Pasca sentou-se na cama enquanto esfregava os olhos. Ela piscou algumas vezes antes de levantar e cruzar o quarto na ida para o banheiro. Sirius dormia profundamente; em seu sonho, cavalos cavalgavam livremente em um pasto verde fresco.

Ela tirou a camisola e a deixou no chão. Puxou a cortina para o lado e entrou debaixo da água gelada sem pensar duas vezes. Seu cabelo molhado não estava mais cacheado, e agora encontrava-se muito mais longo, suas pontas tocavam seu cóx.

Sirius virou de lado na cama. Agora ele conseguia ver uma menina correndo pelo campo. Potros corriam atrás dela, relinchando, com os cascos no ar. Percebia que estava em cima de um dos cavalos e tentava galopar mais veloz. Eles a seguiam para uma cachoeira. Ela ria alto, as alças do vestido folgadas.

Ela lavou o cabelo com o shampo de verbena e desembaraçou os cabelos com um pente de dentes largos. Deixou a água escorrer pelo corpo enquanto pensava em que aulas teria naquele dia.

Black a encontrou em uma cachoeira, a vestido azul a seus pés. Ela virou o rosto em sua direção, uma risada escapando de sua garganta enquanto ela entrava na cachoeira. Retraiu o pé, como se a temperatura não estivesse favorável e depois entrou lentamente na água. Sirius só podia ver suas costas. A água batia em sua cintura. As mãos dela pareciam acariciar as pequenas ondas.

Pasca passou a esponja pelo corpo, os olhos fechados enquanto a água continuava a bater em seus ombros. A esponja era esfregada contra seu ombro esquerdo, axila, costelas, barriga, ventre…

Sirius caiu na cachoeira. O frio do chão e as risadas dos amigos o acordaram. Ele estava atordoado e levantou-se rapidamente, olhando para os lados. Interrogações escapavam de sua boca.

— Alguém vai se atrasar! - James gritou enquanto colocava os sapatos.

Sirius tirou o cabelo do rosto e correu para o banheiro. A água que caia em suas costas estava tão quente que provocaria, certamente, algumas marcas. Enquanto a corrente molhava seu cabelo, ele tentava se lembrar do sonho, sem sucesso.

Ele saiu do banheiro secando o cabelo com uma toalha e outra toalha amarrada na cintura. Seu abdômen era bem marcado e seu cabelo era bem comprido. Todo seu corpo era definido, como o dos outros animagos e o de Lupin - pelo menos quando estava distante da lua cheia.

Sirius se vestiu apressadamente. Ele mal fechara a calça quando já estava abotoando a camisa branca de mangas curtas. Sentou-se na cama com a mochila no ombro, a capa em uma das alças, para amarrar os sapatos que colocara sem meias.

As ondas de seu cabelo ainda estavam se formando quando ele chegara no Salão Nobre. Duas meninas da Corvinal sorriram para ele com malícia. A questão é que ele estava especificamente mais bonito e atraente naquele dia.

Suas bochechas estavam coradas do banho quente e seu cabelo molhava a camisa. Ele girou nos calcanhares para continuar olhando as meninas, uma das alças da mochila pendurada em seu ombro. E neste momento Pasca esbarrou contra suas costas, o livro enorme de transfiguração caindo de suas mãos.

Sirius virou-se de volta, Pasca levantou as sobrancelhas, como quem diz “oi”, após revirar os olhos. Ele já havia esquecido seu sonho e ficara apenas um sentimento de vergonha, o que o enrubesceu levemente.

O livro voou para as mãos de Sirius depois de ele pensar “Accio livro”. Ele deu um sorriso sem mostrar os dentes, como quem se desculpa, e, de forma brincalhona, passou a mão no livro como que para limpá-lo.

— Desculpe. - Ele disse enquanto devolvia o livro à dona.

Ela estalou a língua antes de dizer: - Tudo bem.

— Você conseguiu a bibliografia de cedro de carneiro para o pergaminho da aula de Poções? - Sirius perguntou, puxando papo. - Eu sei que tem, mas não lembro onde vi isso.

Pasca assentiu com a cabeça.

