Falso amor escrita por EllaRuffo


Capítulo 14
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/780159/chapter/14

Oi lindas, quero avisar que a maratona segue. Eu posso demorar um ou dois dias pra postar por conta da revisão, já que to postando um capítulo e fazendo logo outro atrás, mas ela segue ok. Ah, eu vou pedir um pouco de paciência também kkk estou encaixando peças nesses capítulos que vocês pensam que a história tá rolando mas para mim ela ainda nem começou direito kkkk enfim, espero que gostem.

 


Maria suspirou. Vivian tinha conseguido o número de Heitor, e o óbvio seria que aquele pedido lhe despertasse curiosidade. Afinal Vivian e todos na firma de advogados, dentro daqueles poucos dias, só sabiam da vida de Maria fora do escritório, só o que ela permitia saberem, o que era apenas que ela era uma mãe solteira de uma menina adolescente e recém chegada do reino unido. Mas agora Vivian estava ali com o que ela mais precisava no momento para ter seu primeiro contato direto com Heitor e talvez com esse favor, sua nova colega de trabalho merecesse ao menos ter parte de sua curiosidade aclarada ou talvez toda ela.

Maria andava se sentindo tão só que mesmo havendo conquistado a simpatia de Socorro, a senhora morava tão longe e ela estando com os dias tão cheios que não sabia quando poderiam seguir a última conversa que tiveram, que era daquele mesmo tema que ela teria com Vivian, sobre Heitor que era seu filho mais velho e que nunca viam com ela.

E então de pé. Maria primeiro abraçou Vivian cheia de gratidão sem que ela esperasse. Que então depois do abraço, ela disse com as lágrimas vindo nos olhos pela ilusão que já tinha de poder entrar em contato com Heitor.

— Maria: Muito obrigada Vivian. Não sabe como está me ajudando com o que fez.

Vivian sorriu pegando em um braço de Maria e o alisando em seguida. Via que para ela o que fez, era muito importante, mais que um simples favor. E então Vivian disse.

— Vivian: Não tem o que agradecer, Maria. Acho que já somos amigas e amigas fazem favores.

Maria então sorriu pensando que Vivian apesar de pouca idade poderia ser uma boa amiga. E assim ela disse.

— Maria: Eu vou contar a você o porquê te pedi esse favor, Vivian mas primeiro vamos ver Cecilia e depois conversamos.

E então momentos mais tarde ainda no hospital.

Maria e Vivian depois de já terem visitado Cecília, estavam na cantina do hospital. Era um pouco mais de uma da manhã. Ambas tomavam café enquanto conversavam já mais de uma hora. Maria pensou que só ia dizer  o que Vivian buscava saber sem muitos detalhes, que era o fato dela ter um filho mais velho e ninguém ainda saber, mas quando viu que Vivian era uma boa ouvinte, já tinha contado toda sua história para ela.

O que deixou Vivian perplexa e com um inimigo em comum com ela. Que então depois de passar um tempo em silêncio, ela disse.

— Vivian: O que acaba de me contar parece um roteiro de uma novela mexicana, Maria. Uma triste novela aonde os vilões tramaram contra você, até seu ex marido e saíram vencedores. Tem que descobrir quem te fez isso. Tem que provar que não cometeu aquele roubo e que não traiu o tonto do pai dos seus filhos. Bom, queria chamá-lo de nome pior agora.

Vivian bufou indignada ao final de suas palavras e Maria deu de ombro. Ela havia contado tudo a Vivian com uma frieza e calmaria que não tinha quando estava em frente a Estevão e relembrava de tudo que havia sofrido injustamente. Contar tudo para Vivian, foi como um desabafo que Maria sentiu que aquele momento precisou fazer e não só para matar a curiosidade dela.

que então depois de ouvi-la e vê-la bufar de raiva, Maria respondeu a parte que Vivian dizia para ela buscar a verdade de toda aquela história. O que ao mesmo tempo que Maria queria, em outros  não, já que seu maior desejo era recuperar Heitor.

