Bem Perto escrita por ro_dollores


Capítulo 6
Novas impressões


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito obrigada para quem está acompanhando, e outro muito obrigada para quem está comentando.



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Sara se levantou, vestiu seu robe e foi até a cozinha. Ela tinha adormecido alguns minutos depois, com os carinhos dele em suas costas, calmante e terno.

Pouco tempo havia se passado, ela estava precisando comer algo, nunca acordava na madrugada, mas aquela estava sendo diferente.

“Ei … você me abandonou …”

Ela se virou surpresa, como ela conseguia ser tão bela? Como ela poderia ter se encantado por ele? Era quase inacreditável! Ele tinha vivido quase meio século sem se preocupar com sua metade, como o ditado dizia, todos tinham uma, o que ele achou que não se aplicava para sua vida, mas ela estava ali, sorrindo pra ele, cheia de um brilho tão intenso que ofuscava sua visão.

Ele estava de braços cruzados, a camisa solta fora das calças, descalço,  encostado no batente da porta, os olhos brilhando, um meio sorriso tímido que a fazia mole.

Ela foi até ele, abandonando um prato com algumas frutas sobre a mesa e o abraçou.

“Não tive a intenção … eu estava com fome!” - Ele arregalou os olhos a encarando, depois beijou sua testa. - “Não me olhe assim, como sabe … sou boa de garfo!”

“Você é boa em muitas coisas, minha querida!” - então ele corou e ela precisou segurar uma risada para não constrangê-lo. Tão destreinado, sem noção do quanto era sexy. 

“Você me acompanha?”

“Não .... mas eu aceito dividir a água.”

“É soda, está estupidamente gelada, preciso regular o refrigerador.”

Ela se sentou e ele foi até o eletrodoméstico, diminuiu a temperatura, depois afastou a cortina para olhar a noite, o reflexo da lua embaçada refletida no lago, novos pingos de chuva, retornando.

“O tempo mudou!”

“Sim … adoro cheiro de chuva! É romântico!”

Ele riu e se sentou de seu lado a puxando para seu colo.

“Romântico?”

“Huhum … isso … tem certeza que não quer um pedaço de minha maçã, ou a pêra … que tal as uvas, Gil?”

“Tenho certeza … não estou com fome” - ‘Não esse tipo de fome’, seu pensamento estava o traindo, ela estava o fazendo perder a linha!

Ela o beijou várias vezes nos lábios saborosos.

“Você não se importa que eu te chame assim, não é?”

“De maneira alguma, eu gosto! Pode me chamar do que quiser!”

A mão dele estava em sua barriga, o polegar esfregando a pele exposta pelo robe, ele estava se deliciando com a maneira dela mastigar os alimentos, devagar, quase estudado, ele realmente estava abobalhado com sua conquista.

Enquanto ela comia e olhava para ele com o canto dos olhos, a chuva aumentou e uma brisa fria entrou pelo vão da janela da cozinha, a arrepiando apesar da mão quente que a acariciava.

“Vamos voltar para cama, está esfriando.”

Ele obedeceu imediatamente como um bom garoto.

A chuva havia aumentado ainda mais, ele se despiu e a puxou para ele, cobrindo seus corpos com o lençol.

Sara girou em seus braços ficando de frente para ele, tocando seus cabelos grisalhos, como se estivessem fora do lugar.

Os beijos recomeçaram, seus corpos aumentado rapidamente a temperatura e, mais uma vez fizeram amor, devagar e deliciosamente profundo.

…………………………………………………………………

Sara se sentou na cama, sentindo o corpo dolorido. 

Ela olhou para Grissom que dormia profundamente, a expressão tranquila, descansada, a respiração regular.

Mas ele realmente era um homem muito bonito, os traços perfeitos de seu nariz, a fenda no queixo, o pescoço forte.

Tinha sido uma noite magnífica. Ele era um amante perfeito, inevitavelmente, as comparações surgiram novamente. Bruce tinha suas virtudes, mas ele era diferente, talvez por ser um homem experiente. Foi uma das experiências mais excitantes que havia vivido. Definitivamente, ele era incrível.

Uma das mãos estava entre seu rosto e o travesseiro, de repente ele se mexeu, deslocando o indicador entre os olhos, contornando o nariz, o polegar na bochecha esquerda, enquanto os demais dedos foram para a bochecha direita, como se simulasse uma máscara.

