Primeira missão escrita por Benuzinha


Capítulo 1
Investigação


Notas iniciais do capítulo

Essa história foi feita para um desafio de crossover e como eu revi Card Captor Sakura recentemente, decidi fazer com o Syaoran, que eu amoooo!!! E achei que calharia muito bem o Kiki, principalmente em um futuro em que ele assumiria o posto de cavaleiro de áries. Sua primeira missão. Não decidi seguir exatamente o saga clássica, nem o ômega, então será o futuro que você preferir hehe



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— Hong Kong?

Kiki olhou para Saori sem conseguir esconder sua surpresa. A deusa havia dito que tinha uma missão para ele, mas o jovem recém sagrado cavaleiro de Áries imaginara que era algo mais corriqueiro, como supervisionar o treinamento de algum aprendiz ou acompanhá-la para algum evento importante com algum governante de um país qualquer.

— Chegaram até mim as informações de estranhas vibrações vindas de algum lugar de Hong Kong e eu gostaria que você fosse investigar.

— Farei o que me ordenar, Atena – ele respondeu com seriedade.

Saori olhou para o defensor da armadura de ouro de Áries e pensou em como ele havia amadurecido. Pouco lembrava aquele menino levado que acompanhava Shiryu para todo lado na mansão Kido. Agora com quinze anos, ele estava cada vez mais parecido com seu antigo mestre Mu, o valoroso guerreiro que fora seu predecessor à frente da Primeira Casa. Depois do seu sacrifício no Muro das Lamentações, juntos com os outros cavaleiros de ouro, Kiki não tivera outro mentor. E, Atena suspeitava, ele ainda sentia uma terrível falta de seu falecido mestre.

— Por favor – continuou ele. – Me passe os detalhes da missão.

Dois dias depois, Kiki estava viajando a bordo do jato particular de Saori para a região administrativa mais famosa e ocidental da China. A viagem, de aproximadamente 13 horas, com uma escala em Dubai, havia sido bem tranquila e, por estar viajando sozinho, ele passara boa parte do tempo lendo uma história de romance policial sobre uma gangue de motoqueiros e uma detetive. Tranquila o bastante para que ele pudesse sentir uma considerável ansiedade por aquela que era sua primeira missão como cavaleiro.

O aeroporto estava bem movimentado, por volta de 11 horas da manhã. Pessoas de variadas idades e tipos passavam para lá e para cá, apressadas, procurando nas diversas telas quais eram seus portões de embarque e a voz de uma mulher no alto-falante anunciava os horários dos voos, fazendo as últimas chamadas dos retardatários. Kiki olhava em volta, muito curioso e interessado em todo aquele movimento, tão frenético e tão diferente da vida, tanto no Santuário, quanto de Jamiel.

Saori havia dito que uma assistente o esperaria ali e ele procurou, sem sucesso, alguém segurando uma placa com seu nome, ou algo assim. Mas todas as placas eram para outros passageiros. Decidiu dar uma volta pelo lugar, talvez a pessoa estivesse em parte do aeroporto, ou talvez tivesse ido ao banheiro.

A escolha por um vestuário simples, calça jeans, jaqueta e camisa branca, se mostraram pouco eficientes para se misturar à multidão, já que os cabelos alaranjados e rebeldes e as pintas no lugar das sobrancelhas eram bem pouco discretos, assim como a urna da armadura de ouro nas costas. O rapaz a quem ele pediu informação de onde era o banheiro o encarava tão boquiaberto que ele temeu que sua mandíbula pudesse deslocar.

Depois de rodar mais uns cinco minutos e sentir que começava a ficar impaciente, Kiki pegou o celular que Saori havia lhe dado e, quando estava prestes a ligar para o departamento responsável da Fundação Graad, ouviu alguém chamar seu nome

— Senhor Kiki! – dizia a voz feminina. – Senhor Kiki!

Ele olhou para trás e viu uma jovem chinesa parada atrás de si, com o rosto ligeiramente corado e parecendo afobada. Apesar disso, seu coque muito bem feito não tinha um fio fora do lugar. Assim como a calça social preta e a blusa de seda de um tom amarelo pálido.

