Com amor, Rosie escrita por brooke


Capítulo 4
IV


Notas iniciais do capítulo

oioi, estrelinhas, como vocês estão? ♡

eu juro que tentei trazer esse cap antes do natal, mas devido a correria das festas, só consegui agora, e nós temos muuuita coisa para conversar antes do ano acabar!

primeiramente gostaria de falar sobre a recente polêmica da JK sendo transfóbica, e como criadora de conteúdo da saga, me sinto na obrigação de me posicionar. deixo claro aqui que NÃO concordo e repúdio qualquer tipo de ato assim, mas Harry Potter me ajudou em momentos muito dificeis da minha vida (quando perdi meu pai, por exemplo) e eu não consigo simplesmente deixar essa saga para trás porque é quase uma parte de mim. novamente, não concordo com muitas atitudes da autora, mas largar tudo isso, por enquanto, é dificil.

segundo, venho aqui informar aos meus leitores que talvez A Garota Que Você Não Quis seja excluída, ainda não é nada concreto, mas por ora o que posso dizer é que será muito difícil eu mudar de ideia, porque não me sinto mais entusiasmada e feliz escrevendo, assim como sei que vocês também não se sentem dessa forma lendo, por isso, aos que leem aqui e lá, e repararem no sumiço, deixo meu aviso desde aqui. AGQVNQ me trouxe leitores maravilhosos e muitas coisas boas, mas infelizmente, não acho que consiga continuar a escrever aquela história, me desculpem.

por último, venho aqui dizer que meu foco total em 2020 será em Com Amor, Rosie, não posso prometer capítulos regulares porque vou me mudar e uma nova etapa (infelizmente adulta) da minha vida vai começar, mas prometo que me dedicarei com todo meu coração nessa história que tem todo meu amor e carinho! ♡

quero finalizar Wrong Girl também e tenho um rascunho de uma Scorose beeem diferente de todos os clichês que vocês tão acostumados a ver por aqui, então só aguardem hihi! ♡

antes de encerrar, deixo aqui também meu agradecimento a Lê Malfoy, JuliaMiguel, a Bruh e a Alice que deixaram comentários no último cap, e todos vocês que tão acompanhando e favoritando, me motivando cada vez mais aqui! muito, muito obrigada ♡

por agora é só, desejo a vocês um ano novo próspero e cheio de coisas boas e fanfics para nós! ♡

um beijão meus amores,
boa leitura! ♡

ps: muffliato é o nome em original do feitiço traduzido aqui como “abaffiato”.



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Toda atenção da família Weasley presente na sala se voltou inteiramente para Scorpius e Rose, assim que os dois adentraram a sala d'a Toca. O rapaz, não parecendo nem um pouco intimidado com os olhares, depositou um beijo singelo na testa da ruiva, que já sentia suas bochechas tão vermelhas quanto seus cabelos, murmurando algo sobre falar com ela depois. Sem saber o que fazer, Rose acenou positivo automaticamente, arrancando um sorriso do rapaz — que pelo brilho divertido em seu olhar, ela pôde deduzir que ele estava adorando toda atenção recebida — antes do mesmo se virar e subir as escadas.

Um silêncio quase palpável reinava no cômodo, sendo interrompido apenas pelo ranger baixo da madeira velha da escada, quando Albus subiu atrás do amigo.

Ainda atordoada com os últimos acontecimentos, a Weasley se juntou a Lily e Dominique no sofá e agradeceu internamente quando as duas, percebendo que ela não queria falar nada sobre o assunto naquele momento, continuaram a conversar normalmente, fazendo todos voltarem as suas respectivas conversas e tarefas de antes.

Sabia que tudo aquilo era parte do plano, mas ainda assim, era tudo muito novo. Passará anos em Hogwarts imaginando como seria uma aproximação naquele nível com Scorpius, e mesmo assim, nada com que sonhou naqueles tempos chegou perto da real sensação estranha — porém boa — dos lábios do rapaz em sua testa, obrigando-se a lembrar que tudo não passava de um plano.

—... e então ele disse que queria um nome que remetesse a alguém que foi importante para a história dele e do pai, e sugeriu Hagrid ou Minerva! — Rose se forçou a prestar atenção na conversa das primas, tentando afastar qualquer pensamento relacionado a Scorpius, ao mesmo tempo que Dominique exclamava indignada. — Merlin sabe o quanto adoro os dois, mas mesmo assim não quero que meu bebê tenha esses nomes!

