, Lu? – Pedro perguntou, se colocando a cavalgar ao meu lado.

— Estou sim – Menti.

Podia ler nos olhos daquele rapaz que ele não estava bem, que precisava de ajuda. Mas ele simplesmente me ignorou. Talvez não quisesse ajuda. Talvez não merecesse preocupação. Mas aqueles olhos... eles queriam me dizer alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

Eai, gostaram? Me contem nos comentários!
Eu sei que tem pessoas que preferem usar a própria imaginação para visualizar os rostos dos personagens, mas para quem gosta de atribuir artistas para os mesmos, eu diria que o Rilian é "interpretado" pelo Ed Speleers, nosso eterno Eragon.
Ah e só para evitar confusão, o Rilian NÃO é filho do Caspian nessa fanfic kkkk é meio estranho, já que eu queria fazer um negócio bem canônico e tal, mas vocês vão entender depois
Beijos!!



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