P.O.V. Felicity.

Quando eu acordei estava meio tonta, mas senti o cheiro da comida.

—Oh, hambúrguer.

—E ai, como se sente?

—Com fome. 

—Bom apetite. Presente da nossa amiga Tribrida.

—Os médicos deixaram vocês comerem no quarto?

—Ela fez alguma coisa neles. Eles só ignoram.

Comi um Big Belly Burger com batatas fritas e refrigerante. Então, ela entrou no quarto bebendo um Milk-Shake de morango.

—Então, como vai a nossa paciente favorita?

—Não sei.

—Já tentou mexer as pernas?

—Não.

—Então tenta. Melhor, tenta levantar.

Oliver me ajudou a ficar de pé.

—Estou de pé! Estou de pé!

—Sente alguma dor?

—Não. Eu não sinto dor.

As lágrimas já escorriam pelo meu rosto. Hope só sugava o Milk-Shake pelo canudo. Então parou e disse:

—Ai! Congelei o cérebro. Tenta dar um passinho.

Eu caminhei, eu andei.

—Estou andando. Meu Deus! Estou andando!

—Vovó Esther era pirada, mas ela criou um remedinho milagroso.

Corri e abracei-a. E ela me abraçou de volta.

—Obrigado, obrigado, obrigado! Um milhão de vezes obrigado!

—De nada, Sentinela. Feliz em ajudar.

—Obrigado Hope. Eu nunca vou conseguir pagar pelo o que fez por nós.

—Você não precisa.

Eu conheço o Oliver ele é um homem de honra.

—O que você precisar, sempre que precisar, não importa o que ou quando... pode pedir.

—Cuidado ein? Vai ver eu aceito a oferta um dia.

Disse ela brincando. Mas, ele não estava.

—Falo sério.

—Eu sei. Mas, também falei sério quando disse que fiz para ajudar. Só fique quietinha nas próximas vinte e quatro horas. Fica em casa, de molho, arruma umas janelas á prova de mísseis, umas super trancas nas portas, não aceite bebidas de estranhos...

—Á prova de mísseis?

—Filho, do jeito que essa cidade vai... é um milagre que nenhum de vocês foi flechado, explodido, tomou um tiro fatal e a lista continua. Amn, adoro abraço, mas tá ficando meio demais né?

—Certo. Desculpe.

Nossa! Era tão bom sentir os meus pés no chão, ficar de pé. Nunca pensei que seria tão bom algo tão simples. Como levantar da cama e ficar de pé.

As pessoas não dão valor até perderem. Esquecemos que á qualquer momento a vida pode passar uma rasteira na gente, estamos tão focados nas nossas tarefas, nas nossas telas de computador, de celular que acabamos esquecendo de aproveitar as pequenas coisas da vida. Ou até mesmo de cumprimentar as pessoas que estão do nosso lado.

—Felicity você tá de pé!

Até me assustei.

—Desculpe, não quis te assustar.

—Tudo bem Sara.

—Como você está de pé? Tinha uma fratura na coluna.

—É. Eu tinha Capitão Lance.

—Como está de pé?

—É que eu tinha sangue de vampiro.

Disse a Hope olhando para o Capitão pouco antes de voltar a tomar o seu Milk-shake.

—Sangue de vampiro?

—Cura qualquer coisa pai. Qualquer coisa, mesmo. Olha pra Felicity. Tá de pé.

P.O.V. Capitão Lance.

A mulher tinha uma fratura na espinha, uma bala que ficou alojada, uma cirurgia que teve complicações. Era para ela ficar o resto da vida numa cadeira de rodas e agora? Está de pé. Andando.

—Qualquer coisa?

Perguntei olhando para a Tribrida. E ela respondeu:

—Qualquer coisa. 

—Até câncer?

—Você tem, não tem? Eu já sabia. Posso sentir o cheiro, mas sim. Até câncer.

—Pode curar o meu pai?

Ela ficou séria.

—E o que acontece se ele morrer? Acha que o seu pai aceitaria passar pela transição e ser vampiro?

—O que?!

—É o risco de usar sangue de vampiro pra curar alguém. Se a pessoa morrer durante as vinte e quatro horas depois de ter sido injetada... não fica morta.

—Vira vampiro.

—Pode escolher. Uma escolha infeliz. Se alimentar de sangue humano ou... morrer de vez.

—Se você curar o meu pai, ele vai reagir como a Felicity?

—Não. A Felicity só sentiu a dor porque o osso tava fraturado. Doeu quando voltou no lugar. Se eu usar no seu pai... ele não vai sentir nada. Só vai se sentir saudável de novo.

