Bright, sparkling Lily escrita por remoonyy


Capítulo 2
Brilha, linda flor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/779697/chapter/2

— Vamos Marlee, você não pode se esconder para sempre. — Lily gritou do meio da torre, procurando por sua pequena camaleoa em sua brincadeira diária de esconde-esconde.  

O lugar não possuía muitos cômodos. As paredes da torre eram usadas como grandes telas de pintura, onde tintas se misturavam formando desenhos e cores que Lily fazia questão de acrescentar mais todos os dias. Duas grandes escadas levavam ao andar de cima, onde estava o quarto da garota, que ali dormia todas as noites, junto do quarto de sua mãe, que ao contrário de Lily, não era sempre que possuía o luxo de dormir em uma cama confortável. 

Por conta de sua localização, a mãe Bella precisava sair da torre constantemente atrás de comida, água, e coisas necessárias para sua sobrevivência. Para a menina, Bellatrix era o maior exemplo de mãe que poderia ter. Sempre preocupada com sua segurança e ao mesmo tempo conforto, apesar de sempre uma vez a cada ano, Lily odiar todo esse cuidado para com ela. 

No caso, esse dia estava a vinte e quatro horas de distância. 

A torre, apesar de simples, estava sempre com seus cantos ocupados por uma grande e ruiva cabeleira. Com quase vinte e um metros de comprimento, os cabelos vermelhos de Lily possuíam um brilho de invejar qualquer um que o visse. Porém, nunca pôde ser cortado, afinal se alguém o fizesse, sua magia acabaria em apenas um piscar de olhos.

Todas as noites que mamãe Bella passava na torre, Lily sentava-se em sua frente e se colocava a cantar a mesma música a tantos anos lhe ensinada, enquanto sua mãe penteava as enormes madeixas vermelhas:

Brilha, linda, flor

Teu poder venceu

Trás de volta já

O que uma vez foi meu…

 

Cura o que se feriu 

Salva o que se perdeu

Trás de volta já,

O que uma vez foi meu

Uma vez foi meu.” 

 

O poder de seu cabelo era algo que precisava ser protegido, era o que Bella sempre lhe dizia. As pessoas podiam fazer coisas terríveis com Lily devido à suas próprias avarezas.

Por conta disso, a garota permanecia naquela torre. Onde ninguém, jamais a encontraria. 

— Tudo bem, lhe dou três segundos para sair de onde quer que você esteja… — Fala alto mais uma vez, ao perceber um volume esquisito em baixo de seu cabelo jogado em um canto do chão. 

Lily se aproxima sorrateiramente de seus fios, os segurando com as duas mãos. — Um… Dois… Três! — Ao terminar a contagem, puxa rapidamente o cabelo para que o mesmo faça uma onda, revelando o que há por baixo.

Dito e feito, a pequena camaleoa estava entocada entre as mechas ruivas da garota, assumindo uma forma vermelha idêntica a de seu cabelo. 

— Jura? Tantos lugares pra você se esconder e você vai parar embaixo do meu cabelo? Você já foi mais criativa Marley — Revira os olhos se sentando ali mesmo no chão. Ergue as mãos para que sua pequena companheira suba, e Lily reconhece sua expressão como alguém que diz “Sim, tantos lugares que depois de anos você já conhece todos.” ao mesmo tempo parecendo demonstrar tédio.

— O que você sugere então sua desordeira? — Pergunta ironicamente, até perceber os olhos da pequena camaleoa brilharem em entusiasmo. 

Saindo em disparada de sua mão, anda rapidamente até o parapeito da janela, escalando a parede para poder observar o lado de fora. “A gente pode ir lá fora” era o que estava querendo dizer, e Lily sabia disso. 

Suspirando fundo, a menina se levanta do chão e alcança a pequena amiguinha na janela, a tomando nas mãos mais uma vez.

— Sem chance. Você sabe que daqui eu não posso e nem vou sair. — Se explica, colocando Marlee no chão. — Inclusive, tem várias coisas que eu posso fazer aqui. Ler livros, pintar minha galeria, jogar algum jogo…

A medida que falava, percebia que eram apenas desculpas para esconder o seu verdadeiro desejo. 

Já havia lido todos os livros, afinal de contas. As paredes já não podiam ser mais pintadas, ou acabariam se tornando poluidoras visualmente. Jogos… Bem, a única pessoa ali naquele momento era ela. Não é como se um pequeno camaleão conseguisse mover peças de xadrez, por exemplo. 

Olhou para fora mais uma vez e encostou os cotovelos no parapeito, entrando mais uma vez em seus próprios devaneios. Faltava apenas um dia para seu aniversário de dezoito anos, e sabia que seu destino seria ver as luzes flutuantes mais uma vez da janela de seu quarto. 

Era como uma tradição para Lily. Todas as noites do dia 30 de Janeiro, a garota se esgueirava para fora do quarto a fim de ver todas aquelas luzes brilhantes no céu. Durante sua infância, costumava perguntar para sua mãe de onde elas vinham e o que eram, porém a resposta que recebia era sempre a mesma: “São apenas estrelas, querida. Não tem nada a ver com você.” 

Mas Lily nunca acreditava. Ou pelo menos nunca quis acreditar. Aquilo era algo que considerava ser apenas dela, como uma espécie de conexão com o mundo lá fora. 

— Sabe Marls, eu só queria… Ver elas de perto. Pelo menos uma vez na minha vida, conseguir enxergar elas tão próximas de mim a ponto de eu quase conseguir tocá-las. — Comenta entusiasmada com sua pequena amiga de estimação, e ao encará-la no chão, com a cabeça levemente para o lado, como quem dissesse “Você finalmente enlouqueceu?” não conseguiu segurar uma risada. — Eu quero falar com ela Marlee. Vou falar com a mamãe sobre isso. Quer dizer, eu estou fazendo 18 anos! Ela não planeja me manter aqui para sempre certo? 