— Maria: As vezes me vem uma vontade absurda de limpar meu nome para todos e para o pai dos meus filhos, Vivian, mas depois eu penso. Para que? Para Estevão tirar o peso das costas que nunca foi traído? Só aumentaria mais o ego dele que em todos esses anos só cresceu quando ele soubesse que só estive com um homem todos esses anos e que esse homem é ele. Então O que mais desejo é apenas recuperar meu filho. Heitor é o único motivo pelo que regressei.

Vivian piscou mais de uma vez quando escutou as últimas palavras de Maria e entendeu o que ela falava. O que ela pensava ter interpretado ela errado. Que então rápido ela perguntou  esquecendo de tudo ouviu antes.

— Vivian: Que? Como você disse, Maria?

Maria suspirou achando que o que Vivian queria ouvir novamente era o motivo que lhe trazia novamente a cidade do México. E então ela a respondeu.

— Maria: Que o único motivo com o qual regressei foi para recuperar meu filho.

Vivian sacudiu a cabeça agitadamente e depois moveu as mãos nervosa, encarou Maria ainda incrédula e disse ignorando todo o resto mais uma vez.

— Vivian: Não Maria, a outra parte que disse que só esteve com o pai dos seus filhos. Eu não estou acreditando que deixou ele te fazer isso!

Vivian bufou de novo desejando ter o pescoço de Estevão entre suas mãos. Se entendia bem o que Maria acabava de dizer, ele não tinha apenas sido um grande covarde com ela, mas também tinha marcado ela como mulher depois da decepção de amor que sofreu com ele.

E Maria então ainda que não gostasse de falar de sua vida sexual que não existia durante todos aqueles anos, e que só ali ela sentir que não podia se orgulhar da mulher que havia se tornado depois de Estevão, ela suspirou e respondeu Vivian, justificando sua condição como fazia para si mesma quando pensava em como agora era.

— Maria: Sei que é difícil acreditar, Vivian, mas Estevão me matou também como mulher essa é a verdade. Em um dia você pode estar amando um homem e acreditar que ele é o amor de sua vida e no outro esse mesmo homem pode estar te destruindo.

Maria mexeu no seu copo de café pensativa depois que falou. Enquanto Vivian ficou mais indignada que antes. Não podia acreditar que Maria sendo como era, vivia em abstinência do que para ela, era um dos lados bom da vida e tudo por culpa de um homem que ela pensava que nunca a havia merecido. E assim ela disse desejando reverter o que fosse que bloqueava Maria em voltar praticar sexo como uma mulher normal.

— Vivian: Primeiro, esse Estevão tem meu ódio, Maria! Se eu vê-lo na rua, juro que o atropelo com meu carro! E segundo temos que mudar isso! Tem que voltar a fazer sexo!

Maria abriu a boca, mas fechou e olhou dos lados, que pela sorte pelo horário a cantina estava vazia, porém com Vivian se exaltando como tinha feito, ela só pensou que qualquer um poderia ouvi-la se chegassem de repente e então sua triste condição seria compartilhada com mais alguém. E então ela pediu.

— Maria: Vivian por favor vamos falar mais baixo. O hospital todo não precisa saber que deixei de fazer sexo.

Vivian então notou que tinha excedido a voz e disse, mais baixo, mas ainda decidida em seguir com o assunto.

— Vivian: Me desculpe Maria. É que estou indignada.

Maria então acabou rindo e disse.

—Maria: Também não é para tanto tanta indignação, Vivian. Estou bem assim. Além do mais não sou mais nenhuma jovenzinha, posso seguir vivendo sem o que estamos falando, hum...

Ela voltou olhar ao redor e Vivian então cruzou os braços e a respondeu.

— Vivian: Aí Maria, não. Não vai me falar que está velha para isso, que não está. Mas que coisa, eu não aceito isso. Não pode seguir vivendo assim coisa nenhuma.

Maria então deu de ombros pensando que tentou mudar a condição de mulher frígida que se julgava ser. Que então ela disse.

— Maria: Acha que não tentei mudar essa minha condição que me encontro, Vivian? Já tentei, mas foi tão constrangedor que não voltei mais a tentar.

Vivian então fixou os olhos nos olhos de Maria, e depois a respondeu o que achava e agora mais calma de sua indignação.