A cura para o Câncer é uma garota de dezessete anos.

—Me cure. Por favor.

—Você vai ter que arrumar um jeito de ficar um dia inteiro sem trabalhar. Sem responder uma chamada, sem ser baleado, esfaqueado, flechado, explodido, esmagado. Vinte e quatro horas, contadas no relógio. Vinte e quatro horas á partir do momento em que eu injetar. Você compreende?

—Sim.

—Está disposto a fazer isso?

—Estou.

—Tenho que sua palavra de honra que vai fazer isso?

—Tem.

—Muito bem. Não me culpe se morrer.

Ela me injetou o sangue dela e eu senti. Saúde. E também...

—Ahm Hope, eu to me sentindo meio que com... calor.

Disse Felicity. Oliver colocou a mão na testa dela e ela gemeu de prazer.

—Você acaba de...

—Não sei o que está acontecendo.

Disse a nossa espertalhona ficando roxa.

—Relaxa, vai passar. Sangue de vampiro tem também esse efeito potencializador. Aumenta os sentidos, a libido. Deixa os humanos á fim de transar. 

—Oh!

—Vocês tem sorte, em vinte e quatro horas isso vai passar.

P.O.V. Felicity.

Ai eu me toquei. Na gente ia passar, nela não.

—Você se sente assim o tempo todo?

—É. Desde que eu cheguei á puberdade. Os homens se gabam da sua virilidade... bando de trouxas. Depois da minha primeira vez? Eu já dormi com metade de Nova Orleans.

—Tá. Isso é... absolutamente constrangedor. Como você aguenta?

—Quer mesmo saber a resposta?

—Não. Melhor não.

—Concordo.

Disse ela jogando o copo de plástico vazio no lixo.

—Ai, eu não aguento mais.

Disse a Thea com o copo de refrigerante na mão, prestes a jogá-lo no lixo.

—Não desperdice comida. Tem muita gente por ai morrendo de fome.

—Não consigo mais aguentar.

—E quem disse que é pra Você beber? Dá ai.

—Não deveria comer tanta porcaria?

—Melhor eu comer a porcaria do que comer você, não acha? Junk Food, Fast Food ajuda a sublimar.

—Sublimar?

Perguntei.

—É. Sabe, a vontade de pular no seu pescoço e drenar o seu sangue até a sua cabeça desprender do corpo. Porque, pode crer ela existe.

Ai, essa imagem nunca vai sair da minha cabeça.

—Horrível. Você já... bebeu o sangue de alguém até...

—Já. Pergunta para os malucos da Colmeia.

—Credo.

—Mas, geralmente sou uma pessoa pacifica. Bolsas de sangue, paz e amor. E ás vezes uns feitiços de morte. Eu tentei matar o meu namorado, ainda bem que o Doutor Saltzman tava lá pra me impedir. Torturei o meu ex. Brutalmente. Ele tinha sequestrado e matado a minha mãe.

—Porque iria querer matar o seu namorado?

—Porque achei que ele tinha botado fogo num ônibus cheio de gente. Ai eu descobri que na verdade foi um dragão. Mas, Landon é uma Fênix então... não foi ele. Foi o irmão maluco golem psicótico dele.

Ela continuava bebendo o refrigerante, tinha mais de meio copo lá dentro.

—Você podia ser parte da equipe.

—Não. Eu seria demais para a equipe, além do mais não matar os malvados. É o código, mas, matar os malvados é uma das partes mais divertidas. Vê-los irem de valentões apontando armas para a minha cara, para ratinhos assustados correndo e sendo brutalmente castigados... é a melhor parte. Vocês tem aquilo de... vamos poupar as vidas, vamos ser melhores... eu sou mais tipo que desce o sarrafo sem piedade e vira eles do avesso. Rindo.

—Então é uma vilã?

—Heros, Villians, Whatever. Você refez a força anti-vigilante e fodeu a cidade, se aliou ao Damien e trouxe aquela prole do capiroto pra cá. Você é um vilão. O arqueiro matou um monte de ricaços que estavam envolvidos no tal empreendimento, deu umas frechada nos traficantes. Ele é um vilão.

—É flechada.

—Eu sei, falei errado pra fazer uma graça. A única diferença entre um herói e um vilão é só quem está narrando a história. Até o Damien acha que está fazendo algo bom com toda a sua loucura e seus operários que sofreram lavagem cerebral.

Ela tem um ponto.

—To cansada.

Os médicos ficaram loucos quando me viram de pé, fizeram uma extensa bateria de exames e constataram que eu estava normal. Fizeram o mesmo no Capitão e ele não tinha mais câncer.