— Vocês nem ao menos sabem qual o sexo do bebê e já estão brigando por besteiras? — perguntou Lily rindo, arqueando a sobrancelha.

— Não é besteira! — a loira exclamou, novamente, indignada. — Um nome é muito importante e diz tudo sobre uma pessoa, e, nesse caso, a pessoa que meu filho ou filha irá ser!

— Você é a pessoa mais neurótica que eu conheço, Nick, e estou falando sério. — brincou, fazendo Dominique rolar os olhos.

— Estou certa, não é, Rosie? — as duas primas se viraram para encarar a outra.

— Não gosto de me meter em assuntos de casais. — declarou, dando de ombros. — Mas acredito que o nome do bebê tenha de ser uma escolha conjunta dos pais, se não gostou das sugestões, seja sincera com Jay, tenho certeza que ele entenderá.

Dominique suspirou, se recostando de maneira mais relaxada no sofá.

— Talvez você esteja certa. — mordeu o lábio inferior. — Vou procurá-lo. — anunciou.

Não dando tempo para respostas, Dominique se levantou, deixando Lily e Rose sozinhas. A mais nova encarou a prima, parecendo ponderar sobre falar alguma coisa. Percebendo isso, a Weasley suspirou.

— Pode perguntar, Lily, embora acho que não tenho as respostas para o que você quer saber.

— O que foi isso com você e Scorpius agora há pouco?

Então Rose percebeu que realmente não tinha respostas para aquela pergunta. Havia combinado uma história com o rapaz, mas Lily e Dominique descobririam toda verdade assim que os dois anunciassem o — falso — namoro. Mesmo assim, não sabia se podia simplesmente contar tudo, porque todo o plano partiu de Scorpius, ela não estava sozinha naquilo e esse pensamento, de alguma maneira, confortou seu coração.

— Conversamos depois do jantar. — respondeu por fim, se levantando e deixando Lily desta vez sozinha.

Decidida a resolver aquilo com o Malfoy, Rose subiu as escadas, encontrando a porta do quarto do rapaz entreaberta. Pela fresta, pôde ver Scorpius, já com uma calça de moletom e uma blusa de mangas longas, deitado em sua cama com um livro em mãos e seus óculos de leitura, com a mesma expressão entediada de sempre.

— Estou falando, Scorp, se tudo isso for realmente verdade, eu vou respeitar, mas se não passar de um plano e um joguinho idiota seu, juro que nós dois iremos resolver isso. — escutou a voz de Albus dizer, só então se dando conta que o rapaz não estava sozinho.

— Alice, sua namorada, deve estar te procurando, não é? — retrucou o outro, sem desviar os olhos do livro.

Albus, percebendo que Scorpius era uma causa perdida e não falaria nada do que não gostaria de falar, bufou, seguindo para fora do quarto e dando de cara com Rose ao abrir a porta.

— Hey. — cumprimentou, parecendo surpreso.

— Hey. — sorriu timidamente, encarando os olhos verdes do rapaz. Ela abriu e fechou a boca várias vezes, incerta do que falaria ao Potter.

— Rosie? — escutou a voz de Scorpius a chamar, trazendo de volta para realidade. O moreno por fim resolveu sair, deixando o caminho livre para o campo de visão do Malfoy.

— Oi. — sorriu amarelo, encostando-se no batente da porta.

— Já está com saudades, Weasley? — um sorriso divertido brincava nos lábios do rapaz e, por alguns segundos, Rose sentiu seu estômago revirar, ao mesmo tempo que se sentia hipnotizada, pensando que não achava que Scorpius poderia ficar mais bonito, até o ver com seus óculos de leitura.

— Eu... Queria conversar sobre algumas coisas.

O loiro acenou positivamente, indicando para que ela entrasse no cômodo e fechasse a porta. Rose só se sentiu confortável para falar depois do rapaz murmurar um Muffliato, um feitiço que abafava o som do local para os curiosos de fora, e um outro qualquer para trancar a porta.

— Estou ouvindo. — murmurou, pondo o livro de lado e se sentando na cama. Rose mordeu o lábio inferior.

— O que eu falo a Lily e Dominique? — perguntou. — Digo, elas são minhas melhores amigas, vão saber na hora que é tudo uma mentira!

Scorpius ficou quieto por longos segundos, analisando a situação.

— Diga a verdade. — deu de ombros.

— Como é? — questionou, achando ter escutado errado.

— Diga a verdade. — Scorpius repetiu pacientemente. — Se elas de fato a conhecem melhor que ninguém, então não há porque esconder isso delas, além do mais, as duas podem nos ajudar sempre que necessário.