— Vivian: Talvez tenha tentado errado Maria. O que passou com seu ex marido te traumatizou. Então claro que não seria fácil confiar em outro homem de novo. E talvez também quando tentou, tenha tentado com o homem errado.

Maria então suspirou indo com seus pensamentos em Luciano, que sem dúvidas ela disse.

— Maria: Tenho certeza que ele foi o certo. Mas não consegui sentir nada. Bom, acho que é melhor pararmos de falar disso. Esse meu lado não tem nada de inspirador.

Vivian então buscou a mão de Maria sobre a mesa dela e disse, tomando aquela missão para si.

— Vivian: Eu vou te ajudar, Maria. De qualquer formar logo você estará gozando horrores.

Maria levou a outra mão dela nos olhos e riu das palavras de Vivian. Tinha arrumado uma maluca como amiga e mais da metade de sua idade. E então ela se levantou, tirando sua bolsa que estava em um lado em cima da mesa e disse.

— Maria: É melhor já irmos embora.

E Vivian se levantando também e pegando sua bolsa, disse.

— Vivian: Vamos. Mas vamos seguir essa conversa no carro, Maria.

Vivian riu e Maria fez o mesmo saindo na frente da cantina. E assim as duas andaram a procura do médico de Cecília para saber dele quem estaria da família dela com ela o resto da noite.

Longe dali.

Estevão dormia de peito nu sobre a cama de Patrícia, enquanto ela estava com um roupão por ter saído a pouco de um banho quente.

De cima da cama, ao lado dele sobre um travesseiro tinha um cheque que ele tinha feito para ela. Patrícia só precisou insinuar que precisava de uns vestidos novos, que ele assinou um cheque que ela poderia comprar uma loja toda em vestidos e ainda ficar com dinheiro. Estevão para todos seria sempre uma mina de ouro que era fácil de ser manipulado e só inteligente quando o assunto era os negócios. Que com essas tais qualidades nunca o deixariam, como um bom bando de sangue sugas que eram.

Patrícia andou e pegou o cheque na mão e ficou o olhando. Não reclamaria nunca do que conseguiu pelas mãos de Estevão e também pelas costas dele. Mas aonde estava agora e o que tinha com ele, não significava nada perto do que ela desejava ter dele. Um pouco de amor apenas, do amor que ela via que só Maria teria dele era o que ela desejava. Aquele amor que ela julgava que era uma obsessão.

E ali parada ao lado da cama ela então, ouviu ele suspirar em um sono pesado e se mover ficando de bruços mostrando suas costas nuas enquanto o lençol cobria ele da cintura pra baixo. E ela sentou na cama e tocou nas costas dele.

Morria para ser a senhora San Román. Mas com Maria de volta o desejo que tinha ficava cada vez mais longe, tão longe que aqueles 15 anos passados, se resumia em dias com ela presente entre eles.

E pensar em Maria, quando tudo parava e não tinha testemunhas, Patrícia lembrava de como tinham sido amigas. Ela havia sido uma amiga para Maria que com ela ao lado, Maria não precisava de um inimigo e ela havia provado isso, quando a viu necessitando ajuda.

Flashblack de 15 anos há trás. 


A campainha do apartamento de Patrícia tocava insistente. 


Havia duas semanas que ela se colocava ansiosa. Havia vendido literalmente sua alma a um diabo de terno e tudo por inveja e o desejo de ter mais do que já tinha. 



E então ela de bolsas sobre o ombro pronta para sair, abriu a porta sem olhar quem era pelo olho mágico. Que então, quando abriu ela sentiu seu coração acelerado e depois ficou sem ação quando a pessoa a abraçou. 


Era Maria ali. Estava há poucos dias livre de qualquer acusação por ter tentado supostamente desfalcar a empresa do próprio marido, que pela misericórdia dele, assim ela tinha suas palavras na mente, ela respirava o ar livre fora de uma cela de uma prisão mesmo que ela se via em outra fora dela. Já que tinha o ódio do homem que amou, estava sem seu primogênito tirado dos seus braços pelo mesmo homem que a odiava, tinha pouco dinheiro que para terminar, seguia escondendo sua gravidez. Mas também ela tinha uma proposta de deixar o país, o que poderia salvá-la de tudo que injustamente passava. Mas sua salvação significava deixar seu único filho para trás que por isso Maria queria buscar outra alternativa. Uma que tinha levado ela ali diante de Patrícia. 