Ela levou a mão à boca e começou a tremer, muitas lembranças novamente encheram sua mente a assustando.

Assim como a forma idêntica em que gostava de red velvet, aquela era a maneira que Bruce geralmente dormia. Não era possível ser perseguida daquela maneira pelo fantasma dele. Pela segunda vez, ela ficou apavorada, os tremores aumentaram.

Como se sentisse que ela o observava, ele abriu os olhos e viu entre os dedos, a imagem apavorada, quase chorosa dela. Imediatamente ele se sentou na cama a abraçando.

“Sara … querida, o que há com você? O que está acontecendo?”

“Desculpe … desculpe … você está fazendo de novo!”

“Fazendo o quê?”

Ele segurou seu rosto entre as mãos a acalmando.

“Você teve um pesadelo ... “

“Não Grissom … sua mão … seu dedos … Bruce!”

Ele não estava entendo absolutamente nada, e ela parecia querer que ele se afastasse dela, estava quase o empurrando.

Então ele a soltou e se ajoelhou no meio da cama, cobrindo parte de seu corpo com o lençol, a olhando e esperando que se acalmasse. Ela escondeu o rosto com as mãos e balançou a cabeça.

“Se acalme ,,, eu preciso saber o que foi que eu fiz! O que tem Bruce? Fale comigo, por favor!”

“Você estava dormindo … como ele, exatamente igual!”

Ele soube que ela ainda se impotava e doeu! Ele se sentiu em um poço profundo e escuro, sufocado, incrédulo. Qual era o problema real? Bruce ainda a assombrava? 

Era a segunda vez em que ela o reconhecia nele, e não era nada bom, era assustador!

Desolado, ele pegou suas roupas e foi até o banheiro para se arrumar e dar um tempo para que se recuperasse.

Ele lavou o rosto, molhou os cabelos, se encarando no espelho.

Como lidar com aquela situação? A noite tinha sido grandiosa, ele estava realmente caído por ela, mas reconhecer que Bruce parecia sempre estar entre eles, o fez repensar se não era muito cedo para ela viver um novo relacionamento.

Ele ainda estava se vestindo quando ouviu a voz dela próxima à porta.

“Gil …”

Ele demorou alguns segundos para responder.

“Sim …”

“Por favor … me perdoa … eu não quis reagir … daquela maneira!”

“Tudo bem … querida, já estou saindo, nós vamos conversar!”

“Por favor …” - ela repetiu!

Momentos depois ele abriu a porta e a encontrou vestida, sentada na cama, cabisbaixa, quebrada. Imediatamente ele se ajoelhou diante dela, segurando em seu rosto, aquela visão o destruiu.

“Ei … tudo bem … eu posso entender … não fique assim!”

Ela puxou a banqueta que estava no canto, próxima à cama e o fez se sentar, depois empurrou seu corpo para o meio da cama, cruzando as pernas em posição de yoga, também cruzou os dedos e suspirou.

“Eu … não tive mais nenhum relacionamento depois de Bruce, como já te disse, então eu não quero que pense que é você.” 

‘Ela vai me dispensar’ — Se ele pudesse se ver, a expressão apavorada, os vincos de sua testa, profundos, os olhos doentes.

“Eu tenho sentido muitas coisas diferentes com você … eu … eu …”

“Sara … eu quero que saiba que está tudo bem!”

“Não … eu sei que não está, se pudesse se ver … você está … está preocupado, eu não quero dizer coisas que te afastarão … eu … sinceramente preciso de um tempo para separar as coisas …”

“Quer que eu vá …”

“Não … fique exatamente onde está! Não faça isso comigo, a não ser que queira sair!”

“Eu não quero! É que você disse que precisa … de tempo …”

“Tempo de explicar e tentar fazê-lo entender, talvez eu não saiba o que explicar, é muito estranho … mas me escute!”

“Faça seu tempo, eu estarei aqui … não vou a lugar nenhum, se isso a deixa mais calma!”

“Tão gentil …”  - ela apertou os lábios, seus olhos molhados se encheram de carinho. - “Eu estou muito … mas muito feliz por ter te encontrado … acredite!”

“Mas …”

“Não tem mas, Grissom! Eu não quero que se afaste de mim, por favor, só preciso mesmo de um pouco de paciência, talvez tenha sido muita coincidência … coisas triviais que, de repente foram jogadas assim … no meio de nós dois … como se … se …”

“Ele quisesse avisar para não esquecê-lo!”

