Bem Perto escrita por ro_dollores


Capítulo 8
A descoberta


Notas iniciais do capítulo

O impossível é possível!



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Os dias pareciam passar muito rápido, quando não conseguiam ficar juntos, eles se uniam para o trabalho, cada um em sua função, apenas para que estivessem um tempo juntos.

Grissom estava a observando, pensando em dividir alguns planos com ela, coisas como estarem juntos sempre que pudessem, eles dariam um jeito de se verem, ele precisava conhecer os pais dela pessoalmente.

Ela estava esticando o corpo para alongar os músculos quando teve uma ideia adorável.

“Vamos tomar uma ducha?”

Eles nunca haviam partilhado o banho, ia ser uma experiência deliciosa.

Todas as vezes em que faziam amor, ou era no sofá de suas casas, ou no quarto, geralmente dela, e a maioria das vezes sem muita luz do dia.

“Ok … só vou terminar esta parte, podemos … ter uma pausa!”

Ela sorriu para ele, antevendo as sensações, cada vez mais íntimas, mais cheias de cumplicidade.

Ela o amava e não tinha mais dúvidas, e assim que suas licenças estivessem terminadas, eles encontrariam uma maneira de estarem juntos!

Ela tomou a frente dele e logo se despiu, entrando debaixo do grande chuveiro, observando a temperatura da água, então ela se virou para ele, que terminava de tirar sua roupa de baixo, ela fechou os olhos com a força da água e só foi abrir quando sentiu os braços poderosos aconchegando em seu corpo, seu peito empurrando delicadamente seus seios sensíveis, perfeitos.

“Você é linda, Sara!”

Ele lavou seus cabelos, ensaboou seus seios e percebeu que ela estava ficando completamente excitada, eles fizeram amor sem pressa, ignorando o quanto estavam desajeitados no espaço do boxe, apesar de ser muito grande.

Depois ele retirou toda sua espuma e a enxugou, olhando dentro de seus olhos castanhos, ainda brilhantes com a recente entrega.

Ela saiu do espaço e ele continuou se enxugando.

Ao chegar no quarto, ele a viu sobre a cama, seu corpo parcialmente coberto com o lençol imaculadamente branco, talvez não resistissem a mais uma rodada de amor, então ele retirou a toalha da cintura e ela paralisou!

Ele se enfiou debaixo dos lençóis sem notar que ela estava feito uma estátua, segurando a ponta do tecido com força, tremendo.

Ao perceber o que se passava ele ficou aterrorizado, se lembrando da ocasião em que ele acordara assustado com a reação dela ao vê-lo dormir como Bruce. De novo não! Daquela vez a dor ia ser ainda mais cortante, sua paixão avassaladora estava em um nível acima, ele a amava!

“Sara?”

Ela não respondeu.

“Sara … por favor!”

Ela puxou o lençol até a cintura dele, bem perto da virilha do lado esquerdo, e seus olhos encontraram a marca parecida com um pequeno mapa, de cor rósea, um pouco abaixo do local onde Bruce possuía uma, exatamente igual.

Ela não havia reparado naquele detalhe nas muitas vezes em que fizeram amor, com a luminosidade do dia e a nudez ainda mais explícita, aquela parte dele parecia saltar aos olhos.

“Meu Deus!”

Ela deslizou o dedo sobre o desenho quase perfeito, e estremeceu ainda mais, congelando.

“O que?”

“Grissom, o que é isso?”

“Uma marca de nascença, meu avô também tinha … por que?”

Ele não queria ouvir a resposta dela, desconfiando que não iria gostar, pela expressão apavorada dela.

“Me abrace, por favor!” - O desespero era gritante.

Ele o fez, se sentando na cama, sentindo imediatamente seu corpo convulsionar em soluços muito fortes. Ele a embalou, desejando chorar com ela, sentindo toda sua angústia. De repente ela congelou, seus braços caíram dele, era como se algo a tivesse atingido, o frio dela também o acertou. Silêncio.

Ele a olhou, branco feito cera. 

“Querida, fale comigo, o que há desta vez? O que tem minha marca de nascença?”

Os olhos dele ficaram estáticos quando percebeu de verdade, o que ela estava tentando dizer. 

“NÃO!” - ele quase gritou. Aquilo não era mais coincidência, era assustador e bombástico.

“Grissom … por favor, vamos tentar nos acalmar … nós precisamos pensar, precisamos …. meu Deus …!”

“Bruce tinha … tinha … a mesma marca, não é?”

“Sim …”

“Como?”

“Eu não sei … eu estou tão alarmada quanto você … e com medo, muito medo! Será que … se eu … for até minha casa … você vai ficar bem? Eu preciso pegar uma coisa …”

Foi a vez dele não responder.

“Gil?”

“Vá … eu … vou tentar me acalmar, não se preocupe …”

“Volto logo, eu prometo.”

