Após o brinde a conversa se arrastou por mais alguns minutos mas não com a mesma emoção de antes, falavam sobre Berk e como tem estado as coisas nos últimos anos, mas o assunto não demorava até desaparecer, Melequento e seu pai Gosmento foram os primeiros a irem embora, os gêmeos foram minutos depois, Perna-de-Peixe terminou de escrever algo sobre os Gronkels no Livro dos Dragões, o fechou e foi embora, assim que a Astrid se levantou para ir embora Soluço e Banguela caminharam com ela até a porta

Soluço: Tudo bem Astrid? -Perguntou assim que percebeu ela meio pensativa-

Astrid: Estou sim, eu apenas.... —Banguela foi para o lado dela e ela começou a acaricia-lo-

Soluço: Apenas?

Astrid: Eu apenas estava pensando na história do Veldri, sobre o Uller e o que aconteceu com ele e o vilarejo, ver seu pai e sua mãe.... Na sua frente e depois.... Imagine o que isso deve fazer com alguém

Soluço: Não consigo nem imaginar como ele se sente e por tudo que passou mas isso resolve o mistério do porquê você o viu andando na floresta sozinho, ele queria ficar só, não era nada suspeitou como você imaginava —Deu uma leve risada do comentário-

Astrid: Realmente e ainda bem que nós não aceitamos a ideia do Melequento, sobre interrogar ele, você chega em um lugar novo que será sua casa e no primeiro dia é ameaçado de ser incinerado caso não conte quem é, não é o tipo de recepção que eu iria querer -Ambos riram- eu vou indo para a minha casa, está tarde já, boa noite Soluço -Ela o abraçou-

Soluço: Boa noite Astrid, durma bem —Ele correspondeu ao abraço, depois ela acariciou o Banguela, se virou e foi descendo a escadaria em direção a sua casa-

Soluço: Vem amigão, está na nossa hora também -O dragão olhou para ele e foram para a casa-

Soluço havia subido para se deitar e Banguela já tinha esquentado a roxa com o plasma para se deitar, era de madrugada e a Lua estava cheia mas o céu um pouco nublado, então a Lua aparecia para segundos depois se esconder, todos estavam dormindo no vilarejo, mas algo chamou a atenção do Fúria da Noite, ele acordou e ficou atento, se levantou, olhou para a janela e começou a rosnar ferozmente o que acabou acordando Soluço, que assim que ouviu seu amigo, levantou a cabeça rápido mas mal conseguia abrir os olhos

Soluço: Em? ...Oque? ... -Ele falava sonolento e balançando a cabeça para os lados, assim que viu seu dragão parado, encarando a janela enquanto soltava um fraco rosnado, Soluço sentou na cama- Banguela? Que foi amigão? —Mas o dragão nem sequer olhou para ele- O que houve Banguela? -Ele começou a se levantar quando o dragão rosnou mais forte e pulou pela janela- BANGUELAAAA -Ele berrou, se levantou, desceu correndo as escadas e saiu da casa pela janela de trás-

Estava muito escuro mas a Lua ajudava a ver, ele procurava por todos os lados e foi quando encontrou seu amigo em cima de uma rocha, ele percebeu que Banguela estava um pouco arqueado, suas asas estavam abertas, ele continuava rosnando e olhando fixamente para uma direção, Soluço começou a se aproximar lentamente de seu dragão, foi quando percebeu que a rocha da qual Banguela estava parado dava uma visão de cima da floresta um pouco mais afastada, quando já estava próximo ele tocou na cabeça do dragão, que virou de maneira furiosa para ele assustando o garoto, Banguela geralmente é um dragão amigável, mas não naquele momento, suas pupilas que na maioria das vezes estavam dilatadas passando uma sensação de calma dessa vez estavam finas como um risco negro nos olhos amarelos, estava com os dentes a mostra e rosnando ferozmente, mas quando percebeu que era o Soluço logo voltou ao normal

Soluço: O que houve Banguela? O que está acontecendo? -Ele se aproximou do Fúria da Noite e começou a acaricia-lo- Você ouviu alguma coisa? —Ele olhou em volta mas tudo estava normal- Não me assusta desse jeito rapaz

Banguela havia voltado ao seu estado amigável de sempre e nesse momento um som fraco veio da floresta, um som que se assemelhava a um rugido de um dragão, parecia estar distante mas mesmo assim Soluço o escutou e Banguela olhou para a floresta tomando uma postura mais agressiva

Soluço: Acho que já sei o que te deixou assim, vamos dar uma olhada nisso, pode ser uma nova espécie ou um dragão precisando de ajuda -Ele montou no Fúria da Noite-

Eles começaram a sobrevoar a floresta, as árvores eram um pouco afastadas facilitando a visão mas conforme se aprofundavam na floresta a vegetação ficava mais densa e a visão que já era pouca diminuía cada vez mais, Banguela diminui a altitude a ponto de precisar desviar da copa das árvores e por mais que Soluço mal conseguisse ver algo na sua frente o Fúria da Noite tinha a visão plena, voavam entorno da floresta e de um lado para o outro mas não acharam nenhuma pista do que tinha feito aquele som