Rose acenou com a cabeça, meio a contra-gosto. Não é como se não quisesse contar nada as melhores amigas, mas uma parte dela, uma pequena e teimosa parte, gostaria de não dizer nada porque, no momento que soltasse toda a situação, ela admitiria que tudo não passava de uma mentira. E Rose não queria dizer que o relacionamento dos dois era falso, por conta do orgulho, claro, preferia repetir pra si mesma.

— O que você e Albus conversavam?

Scorpius deu de ombros.

— Ele queria saber sobre a carta.

— Então ele recebeu mesmo? — sentiu o coração acelerar, as mãos suarem e sua respiração ficar pesada demais para ser normal.

— Sim. — concordou o rapaz. — Mas não se preocupe com isso.

A Weasley o olhou indignada. Scorpius estava brincando, não é? Mas assim que seus olhos encontraram os acinzentados do Malfoy, Rose soube que ele estava falando realmente sério, e com isso, sentiu seu rosto esquentando de uma maneira que só fazia em situações em que ela estava, no mínimo, brava.

— Não me preocupar? — explodiu. — Você espera que eu não me preocupe quando meu primo recebe minha carta repentinamente, após anos, justamente quando você me coloca nessa cilada, coincidência, não é, Malfoy? Aliás, é bom ressaltar, que a carta em questão é a qual eu revelava todos os meus sentimentos para ele! Como que eu vou falar com ele agora? Como vou olhá-lo? Ou pior, como irei falar e olhar para Alice, a namorada dele? Tudo isso foi uma péssima ideia, não sei onde estava com a cabeça quando concordei com esse plano idiota!

Os olhos de Scorpius assumiram um tom escuro, característico de quando ele estava nervoso, embora seu rosto continuava inexpressivo, talvez beirando a seriedade.

— Acha que eu gosto dessa ideia? De estar em um relacionamento falso com alguém tão cega e egoísta com os sentimentos alheios? — perguntou, e embora Rose mantivesse a cara séria, sentiu seu coração afundar dentro do peito com as palavras duras do Malfoy. — Sugeri esse plano porque Albus é meu melhor amigo, e em algum momento do passado, a considerei uma amiga também, e eu nunca deixo meus amigos nas mãos. Se acha uma péssima ideia, que eu enviei essas cartas idiotas e não quiser continuar com isso, fique à vontade para falar agora e nós dois seguimos o resto do recesso sem trocar uma palavra. Eu não tenho nada a perder com isso, mas e você, Weasley?

A ruiva não conseguiu responder nada, absorvendo as palavras do rapaz. O que Scorpius queria dizer com cega e egoísta com sentimentos alheios? De quem eram esses sentimentos que Rose não enxergava? Dele? Não, o Malfoy não fazia esse tipo... Ou será que fazia?

Vendo que Rose não falaria mais nada, Scorpius murmurou seco:

— Se não tem nada para acrescentar, pode sair. — a ruiva piscou atônita, ele estava mesmo expulsando-a? — Nos vemos no jantar, onde daremos início ao plano. Ao menos pareça sentir algo por mim. — a última frase saiu mais amarga do que o rapaz gostaria.

Com um aceno na varinha, Scorpius desfez o feitiço do som e da tranca, deitando-se novamente em sua cama e voltando sua atenção para seu livro, ignorando completamente uma Rose Weasley completamente sem reação parada no meio do seu quarto.

{...}

A mesa do jantar já estava completa, e Rose sentia uma ansiedade absurda tomar conta do seu corpo cada vez que Scorpius abria a boca para dizer algo. Como sempre, não sabia o que de fato o Malfoy planejava, apenas sabia que era ali que começariam toda encenação e isso era mais que suficiente para deixar a ruiva à beira de um ataque.

— O que você e minha filha foram fazer de tarde, Malfoy? — foi Ronald Weasley quem trouxe o assunto à tona, pegando a tigela de batatas que Hermione o oferecia.

Scorpius, pela primeira vez desde o desentendimento dos dois, olhou rápida e diretamente para Rose. Qualquer um que observava de fora, interpretou aquele olhar como de nervosismo sobre o assunto que se desenrolaria, mas a Weasley sabia que era um aviso. Tudo começava agora.

— Nós fomos... hm... — o rapaz parecia nervoso, mas a ruiva sabia que era fingimento. Scorpius Malfoy era realmente um bom ator. — Discutir como contaríamos as novidades.