Ela se vestiu rapidamente, e em alguns poucos minutos estava na casa dela. Um dor lancinante no estômago, se sentindo muito doente, ela se abaixou para pegar algo na gaveta da mesa de cabeceira e se ajoelhou de dor. Era uma dor aguda, mas muito mais forte era seu estado emocional. De repente flashes de Bruce e ela, ele rindo, a abraçando, misturadas a imagens de Grissom, a beijando, a segurando em seus braços. 

“Meu Deus …. por favor, por favor, saía de minha cabeça.”

Um pensamento fixo de que ela estava procurando Bruce em Grissom a acertou em cheio. 

“Não é isso … Grissom é Grissom.” - Ela abraçou seu próprio corpo e ainda ajoelhada teve vontade de gritar. Como ela o encararia? Será que o fantasma dele assombraria seu relacionamento a ponto dela enlouquecer?

Ela tentou de toda maneira se acalmar, mas as sensações pioraram quando sentiu náuseas. Respirando muito fundo, enxugou as lágrimas, se levantou devagar e lavou o rosto com água gelada. 

Ela pegou a foto e saiu sem pensar, não poderia se dar ao luxo de esmorecer, precisava enfrentar, mesmo a matando de dor.

Grissom não moveu um músculo, depois que suas mãos voltaram à sua boca, perplexo ao extremo.

Sara se sentou na cama e mostrou a ele. Na verdade, Bruce era muito parecido com sua mãe, os olhos azuis eram de Grissom, mas Madeleine também tinha olhos da mesma cor, não daria para fazer a ligação. Nada parecia simples. Ele estava de sunga, segurando uma prancha. Era muito nítida, a luz do sol estava batendo diretamente em seu corpo forte, bem próximo ao cós de sua roupa de praia, estava exatamente a mesma marca de nascença. Mas o que fez com Grissom se arrepiasse em horror foi a aparência dele. Ele conhecia aquele sorriso, aquelas mãos!

“Madeleine!”

Ao ouvir o nome da mãe dele, não teve mais dúvidas, se é que ainda existia alguma! 

“Sara … Bruce era meu FILHO!!!”

………………………………………………………………...

“O quê??? Como assim?”

Ele se levantou agarrando o lençol junto à sua cintura e escancarou a janela.”

“Preciso respirar!”

Sara segurou sua cabeça, tentando coordenar seus pensamentos e com a reação dele, ela ficou ainda mais perplexa, repetindo mentalmente, ‘Grissom não é Bruce, Grissom não é Bruce ….’

Ele respirou várias vezes antes de voltar para o lado dela, depois abraçou as próprias pernas e olhou para além, buscando por lembranças.

“Eu era muito jovem e tudo aconteceu antes de minha partida para Las Vegas. Conheci Madeleine em Marina Del Rey, foi um relacionamento breve, nós nos admirávamos profissionalmente, não havia nada além, nos apoiávamos apenas. Algumas semanas depois, eu parti e nunca mais sequer ouvi falar dela. 

Ela viu seus olhos vermelhos, uma vontade enorme de abraçar, de aconchegar, mas uma sensação estranha não a abandonava, uma confusão dolorosa, improvável e frustrante.

“Como ela pôde?

“Gil?”

“Eu não posso acreditar que todo esse tempo … ela nunca me disse, Sara … eu jamais … imaginei!”

“Ela … morreu, ele ainda era um bebê, foi criado pela tia.”

“O quê?”

“Uma doença degenerativa muito agressiva, da descoberta até sua partida … foram poucos meses!”

“Eu sei que ela tinha uma irmã …”

“Jeanine, ela quem o criou …”

“Oh...?”

“Ela vive em Venice Beach com o marido, ele é professor no Instituto de Tecnologia. 

“Isso me conforta … um pouco! É como se … eu .. estivesse no meio de um redemoinho …” - Ele escondeu o rosto nos braços e chorou. Se sentiu perdido, como se tivesse dado algum motivo a ela para desprezar algo tão importante. Como alguém esconde um filho, não importava se não havia amor, havia respeito, ele não merecia ser privado de uma vida que ele também tinha sido responsável em gerar. Ele não merecia, precisava desabafar toda sua impotência, sua frustração.

“Gil … não fique assim … deve ter havido algo … ou ... “

Ele olhou para ela, o rosto banhado em lágrimas!

“Como ele era, Sara?”

Era natural que ele soubesse, se ela estivesse no lugar dele, gostaria de ter todas as informações possíveis. Ela pediu força aos céus, se sentou na cama, não sentindo vontade de tocá-lo e aquilo esmagou ainda mais sua consciência!

“Ele foi criado com todo carinho, era um homem inteligente, um pouco teimoso, mas com um coração generoso. Ele se importava com as pessoas, tinha um carinho especial com pessoas mais velhas, ele era colaborador em uma casa de repouso. Como era arquiteto, ele achou uma maneira de alegrar um pouco a vida dos idosos, ele ensinava a produzir maquetes. Eles adoravam!” - Ele sorriu com a descrição dele, sentindo um orgulho imenso dele ter sido tão especial. E ele tinha sido privado de tudo aquilo! Era revoltante. - “Ele se preocupava demais com os tios! Pra falar a verdade, agora sei que não foi apenas a educação, ele era maravilhoso por genética, Grissom, assim como você!”