E ali abraçando quem ela acreditava ser sua amiga, Maria respirou fundo depois que a soltou e limpou as lágrimas que desceu do rosto dela. 

Estava vivendo dias tão sombrios, que as lágrimas dela tinham caminhos certos quando desciam dos seus olhos e nem mais controle. Estevão tinha deixado ela na miséria grávida e ainda lhe tirado o primogênito deles, então para Maria não havia motivos para sorrir. 


Que assim, ela disse de mãos na bochecha ainda secando suas lágrimas. 


— Maria: Depois de tudo que aconteceu, eu não te vi Patrícia. Sei que não tenho o direito de te cobrar porque não esteve comigo, nem quando eu estava presa. Aquela semana que passei naquele lugar, me fez pensar que havia sido os piores dias da minha vida, mas eu estava enganada. Agora sem meu filho que estão sendo. 

Maria ainda falava da porta e então Patrícia deu passagem em silêncio para ela passar para dentro que familiarizada com o lugar por ambas se fazerem visitas, ela a viu se sentar no sofá. 

Olhando Maria ali, por um momento Patrícia virou o rosto. Pensava que não voltaria ver ela já que sabia da condição que Estevão havia posto quando retirou a acusação que a incriminava. Patrícia sabia que Maria era boa, ingênua e ao contrário dela, uma amiga de verdade. E ela sabia que o que estava sentindo bem no fundo do seu coração ao vê-la tão indefesa e injustamente acusada de coisas que não tinha feito, era remorso. 

Que então engolindo ele sem poder mais voltar atrás. Patrícia andou dizendo. 


— Patrícia: Desculpe Maria, mas não posso te dar atenção. Veja, estou de saída. Talvez eu consiga abrir meu consultório. Estou sem tempo para nada. 

Patrícia deu um sorriso amarelo depois de suas palavras e Maria se levantou rápido entendendo que a vida de sua melhor amiga seguia plena, e o que acontecia com ela não a afetava em nada e nem despertava  nela nem ao menos um pouco de compaixão. E então as lágrimas desceram de novo do rosto de Maria, que além das decepções, percas e humilhações que passava dando motivos para ela chorar, seus hormônios de grávida a colocava cada vez mais sensível. 


Apesar de tudo que passou, ainda tinha restado em Maria um pouco de dignidade que Estevão não tinha levado dela, até mesmo a dignidade dela sair na rua sem medo de trombá-lo como ela teve para chegar até ali. Que assim ela disse baixo e não querendo mais ser um incomodo.

—Maria: Vejo que está bem e fico feliz por você Patrícia. Ter seu consultório era o que sempre quis, não é mesmo. E eu não vou mais tomar seu tempo com meus dramas. Desculpe se vim. 

Maria então pegou a bolsa que trazia na mão colocou a frente do corpo e refez o caminho para sair do apartamento de Patrícia, que então pela costa dela, ela a ouviu dizer. 


— Patrícia: Eu sinto muito, Maria. 


Maria se virou para ela devagar e sorriu de lábios fechados. Um sentir muito não era o que ela precisava ouvir, tão pouco um olhar de pena que ela viu que recebia. O que Maria sabia que precisava, era de um lugar para ficar uns dias, ou uma ajuda financeira e um emprego para recomeçar sua vida e ela via que nada daquilo com Patrícia ela teria. E era mais uma decepção que recebia vindo de alguém que ela quis bem. A verdade era que todos tinham virado as costas para Maria, menos Luciano que a oferecia uma vida nova. 

E então como ela não foi capaz de implorar uma ajuda que qualquer amiga como considerava que Patrícia era, poderia ajudá-la, Maria só voltou fazer seu caminho, sem em nenhum momento ouvir mais que um sinto muito de Patrícia. 


Fim de flashback. 




Maria deixava Vivian a frente do prédio do apartamento que ela morava de aluguel. No caminho diferente da liberdade que ela havia dado para Vivian ainda na cantina do hospital, não falaram mais de sexo nem dos orgasmos que ela deixava ter, mesmo que Vivian foi mordendo a língua todo o caminho para voltarem conversar, Maria só falou do trabalho e agradeceu de novo pelo número de Heitor que ela já tinha gravado em seu celular.

