A atmosfera do local era a mais leve possível, mas as palavras usadas na boca de cada um era algo aterrorizante. Por volta das sete da noite, sentado, estavam espalhados entre móveis: sofás, poltronas e puffs. O silêncio não estava presente a minutos, também preocupados com o filme, uns gritavam ainda mais para que outros ficassem quietos.

—Ayato, fecha esse bico! -Gritou Subaru irritado e jogando um travesseiro no irmão ruivo, que rangeu os dentes contra o ato e fico em pé no sofá ameaçando bater no caçula.

—Fica quieto seu bastardo! Só estava mandando o palhaço aqui calar a porra da boca!- Após ouvir a declaração do terceiro filho de Karl, Laito se ergueu e começou a xingar o gêmeo.

—Eu só estava respondendo a pergunta do outro ali! Me deixe em paz, 'Ariel'! -Com o novo apelido para o cabelo do gêmeo mais velho, falava sobre Shu. Respondeu já a gritar também contra os outros dois. Então começaram a tacar travesseiro um no outro repetidamente, a guerra era entre Subaru, Ayato e Laito. 

Enquanto isso, Shu caía num sono pesado sem prestar atenção nos irmãos. Reiji tentava não se importar com as ações dos mais novos. E Kanato junto a Yui, estavam sentados próximos do primogênito de Cordélia, comendo pipoca.

—Yui, coloca legenda nisso se não a gente não vai entender nada. -Disse Kanato se jogando no ombro da loira que consentiu com a cabeça, já a colocar legenda no filme com ajuda de um controle manual.

—Reiji, faça as honras. -Yui disse séria, mas com um tom brincalhão. O moreno ia contradizê-la pois já estava cansado de falar com os três mais novos. Até um travesseiro vir em sua direção e o acertar em cheio, fazendo com que a veia de sua testa saltasse e lhe deixasse vermelho pela raiva momentânea.

—Fiquem quietos seus animais! Calem a boca antes que eu as costure com agulha quente! -Gritou! Isso fez com que seus irmãos voltassem a se sentar no lugar. Subaru puxou o travesseiro da mão de Ayato que logo se sentou ao lado de Yui, pegando pipoca para si. Já Laito continuou de pé e botou o chinelo, que se encontrava jogado em algum canto.

—Vou pegar mais comida, já que pegaram toda a pipoca que eu fiz! -Laito soltou, falando de Yui, a mesma então apenas lhe olhou de canto, junto com uma careta, sem ao menos se mover, voltando a colocar uma pipoca na boca lentamente.

—Estou em fase de crescimento. -Yui caçoou do mesmo que riu sarcástico, com sua expressão perversa.

—Eu também fico em fase de crescimento às vezes!-O outro riu alto, e então Yui corou pela vergonha alheia do amigo. Levantou nervosa, colocando o pote de pipoca no colo do arroxeado e tacou a própria pantufa dos "Monstros S.A." nas costas do ruivo, que saía correndo da garota.

Voltou a se sentar, aumentando novamente o volume da televisão. Kanato que havia se assustado com o ato de Yui, logo estava a se deitar no ombro da mesma minutos depois, quase não se importando com os atos do filme de romance.

—Qual a lógica desse filme? Vampiros não existem! Quanta perda de tempo... -Reiji exclamou exaltado. Se arrumou na poltrona com o travesseiro que Subaru tacou em si e ficou resmungando coisas aleatórias do filme.

—Essa é a graça, são vampiros, lobos e humanos. Tudo junto! E com um toque de amor...-Yui suspirou repleta de felicidade, tentando explicar mas, o moreno nem ao menos se importou com sua opinião e continuou resmungando baixo. 

—Você mandou todo mundo ficar quieto mas não cala a boca! -Shu atreveu-se a dizer, sentado próximo ao irmão mais novo, dizia enquanto abria seus olhos num risco pequeno, falando num tom alto o suficiente para o moreno.

Com aquilo, Reiji resmungou uma última vez antes de cruzar os braços acima do travesseiro. Incrédulo.

Logo, Laito aparecera da cozinha com dois baldes cheios de pipoca, entregou um para o de óculos e foi se sentar no tapete no chão, próximo a Subaru, já que o mesmo também não havia comido nada. Yui fez uma careta quando o amigo pervertido passou a sua frente,assim o garoto retribuiu da mesma forma.

