Falso amor escrita por EllaRuffo


Capítulo 72
Capítulo 72




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Olá, aí está o novo capítulo da semana. Bjs

 

 

Os olhos de Estevão depois de mirar o filho, foram em Maria. Ele a olhou fixamente, e ela suspirou em meio de um misto de sentimentos ao vê-lo olhá-la.

Estevão respirava, parecia lúcido e até o final daquele dia ela acreditava que teriam boas notícias. Então era certo o que Heitor havia dito. Sua ação em prol da liberdade dele, não era uma que se orgulhava, mas ainda sim sem ela. Quanto tempo esperariam mais? Quanto tempo levariam mais para tê-lo entre eles outra vez?

Heitor foi até o pai, e lhe deu um abraço como se há muito tempo não visse pessoalmente. E ela então ficou mirando os dois começando a conversar. Estrela também entrou na conversa então ficou os três conversando e ela assistindo, enquanto seu coração era tomado por variados sentimentos. Entre eles, o alivio de ver o pai dos seus filhos com eles, mas também se sentia incomoda em pensar em como havia conseguido aquilo.

Assim então mais uma vez desejando deixar o quarto, ela disse.

—Maria: Eu acho que vou deixá-los, enquanto vou procurar o médico.

Quando ela se virou para abrir a porta e desaparecer mais uma vez por ela, ela ouviu Estevão dizer.

—Estevão: Espere Maria. Quero falar contigo. Temos muito o que falarmos.

Ela ficou com a mão no trinco da porta e de costa para todos. E Heitor disse, querendo deixá-los.

—Heitor: Eu e Estrela, estaremos lá fora nos chamem quando terminarem.

Estevão assentiu e Maria se virou para o lado dele e os dois se olharam calados.

Estrela com a ajuda de Heitor tirava a mesinha de café da manhã do pai e deixaram em outra mesa que havia do quarto, e em seguida eles se despediram e saíram do quarto.

Então com a porta dando sinal que já estavam sozinhos ao ser fechada, Estevão disse ansioso.

—Estevão: Será que pode se aproximar? Acho que é melhor que esteja muito mais perto para conversarmos, Maria.

Maria só entendeu percebeu que o único movimento que tinha feito, foi ter dado dois passos para o lado para seus filhos deixarem o quarto.

Ela então suspirou agora se sentindo ansiosa e tomada ainda por variados sentimentos, entre eles, a frustração de ter passado todos aqueles dias sem que Estevão lhe permitisse visita-lo muito menos ter lhe respondido sua carta.

Assim ela caminhou até a ponta da cama, ficou ali de pé e o mirou antes de dizer.

—Maria: Não respondeu minha carta. Eu ainda estava sofrendo com a perca de nosso filho e com a notícia que estava preso, e em troca não me respondeu e nem permitiu que eu lhe visitasse Estevão.

Estevão a ouviu dizer baixo. Ele suspirou revendo suas razões do que porque não fez nada do que ela se queixava, que então ele a respondeu, sustentando seu olhar no dela como ela seguia.

—Estevão: Não te queria naquele lugar, pelo ambiente e também não queria que me olhasse, que testemunhasse como eu estava, como me tornei de repente, um homem sem valor e dignidade, Maria. Quanto sua a carta, eram muitas coisas a serem ditas para que eu fizesse por um papel.

Depois de falar, Estevão desviou do olhar dela. Era como que se voltasse a experimentar todos os sentimentos que lhe vinha, de derrota e humilhação que sentiu enquanto passava todos aqueles dias privado de sua liberdade.

Maria que lhe ouviu, foi até ao lado da cama dele, agora com passos mais firme e o respondeu.

—Maria: Não foi você que enganou mulheres para alimentar aquele esquema Estevão, muito menos foi você o mentor do que estava acontecendo em sua empresa, portanto para mim segue sendo um homem de valor e digno.

Estevão deu um sorriso pequeno quase não visto e a mirou ali do lado dele, lhe estendeu a mão buscando pegar a dela e disse.

—Estevão: Não me vejo mais assim depois que entrei naquele lugar e perdi tudo o que tanto trabalhei para ter. Não conquistei minha fortuna, ou melhor a multipliquei porque não serei hipócrita em não assumir que sempre fui privilegiado, brincando e indo em festas, Maria. Trabalhei muito para fazer das empresas San Roman referência no país. Agora ela sim é uma referência, a de não ser seguida.

Maria tinha dado a mão a ele. Assim ele acariciou com suas duas mãos e ficou mirando depois de falar. E diante daquele assunto da empresa, Maria o respondeu certa.

—Maria: Heitor e eu estávamos estudando métodos para salvá-la...

Estevão fez um gesto de negação com a cabeça, soltou devagar as mãos dela, e disse.

—Estevão: Esqueça, ele também me disse isso. Eu não quero salvá-la. Para mim, ela está sendo com o grande Titanic foi, imensa, mas sem poder de evitar um naufrago. E a minha empresa naufragou, Maria.

Maria suspirou sem ter poder em rebater as palavras dele, afinal ela já previa aquele trágico final. Assim então ela disse.

—Maria: Então o que pensa em fazer agora?

Estevão deu de ombros, olhou a porta fechada e pareceu que havia sido levado longe dali, enquanto ele falava.

—Estevão: Depois de ficar livre, quero estar com minha família. Quero mudar o meu modo de ver, de agir e de pensar. Eu quero ser um novo homem Maria.

Ele então a olhou por cima de seu ombro e Maria de peito angustiado, o respondeu.