Soluço: Eu não entendo, nós ouvimos alguma coisa, não é possível que não tenha nada -Ele olhava para baixo tentando achar algo-

Eles sobrevoavam uma região próximo ao vale aonde Soluço teve seus primeiros contatos com o Fúria da Noite e foi quando mais uma vez ouviram um rugido vindo da parte da floresta próxima a fazenda de ovelhas do Sven, mas dessa vez o rugido não era abafado e fraco era forte e agressivo, seja o que for que tenha feito aquele som queria sem dúvida anunciar que estava lá

Soluço: Pelo martelo de Thor o que foi isso? -Soluço olhava para a região que tinha vindo o som-

Antes mesmo que pudesse fazer algo ou falar, Banguela voou rapidamente para o lugar, subindo para fugir da copa das árvores e logo depois mergulhando em direção ao lugar, mais uma vez não acharam nada na região

Soluço: Tudo bem está na hora de descer para olhar mais de perto -Banguela aterrissou no meio da mata aonde tinham ouvido o barulho-

Soluço com dificuldade quebrou um galho grosso de uma árvore e o dragão entendeu o que tinha fazer, soltou uma pequena chama que acendeu a ponta do galho iluminando um pouco o lugar, a floresta parecia normal, com barulhos de grilos e outros insetos na mata, o vento correndo pelo lugar, andavam lentamente e acabaram se deparando com uma enorme rocha, sem reparar Soluço chutou algo e quando abaixou o galho em chamas viu alguns espinhos de Nadder Mortal enfincados no chão formando um pequeno cercado

Soluço: Espera um pouco, nós estamos no mesmo lugar aonde a Astrid capturou a ovelha que fugiu da fazenda do Sven, mas o que fez aquele som? E aonde está? -Ele ficou pensativo-

Algo em meio a escuridão da floresta quebrou uma folha, o som passou despercebido por Soluço mas não pelo Fúria da Noite que olhou para o lado e rapidamente tomou uma postura agressiva, Soluço se virou ao perceber a reação de seu amigo, ele levantou a tocha improvisada na direção que o Banguela olhava, mas tudo que ele conseguia ver era as árvores imersas na escuridão

Soluço: Quem está ai? Apareça agora -Não houve qualquer tipo de resposta- Eu devo avisar que não é uma boa ideia brincar de Esconde-Esconde com um Fúria da Noite -Mais uma vez não houve resposta-

Outra folha quebrou mas dessa vez Soluço ouviu e Banguela reagiu, ele lançou uma rajada de plasma estourando uma árvore e no brilho que durou um segundo Soluço viu uma estranha figura pulando de trás da árvore e rolando para o lado, o garoto levantou a tocha para tentar ver a pessoa mas a luz não era forte o suficiente, o máximo que conseguiu foi ver o que parecia ser uma toca na cabeça de uma silhueta negra que estava se levantando do chão

Soluço: Quem é você? -Antes que ele pudesse terminar de falar a estranha figura se virou e correu para dentro da mata-

Em segundos Soluço já estava em cima de Banguela e começaram a persegui-lo, o dragão se movimentava rápido pela floresta, pulando e correndo entre as árvores, Soluço mal conseguia ver algo em sua frente mas ele sabia que a silhueta se movimentava rápido, corria e pulava com grande agilidade, em certo momento a figura estranha subiu em uma árvore e começou a correr pulando de galho em galho, com isso começou a se distanciar do rapaz e do dragão, mas não desistiram e continuaram o perseguindo mata a dentro, Soluço pode ouvir quando o que parecia ser o som de um galho quebrando e algo caindo no chão com força

Soluço: Ele caiu, é a nossa chance Banguela

O dragão entendeu e correu ferozmente até o lugar da queda, mas quando chegou não havia ninguém no lugar, Soluço desceu e pela pouca visão que tinha conseguiu perceber vários galhos quebrados debaixo da árvore, assim como a vegetação amassada, ele pegou um pedaço de madeira e o dragão o acendeu com uma fraca chama, ele olhou para cima e graças a outra tocha improvisada, viu o lugar aonde o primeiro galho quebrou e aonde a estranha figura caiu depois de ter quebrado vários outras galhos na queda, nesse momento o rapaz escutou seu dragão dar uma leve rosnada e quando se virou viu que ele estava cheirando um galho que caiu um pouco mais afastado

Soluço: Achou algo amigão? -Ele se aproximou e abaixou, no meio do galho estava cravado algo que parecia uma pequena ponta de flecha negra, mas era maior-

Soluço arrancou aquilo do galho, enfincou a tocha improvisada no buraco de uma árvore e começou a observar aquilo, tinha a forma de um triângulo, era pontudo e áspero

Soluço: Espera um pouco.... -Ele encarou aquilo por alguns segundos- isso aqui.... É uma escama de dragão, mas como é possível? Eu estava perseguindo uma pessoa -Soluço percebeu que a ponta de seus dedos estavam molhados e quando olhou havia um líquido vermelho sobre eles- seja quem for aquela pessoa que a gente perseguia, está ferido -Banguela cheirou a escama na mão de Soluço e rosnou novamente-