Ficaram assistindo ao filme, até que acabou. 

Bom, o primeiro da coletânea.

—Vamos, tem mais quatro só! -Disse a garota se divertindo com o filme, batia palmas por sua alegria com Crepúsculo, indo até o dvd para retirar o cd de dentro do aparelho. Rindo, ela explicava aos seis meninos o quanto o filme era "educativo e emocionante".

—Eu não aguento mais, isso é um lixo! Vou quebrar esse negócio! Me dá isso! -Subaru se levantou, andando até a loira que ergueu a mão como se fosse o espancar se o fizesse. Controlando a agressividade do albino, a mesma fez um bico e logo procurava o segundo filme.

Os seis filhos de Tougo passaram a reclamar da situação, enquanto Yui fingia não ouvir nada apenas para que pudesse assistir a sequência da saga.

Minutos se passaram e logo o filme que a loira tanto queria começava, tristonha por ver a protagonista com o lobisomem. Mas a porta da frente tinha que ser aberta agressivamente, se ouvia gritos altos vindo do lado de fora.

—Cale a boca! Você não consegue nem educar eles! -Vinha a mulher na base dos quarenta anos, com seus cabelos roxos até o quadril, seu batom vermelho e sua calça jeans com uma camisa em V cobrindo a parte traseira deixando um pouco decotada.

—Eu trabalho muito, Cordélia! Diferente de você! Isso seria bom para eles! -Logo atrás da arroxeada veio a loira com seus olhos azuis, seu traje formal, vinha junto com um coque alto e cheio, apenas um colar fino dourado em seu pescoço como seu toque final,a deixando elegante. E seu salto fino, que ela logo jogava ao canto da porta.

—Por favor, vocês estão brigando desde que saímos de lá! Se conversasse--

—Ah, Christa! Você está tentando fugir da responsabilidade de novo! -A arroxeada gritou indo para a cozinha, nervosa pelas outras mulheres. -Oi meninos! 

Christa, que chegara agora com seus cabelos ondulados e brancos, parecia até uma albina. Seu vestido ia até o joelho; cinza e com uma bolsa em seu braço esquerdo.

Por último, veio um homem alto e bonito, seu cabelo curto e grisalho, numa roupa social e com um relógio prata no pulso direito. Com um sorriso formado em seu semblante, ele parou de frente a televisão. 

Todos assistiam vagarosamente ao show das três mulheres, antes de prestarem a atenção em Tougo.

—Crianças desliguem a tv, vou contar uma novidade! -Disse o mesmo sorridente, ganhando a atenção de seus filhos e afilhada.

Yui fechou a cara, negando mentalmente aquele ato do padrinho, desligando a televisão com o controle. Kanato se ergueu assim como Ayato naquele sofá, já que estavam os dois praticamente esmagando a garota loira, fazendo-a de travesseiro.

—Já quero ouvir só por ter tirado esse filme! -Ayato disse, e Laito concordou com ele. Yui lançou um olhar mortal para o ruivo dando um beliscão na mão do mesmo, se arrumou no sofá para ouvir o mais velho a frente, fingindo não ter feito nada, mesmo Ayato a olhando com raiva. -Comece velho!

Tougo apenas lançou um olhar para o filho, que riu sem graça. 

—O que acha de criarmos um novo projeto? Uma coisa familiar e para um público?

Todos se entreolharam. 

—Me cansei só de ouvir. -Shu sussurrou e Reiji soltou um riso nasal, tentando conter a risada do próprio pai.

—Espera um pouco, vai nos vender? Tipo, contrabandeio em família? Porquê se for, Reiki daria uma boa grana. -Laito brincou se levantando, e sentando no braço do sofá ao lado de Ayato.

Reiki encarou o ruivo mais novo lentamente, com os olhos estreitos. Até Tougo o cortar.

—Deixe de besteira! Estava pensando...

—Vixe. -Subaru murmurou.

—Como uma corporação de música entrou em contato com nossa filial ontem, pensei em criar um novo projeto que também iria enriquecer vocês! -Explicava, dando voltas no tapete da sala. Beatrix e Christa ficaram no canto do local o vendo falar, Beatrix de vez ou outra concordava com o ex marido, praticamente querendo se livrar de vez dos filhos folgados.