—Maria: E eu? Aonde ficarei nisso?

Estevão sorriu ao ouvi-la. Pegou a mão dela outra vez, dessa vez ele a beijou antes de responde-la.

—Estevão: Você é a minha família junto com os nossos filhos, Maria.

Maria fechou os olhos. Desejava confiar naquilo e sentir que mereciam ser uma família, e que ela seguisse incluída nela. Depois, o mirou e o respondeu baixo.

—Maria: Agora eu que estou com medo que mude de ideia em relação ao nosso casamento.

Ela soltou a mão dele e andou. Estevão então a questionou estranhando sua atitude e palavras.

—Estevão: Por que acha isso? Vem para perto de mim, querida. Vem.

Maria cedeu tão rápido como percebia que se movia para o lado dele outra vez. Agora Estevão respirou fundo sentindo melhor o cheiro maravilhoso de seu perfume e que ele sentiu tanta falta.

Ele então virou o corpo, ainda que o incomodou o movimento, ele não se importou, a tocou em um braço e a desejou colada no corpo dele e de preferência que estivessem nus, com pele sobre pele e tudo depois de fazerem amor.

Havia passado quase 50 dias sem ela. Sem contemplar sua infinita beleza e envolvido em testosterona demais e mais do que poderia suportar, estando preso em meio de vários homens. E o pior de tudo era que estava certo que logo voltaria para aquele imundo lugar e passaria mais dias sem vê-la, sem cheirá-la e sem senti-la.

Ele assim olhou ela com os olhos brilhando demais, Maria suspirou conhecendo aquele brilho e ouviu ele dizer.

—Estevão: Sei que temos muito o que conversar. Quero saber como foi seus dias sem mim, como foi sua recuperação, como está passando junto de nossos filhos. Quero que me abrace e quero te abraçar, mas também quero fazer amor contigo, Maria. Não posso voltar para aquele maldito lugar sem ter você ao menos em um momento que eu estiver aqui.

Ele fez ela se achegar mais perto dele, ela se curvou a ponto da cabeça dela ficar na reta da dele. Assim o olhando nos olhos, ela sussurrou.

—Maria: Você está machucado e estamos em um hospital, Estevão.

Ele levou uma mão no rosto dela, a tocou levemente e ela fechou os olhos sentindo-se necessitada de suas caricias.

—Estevão: Dê um jeito sobre eu estar aqui e não se importe comigo. Fazer amor contigo jamais me lastimará mais do que já me lastimaram naquela cela, meu amor.

Quando o ouviu ela se afastou dele. Estevão não entendeu, mas ela apenas se afastou com sua mente a acusou outra vez.

—Maria: E como foi? Se sente muito mal?

Maria aguardou ansiosa a resposta dele. Desejava ouvir que o momento da agressão não tivesse sido tão horrível como ela fantasiava na cabeça dela. Mas no fundo sabia que só buscava aquela hipótese para tirar um pouco do peso que carregava nas costas ao ter tomado aquela decisão.

Quanto Estevão trazendo em sua memória como havia se sentindo, a respondeu.

—Estevão: Fisicamente sinto que estou melhor do que deveria estar, ao lembrar de como fui agredido. Mentalmente, levarei um tempo para me recuperar ainda mais quando penso que voltarei para aquele lugar e dormirei com as mesmas pessoas que me agrediram.

Maria então buscou a mão dele e segurou para dizer.

—Maria: Não vou permitir que volte. Eu prometo, Estevão.

Estevão sorriu vendo ela lhe beijar na mão. Um beijo suave. Assim então ele a respondeu.

—Estevão: Maria se estou convencido de algo agora, é que o dinheiro não compra justiça.

Maria discordou daquela afirmação, quando deixou a mão dele e o respondeu certa.

—Maria: Ás vezes sim. Ficaria surpreso o que ele pode fazer.

Ela cruzou os braços diante do peito e Estevão mudando de assunto, disse.

—Estevão: Fiquei pensando muito nas primeiras semanas que fui para lá, pensei em como estava sendo sua recuperação.

Agora Maria recordando sua fase depois de ter deixado o hospital ao ter perdido o bebê deles, ela disse.

—Maria: Fisicamente, fiquei melhor rápido. Agora tenho uma cicatriz onde olho para ela e lembro de nosso bebê morto, e isso que me afeta mais, Estevão.

Estevão a olhou cheio de amor e compaixão, e então propôs.

—Estevão: Se quiser tirá-la. Tem todo meu apoio.

Maria negou com a cabeça, por saber que existia aquela hipótese. Então o respondeu.

—Maria: Eu não quero. Quero lembrar de nosso bebê até que eu viva, e se vai ser desse jeito eu aceito.

Estevão passou uma mão em sua cabeça, enquanto Maria começava a andar no quarto e só se ouvia o bater dos saltos dela no chão. Com isso ele desabafou.

—Estevão: Eu não tive tempo de dizer o quanto eu também sofri pela perca dele e que sua dor também me pertencia Maria, e me lastimava a ponto de desejar a morte para o maior causador de nossas desgraças.

Ele ficou sério agora mirando-a quando ela parou e o mirou também. E assim ela respondeu.

—Maria: Nunca duvidei de seu sofrimento, e provou o que disse quando tentou fazer o que fez com Bruno. Não fui capaz de julgá-lo.

Estevão deu um riso sem vontade e disse.

—Estevão: Mas ele viveu e ainda vive, não é assim?