— E quais são as novidades? — resmungou o pai da garota, já parecendo mal humorado.

— Não me diga que os dois pombinhos finalmente resolveram confessar seu amor e estão juntos? — brincou James, fazendo todos darem risadas.

Todos, exceto Rose e Scorpius, gargalharam com aquela ideia que parecia absurda demais, mas ao perceberem o silêncio dos dois, um a um a ficha dos presentes foram caindo. As bocas se entreabriam em choque e os olhos arregalavam, em uma sequência engraçada.

— Como é? — Ronald foi o primeiro a se recompor, tão vermelho quanto seus cabelos. — Você, seu projeto de doninha saltitante, eu sabia que nunca deveria ter deixado meu sobrinho trazer você aqui! Agora, veja só o resultado, esse idiota está andando por aí de mãos dadas com a minha doce filhinha!

— Ronald! — ralhou Hermione.

— Não só andando de mãos dadas, não é, Roniquinho? — George abriu um sorriso maldoso que aumentou ainda mais quando viu o irmão mais novo arregalando os olhos. — Isso explica porque Scorpius passa tantos dias na América...

Rose sentiu as bochechas corarem com as insinuações do tio e quase lançou um Crucio em Scorpius quando viu um sorriso ladino e quase cafajeste surgindo nos lábios do rapaz. Por sorte, seu pai parecia ter reparado também e estava mais disposto do que ela a ir para Azkaban.

— Que sorriso pervertido é esse, garoto? — o homem se levantou, avançando em direção ao Malfoy. — Vamos ver se você irá sorrir quando eu lhe lançar algumas maldições imperdoáveis!

— Ronald, chega! — Hermione se levantou também, segurando o marido com a ajuda de Harry. — Você tem ideia de que é um auror respeitável e que dizer essas coisas é simplesmente um insulto a tudo que lutou até hoje? — advertiu.

— Mas Hermione...

— Sem “mas”, Ronald Weasley! Sente-se e termine seu jantar sem perturbar ninguém, sua filha não é mais criança! — fuzilou o marido com o olhar, em seguida virou-se para Rose, com gentileza nos olhos e no sorriso, uma mudança bem brusca, pensou Scorpius. — Parabéns querida, eu e seu pai sabemos que Scorpius é um bom rapaz.

Bufando, Ronald obedeceu a mulher, ainda fulminando o Malfoy com o olhar. Rose se limitou a acenar positivamente para mãe e sorrir timidamente.

— Desde quando vocês estão juntos? — Rose se virou para o dono da voz, encontrando os olhos indecifráveis de Albus a encarando. Sentiu suas bochechas corarem.

— Não faz muito tempo. — conseguiu murmurar. — Nos encontramos nos Estados Unidos e acabamos nos aproximando.

— Se encontraram por acaso? — perguntou, parecendo não acreditar em uma palavra que a ruiva disse.

— Eu gostava de Rose já na época de Hogwarts e todos esses anos senti que nossa história não acabou da maneira que deveria. — ele falava calmo e, se não soubesse que tudo não passava de uma história fantasiosa, Rose acreditaria em suas palavras. — Então enviei uma coruja para ela pedindo para nos encontramos e resolvermos isso de uma vez por todas, depois foi só... acontecendo. — deu de ombros.

Albus ainda parecia desconfiado, mas seja lá quais fossem suas dúvidas, preferiu guardar para si naquele momento. O resto do jantar passou de uma maneira tortuosamente lenta, com mais algumas reações nada gentis de Ronald e alguns parabéns vez ou outra.

Quando Rose subiu para o quarto com Dominique e Lily ao seu encalço, só conseguiu respirar fundo antes de despejar toda verdade após a Potter cruzar os braços em sua frente e resmungar autoritária:

— Pode nos contando toda a verdade!

{...}

Dominique havia se retirado há algum tempo para dormir com James e Lily já babava em sua cama quando Rose se revirou pelo que parecia ser a quinquagésima vez.

Naquela noite, Rose Weasley descobriu que não conseguia dormir brigada com ninguém. A voz séria de Scorpius — usada em muito poucas ocasiões — dizendo que ela era egoísta e cega com os sentimentos alheios ainda se repetia em sua cabeça como um vinil riscado da velha coleção do seu falecido avô. Não sabia ao certo o que aquilo significava, parecia uma charada e, Merlin, ela era filha de Hermione — Granger — Weasley! Ela nunca errava ou demorava a decifrar um enigma, então por que diabos Scorpius Malfoy parecia um maldito enigma indecifrável?