E assim quando Vivian estava preste a descer do carro de Maria, com a mão na porta ela não resistiu, a olhou e disse de novo.

— Vivian: Não pode seguir assim. É sério, Maria.

Maria suspirou e arqueou uma sobrancelha. Queria ficar séria, mas acabou sorrindo para Vivian e então ela disse.

— Maria: Não vai levar esse assunto para a firma não é mesmo? Bom nem esse, como tudo que disse sobre meu ex marido e o fato que estive presa.

Vivian então negou rápido com a cabeça buscou a mão de Maria que estava sobre o volante e disse.

— Vivian: Mas é claro que não, Maria. Somos amigas agora. Não vou falar nada para ninguém.

Vivian olhou para seu colo, nele estava sua bolsa e então ela a abriu rápido, pegou sua caderneta que tinha dentro dela a abriu escreveu algo bem rápido e arrancou a folha. E entregando a folha para Maria, ela disse.

— Vivian: Já que ainda não confia em um homem para estar com ele, começa assim. Afinal não precisamos necessariamente de um para termos uns quantos orgasmos, não é mesmo.

Maria pegou o papel e quando ela baixou a cabeça para ler o que estava escrito nele, Vivian saltou do carro sem querer ver a cara dela.

No papel estava escrito masturbação feminina, e era como uma lembrete que Vivian queria dar a ela. Maria então dobrou rápido o papel e jogou para dentro do porta luvas do carro dela, depois puxou o freio de mão e o fez andar novamente enquanto ria.

Mas o riso de Maria durou pouco, quando enquanto dirigia passou em sua mente que naquela história toda de que era uma frígida, ela deixou de revelar a Vivian o que andava sentindo quando Estevão a beijava e tocava. E Maria pensou, que era mais fácil revelar que seguia uma completa frígida do que assumir que seu corpo começava despertar nas mãos de um homem que a colocou como agora era.

E em então perto das 4 da manhã ela chegou em casa, que exausta antes de seguir para o quarto dela passou pelo o de Estrela que dormia, e ela sorriu indo até a menina para lhe beijar a cabeça e acabou sentando na beira da cama dela. Naquele momento ela lembrou de mais uma ameaçava de Estevão dele tirá-la dela. E pensando nas palavras dele, Maria sabia que ele poderia até alegar que Estrela corria perigo aos cuidados dela mas para ele  cumprir o que havia ameaçado, ele teria que entrar com um processo e seria tão demorado para ele provar o que dizia e que antes de qualquer coisa ele tinha primeiro que provar que era o pai de Estrela, que ele poderia até desistir. Enquanto na questão da prova de paternidade, Maria seguia com o mesmo pensamento em não colaborar em nenhum segundo com ele. Estevão tinha que sofrer para ter a filha que tanto quis ter, era justo com ela. O levaria a loucura se precisasse, a mesma que ela se encontrava para reencontrar Heitor e reconquistar o amor dele.

E assim, já deitada de pijama sabendo que tinha mais algumas horas antes que amanhecesse, Maria sobre seu quarto escuro olhava a tela de seu celular. O número de Heitor já estava gravado nele. Mas era muito tarde para ela ligar e não cabia o que ela precisava dizer para ele em uma simples mensagem que poderia ser ignorada por ele. E ela suspirou cheia de ilusões e ansiedade pelo amanhecer para ela poder entrar em contato com o filho.

Olhando a foto do whatsapp de Heitor que ela podia ver, Maria passou o dedo na tela. Ele era todo um homem feito. Havia passado tanto tempo sem ele, que ela se perguntava como seria quando ele aceitasse ouvi-la, como seria eles se relacionando. Seria como ela era com Estrela? Heitor tinha saído dela, mas Maria só sabia o que era ser mãe de menino, por 5 anos. E ela tinha tantas perguntas em sua mente.

