Conectando-se escrita por Dri Viana


Capítulo 3
Capítulo 3 - Amigos


Notas iniciais do capítulo

Vocês não fazem ideia do quanto eu pensei e pensei sobre postar esse capítulo agora. Passei o domingo inteiro tentando me decidir se colocava agora ou mudava a ordem dele com o próximo. A dúvida me corroía feito ácido. Mas após racionalizar os prós e contras de postar agora ou deixar para postar como capitulo 4, eu achei melhor colocá- lo agora com o intento de deixar uma dúvida na cabeça de vcs por alguns capítulos kkkkkk. Vocês logo entenderão a que me refiro.

Boa leitura.



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— Serviço de quarto especial chegando.

Sara sorriu ao ver seu amigo entrar no quarto equilibrando uma bandeja de café da manhã.

— Sério, Greg, não tem necessidade de você vir pra cá depois do trabalho e servir de meu babá. Você deve estar morto de cansaço e ainda vem bater ponto aqui.

O médico que a atendeu, um velho conhecido seu, sugeriu uma enfermeira para ficar com Sara nesses primeiros dias dela com o pé imobilizado, já que sabia que ela morava sozinha e no seu estado não poderia fazer qualquer esforço, pois o repouso nesses casos são de suma importância para a reabilitação do paciente. Mas a perita cabeça dura recusou a oferta dele alegando que era um exagero. Diante desta recusa, Greg tomou para si a incumbência de enfermeiro, sem sequer perguntar a amiga se ela aceitava.

— Primeiro... - ele anunciou enquanto já depositava sobre o colo de Sara a bandeja que havia preparado à amiga logo que chegou a casa dela há meia hora. - ... Que babá soa bem estranho. Vamos colocar como "enfermeiro particular" que fica muito melhor e mais bonito. - sorrindo, consertou o perito ao se sentar na cama e de frente para Sara. - E segundo, eu estou só um pouco cansado, mas você é minha amiga e só estou fazendo por você o que fez por mim quando fiquei em casa de 'molho' depois da explosão do laboratório. Lembra?

— Sim. - ela afirmou sem titubear.

Aquele episódio foi um susto danado. E enquanto Greg esteve internado por conta deste incidente, Sara foi visitá-lo inúmeras vezes. E quando seu amigo foi para casa, a perita passou alguns dias sendo presença constante por lá, ajudando seu amigo no que foi preciso. Agora era a vez dele de retribuir o carinho a sua amiga.

— Então, pronto. Além do mais, não serei seu único enfermeiro.

— Como assim? - franzindo a testa Sara encarou confusa seu amigo que exibia um sorriso matreiro.

Greg explicou então que, os outros o chamaram para avisar que haveria um revezamento entre ele e os demais amigos dela. Cada dia um seria o enfermeiro de Sara até que ela já estivesse liberada pelo médico para trocar a cadeira de rodas pelas muletas e assim começar a se movimentar pelo apê sozinha, o que seria dali a cinco dias mais ou menos.

Sara achou um exagero da parte dos amigos aquilo de revezamento. Não havia necessidade disso na sua opinião.

— Isso não é preciso, Greg. Pode avisar aos outros para não virem.

Não queria dar trabalho aos amigos. Eles tinham suas vidas para cuidar, ao invés de ficarem ali cuidando de uma colega de trabalho que estava com o pé imobilizado.

— Sara somos sua família e família cuida um dos outros quando é preciso, sabia?

Quando veio de São Francisco para Las Vegas há pouco mais de quatro anos, não imaginava que ia ganhar amigos tão especiais que se tornariam sua família de verdade.

— Obrigada por se preocuparem e cuidarem de mim sempre que preciso. - ela agradeceu com toda a sinceridade contida em seu coração.

— De nada. - Greg sorriu e piscou para ela. - Agora toma seu café, que eu vou tomar um banho no banheiro social, beleza?

— Vai passar o dia todo aqui que nem ontem?

— Claro. Vai dizer que não gostou de ter a doce companhia desse amigo querido o dia todo ontem?