Bufando frustada, a ruiva se levantou com o pensamento de fazer a única coisa que era possível naquela madrugada de insônia: cozinhar. Tomou cuidado para não acordar Lily com o ranger da porta, e pé ante pé, desceu as escadas, fechando seu robe quando sentiu a brisa fria da janela aberta.

A única luz no cômodo — e talvez na casa — vinha da lareira acesa, demorou um pouco para notar que não estava sozinha. Encarando o fogo flamejante e com uma garrafa de uma bebida que a Weasley não conseguiu identificar qual era, estava Scorpius Malfoy. Assim que notou a presença do rapaz, sentiu suas pernas travarem no último degrau da escada. Ele não se mexeu, mas Rose sabia que ele estava ciente que ela estava ali.

— Eu... achei que estavam todos dormindo. — escutou a própria voz soltar, antes mesmo que pudesse controlar. Ele não respondeu, dando mais um gole na bebida direto do gargalo da garrafa.

Mordeu o lábio inferior. Scorpius tinha total razão em estar chateado com ela, e Rose continuava não achando boa ideia esse plano, mas o rapaz não precisava ignorá-la quando estavam sozinhos. Eles estavam no mesmo barco, não podiam continuar com o plano se não estavam se falando, não é?

A verdade, que só admitiria pra si mesma, é que de alguma forma, o “encontro” dos dois mais cedo no café havia sido agradável e ela até gostou de estar em sua companhia e conhecer mais um pouco de quem ele havia se tornado.

Pensando tudo isso e usando como motivação, Rose respirou fundo, antes de caminhar e se sentar ao lado do loiro no sofá.

— Posso? — apontou para a garrafa nas mãos do rapaz. Ele então desviou o olhar pela primeira vez para a ruiva, analisando-a e abrindo a boca várias vezes, parecendo querer dizer algo. Por fim, balançou a cabeça, aparentemente afastando os pensamentos, e voltou a encarar o fogo, estendendo a garrafa para ela. — Pode me contar por que está bebendo às quatro e meia da madrugada? Não me diga que é por minha causa! — brincou, dando um gole na bebida. Não conseguiu conter a careta involuntária quando o líquido quente desceu pela sua garganta. — Isso é forte. — murmurou para si mesma, antes de escutar uma risada nasalada do rapaz.

— É.

Em todos esses anos de convivência, Rose havia conhecido e presenciado várias versões do Malfoy. Naquela noite, percebeu que aquela era provavelmente a que ela mais odiava: Scorpius seco e indiferente.

Suspirando, se recostou no sofá mais relaxada, encarando as chamas da lareira por trás do vidro da garrafa.

— Me desculpe por mais cedo. — soltou, após minutos pensando no que dizer. — Não deveria ter dito tudo aquilo mas... eu estava frustada, porque tenho medo que Albus descubra que sou uma covarde, na verdade eu acho que aceitei isso porque eu sou uma covarde. — riu sem humor. — Não sei lidar com o que sinto e me enfiar em um relacionamento falso com você me pareceu bem mais fácil do que encarar meus sentimentos, essa é a minha verdade. Me desculpe por arrastar você para isso, mesmo que você tenha dado a ideia, mas se quiser pular fora, eu juro que vou entender e nós podemos até tentar ser amigos. — deu um meio sorriso. — Porém, se você quiser mesmo continuar com o plano, eu quero que você me diga a sua verdade, sobre porque está bebendo, sobre a América, sobre o que Albus lhe disse mais cedo, sobre porque você ter sugerido esse plano, sobre tudo. Sem segredos, estamos nessa juntos, não é?

Encarou o rapaz, que pareceu refletir em suas palavras. Rose esperou pacientemente os minutos que demoraram até o rapaz pegar a garrafa de suas mãos, dar um gole, se recostar no sofá e começar a falar:

— Eu poderia me desculpar com você, mas eu não estaria sendo sincero porque não lamento tudo o que disse. Você é cega com os sentimentos das outras pessoas, principalmente quando direcionados a você. Espero poder te ajudar com isso, e espero que me deixe te ajudar. — desviou o olhar rapidamente para garota, esperando alguma resposta, mas ela nada disse, então continuou. —  Estou bebendo porque daqui alguns dias, fazem nove anos que minha mãe morreu. — ele respirou fundo. — Quando bate a saudade, eu costumo sair para voar, mas a neve está forte lá fora, então o único jeito que encontrei de espairecer foi o firewhiskey. — Rose o encarava e refletia sobre cada palavra que o rapaz dizia. Scorpius estava se abrindo com ela.