— Tente nas notas do livro do semestre passado.

Sirius fez uma cara de quem pensa e depois outra de quem lembra de algo.

— Ah, sim! Com certeza! - Ele sorriu espontaneamente, mostrando quase todos os dentes.

As sobrancelhas de Pasca arquearam-se levemente, dessa vez de surpresa. Ele era realmente bonito. De verdade, ela pensou. E em meio segundo ela absorveu seus olhos, que na verdade não eram azuis,, eram acinzentados. E seu cabelo negro descansando do lado esquerdo, as ondulações que se formavam em seu ombro e descendo, as pontas com pingos de água como orvalhos e seu rosto triangular, a mandíbula direita exibida magistralmente, uma pequena argola prateada em sua orelha.

Pasca enrubesceu e o sorriso espontâneo de Sirius mutou para um de zombaria.

— Seus pais deixaram você fazer esse brinco? - Ela respondeu ao seu sorriso.

Apontou com a cabeça para seu brinco. Os lábios de Sirius adquiriram o formato usual de linha reta.

— Não. Te vejo nas aulas. - Ele disse e passou por ela.

James, que assistira à cena diretamente da mesa da Grifinória, cedeu espaço para Sirius.

— O que aconteceu, cara? Ela te deu um fora? - Potter perguntou realmente curioso.

Sirius riu de forma jocosa, sem mostrar os dentes, e negou com a cabeça enquanto se servia de chá. Os dois eram amigos há tempos. Black não precisava dizer que estava potencialmente interessado em Pasca para Potter saber, apesar de isso não acontecer frequentemente. James esperou, rosto apoiado na mão, até que perdeu a paciência depois de Sirius dar duas mordidas na torrada.

— E aí?! - Indagou empurrando o ombro de Sirius.

— Ela só… falou a coisa errada. - Sirius deu de ombros.

— O que ela disse?

— Não foi o que ela disse… é só que… Deixa, você não entenderia. - Sirius disse.

James refletiu por um curto instante.

— Oh, tá. Entendi. - Ele disse solucionando.

Sirius passara um ano na casa dos Potters depois de fugir de casa. Os pais de James o aceitaram de braços abertos e cederam um quarto da casa para ele. Mesmo antes de Sirius não aguentar mais, James já sabia dos eternos problemas de família dos Black.

Sirius deu de ombros, como quem não liga. O maior motivo de sua chateação era que ele estava tendo um bom momento, deixando sua família de lado, até Pasca o lembrar deles.

— Você não os conhece de verdade, Potter, mas eles são realmente péssimas pessoas. - Sirius disse enquanto fazia um sanduíche de ovo improvisado.

James assentiu e virou-se na direção de Lily. Ela estava com o cabelo ruivo trançado do lado esquerdo, caindo pelo ombro. James sorriu enquanto brincava com o resto de seu cabelo que ficara para fora do trançado. Ela virou para ele e beijou sua bochecha. James sorriu mais e rapidamente segurou o rosto de Lily entre as mãos e a beijou nos lábios, ela começou a rir.

— Sem demonstrações públicas de afeto durante a manhã, por favor. - Disse o monitor chefe da casa Grifinória.

James revirou os olhos, já que estava beijando uma das monitoras, coincidentemente uma das meninas mais bonitas da escola.

O café da manhã correu normalmente pelo resto dos minutos restantes. E todos levantaram-se para ir para suas aulas. James ficou para trás, conversando com Lupin.

Ele avistou Lily com suas amigas alguns passos à frente. Sua saia estava curta. Essa era uma das saias curtas que ela possuía e nesse dia particular fez James sentir um pulsar entre as pernas ao lembrar do verão deles.

Ele olhou para o relógio em seu pulso e sorriu. De forma travess, correu até Lily e a agarrou pela cintura.

— Oi. - Ele disse com a voz rouca.

Lily virou-se com um sorriso nos lábios que combinava com o dele.

— Tempo livre? - Ela perguntou.

— Não. - Ele disse dando de ombros.

— James… - Ela disse em forma de repreendimento.

— Quero te escutar dizendo meu nome de outro jeito.

Ele a puxou consigo para dentro de uma sala.