Minha Luz é Você escrita por Lilly Belmount


Capítulo 5
Capítulo 5




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A vontade de Helise era a de falar um monte de verdades para a sua mãe. Ela errou feio ao perder totalmente o controle sobre as suas faculdades mentais. Poderia ter se divertido o quanto quisesse durante a bendita confraternização, mas desde que não ingerisse uma única gota de álcool. Por que era tão difícil Geórgia se comportar como uma mulher madura e responsável? Desde a noite anterior ela deixou a mãe na sala sentindo o cheiro do próprio vômito. Não queria se dar o trabalho de ter que levá-la para o quarto. Ela bem que merecia uma lição por uma noite.

Logo pela manhã quando ela foi preparar o café sentiu que iria colocar tudo para fora de tão forte e insuportável que estava o cheiro. Com muito esforço ela conseguiu conter a ânsia. O som de pés se arrastando pelo cômodo foram ouvidos com clareza pela jovem. Sua mãe finalmente havia acordado. Isso era um bom sinal. Pelo menos era o que ela pensava.

— Por que a minha cabeça dói tanto? — reclamava Geórgia levando a mão a cabeça.

Helise a estudava com atenção espremendo os olhos.

— Realmente não se lembra de nada? — arriscava a garota enquanto via a mãe balançar a cabeça de um lado para o outro em negativa — Tem certeza?

A garota encontrou a oportunidade perfeita de fazer com que sua mãe compreendesse tudo o que havia acontecido, de como estava se sentindo em relação aos novos vizinhos, de toda a palhaçada que foi causada. Poderia ter sido pior se Helise não estivesse lhe fazendo companhia na confraternização.

— Me conta tudo o que aconteceu Helise — ordenou Georgia.

Ela respirou fundo antes de dar inicio aos fatos anteriores.

— Não aconteceu nada demais até certo ponto da confraternização. — disse Helise simplesmente — Até parecia que a senhora conhecia cada uma daquelas pessoas de longa data. Infelizmente começou a ser servido cerveja e outras coisas mais... a senhora aceitava com facilidade, esqueceu que eu estava por ali e continuou a beber — ela fez uma pausa — Começou a se jogar para cima dos homens, falou coisas feias. Tive que intervir.

Geórgia corava de vergonha.

— Eu sou uma idiota.

— Com certeza. Ao menos parou para pensar em como me senti com todas aquelas pessoas nos encarando? Um lixo! Foi assim que me senti. Nunca pensei que fosse passar por um vexame desses.

— Me perdoe filha!

Helise sorriu fraco.

— Não sou Deus para perdoar ninguém, mas pode limpar o seu próprio vomito. A casa está precisando de uma boa limpeza.

Geórgia não estava nada feliz com o jeito que Helise a estava tratando Não era justo que a garota lhe dissesse algumas verdades. Havia errado, mas nada dava o direito para Helise colocar as suas grosserias para fora.

— Em primeiro lugar, eu sou a sua mãe e me deve respeito. Sei o quanto errei na noite anterior. Infelizmente não tem como voltar no tempo e reparar esse maldito erro. Não quero que se sinta mal.

— Tarde demais.

Helise saiu de casa antes mesmo que a sua mãe pudesse lhe dizer algo. Queria ficar sozinha por algum tempo. Como não conhecia muitas coisas do bairro, ela decidiu ir até o mercado. Precisava fazer algo para se redimir com os vizinhos e diminuir a sensação de vergonha que estava sentindo. Seu coração doía só de pensar nas maldades que alguns filhos poderiam cometer, mas ela só atingia Geórgia com palavras mesmo que não fosse a sua intenção. Geórgia também sabia fazer o uso das palavras para deixar cravado uma estaca no coração da jovem. A mãe conhecia todos os pontos fracos.

Ela não queria saber de voltar para casa tão cedo, pois não queria que lidar com a imprudência de Geórgia. Mesmo que a ida até o mercado não fosse levar mais do que apenas alguns minutos ela preferiu dar uma olhada no comercio ao redor. Ainda haveria muitas oportunidades para poder desfrutar de cada detalhe, de cada espaço disponível nesse novo lugar. Sem pressa e com passos cautelosos, a garota voltou para casa. Parou diante da casa e respirou fundo antes de adentrar o local. Precisava de um pouco de paz em sua vida. Acabou por se lembrar da igreja que havia ali por perto. Nunca foi uma pessoa religiosa, mas queria fazer algo de diferente em sua vida. Contar tudo o que se passava em seu coração a alguém que nunca iria julgá-la. Um novo recomeço era o que Helise precisava.

Em algum momento mais oportuno talvez Helise pudesse fazer uma visita. Achava que ainda era cedo para se familiarizar com algum daqueles lugares. Não queria que as pessoas do seu bairro a fizesse se sentir estranha. Só queria continuar sendo invisível por mais algum tempo.