Heitor havia crescido como? Tinha o gênio do pai? As manias dele? Algo dela? E ela lembrou do comentário de Estevão sobre atrasos dele que parecia com o que ela tinha tido ao estar na mansão San Roman. E claro que ela sabia que ele havia falado com sarcasmos aquela noite. Mas Heitor teria algo dela que o lembrava ela? Maria sorriu de lado Queria tanto conhecê-lo, ter a chance de ser não só a mãe dele, mas também sua amiga como ela era com Estrela.

Ela então apagou a tela do celular o guardou no móvel ao seu lado, se virou para o lado e fechou os olhos com um sorriso no rosto.

Pela manhã. Estevão abriu os olhos vendo um quarto que não era o dele e uma cama que tampouco era dele. Ele estava sozinho nela e então ele esfregou a mão no rosto e logo em seguida os olhos, e depois virou o corpo e pegou seu relógio de pulso que tinha deixado sobre o móvel ao lado da cama. E então quando ele fixou os olhos para os pequenos ponteiros e viu as horas, ele se sentou rapidamente, tirou o lençol que cobria o corpo dele que só estava com uma cueca e saltou da cama vendo as roupas dele dobrada sobre um banco que Patrícia tinha na ponta da cama dela. E então ele foi até elas nervoso e pegou a calça para se vestir que assim Patrícia toda arrumada entrou no quarto, dizendo.

— Patrícia: Acordou. Já ia acordá-lo Estevão.

Estevão então se virou para ela subindo as calças com pressa e as fechando, e então ele disse.

— Estevão: São quase 10 da manhã! Por que me deixou dormir tanto Patrícia?!

Patrícia então foi até o espelho de sua penteadeira, mexeu nos cabelos se olhando pelo reflexo e depois que se virou para o lado de Estevão, ela disse.

— Patrícia: Precisava dormir Estevão. Eu vi o tamanho das olheiras que tinha quando chegou. Claramente não dorme há dias, Alba disse que também anda bebendo muito. Recentemente teve um precoce infarte. E olha como anda vivendo.

Ela colocou a mão na cintura ao terminar de falar e Estevão já abotoando sua blusa, disse descontente.

— Estevão: Então andam falando de minha vida e como vivo? Eu tenho obrigações, hum! E nesse momento já era para mim estar na empresa!

Patrícia então bufou. Parecia que nada que ela fazia por Estevão estava bom. Ele era sempre aquele homem, seco e infeliz com ela. E assim ela disse.

— Patrícia: Por que é tão ingrato Estevão? Alba e eu estamos preocupadas com você!

Estevão então passou a mão no rosto e depois levou na cabeça, puxando seu ar do peito junto. As vezes pensava que passava dos limites da forma que tratava Patrícia, mas aquele era ele que havia se tornado um homem sempre insatisfeito com tudo e ainda grosso. E assim ele disse.

— Estevão: Não deviam se preocupar comigo! Principalmente você Patrícia. Na verdade, devia nem me receber aqui. Pensa que as vezes não penso em você, em o que não posso te dar, hum? Não queria ser dessa forma que sou contigo. Mas me transformei nesse homem que vê e que devia ter se afastado há muito tempo.

Patrícia próximo a ele, levou a mão no peito dele e ele pegou nos pulsos dela mas sem afasta-la e a ouviu dizer.

— Patrícia: Eu não posso me afastar de você porque te amo, Estevão. Se sigo aqui, é por amor, meu querido.

Estevão bufou. Era daquele amor que ele falava e que não podia retribuir. E então ele soltou os pulsos dela e se afastou dizendo.

— Estevão: É disso que estou falando. Eu não posso amá-la. Não posso correspondê-la. Por isso te deixo livre Patrícia, sempre deixei.

Depois de falar Estevão sentou na cama e passou as mãos nos cabelos. Patrícia então atrás dele, levou as mãos nos ombros dele, subiu mais elas e massageou ali sentindo os nervos dele tenso e então ela disse, por não ser segredo do porque ele não podia correspondê-la.

— Patrícia: Nunca tentou de verdade esquecê-la. Por isso não conseguiu me amar. Não esquece Maria. Mas as coisas podem mudar. Elas podem mudar se nos casarmos Estevão.

Ela então passou a frente dele e sentou de frente para ele também na cama, que com ele seguindo em silêncio, ela voltou a dizer.