Maria assentiu devagar com a cabeça enquanto voltava ao lado dele.

—Maria: Sim.

E Estevão então falou revivendo seu momento de loucura.

—Estevão: Maria nesse momento, tive a certeza que eu não te merecia. Você nunca tentaria fazer o que fiz. Eu fui um ser humano horrível tantas vezes em minha vida e naquele quarto diante de Bruno, fui mais uma vez e também com isso, não pude esquecer o que já fui capaz de te fazer.

Maria suspirou já parada ali, ao lado dele e seus pensamentos foram também em todas suas ações e não só a recente que ela ainda passava pelo processo de aceita-la e se perdoar. Que então assim, ela rebateu as palavras dele.

—Maria: O que fez, foi tomado pela raiva, desespero e tristeza, e eu não te inocento Estevão. Mas agora posso compreender parte de suas ações, porque não sou esse anjo que me pinta.

Estevão buscou outra vez a mão dela, tocou-a a mirando nos olhos, com um pequeno riso de incredulidade, ele disse.

—Estevão: Como, não é? Está comigo aqui apesar de tudo. Estou praticamente na miséria sem poder usufruir de nada que são meus bens. E você, está do meu lado e ainda luta para salvar o que sobrou de minha empresa. Heitor me contava tudo.

Maria deu um sorriso pequeno, ainda que nada lhe convencia a aceitar aquele endeusamento de Estevão.

—Maria: Parte do dinheiro que uso para indenizar os funcionários e pagar as dívidas da empresa, vem do dinheiro que Evandro me deixou Estevão. Ao menos agora ele faz algo por nós.

Quando a ouviu, Estevão sentiu desgosto, o amargo na boca que sentia quando lembrava das pessoas que ele tanto confiou e que lhe traíram. Assim então ele disse.

—Estevão: Todo dia enquanto eu viver me lamentarei por ter me associado a homens como Evandro. Mas também não os culpo por tudo, também errei muito Maria e por isso estou pagando.

Ele soltou a mão dela e Maria o respondeu.

—Maria: Você já pagou o suficiente Estevão.

Estevão então sem olhá-lo e com o olhar perdido em um ponto inexistente no quarto disse.

—Estevão: Eu não sei Maria.

Maria tocos nos cabelos e com tanto lamento e acontecimentos que houve entre eles, ela disse firme.

—Maria: Por favor Estevão, vamos descer dessa cruz para que outro a use. Já chega de se punir.

Ela então pegou nas mãos dele e o olhou, e ele vendo que em seguida ela desviava o olhar dele, disse.

—Estevão: E você? Por que me pede para descer de minha cruz, se parece que está em uma? Ou estou tão feio assim que não pode me mirar nos olhos?

Ela saiu de perto dele assim que ouviu. E Estevão mais uma vez com aquela ação via que ela não só lutava para sustentar seu olhar nele, mas também de estar ali tão perto dele.

Ela então andou dizendo.

—Maria: Não é isso, Estevão. É que como eu disse, também errei e erro, por isso não sou nenhum anjo. Afinal, foi eu que escondeu sua filha por 15 anos.

Ela parou a frente da cama do leito dele e ele então firme e consciente a respondeu.

—Estevão: Foi. E foi também fruto de minhas ações. Se eu não tivesse feito o que fiz, sei que mesmo separados, me deixaria se aproximar dela.

—Maria: Estevão.

Maria disse o nome dele de tom cansado e Estevão não falou mais. Quando tocaram a porta. Maria olhou para ela e foi abrir.

Quando abriu, era Geraldo do outro lado da porta que apressado, ele disse.

—Geraldo: Não atendia o celular, preciso que venha comigo.

Maria olhou entre Geraldo e atrás dela onde Estevão estava.

E Estevão que ouviu Geraldo falar, pediu.

—Estevão: Me deixe ver Geraldo, Maria.

Ela abriu mais a porta e Estevão pôde vê-lo.

Ela então passou de lado, e Geraldo entendeu que podia passar. O que ele fez ao entrar no quarto.

—Geraldo: Olá Estevão. Como vai? Parece melhor do que te vi quando chegou.

Geraldo não mentia, já que quando o viu Estevão dormia sob o efeito de analgésicos. E Estevão o respondeu.

—Estevão: Então me viu? E eu não acredito em você. Se que estou em uma situação lamentável.

Ainda que não havia se visto em um espelho as lembranças e pulsações que sentia pelo corpo dizendo que estava cheio de marcar, Estevão duvidada de seu "bem-estar" físico. Quanto Geraldo apenas desejando responde-lo o que lhe cabia dizer, disse.

—Geraldo: Claro que vi. Você é meu cliente. Fui o primeiro a saber o que houve e sinto muito.

Estevão então desejando apenas uma coisa, rebateu as palavras dele, não muito feliz.

—Estevão: Demonstra o quando sente me tirando daquele lugar. Ou prefere que eu siga lá, para estar mais vezes com minha mulher?

Maria revirou os olhos ao ouvi-lo e disse.

—Maria: Estevão, por favor.

Geraldo deu um largo sorriso ao ouvi-lo e respondeu.

—Geraldo: Vejo que está ótimo. Vamos, Maria.

Ele mirou Maria depois que falou e ela, antes de ir disse.

—Maria: Me espere lá fora que eu já vou Geraldo.

Geraldo assentiu e refez seu caminho, e Estevão ficou olhando ele desconfiado. Que quando viu Maria fechar a porta, ele se ouviu falar.