— É o senhor Kiki, não é? Do Japão? – ela perguntou e se inclinou em um pedido de desculpas. – Me perdoe, eu me atrasei porque meu irmãozinho quis me ajudar a fazer o café-da-manhã e quase colocou fogo na casa.

— Tudo bem – ele respondeu com tranquilidade.

— Obrigada pela compreensão – ela levantou o olhar, aliviada. – Sou Wang Xinyue. Fui orientada a acompanhá-lo até suas acomodações e levá-lo aonde desejar. Por favor, venha comigo até a saída do aeroporto, para que possamos entrar no carro.

Era um dia nublado, não muito frio ali na agitada Hong Kong. Enquanto passavam pela Rota 8, durante o longo caminho entre o aeroporto e o local onde ficariam hospedados, Kiki sentiu uma coisa estranha no momento em que passavam pelo Hong Kong Disneyland Resort, o enorme parque de diversões da Disney.

— É lindo, não é? – Xinyue comentou, notando seu interesse. – Este é o maior parque temático da cidade.

— Sim, muito interessante – ele respondeu, pensativo.

O hotel Mandarin Oriental, onde ficariam hospedados, era um dos mais bem conceituados localizado bem no centro. Seus impressionantes 25 andares deixaram boquiaberto até mesmo o jovem cavaleiro, pouco ligado aos luxos mundanos. E era mesmo uma pena que o belo quarto, com uma gloriosa vista da cidade, seria tão pouco aproveitado.

— Senhorita Wang - Kiki perguntou, antes que ela o deixasse para se instalar em seu próprio quarto, ao lado do dele. – Que horas fecha o parque?

— Como hoje é quinta-feira, o encerramento das atividades será à 20:30 h – ela olhou no relógio em seu pulso. – Temos algumas horas ainda, caso queira ir hoje. Mas devo sugerir que será mais proveitoso visitá-lo amanhã.

— Preciso que agende o carro para me levar até lá às 22 horas. – ele falou com autoridade. – Mas ele não precisa me esperar lá. Preciso apenas que me leve até o local.

Xinyue hesitou por um momento, prestes a fazer alguma observação sobre o inusitado pedido, mas se conteve. A fundação Graad era grande e poderosa e, se ela fosse esperta, manteria o nariz bem longe dos assuntos deles.

Kiki olhou com cautela a assistente anuir, dizendo que marcaria o horário com o motorista e entrar no quarto. Ele entrou na própria suíte e respirou fundo, aliviado por ela não ter feito nenhuma pergunta. Afinal, ele sabia o quanto o próprio pedido havia sido estranho.

Muitas horas mais tarde, Kiki se preparava para entrar no carro com o motorista, o Sr. Zheng, quando viu a Srta Wang saindo pela porta da frente do hotel, segurando as bordas dos casacos para se proteger do vento frio que soprava.

— Sinto muito, senhor Kiki, espero que não pense que o atraso é um hábito meu – ela se desculpou.

— Tudo bem, ainda faltam cinco minutos para a hora marcada. Mas eu não entendo, você não precisa ir – ele franziu o cenho, enquanto ajeitava a urna da armadura no banco traseiro.

— Como não? – ela o encarou com firmeza. – Eu sou sua assistente enquanto estiver aqui, e devo estar sempre a postos para poder ajudar.

— Está bem, senhorita Wang – ele não estava disposto a perder tempo discutindo aquilo. - Mas, por favor, se eu pedir a você para que se afaste, preciso ter certeza que me obedecerá. Entende?

— Farei o que me ordenar – ela assentiu com toda seriedade.

Embora, no momento em que ele se virou para entrar no veículo, ela uniu as sobrancelhas e mordeu o lábio, pensando no quanto aquilo tudo parecia cada vez mais estranho. Contudo, ao sentar ao lado dele no banco de trás, Xinyue estava novamente composta e profissional como sempre.