Helise agradeceu por não encontrar sua mãe em casa. Deixou as compras em cima da mesa enquanto iria colocar o seu celular para carregar. Sem a mãe por perto não era necessário que ela colocasse os fones. Primeiramente ela colocou a carne e a massa para cozinharem. Seria o tempo necessário para que ela conseguisse cuidar dos molhos e dos temperos. Aprendeu a fazer uma lasanha saborosa com a ajuda de seu pai. Preparar massas era a especialidade dele. Não era tão difícil quanto parecia, bastava ter um pouco de paciência na hora da montagem.

Depois de estar tudo pronto, Helise esperou que a lasanha esfriasse um pouco para assim pode levar até onde desejava. Alguns minutos depois ela saiu de casa e caminhou até a casa da vizinha. Estava ansiosa e insegura ao mesmo tempo, muitas teorias passavam pela sua cabeça. Queria acreditar que aquela família iria amar o prato que foi feito com carinho.

Helise tocou a campainha e esperou até ser atendida. Seu coração insistia em bater acelerado. Tinha medo da reação que a senhora poderia exibir. Levou apenas alguns segundos para que ela ouvisse a porta sendo destrancada.

O sorriso daquela mulher nunca desaparecia.

— Posso ajudá-la minha jovem?

— Eu só vim trazer esse prato como um pedido de desculpa. Sinto muito pelo o que aconteceu com a minha mãe. — dizia ela calmamente — Era para ter sido um dia bem divertido para todos vocês.

A senhora se compadeceu de suas doces palavras.

— Não precisava se preocupar, meu anjo.

Helise corou.

— Não queria que tivesse acabado daquele jeito. Só peço que a senhora aceite.

Min Jung tocou a mão de Helise com delicadeza já pegando o pato que estava em suas mãos.

— Foi você quem preparou?

— Sim senhora!

— Irei apreciá-la com muito carinho.

Helise esboçou um sorriso tímido para a senhora antes de se afastar. Sentia-se mais aliviada por tentar amenizar a situação vexaminosa em que a sua mãe estava. Min Jung parecia ser uma pessoa paciente e pouco desligada das coisas que acontecia ao seu redor. Talvez ela não se importasse com o que as outras poderiam falar.

***

Horas depois na residência dos Jung a senhora cuidava de cada detalhe para o jantar. A mesa já estava posta, faltavam o filho e o marido chegarem para jantarem. Hoseok sempre tinha compromissos ao longo do dia e deixava a sua mãe preocupada por conta do horário que chegava em casa. Ao ouvir o barulho da chave a senhora Min conseguiu espiar aliviada ao ver que era o seu filho.

— Ainda bem que você chegou para o jantar, filho. — disse a senhora Min Jung sorridente — Como foi o seu dia?

Hoseok colocou a bolsa em cima de uma cadeira que estava livre e foi até a geladeira pegar água. Sua mãe lhe entregou um copo.

— Foi normal. — ele bebia a água com calma — As pessoas estão cada vez mais gostando do meu trabalho. Se dependesse deles eu não voltaria para casa.

— Isso é bom meu filho.

— Alguma novidade? — quis saber ele curioso.

— A filha da nossa vizinha nos trouxe lasanha como pedido de desculpa.

Jung Hoseok não sabia o que dizer diante de tal atitude da garota. Sabia que ela havia ficado constrangida com o comportamento da mãe, e era aceitável que ela se sentisse desse jeito. Queria ter dito palavras bonitas e reconfortantes, achou que talvez pudesse estar se intrometendo demais na vida pessoal de sua vizinha.

— Ela não deveria ter se preocupado. — disse ele simplesmente.

— Eu sei meu bem.

— Só temos que agradecer pela bondade no coração dessa garota. Deus tem grandes projetos para ela.

A mulher sorria divertida.

— Quem sabe ela aparece num dos cultos? Será bom tê-la no grupo jovem.

— É algo a se pensar minha mãe.

Min-Jung cruzou os braços.

— Por quê esse desanimo? Pensei que seria uma boa ideia ter a vizinha nos cultos. — murmurava a senhora — Está me escondendo algo, filho?

Hoseok passou a mão pelo pescoço.

— Não, mãe. Só acho que não seja o estilo da garota. Foi o que percebi na confraternização. — suspirou alto — Ela precisa se conectar com si própria e ouvir o coração. Ela aparenta estar com medo do que o futuro lhe reserva.

— E nós estaremos prontos para ajudá-la no que for preciso.

— Sempre!

Hoseok deu um beijo no rosto de sua mãe e se retirou para o próprio quarto. Caminhava a passos lentos tentando absorver cada vez mais o que estava acontecendo ao seu redor. Havia algo de diferente naquela garota. Não poderia ficar tão mexido sem conhecê-la direito. Não importava o que poderia ser, mas sabia que a sua vida mudaria por completo com a chegada da nova vizinha.

 


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