—Estevão: Há muitas coisas que desejo mudar em minha vida Maria, mas os ciúmes que te tenho creio que ele já nasceu em mim antes mesmo de te conhecer. Por isso, Geraldo não me agrada e nunca me agradará. Se aceitei ele como advogado, foi porque não precisei lidar com ele diretamente, ainda que esse fato também me consumia em pensar que todo o tempo que eu estava naquela maldita prisão, ele estava com você.

Ele a olhou firme e Maria não desejando ter uma discussão aquele momento, apenas disse.

—Maria: Estevão minha relação com Geraldo, é uma amizade e agora mais profissional que antes por tê-lo trabalhando no seu caso. Não pense besteiras e nem diga.

Estevão cruzou os braços como se fizesse birra, e disse,

—Estevão: Se ele estiver trabalhando, não é?

Maria rebateu as dúvidas sem razões dele.

—Maria: Eu confio nele.

Estevão riu agora com um tanto sarcasmos e disse.

—Estevão: A vida nos está ensinando que confiamos em pessoas erradas.

Maria então sabendo que as palavras dele tinham mais verdade e peso no ciclo que ele viveu, o respondeu.

—Maria: Mas você do que eu, eu devo lembra-lo.

Estevão soltou os braços quando a ouviu falar de tom mais firme e torcer os lábios, o que o fez entender que ela se aborrecia. Assim então, ele disse.

—Estevão: Então é isso? Vamos discutir.

Ela respirou rendida e disse.

—Maria: Eu não quero isso. Vou ver o que Geraldo precisa de mim e você tente dormir, Estevão. Também vou chamar nossos filhos.

Quando ela pensava em deixa-lo, Estevão disse baixo.

—Estevão: Estou me sentindo um lixo, pouco homem para você. Um nada, um zero à esquerda, então me perdoe Maria pela minha atitude ainda pouco. Isso é o que faz um homem inseguro.

Maria respirou fundo parou e se virou para ele.

—Maria: Pare de se ver assim. Todos podemos começar do 0.

Ela o mirou depois de falar e teve o olhar dele sob ela. Assim ele disse ainda baixo e de olhos de suplica.

—Estevão: Me beije. Não me deu um beijo desde que entrou aqui.

Maria mirou os lábios dele. Havia desejado fazer aquilo bem antes. Assim então ela disse.

—Maria: Não quero machucar seu lábio.

Estevão riu como que se a fala dela fosse uma piada contada, e disse.

—Estevão: Já disse que nada que faça me machucará mais do que me houve essa madrugada. Por Deus, Maria é só um beijo seu que agora preciso.

Maria riu também por ver ele mais uma vez tão certo falar algo do que não tinha conhecimento da verdade.

—Maria: Estevão, não sabe o que está falando.

Depois de falar, ela viu Estevão levantar o braço como que a chamando e disse.

—Estevão: Me beije antes de ir. Me beije e depois volte com uma solução que poderemos fazer amor antes que eu precise regressar para aquele inferno.

Ela foi. Andou até ele e lhe pegou na mão oferecida. Eles se olharam por um momento, até que ela se curvou para seus lábios alcançarem os dele. Assim então ela primeiramente e levemente encostou os lábios nos dele. Seria um beijo castro e rápido, até que Estevão a segurou em um braço, sai outra mão ele levou na cabeça dela, enterrando seus dedos e mãos nos cabelos dela. Assim ele a penetrou com a língua fazendo ela abrir mais a boca.

De repente os beijos dele desceram para o pescoço dela, e ele começou ali, lhe acariciar com os lábios, aspirando o cheiro dela, beijando, suspirando e ela descobriu que assim como ele queria muito fazer amor com ele.

Assim então sem folego, ela se afastou rápido e disse enquanto levava as mãos nos cabelos.

—Maria: Se estiver sem dores até que eu volte, daremos um jeito nisso.

Estevão sorriu como uma criança faz quando ouve que vai ganhar um doce, entendo que o nisso dela era o que ele antes havia pedido.

—Estevão: Tenho certeza que estarei melhor. Não demore.

Maria seguia arrumando os cabelos e riu.

—Maria: Vou deixar nos filhos de olho em você.

Quando ela passava mão na roupa para alinhá-la antes de passar pela porta, ela ouviu Estevão falar.

—Estevão: Estrela está gostando mais de mim. Ela meu deu até uma carta.

Ele depois de falar, procurou a carta que tinha guardado abaixo de seu travesseiro. Quando achou, ele voltou a falar.

—Estevão: Ela me pediu para ler sozinho.

Ele sorriu e Maria também, quando voltou a dar atenção a ele e não à sua roupa. E assim ela disse.

—Maria: Eu estou muito feliz por isso. Feliz também pela imagem que tive quando cheguei com Heitor e os surpreendi, Estevão.

Sincera ela disse, e Estevão sustentando sua felicidade, a respondeu.

—Estevão: Eu sei que não merecia ser pai de uma menina tão inteligente e valente como ela é, Maria, mas é tudo que mais quero. Que ela finalmente me permita ser o pai dela e me reconheça assim.

Maria tocou no rosto dele, e disse de peito cheio de alegria.

—Maria: Vamos deixar o passado para trás, Estevão. É tempo de consertos.

Estevão pegou na mão dela, lhe beijou na palma e disse.

—Estevão: Tem razão querida. E sabe o quê? Se segue aqui ao meu lado e junto de nossos filhos, eu já sou feliz. Porque tenho tudo o que realmente preciso.