Como já era bem tarde, o trânsito estava bastante tranquilo e, em meia hora, o Sr. Zheng estacionava na calçada do parque, alguns metros distante da entrada fechada, distanciando-se dos vigias parados bem na frente do portão.

Kiki saiu e, ao colocar os pés no chão, percebeu que estava no lugar certo. Uma estranha vibração de energia saía dali. E parecia cada vez mais forte.

— Senhorita Wang, você e o senhor Zheng estão liberados agora.

— Mas senhor Kiki, nós podemos ajudar – ela respondeu. – Não é, senhor Zheng?

O senhor Zheng, no entanto, já se afastava, muito satisfeito em ser liberado logo daquele serviço esquisito. Hesitante, ela o seguiu de volta para o carro, enquanto o cavaleiro de Áries andava pela calçada, pensando como encontraria uma maneira de entrar discretamente no parque fechado. O carro saiu e ele decidiu que, já que estava completamente sozinho, poderia simplesmente se teleportar para dentro lugar. No entanto, talvez aquilo chamasse a atenção de seja lá o que estivesse escondido.

Quando se virou para trás, para se certificar de que não havia realmente ninguém por perto, ele quase deu um salto para trás.

— Senhorita Wang! O que está fazendo aqui?

— Eu disse que poderia ser útil – ela balançou um molho de chaves no ar.

— Como tem essas chaves?

— Tenho meus truques – um sorriso satisfeito dançava em seus lábios.

Vencido, Kiki a acompanhou até uma porta mais escondida e menor, restrita aos funcionários e que não estava sendo vigiada por ninguém. Passaram pelo estacionamento interno e chegaram no enorme chafariz com uma estátua do Mickey surfando em uma baleia.

O parque estava com poucas luzes acesas e grande parte de seu encanto se perdia no escuro. Ainda assim, era um lugar muito impressionante.

— Onde precisamos ir? – Xinyue sussurrou.

Kiki fechou os olhos e tentou sentir de onde vinha a energia estranha.

— É para lá – ele apontou a direção.

— O Castelo da Bela Adormecida?

— É... Acho que sim.

— Tudo bem. Vamos, mas vamos ter que ficar do lado de fora. Eu não tenho achave de lá.

Conforme caminhavam, Kiki sentiu uma coisa diferente, vindo de outra direção. Um tipo de energia mágica e poderosa, diferente do cosmo que os cavaleiros aprendiam a manipular. Cuidadosamente, o guerreiro de Atena continuou sua trajetória, seguido por Xinyue e percebeu que o caminho do outro intruso convergia para o mesmo local.

— Senhorita Wang...

— Sim?

— Você sabe o que eu sou? – ele perguntou sem olhar diretamente para ela.

— Um funcionário da fundação Graad? – arriscou ela.

— Definitivamente não – ele a encarou e, pela primeira vez, sorriu para ela. Entretanto, o sorriso logo se apagou. – Talvez coisas estranhas possam acontecer. Seria melhor que fosse mesmo embora.

Xinyue o encarou diretamente, analisando o que ele acabara de dizer, mas não se afastou. Talvez, se tivesse ideia do quanto ele estava certo, ela tivesse saído dali o mais rápido possível. Contudo, ela não tinha como saber e, por isso, continuou teimosamente ao seu lado.

Kiki andou até a frente de um café e fez sinal para que ela parasse atrás dele. Estava cada vez mais próximo o terceiro elemento daquela trama confusa e o jovem cavaleiro achou mais prudente esperá-lo se revelar.

De uma rua transversal, um vulto finalmente surgiu. Era um rapaz, devia ter a mesma idade que ele e usando um traje cerimonial em tons de verde e preto. Assim que os viu, o garoto parou e olhou na direção de ambos de uma maneira que dizia que ele também havia sentido sua presença.

Xinyue instintivamente segurou o braço de Kiki, assustada por ver outra pessoa ali. Ele a fitou, pousou sua mão sobre a dela por um instante e andou na direção do estranho, afastando-se dela. Ele não parecia hostil e Kiki sentiu a curiosidade aumentar.