—Com licença! -Reiji chamou a atenção. -Você trabalha com jogos. Então, quer misturar jogo com música? E diz que isso vai fazer sucesso? Não. -Reiji disse negando com a cabeça e recebendo a atenção de todos seus irmãos juntos, além de Yui.

—Claro que vai! Vamos criar outro game de Visual Novel! Com personagens novos e músicas maravilhosas, que necessariamente podem ser gravadas e vendidas! - Tougo foi até Yui e pegou um pouco de pipoca, ou do que ainda tinha, sorrindo. Falava rindo e gesticulando com as mãos tudo aquilo.

—E onde a gente entra? -Kanato entrou no assunto, com seus olhos cansados.

—Ué! Vocês serão os personagens e os cantores! -Ele disse normalmente, ganhando expressões de surpresa e estranheza dos adolescentes. -E você minha querida Yui, será a protagonista.

Tocou no topo da cabeça da menina, que não se contentou em fazer um semblante preocupado.

—O quê? -Questionou assustada. -O que está planejando, Oya? Um Visual Novel de harém inverso?

O mais velho sorriu feliz e se afastou.

—Sim! Com escolhas de relacionamento! Não vai custar caro! Além de estar super na "moda" jogar games desse tipo!

—Claro que não vai! Vai nos usar ao invés de correr atrás de "novos talentos" para serem os dubladores! Vai sair mais barato mesmo! -Laito soltou para atrás do sofá procurando a pantufa da loira, na qual ela tacou nele momentos antes.

—Não fique assim, vai render muito dinheiro, já planejei quase tudo, só faltam as coisas básicas! O tema, o desenho e a confirmação de vocês. -As orbes de Tougo brilhavam.

—Eu acho uma péssima ideia! -Cordélia apareceu com uma colher de pau a apontando para o ex marido que se mantinha calado e com um semblante debochado. -Isso vai virar uma bagunça, Tougo! Ouçam o que eu digo.

—Eu acho que seria bom para eles, não ficariam presos nesta casa! E ainda é uma chance de ganharem o próprio dinheiro! Não acha, Christa!? -Beatrix fora contra a arroxeada, que logo voltava pra cozinha antes de ouvir o que ela tinha a dizer, rebolando e dando os ombros para a quase rival. A loira foi até o filho mais velho, Shu, e bateu em seus ombros para que ele se sentasse direito.

—Acho que eles deveriam decidir sozinhos e entender bem o que está acontecendo agora! -Disse Christa sem ligar muito para as duas.

—Boa, mãe! -Subaru gritou, e logo Cordélia apareceu na porta da cozinha olhando de escanteio para o albino, incrédula. Com a colher de pau mirada no albino.

—E o que está pensando em fazer? -Shu chamou o pai. -Feiticeiros? Estudantes? Vampiros?

"Merda." Pensou Reiji, pela ideia de virar um ser do submundo. 

—Isso! Vampiros! Perfeito, algo inovador! -Tougo estalou os dedos e sorriu alegre com a ideia que tinha na hora. -E vocês podem ficar com a ideia de personagens! Só que o tempo é curto então amanhã mesmo vou levar vocês a filial e planejamos tudo certo! Amo vocês crianças! -Dito isso, Tougo saiu rapidamente dando um beijo no topo da cabeça de Yui, e fechou a porta com tudo, só se ouvia o barulho do motor do carro caro do homem.

—Maldito. -Cordélia veio até a sala. Enquanto seu filho Laito entregava a pantufa para Yui que se levantou em seguida.

—Oya, não acho má ideia.-a garota disse, dando beijo no rosto de cada mulher ali, cumprimentado a todas. Sorria para a arroxeada, que negou com a cabeça por conta da face ingênua da afilhada.

—Tudo bem, por você minha linda, eu deixo participarem disso! -Cordélia passou a mão na cabeça da mais nova antes, vendo o quanto era bom tê-la como quase filha.

—Todo mundo sabia que se ela não deixasse, ninguém ia fazer nada mesmo. -O albino falou alto o suficiente para que a arroxeada se achasse e subisse as escadas para seu quarto, antes claro, de passar na cozinha e levar com sigo o brigadeiro que panela que havia feito. As outras duas seguiram a mesma.

—Isso vai acabar mal. -Kanato falou se levantando e limpando a roupa suja de resto de pipoca.

Continua...