Ele beijou a mão dela mais uma vez, e Maria sentindo seus olhos marejados e o respondeu.

—Maria: Eu não seria capaz de deixá-lo sozinho, meu amor. Muito menos nossos filhos te deixariam. Somos uma família, e é assim que elas agem.

Estevão suspirou agora sem nenhum vestígio de suas inseguranças, e disse.

—Estevão: Sim, minha querida. Somos uma família. Eu te amo. Amo a todos vocês.

Ele buscou beijá-la outra vez nos lábios.

Maria se perdeu naquele beijo doce, acolhedor. Íntimo. Um beijo que fez ela se sentir novamente em casa.

E quando ele se desfez, ela disse.

—Maria: Eu também te amo, Estevão.

Com os rostos próximos o suficiente para que suas respirações fossem sentidas, eles se olharam. Depois Estevão tocou no rosto dela. E ela se foi, passou pela porta e o deixou sozinho.

Ao lado de fora do quarto, Maria levou as mãos nos lábios. De repente se sentiu esperançosa que tudo de verdade chegaria ao fim e que de fato, tudo teria válido apena. E ela se referia ao que tinha feito ao homem que amava.

Ela então tocou os cabelos e quando já ia, lembrou que não levava sua bolsa. Deu um giro nos saltos e voltou para o quarto.

Estevão tinha deitado e levava a mão acima de sua barriga, ela o olhou de olhos fechados e disse.

—Maria: Esquecei minha bolsa Estevão. Está tudo bem?

Ele abriu os olhos e a respondeu.

—Estevão: Acho que os remédios que me deram estão deixando de fazer efeito. Começo sentir mais dores.

Ela suspirou sentida.

—Maria: Sinto muito.

Ela então caminhou para pegar a bolsa acima do sofá, e Estevão a mirando sorriu e depois disse.

—Estevão: Cada dia que passa está mais linda, Maria.

Ela girou para ele. Maria vestia um conjunto de terninho feminino na cor vinho marsala, estava de cabelos soltos também, e apenas um batom que já não se via muito nos seus lábios e estava mais magra também, o que Estevão notou melhor quando seus olhos passaram da cintura para baixo dela.

—Estevão: Você emagreceu.

Ele então falou e Maria se olhou.

—Maria: Não estou mais grávida. Estava ganhando peso pela gravidez.

Estevão confiante no constatava, disse.

—Estevão: Mesmo assim, parece mais magra de antes mesmo engravidar. Não estava se cuidando tão bem como quis aparentar quando te perguntei.

Ele esperou a resposta dela com seu olhar questionador ainda a mirando. Maria então já segurando sua bolsa, o respondeu.

—Maria: Eu preciso ir Estevão. E chamarei o médico para vê-lo.

Ele suspirou notando que ela não ia lhe dar mais detalhes de como esteve se cuidando, e apenas lhe restou perguntar.

—Estevão: O nosso plano segue de pé?

Maria entendendo ao que ele se referia, o respondeu.

—Maria: Está com dores.

Estevão então firme, disse.

—Estevão: Por enquanto. Tenho certeza que até o final do dia não estarei mais.

Maria agora riu, e arqueando uma sobrancelha em dúvida ela disse.

—Maria: E de onde você está tirando tanta certeza disso, Estevão?

Estevão deu de ombros e a respondeu.

—Estevão: Da minha força de vontade. Não quer estar comigo?

Ela cruzou os braços com sua bolsa entre eles e disse.

—Maria: Sim. Mas podemos esperar.

Estevão respirou fundo até que ele disse.

—Estevão: Esperar até que eu volte para aquela prisão?

Ouviram batidas na porta, que poderia ser Geraldo outra vez, Maria disse.

—Maria: Eu já vou. Geraldo deve estar me esperando.

Estevão encarou a porta e quis saber quando voltou a olhar Maria.

—Estevão: E onde vão? Não perguntei.

Maria então sorriu confiante e o respondeu.

—Maria: Vamos trabalhar para que volte logo para casa.

Estevão desejando se agarrar naquela esperança, mas lutando para não mostrar tanto suas ilusões, ele disse em tom de um fingido desdém.

—Estevão: Devo deseja-lhes sorte, então.

—Maria: Deve.

Depois que Maria concordou com ele, ficaram em silêncio, até que Estevão expôs o que sentia.

—Estevão: Te sinto estranha, hora distante outra cheia de sentimentos. Espero que quando volte possamos também conversar sobre isso.

Maria deu um curto sorriso e o respondeu já pegando no trinco da porta.

—Maria: Também espero Estevão.

Ela então saiu do quarto e ele pôde ouvir ela falando com Geraldo. Ela sabia de fato que era ele atrás daquela porta.

Estevão suspirou e passou a mão na cabeça. Não estava em seu modelo ideal de que tanto se orgulhava ser como homem, assim, se sentir inseguro e enciumado com aquela aproximação de Maria com Geraldo, para ele era impossível não se deixar se afetado por tais sentimentos.

Maria falou com os filhos, depois Geraldo a levou até o estacionamento do hospital, até chegarem no carro dele que estava no estacionamento do hospital.

Ele abriu a porta para ela entrar, quando fez, ele deu a volta no carro e entrou também.

Maria então disse, por já saber aonde iriam.

—Maria: Vamos logo Geraldo quanto mais rápido pegarmos esse dinheiro, melhor.

Ela colocou o cinto de segurança, cheia de ansiedade. Geraldo a buscou para juntos irem pegar o dinheiro que pagariam a fiança de Estevão. Por fim haviam concedido a ele.

