Sirius acordou suando no primeiro dia de aulas de Hogwarts.

Puxou as cortinas vermelhas e pesadas para os lados; seus amigos ainda estavam dormindo. James, e seu sono leve, repousava graciosamente, seu peito subindo e descendo, o rosto virado na direção oposta a da janela; enquanto Remus parecia mais estar morto de tão imóvel. Peter estava todo espalhado pela cama, a colcha carmim caindo pela borda.

Sirius esfregou os olhos e se levantou, levando sua varinha amarrada à perna. Ele trotou em direção ao banheiro dos monitores, alguns andares abaixo da torre da Grifinória. Ele sabia que lá poderia tomar um longo banho em paz. Ele abriu as torneiras de bolhas perfumadas e quando a água estava quente, tirou a roupa e mergulhou.

O banheiro dos monitores era dividido em alguns salões com chuveiros amplos com cortinas e alguns salões de banhos grandes como esse em que o garoto estava. Os salões de banho eram exatamente iguais: no centro, uma grande banheira redonda que parecia mais uma piscina de tão grande e profunda. Ao seu redor, várias torneiras diferentes com diversos tipos de sais, líquidos, bolhas e espumas. Ao redor do salão, pilastras altas e grossas; na frente das portas francesas duplas, alguns degraus, a enorme banheira e um vitral colorido. No primeiro patamar, antes dos degraus, um aparador com toalhas e roupões. Ao redor da banheira havia aparadores também.

A sereia no vitral colorido se assustou com a presença dele, que sorriu para ela, e logo começou a pentear seu cabelo, sorrindo abertamente e movimentando suas escamas. Ela não parecia nada com as sereias de verdade, era uma mera fantasia de trouxa, mas melhor ela do que as reais.

A vida de Sirius não estava sendo fácil desde que entrara para Hogwarts. Sua família sempre soubera sobre sua preferência por não-odiar-trouxas. Eles, como uma típica família de elite sangue puro, sempre o acharam... estranho. O chapéu seletor não ajudou colocando-o na casa Grifinória, e claro que ele mesmo também não se ajudou pendurando com orgulho cartazes de leões em seu quarto na rua 12, Grimmauld Place.

Também havia o fato de que ninguém parecia chamar a atenção dele enquanto os anos em Hogwarts se arrastavam. Todas as garotas pareciam superficiais demais para ele, além disso traria muito trabalho conhecer alguém interessante e compartilhar todos os detalhes da vida, além de que a pessoa teria que se sentir parte de seu mundo, que não era dos mais simples.

A vida de Pasca, no cômodo ao lado, também não era das melhores. Como típica lufana, seu senso de justiça afiado não se aquietava diante de seus pais sonserinos fervorosos. Como os de Sirius, eles acreditavam piamente que eram superiores àqueles que foram educados como trouxas e, claro, aos próprios trouxas.

Pasca achava que nunca encontraria alguém realmente interessante. Ela estava já quase certa de que a vida sozinha com gatos a pertencia, já que nenhum cara era atraente por tempo suficiente para que ela pudesse ao menos dar um pequeno passo - como beijá-lo. Logo que os caras abriam a boca, ela já percebia que eles não eram interessantes o suficiente para ter algo para dizer.

O banheiro dos monitores era dividido em vários salões com largos portais que se conectavam através de um longo corredor. Pasca, assim como Sirius, havia resolvido começar o ano letivo com um banho refrescante e estava no salão ao lado. As maiores bolhas que qualquer um poderia ter visto estavam se formando enquanto ela lia um livro sobre outras escolas de magia, seus longos cachos loiros cobertos de espuma.

Sirius procurou as bordas da enorme banheira, seu senso de estou-fazendo-algo-errado apitando enquanto ele observava o dia iluminando e pensando nos monitores que chegariam para tomar banho.

Pasca parece ter percebido o mesmo, pois lavou o cabelo das bolhas e deu um impulso para sair da banheira. Ela vestiu suas roupas, que logo ficaram um pouco molhadas e coladas ao corpo e, com uma toalha na cabeça, saiu do salão, ao mesmo tempo que Sirius que assim como veio, voltou, em sua forma de cão, surpreendendo Pasca terrivelmente.