Antes que possa tentar entender a resposta da pequena camaleoa, um chamado do lado de fora da torre lhe chama completamente a atenção.

— Lily, mamãe chegou. Jogue seus cabelos querida. — Grita Bella, do lado de fora. 

Estou aqui mamãe. — Lily se apressa para para passar os cabelos pelo pequeno gancho preso perto da janela, e logo joga sua grande cabeleira para o chão. 

Quando o cabelo da garota tomou essa proporção, esse fora o meio mais rápido que havia encontrado para facilitar as subidas de Bellatrix na torre. A porta que possuíam era extremamente difícil de ser aberta, e a quantidade de escadas a serem subidas era grande demais. Por conta disso, a forma mais fácil de se entrar era escalando os cabelos de Lily. 

Com muito esforço, a garota puxa os cabelos até o final para que a mãe conseguisse finalmente entrar pela janela. 

— Eu estava ficando velha de tanto lhe esperar Lily, depois de tantos anos não sei porque ainda demora tanto. — Reclama Bella, arrumando o volumoso cabelo cacheado assim que entra novamente na torre.

— Desculpe mamãe, eu estava…

— Tudo bem querida, mamãe só estava brincando! — Ri do próprio comentário, enquanto dá um beijo na testa da garota em sua frente. — Pode cantar para mim, minha flor? Estou tão cansada, o mundo lá fora está se tornando cada vez mais exaustivo. 

— Claro que sim, mas eu precisava falar com você sobre… — Tenta falar novamente enquanto arrasta uma poltrona até o meio da sala, antes de ser interrompida mais uma vez.

— Depois nós conversamos meu amor, você sabe que preciso fazer uma coisa de cada vez. Vamos, cadê sua escova? — Antes que pudesse terminar a frase, Lily a entrega rapidamente o pente em mãos antes de empurrá-la levemente para se sentar na cadeira. A ruiva se senta em um pequeno banco em frente a mãe, a qual permanecia com uma careta estranhando o comportamento da filha.

— Brilha linda flor, teu poder venceu, trás de volta já o que uma vez foi meu…

— Lily, meu bem… — Tenta pentear seus cabelos a medida que começavam a brilhar, o que estava se tornando difícil devido ao ritmo rápido que a garota cantava a música. 

— Cura o que se feriu, salva o que se perdeu…

— Lily, com calma!

— Trás de volta já o que uma vez foi meu.

— Lily! — Exclama com impaciência quando a música termina, olhando para a garota com as sobrancelhas franzidas. — O que deu em você? 

— Eu preciso falar com você! Posso agora? — Pergunta se levantando do banco, ficando em frente a mãe. 

Bella se olhou no espelho ao seu lado antes de responder a pergunta. Apesar da velocidade, dera tempo suficiente para que os cabelos brancos sumissem de sua vista assim como as rugas também não eram mais visíveis em sua pele. 

Olhou novamente para a filha com um olhar mais calmo. ainda sem se levantar da poltrona. — Pode falar querida, o que é tão importante assim que seja mais urgente que eu? 

Lily suspirou fundo, com os olhos fixos em Bella. Sabia que o que estava prestes a sugerir podia não ser muito bem aceito pela mãe, por isso precisava escolher as palavras certas. 

— Amanhã é um dia muito especial pra mim, sabe… — Sugere, esperando uma reação. Quando a mãe franze as sobrancelhas em confusão, suspira mais uma vez em desânimo. — Meu aniversário mamãe. Lembra? 30 de janeiro. 

— Querida, você deve estar enganada. Eu lembro muito bem, seu aniversário foi ano passado. — Ri da garota, como que estivesse certa em seu raciocínio. 

— Essa é a graça de aniversários, não é? Uma vez por ano a gente comemora, pra dizer que estamos ficando cada vez mais velhos e cada vez mais próximos da morte. 

— Que coisa mais mórbida Lily! — Repreende Bella. — Certo, amanhã é seu aniversário, e o que você quer com isso?

A garota parou por alguns segundos e pensou. Ela precisava mesmo sair da torre? Sua zona de conforto, onde estava absolutamente segura e protegida?

Olhou por cima do ombro da própria mãe, e observou a janela. Pássaros voando por sobre as árvores, o vento assobiando cada vez que atingia uma das folhas. O Sol fazia sombra na janela, e parecia a estar chamando.

— Bom… Todos os anos no meu aniversário, tem essas luzes flutuantes que aparecem e…

— Você quer dizer as estrelas, querida?

— Não, mãe. São luzes, iguais aquelas. — Aponta para um lugar específico na parede, onde a muito tempo havia pintado a visão que tinha todas as noites do dia 30 de janeiro. — Não são estrelas pois só aparecem no dia do meu aniversário, apenas nele. Por causa disso eu penso que elas possam ser… Pra mim

Bella a encara ainda com uma expressão de tédio e confusão no rosto. — E o que você quer dizer com isso Lily? 

Ela queria ser dona de suas próprias escolhas. Se cuidar por conta própria, descobrir por si mesma se o mundo lá fora era tão ruim quanto havia idealizado.

— Eu quero que a senhora me leve para vê-las. Quero ir lá fora amanhã, no meu aniversário, e ver as luzes subindo aos céus. Pessoalmente. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

oieeeee

agora sim eu posso dizer que a fic começou de verdade! prontos pra isso? proximo capitulo voces vao conhecer James Potter, o bandido mais procurado do reino



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bright, sparkling Lily" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.