“Não!” - Desta vez ela teve vontade de rir, não acreditava em outras dimensões, elas não existiam e, tinha certeza que se Bruce pudesse indicar alguém para tomar seu lugar, apesar de ser mais velho, este alguém seria parecido com Grissom! - “Isso nunca! Foi um susto e não tive controle de minhas emoções. Apenas peço que … não se afaste!”

“Oh …” - ele teve vontade de segurá-la em seus braços e beijá-la até acabar suas forças.

“Vocẽ pode me perdoar … pela cena?”

“É claro que sim … e se quiser falar sobre isso, faça quantas vezes achar necessário … assim está bom para você?”

“Você é real?”

Ele sorriu mais aliviado, mas em seu íntimo ele sabia que o aviso continuaria ali, talvez com o tempo, aquela sensação de ter um fantasma entre eles, pudesse se dissipar!

Eles se abraçaram e ela o convidou para o café, sentindo o coração mais leve!

…………………………………………………………………

Grissom não conseguia parar o sorriso em seu rosto ao se lembrar dela, precisava se concentrar em finalizar seu livro, e ela aparecia entre as pesquisas como se quisesse brincar com ele. Sua única preocupação era saber que ela ainda tinha sentimentos por Bruce, e ele não sabia como lidar com uma lembrança, era uma área totalmente desconhecida para ele. 

Ele se lembrou de alguém que há muitos anos tivera um breve relacionamento, tinha sido tão rápido, tão físico que quando partiu para Las Vegas, era como se nunca tivesse existido em sua vida. Tinha sido muito fácil e ele tinha certeza que era um relacionamento falido de ambas as partes, então o máximo que tinha como experiência não servia de comparação. Outras mulheres haviam surgido em sua vida, também muito breves, passageiras e sem nenhuma importância. Ele as tratava com carinho e respeito mas nunca com esperanças de que algo evoluísse. Com Sara era muito diferente. Ele estava em outro patamar e, imaginar que pudesse dividir uma vida com ela, parecia inacreditavelmente maravilhoso.

Ele sabia que ela também precisava realizar seu trabalho, muito sigiloso e praticamente secreto, não havia como compartilhar com ele, como poderia compartilhar o seu. 

Ela havia manifestado o desejo de ler o que ele estava escrevendo, seu interesse foi aguçado quando ela quis saber exatamente o que seria sua obra prima, tão aguardada.

Não era uma obra prima, era um bom livro acadêmico, que ajudaria muito o mundo da entomologia. Ele era uma referência e precisava manter o alto nível!

Eles haviam combinado de estarem juntos no almoço do dia seguinte.

Sara não conseguiu cumprir sua promessa, pois tivera uma reunião on line com a equipe que durou quase uma tarde inteira.

Ele se resignou a fazer o tempo dela, assim se enfiou em suas referências e deu uma cara mais espetacular em sua obra. Ele tinha tempo e se as coisas caminhassem como o planejado, ele estaria adiantado, podendo desfrutar de muitos outros momentos com ela.

Ele ouviu a porta e se levantou imediatamente imaginando que pudesse ser ela, mas era sua vizinha Bella, com um vestido muito justo, quase vulgar.

“É … eu gostaria de saber se posso … entrar …”

“Você … precisa de alguma coisa?” - ele olhou para fora, em direção à casa dela, esperando que não estivesse sozinha.

“Só gostaria de agradecer por … ter me ajudado …”

Ele não tinha feito nada que qualquer um faria, mas reparando em seu apelo corporal, ele entendeu que ela tinha outras intenções, era tão nítido que, mesmo um sujeito muito desligado feito ele, notaria com muita facilidade.

“Não é necessário agradecer, nós estávamos por perto, logo …”

“Nós?”

“Sim … Sara e eu …”

“Você e a policial … estão … juntos?”

Ele ficou completamente sem graça, e se ela tivesse interpretado algum gesto errado? Ela era casada, onde estaria o marido? E se fosse realmente um agradecimento, não havia necessidade de ser para ele, tinha sido Sara quem a tinha abrigado!

“Oi Bella!”

A vizinha se virou sem notar o alívio que ele estava transparecendo ao ser interrompido.

“Oi Sara … eu estava agradecendo por ter nos auxiliado, Michael está viajando e não tivemos tempo de mostrar nossa gratidão.”