Com os dedos trêmulos, Maria não encaixava direito o cinto. Geraldo então fez para ela, a deixou presa no cinto e depois disse.

—Geraldo: Vamos pegar esse dinheiro e depois poderá relaxar. Você está precisando Maria.

Ela assentiu, mas no fundo achando que só faria o que Geraldo dizia quando visse Estevão entrando na casa deles.

Eles então ficaram em silêncio o caminho todo, até Maria ver que estavam na frente da casa de Estevão e avisar que desceria sem ele.

E Geraldo então sem sair do carro, insistiu.

—Geraldo: Não precisará mesmo de ajuda?

Maria tirou seu cinto olhando a mansão San Román e reafirmou.

—Maria: Não. O dinheiro está no cofre de Estevão. Vou colocá-lo em uma bolsa que tenho lá e logo estarei aqui.

Geraldo assentiu sem mais nada poder fazer e disse.

—Geraldo: Ok. Te aguardarei então.

Maria deu um leve sorriso e desceu do carro.

Momento depois, ela abria a porta da casa, quando entrou, viu uma mala. Estranhou, mas também imaginou que poderia estar nela pertences de Estevão e que deveriam levar ao hospital. Afinal, estava certa que ele só sairia dele a partir daquele momento, apenas para estar novamente ali: Em seu lar.

Mas então caminhando se passos largos, ela ouviu que alguém descia as escadas, seu olhar olhou para direção do som e se surpreendeu com o que viu.

—Maria: Alba.

Ela olhou a mulher seguindo seu caminho e agora indo até ela.

Até que ela parou ao pé da escada e disse.

—Alba: Olá Maria.

Maria ergueu a cabeça. Seu corpo logo esquentou ao lembrar que Alba assim como todos, sabia da verdade e de tudo que ocorria nas empresas San Roman.

Assim então ela disse.

—Maria: O que faz aqui Alba? Não é bem-vinda mais nessa casa!

Alba desceu os degraus que faltavam, e a respondeu.

—Alba: Sei que não. E não vim por você tampouco, Maria. Vim por Estevão. Quero ajudá-lo.

Maria soltou um riso e disse, cheia de ironia.

—Maria: Ajudar? Quer mesmo ajudá-lo? Agora Alba?

Ela riu mais e andou, tocou nos cabelos e se viu entre uma cilada do destino. Alba só aparecia aquele momento para oferecer a tal ajuda que dizia. E por que não antes? Por que não antes dela ter buscado a saída que buscou?

Alba parou próxima dela, fazendo Maria também parar e olhá-la. E ela disse.

—Alba: Quero fazer um acordo. Quero contar o que sei mas quero ficar livre. E sei que você pode me conceder isso. É uma advogada, não é? Então...

Maria quando a ouviu, a olhou com raiva e então disse.

—Maria: Eu não moveria um dedo por você nem se eu fosse morta por isso, Alba. Aliás, moveria sim, mas para vê-la presa como Demétrio está!

Vermelha, depois de falar, Maria ofegou e Alba riu dizendo.

—Alba: Se faz isso não ajudaria em nada tirar a culpa que Estevão carrega Maria. Eu seria uma testemunha chave, já que Bruno segue no hospital.

Maria a olhou séria. E disse fria.

—Maria: Como sabe de tudo isso? Aonde esteve todo esse tempo, Alba?

Alba deu de ombro, caminhou até as flores no meio da mesa ali entre elas e a respondeu.

— Alba: Não importa. Importa que estou aqui. Vai querer minha ajuda ou não?

Maria a olhou desconfiada. Alba só estava ali porque se escondeu tempo suficiente para supor que sua vida não correria mais perigo, assim decidiu regressar para tirar Estevão da cadeia que ela sabia muito bem pelos meios de comunicações que ele seguia presa.

Em dúvida se aceitava aquela ajuda oferecida da cobra que ela sabia que Alba poderia ser e lhe dar um bote em seguida, Maria ainda não decidia se aceitaria, até que por trás dela, ela ouviu Geraldo falar.

—Geraldo: Aceite a ajuda dela, Maria.

Maria olhou para porta de onde vinha Geraldo e Alba fez o mesmo.

Geraldo trabalhava para provar a inocência de Estevão, com isso também havia ido visitar muitas vezes Demétrio e alguns outros detentos para ouvi-los, buscar provas, testemunhos e até acordos como o qual ele alcançou ouvir o que Alba oferecia.

Assim então Maria orgulhosa, cruzou os braços e ergueu a cabeça dizendo.

—Maria: Essa mulher não é confiável Geraldo. Além do mais, tenho certeza que ela que me levou em direção de Manolo naquela maldita manhã.

Alba então rapidamente se defendeu.

—Alba: Fui ameaçada para fazer isso. E tenho algumas conversas gravadas, vídeos e até fotos, quando nos reunirmos na casa de Demétrio ou Bruno. Ás mais recentes podem se ouvir Manolo falar.

Quando Geraldo a ouviu, disse mesmo antes que Maria falasse.

—Geraldo: Se têm tudo isso, por que não usou antes?

Alba pensou no medo que vinha nutrindo desde da morte de Patrícia, que por esse feito andou buscando sua própria tabua de salvação, e respondeu o advogado.

—Alba: Achei que usar o que eu tinha sozinha, seria minha condenação de morte. Patrícia tentou trai-los, e morreu. Mas agora com Bruno no hospital, Manolo morto e tudo acabado, posso usá-lo para provar que Estevão nunca esteve nessas negociações e ainda me salvar.