— Sinto muito. — murmurou, vendo o rapaz acenar com a cabeça.

— Tenho visitado os Estados Unidos porque recebi uma proposta do Pittsburgh Hawks, o maior time de quadribol da América, e estamos perto de uma negociação. — revelou. — Você é a primeira que eu conto isso. — encarou-a.

— Isso é fantástico, Malfoy! Por que não conta ao Albus e os outros?

— Eu sou o que sou hoje graças a Albus, ele esteve comigo nos piores e melhores momentos da minha vida, e o devo muito. Como você diz para alguém assim que você quer seguir seu próprio caminho? Não estou pronto pra isso, e acho que não estarei tão cedo. — desviou o olhar para a garrafa em suas mãos, parecendo perdido em seus pensamentos.

— É por isso que sugeriu esse plano? Para que eu o ajude a seguir seu próprio caminho?

Ele desviou o olhar da garrafa, encarando-a, mais uma vez, daquela maneira diferente que Rose só viu poucas vezes. Sentiu seu coração acelerar quando, a voz naturalmente arrastada de Scorpius murmurou:

— Sim. — ele parecia perdido no rosto da ruiva, e Rose sentiu seu coração pulsando em seu ouvido de uma forma tão alta, que não percebeu como o tom de voz do rapaz denunciava sua mentira. Talvez Scorpius quisesse que a Weasley percebesse.

Os dois ficaram se encarando em silêncio, com os rostos muito próximos e Rose sentiu suas bochechas corarem e seu estômago dar uma volta sobre o olhar intenso do Malfoy. O que diabos estava acontecendo ali?

— Bom... eu vou... hm... fazer um bolo! — exclamou, levantando depressa e indo para a cozinha. Escutou a risada gostosa do rapaz seguindo-a.

— Bolo? Essa hora? — o rapaz se encostou na batente da porta, cruzando os braços e encarando a garota com um sorriso divertido.

É claro que ele voltaria ao normal e até a sorrir depois de deixar a Weasley claramente desconcertada, aquele parecia ser seu passatempo preferido, afinal. Scorpius parecia ter ciência do efeito que causava, e gostava disso. É claro que gostava.

— Nem mesmo as poções para ansiedade são tão eficazes quanto cozinhar para mim, e já está quase amanhecendo. — murmurou, buscando os ingredientes no grande armário de madeira e sem encarar o rapaz.

— Você sempre tem insônia? — perguntou, parecendo realmente interessado.

— Às vezes fico até tarde escrevendo alguma matéria para o jornal, e sei que se eu dormir acabo perdendo a hora, então vou para cozinha e preparo alguma coisa. — contou, colocando desajeitadamente os potes de trigo, açúcar, e fermento na mesa, se assustando com a figura alta – e malhada – de Scorpius muito próximo de si, colocando alguns ovos, manteiga e uma caixinha de leite na mesa.

— Isso não é saudável. — murmurou, alargando o sorriso quando viu Rose se afastar rápida e desajeitada. Uma hora ele a ignorava e em outra distribuia sorrisos e parecia sentir prazer em deixá-la sem graça? Sério, ela nunca entenderia Scorpius Malfoy. — Eu te ajudo.

— Não precisa! — exclamou com rapidez, sem saber ao certo o que estava fazendo. — Trabalho melhor sozinha.

Scorpius sorriu divertido, voltando a se recostar na batente da porta.

— Se você insiste... Boa noite. — sorriu ladino, vendo Rose acenar ainda desconcertada. — A propósito, nós temos um jantar no Ministério amanhã, espero que esteja mais linda ainda, Weasley. — lançou uma piscadela, fazendo a ruiva sentir seu coração acelerar mais uma vez antes dele sumir pela escuridão da casa.

Mais bonita ainda? Ele estava a elogiando? Scorpius não deu tempo para a ruiva achar respostas para suas perguntas internas, porque logo sua voz e sua figura voltaram a aparecer em seu campo de visão:

— Ah, Weasley, — voltou, trazendo-a de volta a realidade. — Você é a garota mais corajosa que eu já conheci, não deixem que digam o contrário.

Rose concluiu que quando voltasse aos Estados Unidos teria de passar com algum cardiologista e talvez um psicólogo trouxa, porque seu coração parece ter adquirido a estranha mania de acelerar muito na presença do rapaz, e juntando com o sorriso idiota que brincou em seus lábios durante todo preparo do bolo, aquilo não poderiam ser sintomas normais. 


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