Então ela entendeu a expressão engraçada de Grissom, ele estava em uma saia justa e aquele vestido provocante era muito fácil de ser lido! Ela estava flertando com ele!

“Ah … não se preocupe com isso, nós ficamos preocupados!”

Ela tratou de se despedir rapidamente, ele a puxou para dentro, tomando cuidado com algo que ela estava carregando.

“Ela estava flertando com você, que mundana!” - Ela começou a rir, equilibrando o pacote enquanto ele trancava a porta como se ela pudesse invadir sua propriedade e pegá-lo à força. Foi instintivo.

“Isso não teve graça!”

“Confesse que você estava gostando da situação! Eu vi!” - Ela sabia que não, e agradeceu aos céus mais uma vez, se talvez ele fosse outro tipo de homem, estaria lisonjeado e não aterrorizado!

“Eu não estava gostando … achei que fosse você!”

“Eu vi, estava espiando da janela …”

“Eu não acredito!”

“Estava divertido!”

“Não para mim ... e pare já com isso, Sara!”

“Estou brincando, Gil … vim me desculpar pelo furo!”

“O que é isso?”

“Red Velvet e café!”

Ele olhou para ela, parecendo uma criança, surpreso. Ela aproveitou e lhe deu um beijo doce! Ele havia falado com ela apenas por telefone e era tão bom tê-la por perto com sua sobremesa favorita.

“Antes que me pergunte, eu comprei, não sou muito boa na cozinha, não se iluda comigo!”

“Tem mais alguma coisa que eu precise saber?”

“Meu pai é uma fera, mas minha mãe é um doce!”

“E isso é bom ou ruim?”

“É bom e ruim!”

Ele olhou para ela em dúvida, tinha um rosto expressivo e muito fácil de ler.

“Como é isso?”

“Você vai entender …. um dia!”

Ele levantou um ombro e ajeitou a mesa para receber a caixa bem embalada, e a jarra de café que cheirava maravilhas.

Ele parecia um garotinho quando olhava para aquela sobremesa, desde sempre, sua preferida. Houve um tempo em que foi até mesmo o influenciador da modalidade diferente de degustar o bolo vermelho. Todos que compartilhavam com ele, tinham pelo menos que experimentar daquela maneira, muitas delas também adotavam seu estilo. Era divertido e delicioso.

“Você pediu do jeito que gosto!” - Ele não tinha certeza se aquela era uma maneira de tentar dissuadir que o gosto de Bruce não pesava mais entre eles, ou apenas para agradá-lo mesmo. Assim, optou por aceitar sua segunda opção, segurando sua mão e beijando os dedos delicados.

“Obrigado querida, foi muita consideração sua se lembrar.” - a resposta o deixou ainda mais confuso.

“Impossível não fazer, Gil!”

Ele resolveu não registrar em expressões, para não prolongar a impressão ruim e degustar daquele manjar dos deuses para ele.

“Este café … está diferente … é bom!”

“São cápsulas de ‘Viagens’, eles tem uma seleção espetacular que faz com que você dê voltas ao mundo com os sabores típicos, esse é da Dinamarca, tem um toque de …”

“Canela e pimenta”

“Você é bom … seu paladar é apurado!”

Eles dividiram o generoso pedaço. Na verdade ela já tinha experimentado daquela maneira, mas preferia doces menos elaborados, era bom, mas a mistura era diferente e estranha .…

“Como está seu livro?”

“Indo muito bem …”

Um tempo depois, Sara estava encostada a ele no sofá, que estava relaxado e tinha os pés sobre um puff e um dos braços sobre os ombros dela. 

A mão dela estava em sua coxa e, como se tivesse vontade própria, ela acariciou a região com as unhas.

Foi o dispositivo para que ele a apertasse contra seu corpo e desse início a muitos beijos de todas as intensidades, curtos, longos, castos, lascivos, e eles se deliciaram com a intimidade fácil!

Com delicadeza, ele a deitou no sofá e esqueceram o televisor, o livro, o café compartilhado, e se concentraram em dar prazer um ao outro por um longo tempo.

Quanto chegaram quase juntos, ela estava sentada sobre ele, compartilhando também um beijo profundo e saboroso.

“Você é linda … Sara, eu não sei se mereço …”

Ela sorriu entre os beijos, ele era tão modesto e ignorava o poder que tinha sobre o sexo feminino, total sorte dela.

“Cale-se e continue me beijando, Gil …”


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Notas finais do capítulo

A Sara manda, ele obedece!



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