— Você se acha, Greg. - ele caiu na risada. - Vai tomar esse banho logo e depois vê se dorme um pouco na sala.

— Você bem que podia me deixar dormir aí do seu lado na cama. - ele brincou, mexendo as sobrancelhas de maneira bem engraçada que fez Sara sorrir.

Logo que Sara chegou para trabalhar no laboratório, Greg ficou com os "quatro pneus" arriados por ela. E em inúmeras oportunidades não perdeu a chance de paquerar descaradamente a perita. Mas a amizade deles acabou se solidificando com o tempo e sobrepondo-se a paixonite que Sanders nutriu pela amiga. Óbvio, que isso não impedia de vez ou outro ele flertar com Sara. Contudo, seus flertes agora não passavam de brincadeiras para perturbar Sara, já que o único sentimento que ele nutria pela morena era agora uma amizade genuína.

— Greg, você é impossível.

— Eu sei. Mas... Vai rolar de me deixar dormir aí com você? - repetindo o gesto com as sobrancelhas, ele insistiu diante da ausência de resposta da amiga.

— Pra correr o risco de você me agarrar? Nem pensar. Vai dormir no sofá da sala mesmo.

Ele fez um fingido beicinho de tristeza.

— Tá bom. Fazer o quê, né? Qualquer coisa, chama ou me liga que venho de lá vê o que você quer.

— Tá bom, senhor enfermeiro.

— Deixa a bandeja aí quando acabar, que antes de dormir venho apanhá-la para levar a cozinha.

— Sim, senhor. E obrigada por isso. - ela apontou para a bandeja linda, que continha até um vasinho com uma rosa que sabe lá Deus onde seu amigo colheu. 

— De nada.

Ele jogou um beijo a ela e depois saiu do quarto assoviando uma música que Sara reconheceu como sendo da banda de rock preferida dele.

Sozinha no quarto a morena balançou a cabeça e sorriu. Se sentia sortuda por ter amigos como Greg. O jovem CSI era um amigo de ouro, assim como eram também Nick, Warrick, Catherine e Jim. Sara não incluía Grissom nessa lista, porque no atual momento nem amigos ela considerava que fossem. Eles haviam se distanciado tanto que a única relação que mantinham mesmo era só de chefe e subordinada, porque ELE assim o queria, o que era uma pena. Mas paciência!

A perita tomou seu café enquanto assistia ao noticiário na TV, que ligou momentos após a saída de Greg do quarto. Inclusive, seu amigo havia caprichado no desejum e Sara notou que tinha só as coisas que ela adorava comer. E a maioria delas não tinha em casa, o que lhe fez supor que, certamente, Greg passou em algum lugar antes para comprar aquelas coisas e Sara até desconfiava qual fosse o lugar que ele parou. Ia agradecê-lo por mais isso depois. Tudo que tinha na bandeja ela comeu, não deixou nada e isso não passou despercebido por Greg ao voltar ao quarto de banho tomado para buscar a bandeja.

— Boa menina, comeu tudinho. Merece até uma estrelinha.

— Engraçadinho. E obrigada pelo café, estava tudo delicioso.

— É tudo by Delicatessen da strip.

— Imaginei que fosse.

Ele sabia que ela adorava as coisas daquele lugar e por isso não se importou nada em parar lá para comprar uns mimos deliciosos para sua amiga querida.

— Agora, vou levar isso para a cozinha e dormir sozinho naquele sofá da sala, porque você não quis me deixar dormir aí do seu lado na cama. - usou de todo um tom fingidamente dramático só para brincar com sua amiga.

— Você não me convencerá a mudar de ideia com esse drama falso.

— Poxa vida! Achei que ia amolecer seu coração. - o sorriso dele era brincalhão.

— Vai dormir, vai Greg.

— Tá bom. Tô indo então. Vou sonhar com você e eu dormindo abraçadinhos aí na sua cama.

Ela abriu a boca chocada com aquela sua fala.

— Mas hoje você tá hein?!

— Tchau! - ele gritou já saindo do quarto.