Maria riu sabendo que aquela jogada de Alba era mais para salvar sua própria pele do que a de Estevão. Do que a do próprio sobrinho dela. Caso contrário, aquela mulher nunca estaria oferecendo ajuda a eles, não sem querer nada em troca.

Mas que apenas Geraldo agindo como um advogado ali, longe de qualquer vínculo sentimental que tirasse sua razão, ele disse buscando olhá-la.

—Geraldo: Ela tem razão, Maria. Alba pode dar a liberdade definitiva ao Estevão.

Maria quando o ouviu, andou levou as mãos nos cabelos e depois olhou Alba. Tomada por mais raiva ainda da mulher, ela ficou vermelha e tremeu. Alba tinha sido covarde. Covarde o suficiente para ela ter sido testada até onde seria capaz de agir para tirar Estevão da prisão, e ela tinha o colocado na cama de um hospital cheio de hematomas depois de apanhar de alguns selvagens por algumas notas de dinheiro.

Assim fora de si, Maria só viu que andou rápido demais e sua mão logo encontrou o pescoço de Alba.

Alba se desequilibrou caindo para trás e a cima das escadas. Maria não recuou, caiu em cima dela também e sua mão ficou firme no pescoço dela, enquanto gritava.

—Maria: Maldita, desgraçada! Todos vocês que fizeram isso são uns desgraçados!

Alba se agitou, levando as mãos nos braços de Maria para ser solta. E com isso ela gritou também.

—Alba: Me solte, vocês precisam de mim Maria!

Geraldo então entrou para intervir também gritando.

—Geraldo: Solte nossa testemunha, Maria!

Geraldo pegou no braço dela, Maria se esquivou do toque e montada em Alba, ela a esbofeteou, de um lado e de outro até que Geraldo usou mais a força e a tirou de cima da mulher.

Alba se levantou, ofegante e tossindo. Não sabia o que lhe doía mais, os lados de seu rosto, seu pescoço ou suas costas que bateram na escada com sua queda.

Assim então, ela disse com a mão na garganta.

—Alba: Sempre te achei uma sonsa Maria quando se casou com Estevão. Se tivesse agido assim antes, eu teria me unido a você.

Maria então com Geraldo por trás dela, e a segurando nos braços, disse.

—Maria: Eu nunca te teria como aliada! Me solte, Geraldo! Me solte!

Geraldo então vermelho com a situação, disse bravo.

—Geraldo: Só se recobrar a razão e perceber que Alba é nossa melhor chave agora!

Alba riu quando viu Maria soltar um gemido frustrado depois de ouvir Geraldo.

—Alba: Achei que amasse Estevão, Maria. Mas pelo visto quer vê-lo apodrecer em uma prisão.

Maria levantou a cabeça, e quase chorou quando disse.

—Maria: Não sabe o que diz! O amei e o amo tanto, que fui capaz de apostar todas as fichas para vê-lo livre e não precisei de você!

Alba então disse.

—Alba: Então ele está livre?

Geraldo então respondeu por Maria e a soltando devagar.

—Geraldo: Temporariamente. E eu aceito sua ajuda. Sou advogado de Estevão e posso garantir um bom acordo se o que tem para delatar, valer apena.

Maria respirou fundo, notando que a última palavra não seria a dela ali.

No hospital. Estevão dormia.

O dia transcorria calmo. E Heitor apareceu no quarto para chamar Estrela, que também dormiu, mas no sofá.

Ele entrou nas pontas dos pés. E então cutucou a menina, dizendo.

—Heitor: Estrela. Vamos para casa. Precisa comer, descansar e de um banho.

Ela o olhou com cara de sono se sentando devagar. E depois mirou Estevão dormindo na cama.

—Estrela: E nosso pai? Vai ficar sozinho?

Heitor deu um leve sorriso com a preocupação dela com o pai deles, persistindo.

—Heitor: Nossa mãe está vindo e me deu boas notícias.

Estrela se coração ansioso, disse logo.

—Estrela: Quais?

—Heitor: Te falo lá fora.

Os dois então saíram juntos. Depois Estrela tapava a boca quando ouviu que assim que o médico liberasse o pai deles, ele iria para casa com eles.

Os dois então se abraçaram, e nós braços de Heitor, ela disse.

—Estrela: Eu sabia que nossa mãe ia fazer de tudo para conseguir isso.

—Heitor: Eu também sabia disso.

Os dois sorriram mais e se abraçaram novamente.

Anoiteceu. Maria chegava ao hospital muito tempo depois de ter saído dele, e tudo depois da volta de Alba e sua promessa de ajudar livrar Estevão de todas às acusações.

Assim, ela e Geraldo a levaram para o escritório dele. Juntos estudaram estratégias para usar as armas que tinham e depois apresenta-la em um acordo para negociarem o que Alba pedia em troca. Depois, esteve faminta o suficiente para almoçar no escritório ao lado de Geraldo e Vivian e então o viu deixa-la para ele ir pagar a fiança de Estevão e ela em seguida também saiu do escritório dele. Havia ido para casa, tomar um banho e fazer uma mala com alguns pertences pessoais de Estevão.

E agora estava ali prestes abrir a porta do quarto que ele estava, e feliz. Feliz por ter duas boas notícias para dar a ele.

Assim então ela entrou. Viu a cama dele vazia. E quando ia se preocupar, ouviu sons que vinha do banheiro do quarto. Ela então caminhou mais, colocou a mala ao lado do leito, a bolsa dela, ela colocou na mesinha e depois andou devagar até o banheiro.

