Gentei Tsukuyomi: depois da lua escrita por HinataSol


Capítulo 2
Hinata, isso é uma promessa!


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Tudo bom?! Sejam bem-vindos de volta!
Bom leitura!



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Naruto saiu da sala do Hokage e seguiu diretamente para casa.

Já ali, ele retirou as suas sandálias de qualquer jeito e adentrou à residência Uzumaki. Seguiu pontualmente ao quarto que Hinata e ele dividiam até um a­­no atrás e, com a mão na maçaneta, hesitou por um breve instante. Aspirou o ar com força, abrindo a porta, e foi até ao guarda-roupas, de onde puxou uma caixa que estava mais ao fundo, protegida. Ele a abriu e dela tirou o grande cachecol vermelho.

Hinata, ele pensou com os olhos meio estreitos, em pensamentos melancólicos.

Aquele era um cachecol especial. Representava os sentimentos de Hinata, que ele reconheceu e aceitou. Representava a reciprocidade do que sentiam.

— Hinata, eu vou te encontrar e trazer de volta, é uma promessa — Ele apertou o tecido de lã vermelha em suas mãos.

Naruto pegou a mochila que usava em missões e tentou arrumá-la como ela faria, sem qualquer sucesso em sua tentativa. Ele bufou ao pô-la nas costas e desceu as escadas já com destino certo.

Os passos apressados se tornaram em lentos ao chegarem ali.

O Uzumaki encheu o peito de ar outra vez.

A grande escritura na entrada da propriedade dizia “Hyuuga”, e Naruto era um desses.

Ele passou pelo portal de entrada e caminhou com liberdade e familiaridade pelo terreno. Logo que o viram, alguns membros do clã o cumprimentaram. Ele seguiu até a casa principal, onde Hiashi parecia que o esperava já à porta. Naruto viu Boruto e Himawari junto à Hanabi, um pouco mais adiante.

— Otou-san*. — Naruto cumprimentou o sogro.

Hiashi o observou com aqueles olhos rígidos e costumeiramente analíticos. Depois, apertou as pálpebras, abriu os olhos e o byakugan estava ativo.

— Há coisas em que não são necessários esses olhos para que eu possa ver. — Ele disse com saudosismo e desativou seu kekkei genkai em seguida — Kakashi-san me disse que iria falar com você. Acredito que tenha voltado de lá agora.

Naruto sentiu-se incomodado com aquilo. Não achava justo que ele não tenha sabido sobre isso antes, só agora. Hinata era sua esposa. Eram suas vidas que dividiam. Todavia, apenas anuiu com a cabeça; um leve movimento afirmativo às palavras de Hiashi.

O líder do clã Hyuuga virou-se, indicando que Naruto o seguisse e entrasse. Os dois já ali dentro, Hiashi fechou a porta do dojô, e sentaram-se ele e o genro à mesa. Sobre a pequena chabudai¹ Hiashi colocou dois kobati² e os serviu com chá.

Hiashi sorveu de presto o líquido; porém, Naruto primeiro fitou o conteúdo do copo, vendo sua imagem fracamente refletida ali.

Após o gole, o sogro segurou o kobati próximo ao rosto, observando o fraco vapor que subia do chá que ainda havia no copo.

— Durante toda a juventude, Hinata me viu achar que ela não era o suficiente para o clã Hyuuga... Eu a achava gentil e hesitante demais para liderar um clã tão grande e forte como o nosso. Sua natureza me parecia fraca. Sempre sem atitude, sem determinação ou força. Era isso que eu pensava dela. — falou o Hyuuga-san — Mas, talvez, na verdade, ela seja mais do que o clã merece. Hinata nunca precisou desses olhos para ser a pessoa que melhor enxerga entre nós. Ela sempre viu o que byakugan algum foi capaz de enxergar.

Naruto entendeu o que ele quis dizer. Hinata havia sido capaz de reconhecê-lo antes de qualquer um outro. Ela era capaz de enxergar sob uma ótica a qual a maioria não podia. Ela conseguia enxergar as qualidades em meio às falhas, sem sobreposição. Ela não anulava os defeitos conforme o seu querer, mas buscava virtudes em meio às debilidades.

E ele não foi o único que ela enxergou. Talvez não tenha sido o primeiro e nem seria o último.

Hinata possuía uma grande visão.

— Ela é forte. Talvez mais do que eu. — Disse Naruto, fazendo referência a mais de um tipo de força.

