Ino era ótimas em várias coisas. Como fazer fofocas, me convencer a comprar peças de roupa cujas quais eu não precisava, sumir do escritório de Sasuke sem dar satisfações ao chefe e sabia consolar suas amigas como ninguém. Mas claramente tiro ao alvo não era o seu esporte.

Na verdade, Ino não era de esporte nenhum. O mais perto de uma corrida que ela já chegou na vida, foi quando foi ao parque num domingo de manhã assistir ao treino aberto do corpo de bombeiros da cidade. Esse era o tipo de pessoa que minha melhor amiga era.

Então era óbvio, por essa e por outras razões, que aquilo acabaria dando errado. Ainda mais porque a porquinha parecia incapaz de atirar em linha reta. Da mesma forma que era incapaz de seguir comandos básicos como “cale a boca” e “abaixe essa arma”.

E a sua experiência ali estava fazendo tudo, menos a relaxar. Na verdade, eu tinha certeza que Ino ia embora mais irritada do que quando chegava. Acho que pela força que ela usava para fechar a porta do armário depois de pegar suas coisas. O fato de EU estar indo bem também a irritada. Eu podia jurar que a ouvia murmurar algo como “cobra de olhos verdes filha de uma mãe” toda vez que eu acertava o alvo. Aquele definitivamente era o meu esporte.

— Pelo amor de Deus Ino, não é possível que você seja tão ruim assim!— A encarei incrédula, após quase acertar o treinador que se encontra em uma direção completamente oposta ao alvo.

— Eu apenas mirei um pouco mais pra direito do que devia— Ela virou em minha direção com a arma em punho, fazendo com que eu me jogasse em direção ao chão e gritasse algo como “abaixa isso sua louca”— Eu não sei o que eu estou fazendo de errado!

— Porque você simplesmente não desiste, já que parece odiar tanto isso aqui?— Perguntei após presenciar seu terceiro chilique consecutivo. - Eu não me importo de usufruir do resto do seu pacote!

— E dar meu braço a torcer? Jamais! Preciso honrar meu orgulho e os 2.500 dólares que paguei nessa palhaçada.

— Pelo menos vire a arma para o outro lado!— Gritei ainda no chão.

— Pare de ser ridícula Sakura, está descarregada.— Assisti seu corpo virar-se de volta para bancada enquanto ela recarregava sua arma e se preparava para errar mais uma sequência de tiros. Só após ver a arma totalmente voltada para o lado oposto foi que me arrisquei a levantar. Não dava para confiar em nada que aquela desmiolada falava. No final Ino sempre seria Ino.

Resolvi prestar atenção na minha bancada ao invés de testar mais um pouco a paciência de Ino e isso significava muita coisa. Respirando fundo, comecei a me preparar para a minha sequência.

Se o nervosismo da minha amiga a tornava pior ainda no esporte, o meu me deixava ainda melhor. E naquele dia eu estava IRADA.

— O que foi dessa vez?— ouvi Ino perguntar após desistir de prestar atenção no seu próprio alvo.

— Não sei do que está falando.

— Sakura, se você continuar assim vai acabar treinando os próximos recrutas da polícia ou então entrando para as olimpíadas.— bati minha arma com força no balcão atraindo alguns olhares.

— Karin aconteceu…

Karin Uzumaki a.k.a uma grande safada. Prima distante de Naruto e ex noiva de Sasuke. Após a notícia do meu noivado com ele se espalhar, ela resolveu que ainda o amava e estava decidida a reconquista-lo.

Nosso primeiro encontro, para o meu desagrado, havia acontecido a mais ou menos dois meses atrás quando a mesma invadiu a sala do Uchiha como se ainda fosse alguma coisa do mesmo. Para o grande azar dela, Sasuke estava no banheiro e fui em quem a recepcionei. Fiz questão de esfregar na sua casa o diamante do tamanho de uma rocha que eu carregava no dedo anelar enquanto ela perguntava com uma voz estridente onde estava o sasu-kun dela.

Foi preciso Itachi intervir para tirá-la de lá. E o meu noivo, como o grande covarde que era, permaneceu o tempo todo escondido no banheiro ouvindo atrás da porta. Aparentemente me conhecer só havia a deixado mais determinada ainda.

— Você acredita que aquela rameira apareceu na casa de Mikoto-san, se convidando para um chá da tarde? Eu vou esgana- la Ino!

— E o Sasuke nessa história?

— Jura de pé junto que não existe a menor possibilidade de sequer sentar para conversar com ela. E eu até acredito porquinha, porque apesar de todo aquele tamanho, mulheres em fúria o apavoram. - Suspirei dando as costas para o meu alvo também. Aquilo estava sendo inútil. - Ainda sim, saber que a ex o procura me deixa insegura. Eles ficaram juntos por 3 anos. Independente de ter sido um relacionamento de idas e vindas.

— Mais idas você quer dizer…

— Não interessa, eles estiveram juntos. – Fiz um beicinho encarando o relógio. Já estava na hora de ir embora.

— Bom, enquanto você não adquiri sua licença para matar, o que acha de colarmos uma foto dela no alvo semana que vem?

— Não me dê ideias Ino, não me dê ideias… - Me dirigi ao vestiário rindo, com a plena certeza de que ela falava sério. E eu estava certa.

No sábado seguinte Ino havia aparecido com duas fotos bem desfavoráveis do meu mais novo desafeto e as colado em nossos alvos. E por mais absurdo que possa parecer, aquilo melhorou consideravelmente sua pontaria. Naquele dia, ela não perdeu um tiro.

Minha amiga era mesmo três L’s e ao seu lado, eu desgarreguei meu pente com mais gosto que qualquer outro dia. Aquilo era um prelúdio do que viria a seguir, mas eu não percebi.