— Parece que não sou o único que decidiu vir investigar – o cavaleiro falou por fim, parando a poucos passos do outro.

— Então você também é capaz de sentir – o garoto respondeu.

— Sim. Sou Kiki e aquela é minha amiga, Wang Xinyue.

— Li Syaoran. – os olhos castanhos de Syaoran o analisaram. – Você também é mago?

— Na verdade, não. – Kiki hesitou e olhou para Wang, esperando que Li entendesse.

— Sei... – Syaoran olhou de um para o outro e então se virou na direção do castelo. – Eu vim do Japão para visitar minha família e senti essa vibração estranha.

— Você não sabe o que pode ser? – Kiki perguntou.

— Não... mas é alguma coisa muito poderosa.

Xinyue olhava para os dois, sem entender sobre o que exatamente eles estavam falando. E, quando os dois garotos começaram a andar juntos na direção do castelo, ela achou ainda mais inusitado. Afinal, qual era a probabilidade de duas pessoas tão excêntricas, que não se conheciam se encontrarem em um parque de diversões fechado, no meio da noite, e falando sobre “vibrações estranhas”. Começava a achar que o senhor Zheng estivera certo ao sair de cena na primeira oportunidade.

Os rapazes pararam na entrada do castelo e o olharam de cima a baixo, procurando qualquer coisa diferente. O prédio era lindo, com suas torres diversas e coloridas e a estrutura digna de um conto de fadas.

Foi muito de repente. Uma luz intensa brilhou no telhado e desceu de um salto, parando bem na frente deles. E a visão fez os três soltarem um grito de terror.

A figura, que possuía o formato de um homem com cerca de cinco metros, não tinha cabeça. Em seu tórax estava o rosto, com os olhos em seu peito e a boca em seu ventre. Em uma das mãos, girava o machado e na outra segurava o escudo. Uma criatura realmente aterrorizante.

— Xingtian... – Syaoran e Xinyue murmuraram praticamente ao mesmo tempo.

— O quê? – Kiki perguntou, confuso, enquanto colocava a urna no chão, sem tirar os olhos do monstro.

— Xingtian, aquele que lutou com os deuses... – Syaoran respondeu, ainda sem acreditar. – Mas porque ele apareceu novamente nesse mundo?

— Como assim novamente? – Xinyue estava bem próxima de um ataque de pânico. – Eu achava que ele era só uma lenda!

Kiki, por sua vez, não estava assim tão surpreso. Afinal, ele mesmo já vira os cavaleiros em incríveis batalhas sempre desafiando os deuses. Apesar de que todos eles sempre tiveram as cabeças em seus devidos lugares. Literalmente.

— Ele é... Mau? – Kiki perguntou, para ninguém em especial.

— Não faço ideia... Dizem as histórias que ele enfrentou o Imperador Amarelo pela supremacia divina. Ele perdeu a cabeça na luta, mas os olhos e a boca reapareceram em seu tórax e ele voltou, disposto a continuar lutando – Syaoran respondeu.

— Isso não parece muito animador. – o cavaleiro retrucou. – Não imagino um bom motivo para ele reaparecido na Terra. – e, pensou consigo mesmo, se Atena o enviara ali, definitivamente não era nada bom.

— Ei... – Xinyue chamou a atenção dos dois. – Ele está olhando pra nós.

O gigante, de fato, olhava na direção dos três, ainda girando o machado de forma ameaçadora.

— Kiki! – nessa hora, a jovem assistente ignorou as formalidades e se escondeu atrás dele. – Ele ta vindo pra cá! Ele ta vindo pra cá!

— Fique calma – ele falou para ele com a voz tranquila de sempre, como se não viesse uma criatura sem cabeça e com uma arma afiada nas mãos diretamente em sua direção. – Eu vou te proteger.

Xinyue sentiu uma aura quente rodeando os dois e, mesmo sem saber do que se tratava, aquilo a fez sentir segura. O cavaleiro de Áries elevava seu cosmo, pronto para a sua primeira batalha como defensor de Atena.


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