— Hinata podia não estar mais atuando, mas não deixava de possuir uma alma de kunoichi, embora nunca tenha sido esse o seu desejo. — Apontou Hiashi. — Ela foi capaz de abrir mão de coisas importantes para ela por pensar no bem de outros. Ela abre mão da própria felicidade pela felicidade e segurança daqueles que ama.

Naruto não deixou de olhar para o kobati, quando falou.

— Ela uma vez me disse que estava sendo egoísta, mas, mesmo que hoje eu entenda o que ela quis dizer, não consigo aceitar. Eu gostaria que ela fosse realmente egoísta. Que pensasse mais nela do que nos outros em alguns momentos. Eu quero Hinata aqui comigo. — Confessou o Uzumaki.

Hiashi acenou em entendimento.

— Talvez ela tenha visto algo que não era previsto na missão, Naruto. Aquele seu amigo, o Uchiha, não parece ter querido impedir Hinata. E, devo admitir que, como Shinobi, ele também possui bons olhos.

— Acha que Sasuke não tentou impedir ela, não é? — Resmungou Naruto. Uma expressão de entendimento se desenhou em seu rosto — Sendo sincero, pelo o que eu soube, eu também acho. Mas sei que deve haver algum motivo pra isso e, se ele não relatou ao Kakashi-sensei é porque ele mesmo não deve entender completamente.

Hiashi depositou o copo vazio sobre a mesa e acenou positivamente em resposta.

— Acredito que vocês devem ir em breve — Considerou Hiashi, se referindo à missão ao indicar a mochila de missões de Naruto.

O herói desviou os olhos para a bolsa ao seu lado.

— Hai! ... Eu só vim aqui para avisar isso, e ver o Boruto e a Himawari antes de ir — Naruto concordou.

— Meus netos... — Hiashi murmurejou — O nascimento dos dois foi algo que me trouxe muita alegria. Não só como avô, mas como pai também. Meus laços com Hinata sempre foram muito frágeis. Mas, quando Boruto nasceu, tive a oportunidade de me aproximar mais de Hinata... Não sou capaz de apagar o sentimento de rejeição que ela sentiu, mas pude demonstrar que a amo tanto quanto Hanabi, que não há preferências entre elas. Ter pensado tanto no clã e negligenciado minha filha é algo do qual muito me arrependo.

— Otou-san... — Começou Naruto, porém, Hiashi o interrompeu de continuar.

— Eu o agradeço, Naruto. Desde que o conheceu, Hinata se inspirou. Apesar de tudo que passou aqui, ela teve coragem de seguir em frente e se provou mais forte do que qualquer um poderia esperar. Vê-la mudar tanto fez com que todos nós aqui no clã Hyuuga pudéssemos ter a chance de mudar também.

Naruto não soube o que dizer em resposta àquelas palavras.

— Eu... Eu vou ver meus filhos...

— Vai dizer a eles aonde vai?

— Não sei se devo...

— Desde que o conheci, só o vejo ficar sem palavras ou sem saber como agir quando Hinata está envolvida — Comentou o sogro. — Fico feliz que minha filha tenha encontrado alguém que a ame como ela é capaz de amar.

Um sorriso pequeno e um tanto entristecido se lhe desenhou na boca.

Mas parece que sempre estão tentando tirar ela de mim, ele pensou.

Hiashi se levantou e deslizou a porta do dojô, abrindo-a. Naruto repetiu o gesto e foi até ao lado de fora com ele.

Boruto o avistou primeiro, enquanto, sentado, ele observava a irmã e a tia brincando.

— Tou-chan! — Disse o menino, levantando-se e correndo até ao pai.

Quando ouviu o irmão dizer, Himawari olhou até aonde ele ia e, largando Hanabi para trás, correu até ao pai também.

— Tou-chan! — Ela repetiu o que Boruto dissera. Correndo até ele também.

Naruto abriu os braços, esperando que os filhos o abraçassem.

As duas crianças pularam sobre o pai e Naruto se jogou sentado no chão com eles dois o abraçando, e riu.

— Tou-chan, vamos brincar de shinobi — Boruto pediu, cheio de animosidade — Eu serei o mais forte.

O grande sorriso de Naruto suavizou ao fitar os rostos de seus pequenos filhos. Os traços alegres e suaves de seus rostos. A delicadeza nas expressões que o fazia se lembrar de Hinata.