— Bons sonhos. - ela gritou de volta e escutou um "valeu" em resposta.

***

Tuscaloosa, Alabama

— Bom dia, bugboy!

Ao ouvir a saudação de Arthur, a única amizade que conservou dos tempos de faculdade, Grissom deu um sorriso leve após bebericar seu café com leite, acompanhado de um pão na chapa que pediu ali na cantina da universidade. 

O termo pelo qual seu velho amigo acabava por lhe chamar, foi um apelido que o próprio Arthur havia dado ao supervisor depois que ficaram amigos na época que estudavam na UCLA. 

— Você podia trocar o boy por man, já que esses fios brancos que tenho, evidenciam bem que não sou mais garoto há alguns anos. - brincou Grissom antes de trocar com seu amigo um abraço regado de tapinhas nas costas.

— Aí, você não costumava acordar de tão bom humor assim quando éramos dois jovens estudantes, hein. Os ares daqui já estão te fazem bem? - Arthur comentou em seu costumeiro bom humor após o abraço com Grissom.

De um humor invejável, Bartholomew Arthur, ou apenas Arthur para alguns e Barth para outros, é um bom sujeito. Divorciado, sem filhos, bem apessoado e conservado para um homem próximo dos 50 anos, ele é reitor da universidade e um dos melhores amigos de Gil.

— Os ares e uma ótima noite de sono.

Apesar da ansiedade pelo dia de hoje, ainda assim, o supervisor conseguiu dormir bem após um bom papo que teve com uma amiga ontem a noite.

— Ah, eu também tive uma boa noite de sono. - o sorriso largo de Arthur rendeu em Gil um franzir de testa. - Mas mudando de assunto, quero mais uma vez te agradecer por aceitar palestrar aqui na universidade.

Mês passado Arthur havia ligado para Grissom lhe fazendo o convite para ser o palestrante surpresa do Simpósio de Biologia, que ocorreria na Universidade do Alabama. Como o convite veio de um amigo, Grissom aceitou sem grandes problemas. E este simpósio foi, justamente, uma das razões pela qual o supervisor resolveu tirar seus 45 dias de férias acumuladas. A outra razão atendia pelo nome e sobrenome de Sara Sidle, a morena de olhos cor de chocolate, por quem já estava se tornando quase impossível para Grissom se manter indiferente. O sentimento que já nutria por Sara havia se tornando algo tão grandioso, que estava deixando Grissom perdido, e por isso, ele achou melhor "sair de rota" e se afastar por um tempo de sua subordinada. 

— Que isso! Vai ser um prazer. Adoro passar conhecimento a outras mentes estudiosas e sedentas pelo saber.

— Você nasceu com alma de professor, meu amigo. Lembro que quando me deu aulas particulares na universidade, você tinha um jeito prático e simples que me fez aprender em dois tempos as matérias.

Na época de faculdade enquanto Gil era o cara de viver com o nariz enfiado nos livros e quase um fantasma em sua sala de aula, já que quase não falava com ninguém da turma. Arthur era o esportista capitão do time de basquete da universidade e o centro da atenção da sala de aula.

A amizade entre eles tinha tudo para não dar certa, mas acabou dando mais que certa. E teve início depois que Grissom começou a ajudar Arthur com as matérias do curso deles, a pedido do mesmo que lhe procurou após sugestão de uma colega a quem Gil já tinha prestado ajuda com a matéria.

Arthur não era de estudar e estava quase para levar bomba e perder a vaga no time caso fosse reprovado, por isso se viu recorrendo a Grissom, o rapaz caladão que logo ele apelidou carinhosamente de bugboy por conta de seu fascínio por insetos. E apesar das diferenças, os dois rapazes criaram uma amizade verdadeira que se conservou mesmo depois de saírem da universidade e seguirem seus caminhos separadamente.

— Obrigado. Mas você era esperto para os estudos. Seu problema se resumia em preguiça e só querer saber de basquete. - recordou Grissom antes de tomar outro gole de seu café.