— Patrícia: Se livra desse martírio que carrega Estevão e mostre a Maria que a superou, se casando comigo.

Longe dali.

Maria estava sozinha em seu apartamento. Marta não voltaria mais aquele dia no apartamento e ela não trabalharia até tarde, muito menos estaria no hospital.

E ela respirou fundo olhando seu celular e ali o número de Heitor. Estava de coração acelerado. Tinha medo de assim que Heitor ouvisse a voz dela ele desligasse a ligação ou pior que ele pudesse lhe falar algo que fizesse que o dia dela que estava apenas começando, terminasse.

E ela então largou o celular sobre a mesa que estava sentada e saiu de perto dele. Desde que abriu os olhos estava ensaiando como falar com Heitor para convida-lo para uma conversa e sentindo que não sabia mais o que falar, como falar e temendo não suportar o desprezo que ela já esperava depois do que houve na mansão San Roman, ela passou a mão nos cabelos e andou de um lado para outro. Outra vez repassava em sua mente como falaria com Heitor enquanto preparava seu coração para qualquer resposta dele.

Enquanto ainda no apartamento de Patrícia. Estevão estava nervoso. Havia jurado que nunca mais voltaria se casar com nenhuma mulher. Não conseguia amar outra, tampouco gostaria de tentar. Que então já vestido e calçado, ele dando nó em sua gravata com pressa para deixar o apartamento de Patrícia, ele disse mais uma vez para ela.

— Estevão: Não volte falar de casamento comigo, Patrícia. Se volta, não piso mais aqui muito menos vou te querer em minha casa. O que vivemos e só algo carnal. Nunca te enganei em relação a isso.

Ele se virou para ela, faltava o terno que ele havia chegado ali e deixado na sala. E ele então saiu deixando Patrícia no quarto e ele na sala a ouviu lançar algo dentro do quarto dela e depois um grito histérico.

Ele então bufou. Pegou suas chaves e carteira sobre a mesinha da sala e se dirigiu para fora do apartamento dela sem ousar voltar para o quarto. No final das contas tinha conseguido o que tinha ido buscar ali.

No apartamento de Maria.

Estava na segunda chamada, que Maria já fazia para Heitor e não era atendida. Cada toque dado, ela sentia seu coração mais acelerado e um frio na barriga por saber que qualquer momento poderia ouvir diretamente a voz de seu filho depois de tantos anos.

Até que então ela o ouviu.

— Heitor: Alô. Quem fala?

Por não conhecer o número que lhe ligavam, Heitor esperou a resposta da sua pergunta. Enquanto Maria sentou devagar sobre o sofá de sua sala. Dos olhos dela desciam lágrimas de emoção em só ouvir a voz de Heitor, de saber que ele falava com ela. Quando havia tomado o telefone de Estevão, ele havia ficado mudo e agora ela pôde ouvir o som grave de sua voz com o tom de voz de um homem adulto. Ele já não era o menino de voz fina aos 5 anos que quando ela queria lembrá-lo, ela buscava no fundo de sua mente os melhores momentos que teve com ele. E ela tinha que aceitar logo que seu filho havia se tornado um homem longe dela.

E com mais essa realidade, Maria levou a mão na boca segurando o soluço do choro que quis sair, mas quando ouviu Heitor repetir sua pergunta parecendo impaciente. Ela disse rápido com medo dele desligar.

— Maria: Filho, sou eu, meu amor. Sou eu, sua mãe, Maria.

Houve um silêncio de ambos que parecia que o mundo deles tinham parado. Heitor tinha atendido a ligação dentro do elevador das empresas San Roman e dividia ele com mais algumas pessoas. De corpo tenso depois de ouvir Maria novamente, de ouvir a voz de sua mãe, ele não sabia de novo como reagir. O rosto moreno dele de repente ficou pálido, as mãos suaram e o coração bateu tão forte que ele apostava que quem estava ao seu redor poderia ouvi-lo.

E Maria por não ouvir uma resposta dele, falou angustiada enquanto se derramava em mais lágrimas.

—Maria: Filho, por favor fale comigo. Por favor, Heitor fale comigo.

