As costas de Lestrange bateram no chão, poeira subiu até a linha de visão de Pasca. Os dois exclamaram, as patas de Sirius no peito do garoto. Ele soltou um alto rosnado.

Pasca ficou em silêncio, Lestrange balbuciava alguma coisa. Sirius saiu de cima dele, depois de - que pareceram longos - segundos, sentando-se ao lado do corpo assustado. Lestrange olhou para Sirius e lentamente foi se levantando, testando alguns passos para trás, até começar a correr.

Pasca olhou para Sirius que ele olhou para a ela. Ela levantou as mãos na altura do peito, as palmas estendidas, em rendição, e deu um passo para trás.

Sirius levantou-se e as costas da garota bateram contra a parede da casa.

— Certo, certo. - Pasca soltou um riso de nervoso. - Você é um animago, certo? Se não for, vai ser muito chato, porque eu estarei aqui falando com um cachorro muito grande e prestes a… a ser atacada. - Ela complementou bem rápido.

Sirius assentiu com a cabeça rapidamente. Pasca começou a rir, nervosa. Ela bateu as palmas, seu corpo se dobrando enquanto ela agachava, gargalhando.

— Isso é de nervoso, desculpa. - Ela enxugou as lágrimas que caíam de tanto que ela ria.

Ela continuou agachada, as mãos apoiadas nos joelhos.

— Você chegou na hora certa, de verdade, uau! - Pasca disse, olhando para o cão.

Sirius se aproximou e ela ficou imóvel. - Mas ainda me assusta um pouco.

Ele parou instantaneamente, Pasca repuxou o canto esquerdo da boca, um sorriso tímido em seus lábios, o coração de Sirius deu uma batida descompassada.

— Eu estava pronta para me jogar em alguma coisa para desviar, mas o seu plano foi muito melhor, na verdade. - Ela disse.

Sirius respondeu com um som gutural, a coisa mais próxima do amigável possível.

— Você é algum tipo de anjo da guarda hoje?

Pasca recolheu a capa de invisibilidade jogada no chão, perto da porta. Ela passou sua mão para dentro do tecido, observando a mágica.

— E agora? Vai me dizer quem é debaixo de todo esse pelo? - Perguntou enquanto dobrava o manto.

Sirius permaneceu quieto, seus olhos enormes piscando.

— Bom, enquanto não souber quem você é… não poderá ter sua capa. - Pasca disse sorrindo.

Sirius levantou-se e Pasca fez o mesmo. Ele fez um som, o exato som de um animal que tenta falar. Pasca não reagiu. Ele pensou de que forma poderia indicar a ela o que pensava.

— Pasca! Paaasca!

Duas vozes gritavam seu nome do meio da rua. Pasca virou-se na direção deles. Sirius chamou a atenção dela com um latido. Ele não gostava de pagar de cachorrinho de estimação, mas parecia não haver escolha.

Sirius começou a escrever com a pata.

— Ah, bom recurso. - Pasca murmurou, enquanto virava a cabeça para ler melhor.

Ele escreveu 24 e circulou com a pata. Pasca levantou a sobrancelha direita.

— O que?

Sirius fez um som que parecia um choro de cachorro. Ele desenhou um quadrado e fez sete colunas e as riscou igualmente quatro vezes, apontou para a casa número 24. Pasca o observou desenhando o calendário e assentiu.

— Até dia 24! - Ela disse já correndo enquanto enfiava a capa na mochila.

Sirius trotou até o bosque de Hogsmeade e de lá passou a correr. Suas patas tocavam o chão com estrondo e seu corpo era projetado para frente. Enquanto as árvores passavam rapidamente, ele repassava a conversa com Pasca. Seu coração pesava levemente no peito e se um cão pudesse sorrir, ele estaria sorrindo agora.

Ela era engraçada e o fazia sentir bem. Ele queria saber mais sobre ela. E agora poderia. Só precisava esperar até o dia 24 daquele mês. Pasca devolver a capa de James também seria uma boa notícia.

— Pelas barbas de Merlin! Você está bem?! - Rachel gritou do outro lado da rua tumultuada.