“Como vocês se conheceram?”

“Houve um princípio de incêndio no prédio em que morava, ele foi voluntário no resgate dos moradores, deu total apoio com a arquitetura e chegou rapidamente ao coração de meu pai! Ele nos apresentou!”

“Oh … !”

Sara olhou para ele esgotada.

“O que você quer fazer? Tem alguma ideia …”

“Estou muito confuso, e inconformado, talvez. Eu … sei que o que tínhamos não era grande coisa, mas um filho não é algo que se esconde, Sara. Isso não depende do grau de envolvimento, foi muito errado ela me excluir desse jeito!”

“Você … se casaria com ela?” - Sara sabia que naquela época, notícias como aquelas, caíam como bombas nas famílias, talvez ela tivesse ficado com medo, ainda mais sabendo que ele estava vivendo o grande momento dele, e sabendo que ele não a amava. 

“Casar? Não sei … mas não a teria deixado sozinha, eu teria mudado meus planos, eu teria … teria … “- ele apertou o maxilar, muito nervoso, transtornado! - “Ele não teria crescido sem um pai … ou talvez o ajudasse a desviar de sua tragédia … meu Deus, eu já nem sei mais o que estou dizendo!”

“Não diga isso … Bruce era teimoso, Grissom! Nada que pudesse fazer, o faria mudar de ideia. Sua tia insistiu tanto, chegou até ter um princípio de mal estar quando contou que estava saindo e não voltaria sem sua motocicleta. Era o sonho dele, e ele nunca admitiria que tirassem isso dele!”

“Eu só gostaria de saber por que!”

De repente ele se lembrou de algo! As poucas vezes que ficaram juntos, sempre usaram preservativo, ele tinha muita atenção com sexo seguro! Será que ela tinha planejado aquilo? Não … ele não poderia ter sido enganado daquela maneira!

“Eu preciso de ar!”

Sara estava preocupada com a palidez de seu rosto, evidenciando ainda mais os olhos muito azuis. Era doloroso vê-lo sofrer tanto.

“Onde você vai?”

Ele precisava de uma boa dose de álcool, e ficar sozinho, mas como dizer, sem que a magoasse? Ela não tinha culpa alguma naquilo tudo. Nem ele! 

“Preciso beber algo!”

Ele se vestiu rapidamente, ela também e em alguns minutos estavam sentados na sala.

Sara estava de frente a ele, olhando para a expressão distante, os olhos caídos, um copo de uísque com gelo, o segundo! No fundo ela sabia que ele precisava ficar algum tempo só, precisava pensar em como aquela descoberta refletiria em sua vida, ela mesmo queria sair dali também.

O telefone tocou e antes que ele pudesse atender, ela avisou, aliviada.

“Gil … vou para casa, eu … acho que precisa de um tempo, quando quiser, me chame, por favor.”

“Obrigado querida, eu chamarei …”

Era seu agente, querendo uma reunião, e desta vez, pessoalmente. Ele precisava viajar para Las Vegas no dia seguinte.

Ele passou o resto da tarde quase enlouquecendo de pensar, ele precisava do telefone de Madeleine e, se fosse possível ele iria até ela. Aquela história toda teria que ser desvendada, pelo bem de sua sanidade.

Onde ficaria Sara no meio de tudo aquilo? Ele precisava separar as coisas, seu coração quase parou quando imagens de Sara com Bruce invadiram sua mente. Estava apaixonado pela mulher que pertenceu ao seu próprio filho! 

Era loucura demais. 

Quase ao anoitecer, ele quis vê-la, contar o que havia decidido, talvez ter um alento, um fio de lucidez, precisava saber como ela também estava se sentindo, havia sido tão egoísta, pensando somente nele.

Ele bateu na porta levemente, mas não houve resposta. E se ela estivesse descansando, não seria legal que tocasse a campainha, aguardou mais uns segundos e bateu novamente, quando estava desistindo ele ouviu algo se quebrar, vindo de dentro. 

Devagar, ele forçou a maçaneta, a porta estava destrancada, ele entrou vagarosamente,  cacos de vidro estavam espalhados no caminho para o corredor, Sara estava agachada no tapete, chorando convulsivamente, segurando algo junto ao peito. Com cuidado ele deu mais alguns passos quando percebeu que ela segurava um porta retrato.

Ela não percebeu sua presença, ele estava paralisado diante dela, segurando a respiração, ele sabia que era uma outra foto de Bruce, ou talvez deles juntos!

Foi neste momento que seu coração foi apunhalado!

Mil pensamentos em segundos passaram pela sua cabeça. Seus momentos com ela, sua felicidade, o início de planos. 

Ela ainda amava Bruce!


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Notas finais do capítulo

Tenso!



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