— Mas ainda bem que tive você para me fazer achar o meio termo entre os estudos e o basquete.  - abraçou o velho amigo pelos ombros numa mania que sempre os acompanhou na época que eram apenas dois estudantes de biologia.

O celular de Arthur tocou naquele instante e o homem fez uma careta ao ver o nome de sua ex-mulher na tela do aparelho.

— Ixi,  Alana. - contou o sujeito ao amigo que sorriu.

Sob o olhar de Grissom, o reitor atendeu a chamada e durante os quase cinco minutos da ligação, ele só discutiu com sua ex alegando que não ia dar mais dinheiro a ela, porque já havia depositado dois dias atrás uma boa quantia para os gastos semanais dela. Furiosa a mulher desligou na cara dele, mas não sem antes lhe insultar dos piores nomes.

— Alana foi um sonho na minha vida dez anos atrás. Hoje ela nada mais é que um pesadelo.

Grissom sorriu. Ele conhecia a ex de seu amigo, inclusive tinha sido o padrinho de casamento deles. Loira, alta, de belos olhos cor mel e quinze anos a menos de idade que Arthur, Alana possuía uma beleza inigualável. Mas sua personalidade não era tão bela assim como sua aparência física. Um tanto arrogante e esnobe, a ex-mulher de Arthur não passava de uma dondoca fútil, que nunca quis ter filhos para não 'estragar' seu corpo esbelto.

Cansado das futilidades da esposa e a falta de atenção que ela dava a ele, Arthur pediu o divórcio para surpresa de Alana. Fazia apenas seis meses que eles haviam se divorciado. Depois do enlace desfeito Arthur 'acordou' para a vida. Voltou a malhar, deu uma repaginada no visual e nas roupas, e somente isso já foi o bastante para lhe dar uma bela rejuvenescida. Ele sempre fora um homem bonito e esbelto, por ter sido um esportista seu biótipo sempre fora muito bom, mas deu uma desleixada com os anos de casamento. Mas a separação trouxe de volta a preocupação consigo mesmo. E o engraçado que isso também parece ter feito com que sua ex também abrisse os olhos para ele, pois Alana depois do divórcio passou a ser presença mais constante na vida e no pé de Arthur.

— E como ela está?

— Agora, furiosa por me recusar a financiar um tal de um procedimento estético que ela queria fazer.

— Vocês se separaram, mas quer saber? Parece que agora que Alana resolveu bancar sua esposa. - opinou Grissom terminando seu café da manhã.

— Tenho essa mesma opinião  também, meu amigo. Mas quem sabe ela largue do meu pé se eu arranjar outra?

— Ou grude mais.

— Deus me livre disso, Gilbert. - Arthur fez um sinal de cruz e ergueu as mãos para o céu fazendo seu amigo sorrir. - Agora chega de falar de Alana. Está na hora de irmos para o auditório e revelar aos presentes lá que você é o palestrante surpresa. Vamos?

— Vamos!

Durante o caminho Arthur contou que não tinha contado a ninguém que o renomado entomogista Gilbert Grissom seria o palestrante surpresa do simpósio. Nem mesmo os professores da Universidade sabiam disso. Era surpresa para todos.

Quando chegaram ao local muitos olhares se arregalaram ao verem Grissom e reconhecerem-no. O auditório estava lotado. O fato de o nome do palestrante ser segredo, acabou servindo de chamariz para tantos inscritos àquela primeira palestra das cinco que seriam ministradas por Gil.

Após um breve discurso, Bartholomew apresentou Gil como sendo o palestrante surpresa. Uma enxurrada de aplausos foram de todos ali presentes. O supervisor ficou sem jeito. Ele era admirado tanto no meio acadêmico quanto, principalmente, no meio forense. Sua mente brilhante, seu profissionalismo desmedido, fizeram com que construísse uma carreira sólida e irretocável.

— Agradeço aos aplausos. E vai ser um prazer dividir com vocês um pouco do meu conhecimento ao longo das palestras que estarei ministrando. - discursou após os merecidos aplausos.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo.



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