Perto da porta semiaberta, ela pôde ouvir melhor o barulho da água do chuveiro cair.

Assim entendeu que Estevão tomava banho, mas sem poder ouvir vozes, ela entendia que ele não estava sendo auxiliado por enfermeiro algum. Assim então ela empurrou mais a porta.

O corpo de Estevão estava de frente para o chuveiro. Em suas costas largas, caiam uma abundância de água, enquanto ele tinha os cabelos encharcado e as mãos na parede, com a cabeça baixa, como que se mirasse o chão, mas não, ele tinha os olhos fechados.

Maria suspirou olhando-o. Como ele havia notado que ela perdera peso, ela via o invés nele. Ele tinha ganhado. E ela sabia que aquilo se devia ao fato que a comida dos presos, eram feitas para sustentarem melhor eles, assim, teriam substâncias para fazer isso o que o engordavam. E isso então ficou claro a ela, que ele se alimentou. Sustentou ao menos seu corpo para não ter ficado fraco naquele lugar.

—Estevão: Uma enfermeira quis me dar banho. Eu não deixei. Há tanto tempo que eu não tinha privacidade em meu próprio banho e nem aceitaria algo tão constrangedor.

Maria levou a mão na garganta quando viu que foi pega ali, o olhando e disse, baixo depois que se recobrou do susto.

—Maria: Posso sair se quiser.

Estevão negou com a cabeça.

—Estevão: Eu já estava saindo.

Ele desligou o chuveiro e Maria viu uma toalha em cima da pia e o ofereceu. Quando Estevão ficou de frente para pegar a toalha, ela suspirou.

O peito dele tinha muitos hematomas azulados e um lado de suas costelas, tinha uma marca redonda de uma delas.

Ela então sussurrou.

—Maria: Eu sinto muito Estevão. Sinto muito pelas marcas que têm.

Estevão que pegava a toalha das mãos dela, disse.

—Estevão: Sei que sente. Mas elas não são culpa sua.

Maria engoliu em seco dizendo.

—Maria: Talvez sejam.

Ela disse baixo demais para ser ouvida, enquanto Estevão se secava e quando ele passou secar os cabelos, os olhos dela desceram para o resto do corpo dele. Mas mais embaixo.

O membro dele estava ali evidência, em descanso, mas ainda assim chamando a atenção demais dela. E então ela viu Estevão cobri-lo com a toalha, prendendo-a na cintura, o que fez ela levantar a cabeça e entender que foi flagrada novamente.

—Maria: Desculpe.

Enquanto ela ficava vermelha depois de falar, ele deu um curto riso.

—Estevão: Ele é todo seu, mas não agora.

Ele caminhou até o espelho na frente da pia, se olhou e seguiu.

—Estevão: Estou feio. Cheio de marcas. Tinha razão em não me querer assim.

Depois de ouvi-lo, Maria foi até as costas dele, e o surpreendeu o abraçando por trás.

—Maria: Eu me preocupei com seu estado Estevão. Não queria que ao fazermos amor se machucasse mais.

Ela beijou as costas dele depois de falar. Se olhando ainda no espelho e podendo ver apenas os braços de Maria abraçando-o, Estevão pegou a mão dela e beijou também.

—Estevão: Bondade sua Maria. Mais machucado que estou só se um caminhão passar agora por cima de mim.

Maria ficou calada até que Estevão se virou para ela e ela então disse.

—Maria: Te trouxe roupas limpas. Trouxe um de seus relógios favoritos também. Um perfume, gravata e sapatos.

Estevão estranhou ela ter trazido tudo aquilo. Já que na prisão ele não poderia usar aqueles trajes nem acessórios. E por isso, ele disse.

—Estevão: Para que tudo isso, se vou sair daqui com um uniforme de presidiário?

Maria deu um leve sorriso, e pegou na mão dele dizendo.

—Maria: Vem comigo.

Depois que saíram do banheiro, ela mostrou a mala grande demais aos olhos de Estevão. Afinal, como ia melhorando ele tinha certeza que aquela seria sua primeira e última noite no hospital.

Que assim ele disse.

—Estevão: Parece que vou me mudar para cá.

Ele riu como se fosse capaz de rir de sua própria desgraça. Maria apenas levantou a mala e quando ele viu que ela ia pôr em cima da cama, a ajudou, e ela então se afastou sorrindo e disse.

—Maria: Abre.

Estevão deu de ombros não entendendo a felicidade dela, e foi abrir a mala apenas para fazer a vontade dela. Quando ele abriu. Viu roupas perfeitamente dobradas, e outras coisas mais de uso pessoal, mas o que o chamou mais a atenção dele, foi um papel ali entre suas coisas.

Ele então agora olhando-a, disse.

— Estevão: E isso?

—Maria: Pegue, o leia e descobrirá.

Estevão então pegou. Entendeu de cara que era um documento, depois viu que se tratava também de uma documentação com um selo da justiça. Viu seu nome e depois tudo pareceu borrar quando ele voltou ao topo da folha e leu habeas corpus.

Ele então tentou falar uma vez não conseguindo, teve que pigarrear, clarear sua garganta para tentar dizer.

—Estevão: Isso é...

Maria então disse, por te-lo lendo o papel outra vez

—Maria: Isso é seu habeas corpus concedido, Estevão. Quando deixar o hospital, irá conosco para casa. Para sua casa.

 


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