O elevador abriu em um andar que Heitor não iria descer, mas que mesmo assim, ele passou por entre as pessoas e saiu pra fora, levando a mão na gravata que usava todo nervoso. E então quando se viu em um canto sozinho, ele tomou coragem e disse grosso.

— Heitor: O que quer senhora? Por que me liga? Como conseguiu meu número?

Maria se encolheu sofrendo com o tom seco de voz dele. Mas ela suspirou buscando forças já que não estava surpresa com a reação dele, esperava ela que então sem querer recuar ela disse.

— Maria: Temos uma conversa pendente, filho. Uma que está pendente há 15 anos. E eu não posso e não quero mais adiá-la. E você e eu sabemos que ela não pode ser por telefone, meu querido.

Heitor sorriu, mas sem humor algum, em alguns minutos tinha sido chamado mais de uma vez de filho, meu amor e agora querido pela mãe que tanto sentiu falta ouvir ela o chamando como chamava. E ele sentiu que lágrimas vinha nos olhos dele. Mas ele os tocou com o dedo de uma mão. Não queria se permitir chorar ali e por ela, ainda mais já na idade que tinha. Havia chorado tanto quando menino com a ausência que teve de mãe que não queria aceitar fazer aquilo novamente.

Que então ele disse.

— Heitor: Eu vou desligar senhora. Como disse, essa conversa está pendente por 15 anos e já é tarde para ela.

Maria ao ouvi-lo se pôs desesperada e então ela se levantou do sofá e disse rápido.

— Maria: Não! Não desliga, Heitor! Aceitou antes falar comigo, por que agora não filho? Aceite novamente. Irei onde quiser que eu vá para vê-lo! Por favor não nos negue esse momento.

Heitor suspirou dando as costas para um pessoal que passava. Maria estava certa, antes ele queria, antes desejou aquilo quando soube de seu regresso, mas em última hora voltou atrás por medo. O que não poderia se repetir. Acabar de matar o que estava o matando por tantos anos com tantos porquês entalados na garganta dele, Heitor sabia que era o certo a fazer. Como havia dito ao pai, diria tudo o que ele sentia que a mulher que lhe falava precisava ouvir. E então depois de um desesperador silêncio para Maria, ele disse.

— Heitor: Está bem. Vamos se ver.

Maria sorriu entre lágrimas, não acreditando que ele havia cedido na primeira ligação. E então ela disse emocionada.

— Maria: Obrigada, filho. Obrigada meu amor. Obrigada.

Enquanto Maria chorava e Heitor podia entender pela voz dela, ele voltando da mesma maneira de como havia atendido a ligação, ele disse.

— Heitor: Mas não hoje e também não quero que seja em um lugar público, senhora. Como pensa que essa conversa não pode ser por telefone, tampouco quero que haja testemunhas que nos escutem.

E Maria então suspirou por ver que não seria ainda aquele dia que veria. E que assim cheia de medo dele voltar atrás, mesmo ela concordando que não seria bom que fosse em um lugar público para terem a conversa que tanto ela almejava ter com ele, ela disse.

— Maria: Se aceitar, pode ser a amanhã em meu apartamento. Mas por favor, não mude de ideia. Por favor, filho.

Heitor suspirou e fechou os olhos. Daquela vez não queria voltar atrás. Assim como pensou que não voltaria quando Estevão tinha lhe dado de bandeja aquela conversa que por anos desejou ter com a mãe que ele pensava que o havia abandonado. E então ele disse.

— Heitor: Me passe o endereço que depois vejo que horas podemos fazer isso amanhã.

Maria assentiu com a cabeça quando do outro lado da linha o ouviu. Faria do jeito dele, como ele queria contanto que daquela vez tivessem o encontro que ela tanto queria ter com ele. Que até lá ela já sentia que morreria aos poucos de tanta ansiedade e nervoso para as 24 horas tão esperada. E assim ela só disse, entre suas emoções toda abalada e que Heitor não podia ver seu estado.

— Maria: Está bem meu amor, como quiser. Te mando o endereço e esperarei seu contato para saber que horas te esperarei.

Heitor ficou em silêncio sem saber mais o que dizer e então a resposta que Maria teve dele, foi a ligação sendo desligada e com ela o medo daquele encontro marcado ser mais uma ilusão.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Falso amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.