Ele os aconchegou em si, cada um em um braço.

— O tou-chan vai sair em missão agora.

As crianças murcharam.

— Mas, tou-chan, disse que não ia mais sair em missão, porque logo será o Hokage. — Boruto reclamou infantilmente, sem compreender.

Himawari apenas disse um “hai”, como se concordando com o irmão, mesmo que também não entendesse o que queriam dizer.

O olhar de Naruto se tornou ainda mais afetuoso. Não era fácil para nenhum deles três a ausência de Hinata. Mas se para ele, que por anos esteve acostumado à solidão e já havia sentido a dor de perder alguém que lhe era importante, estava sendo difícil, imaginava que para os filhos, que eram tão apegados a ele e Hinata, estava sendo ainda pior. Não queria ter que se afastar deles, mas seria preciso. Precisava encontrar Hinata e trazer ela de volta para casa. Para a família; para os filhos e para ele.

— Hai..., mas é uma missão muito importante e... eu não vou demorar — Ele começou a dizer, buscando as palavras que fariam ser possível explicar a situação às duas crianças.

— É verdade? — o filho perguntou.

Naruto anuiu em afirmação.

— O Kakashi-sensei não pode mandar outra pessoa? — Boruto insistiu.

 — É uma missão importante. Só eu posso completar ela. — Respondeu ele.

Boruto emburrou a face e Himawari o imitou, fazendo um biquinho ao inflar as bochechas.

Naruto sentiu vontade de rir com aquilo.

Afagou o topo da cabeça deles.

— Eu não vou demorar. Vou tentar voltar o mais rápido que puder. É uma promessa. — Naruto tornou a dizer, assegurando-os.

O menino se voltou para o pai. Com a sua idade atual, ele já compreendia que para os pais uma promessa era algo inquebrável.

— Tou-chan, o que é promessa? — perguntou Himawari.

Naruto sorriu para a filha.

— É quando uma pessoa diz algo que vai fazer, com certeza. — Respondeu Naruto.

— E se não fizer? — insistiu a menina, querendo entender.

— Você tem que fazer. Não se pode quebrar uma promessa. — Boruto explicou.

Ela ergueu as finas sobrancelhas, compreendendo.

— Por que outra pessoa não pode fazer essa missão? — Boruto retomou o questionamento.

Naruto hesitou, buscando algo convincente para dizer. Ele não queria mentir para os filhos. No entanto, não sabia se seria uma boa ideia dizer a eles qual seria a tal missão.

Hiashi observava o desenrolar do momento quieto até então. Ele decidiu que iria se intrometer e distrair os netos, quando Naruto então falou.

— Eu vou buscar a kaa-chan. Vou trazer ela de volta pra nós.

Os olhos azuis de Himawari e Boruto brilharam lindamente. Porém, o menino logo recuou.

— Mas, você disse que a kaa-chan não ia mais voltar — Boruto acusou, um tanto receoso e com medo.

Naruto suspirou. Ele era capaz de compreender a reação do filho, pois foi o mesmo que ele sentiu. Era como se os houvessem enganado com uma mentira cruel e que causava dor.

— Eu também pensei que ela não iria voltar, mas... eu descobri que posso achar ela. Só que, para isso, preciso procurar a kaa-chan. — Explicou ao filho.

Em dúvida, Boruto olhou para o avô e para a tia, que havia chegado ali onde estavam, e voltou a olhar para o pai.

— Verdade? ... Vai trazer a kaa-chan de volta? — Ele quis confirmar, ainda desconfiado.

Himawari se aconchegou mais ao pai, não querendo largá-lo. Como se temesse que ele se afastasse.

Naruto balançou a cabeça uma única vez, com firmeza, passando confiança à criança.

— Tou-chan, é uma promessa? — Himawari perguntou. Ela ergueu a cabeça, fitando o rosto do pai.

Naruto voltou seus olhos para ela.

— Hai. É uma promessa.

— Eu também quero ir. Quero ajudar a procurar a kaa-chan. — Boruto exclamou, empolgando-se.

— Eu também, tou-chan.

— Não. Vocês não podem. — Hanabi finalmente se pronunciou. — É perigoso e vocês são muito novos. É uma missão ninja, crianças não podem ir.

Boruto emburrou o rosto para ela.

— Você não manda no tou-chan. Ele vai ser o próximo Hokage.