— Sim, estou bem! - Pasca disse correndo em sua direção.

— Você nos matou de susto! - Rachel disse abraçando Pasca.

— Eu? Foi ele que veio para cima de mim! - Ela disse se afastando.

Pyrites passou o braço pelos ombros de Pasca, a trazendo para perto.

— Como foi que você resolveu essa parte? - Ele perguntou.

Pasca abriu a boca para responder e tornou a fechá-la. De repente ela não queria contar para eles seu encontro com o cão; ela queria guardar aquilo só para ela, por enquanto.

— O que? Não sei me defender? - Ela disse rindo.

— Nada disso, nada disso. - Ele respondeu, um sorriso em seus lábios. - É que ele parecia bem alterado.

— Foi só uma perseguiçãozinha. Eu o perdi nos fundos da rua. - Ela disse, olhos um pouco abaixo dos olhos de Pyrites.

— Talvez ele esteja só brincando de ser o próprio pai, mas e se não? E se ele realmente quiser matar alguém? Se esse for o caso, o feitiço poderia ter dado certo. Eu teria testemunhado um assassinato. - Disse Sirius.

Os autoproclamados Marotos conheciam as passagens secretas dentro do castelo e para dentro do castelo. Então não foi um grande desafio para Sirius voltar para Hogwarts sem ser notado. Ele já estava no Salão Comunal da Grifinória quando James, Remo, Peter e Lily chegaram de Hogsmeade.

Agora, eles estavam todos reunidos próximos ao batente da janela, onde Sirius estava sentado. Todos eles haviam corrido para chegar lá, depois de perceber que Sirius e Pasca não estavam mais por perto. Lily prendia o cabelo, as bochechas coradas de correr, e James assoprava seu pescoço.

— Foi incrivelmente perigoso. Ela poderia ter te visto antes de você se transformar. - Lupin disse, as sobrancelhas franzidas.

Seu rosto estava pálido da corrida, as olheiras enormes.

— Mas não viu, inclusive ela quer saber isso… - Sirius não conseguiu terminar a frase com todos os arfares dos amigos surpresos.

— Por Merlim! Eu não vou falar nada! - Sirius revirou os olhos com a reação dos amigos. - Vocês pensam muito pouco de mim!

Ele começara a ficar bravo.

— O que você fez então? - Pettigrew perguntou ansioso.

— Combinei uma data para poder pegar a capa de invisibilidade de volta. - Ele respondeu dando de ombros, mãos nos bolsos.

Eles olharam automaticamente para os bolsos de Sirius e conectaram algumas ideias.

— É o que?! - James exclamou, os olhos arregalados.

Black fez uma careta de quem fez besteira: sobrancelhas altas, lábios em formato de 0 deitado e dentes cerrados.

— Ah, é… esqueci de contar essa parte. - Sirius disse, mão direita na nuca.

— Ah, essa parte esqueceu de contar? - James disse irônico, mas com um certo humor.

— Ela… disse que só devolveria a capa se eu contasse quem eu era. Então combinei uma data para ela me devolver.

— Você prometeu indiretamente que revelaria quem era depois? - Lily perguntou retoricamente.

— Não é bem assim… Olha, vocês tem que confiar em mim. - Sirius disse, olhando diretamente para cada um deles.

Lily e Lupin suspiraram.

James não conseguiu segurar o riso, o que fez Sirius começar a rir também.

Naquela noite, Pasca sentou-se no batente da janela de seu quarto e olhou através do vidro para a visão mágica de Hogwarts. As janelas dos quartos dos lufanos eram enfeitiçadas a mostrar o que os observadores quisessem olhar. As duas janelas de seu quarto tinham visões diferentes. A que a loira olhava dava de frente para o lago onde criaturas aquáticas misteriosas adormeciam.

A garota suspirou lentamente enquanto desatava a fita do cabelo longo. Seus cachos caíram sob os ombros e ao redor do rosto, encortinando-lhe.

Ela se pegou pensando sobre o cão negro que vira e sobre quem ele poderia ser. Ela sorriu ao lembrar que eles se veriam novamente e ela poderia descobrir quem estava por baixo de todo aquele pelo.