— Boruto! — Naruto bronqueou, repreendendo o filho.

— Vocês devem ficar aqui no clã Hyuuga junto comigo e Hanabi. — Hiashi interveio.

— Tou-chan... — pediu Boruto, com o tom de voz meio manhoso, tentando conquistar o pai.

Naruto observou os olhos dele. Ele riria se não se lembrasse que era ainda mais insistente do que o filho quando mais jovem.

— Vocês vão ficar aqui. Eu não sei o que pode acontecer. Pode ficar muito perigoso. E, se eu levar vocês comigo, a kaa-chan vai ficar muito brava. Mas, se vocês a esperarem aqui, ela vai ficar muito feliz. — Explicou o Uzumaki.

Boruto pareceu se contentar com o que ouviu, mesmo que ainda um pouco inconformado. Ao saber que Hinata poderia voltar, ele quis ver logo a mãe.

— Boruto, Himawari! — Hanabi os chamou — Se despeçam do Naruto-nii-sama. Vamos começar a preparar uma surpresa pra quando a onee-sama voltar. — Ela os tentou persuadir e distrair.

— Hai! — As crianças disseram, facilmente convencidas com a possibilidade de poderem alegrar a mãe.

Himawari e Boruto deram um outro abraço no pai, além de um beijo em suas bochechas, e foram com Hanabi.

Naruto se levantou e observou os dois se distanciarem com a atual sucessora do clã. Depois do seu casamento com Hinata, Hanabi era agora, definitivamente, a próxima líder do clã Hyuuga. Mesmo que fosse, já há algum tempo, esperado que Hanabi sucederia o pai quando chegasse a hora, Hinata havia renunciado, tacitamente, ao direito à liderança ao trocar o sobrenome Hyuuga pelo Uzumaki. As irmãs haviam acordado que trabalhariam juntas com o objetivo de mudarem o clã. Hinata auxiliaria a irmã em tudo quanto pudesse e fosse necessário.

— Acha que foi uma boa ideia dizer a eles? Boruto e Himawari ainda são muito novos. E acaba sendo ainda mais difícil pra eles entenderem. E se não conseguir trazer Hinata de volta ou ela realmente não estiver viva? — Indagou-o Hiashi, observando o momento em que sua filha mais nova entrava na casa principal do clã junto aos seus netos.

Naruto olhou para o alto, avistando a imensidão azul.

— Depois que eu voltei de Suna, disseram que Hinata havia saído em uma missão conjunta com Kiri, envolvendo nukenins de Kirigakure e o byakugan. O relatório da missão dizia que foi tudo muito rápido. Uma emboscada e que ela havia morrido. — Ele apertou os olhos ao dizer. Voltou a olhar para o sogro — Mas eu nunca senti como se ela estivesse morta. Eu sentia como se ela ainda estivesse viva. Mas, embora não quisesse, foi nisso que eu acreditei. Nunca iria imaginar que estariam mentindo pra mim.

Naruto não queria dizer que ainda acordava de madrugada chamando por Hinata. Que seu coração se recusava a aceitar que ela o tivesse deixado outra vez. Que ele olhava para a lua e se lembrava de haver dito que queria estar com ela para sempre, até morrer.

Olhar para os filhos era o que lhe dava forças ao não a ter ali, ao seu lado. Afinal, Hinata foi quem sempre acreditou nele. Quem, nos momentos mais difíceis, ajudou-o. Antes da luta contra Neji, no Chūnin Senbatsu Shiken; na luta contra o Pain; na quarta grande guerra. Era sempre Hinata.

Um fraco sorriso de nostalgia se desenhou ali em sua face. Ele ergueu a face em direção a Hiashi e alargou o sorriso, prometendo.

— Eu vou encontrar Hinata e vou trazer ela de volta! É uma promessa! — E aquela promessa não era só para Hiashi, Boruto e Himawari. Também era uma promessa que Naruto Fazia entre ele mesmo e Hinata.

E Uzumaki Naruto não voltava atrás com sua palavra. Afinal, esse era o seu jeito ninja.


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Notas finais do capítulo

*No Japão, os genros/noras se referem aos sogros como Otou-san, okaa-san também.
¹ mesa japonesa (aquelas baixinhas)
² xícara japonesa (sem alça)
O que vocês acham sobre inserir o (da)’ttebayo do Naruto?

No próximo, ele finalmente sairá em missão.

O que acharam?
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