Narração por Saulo Castiel Novaes

Desde que conheci Amanda ainda tão pequenos, que nos tornamos grandes amigos. Na pré adolescência começamos a paquera comum da idade: Cartinhas, andar de mãos dadas e beijos no rosto envergonhado. Amanda sempre fora doce e simpática com todos, além de ser muito caridosa e atenciosa. Sempre admirei Amanda e conforme íamos crescendo ela mostrava ser ainda mais admirável. Lembro exatamente do dia em que ela mudou. Chegou na escola andando devagar e sem querer falar comigo. Demorou mais de uma semana até finalmente ela me contar chorando o que o pai dela sempre fez com a mãe dela. Ela me contou sobre não se lembrar de nenhum dia que a casa dela tenha sido um lar de paz. Sua mãe era espancada diariamente e ela apenas ficava escondida para não sofrer o mesmo. Apesar de seu pai nunca ter batido nela, ele fez algo diferente quando ela completou 13 anos de idade. 

Fiquei vários minutos paralisado sem saber o que dizer a ela. Eu amava aquela garota e tinha certeza daquilo, mas naquele momento eu quis vomitar. Como um homem é capaz de estuprar? A própria filha ainda por cima. Eu tive vontade de contar aos meus pais, porém ela me implorou que não fizesse isso. Apesar de não contar para ninguém, no dia seguinte eu contei para ela o meu plano: Nós iríamos reunir provas e dinheiro e então fugiríamos. 

Quando fizemos esse plano, eu achei que seria coisa de uma semana conseguir provas e em alguns  meses o dinheiro. Mas demorou mais do que esperávamos. Foram mais de dois anos e só então nós conseguimos fugir com provas e dinheiro. Demorou quase um anos para conseguirmos finalmente voltar já com o mandato de prisão para o pai da Amanda. 

Havíamos feito uma viagem uns meses antes de fugir e lá pudemos entrar em contato com alguns advogados e autoridades, sem que o pai dela soubesse. Nessa viagem ela fez questão de aproveitar ao máximo para caso algo desse errado em nossos planos.

Depois de voltarmos, de realizarmos nosso plano e de finalmente ela ficar livre daquele animal do pai dela, a mãe dela foi internada e provavelmente ficaria lá o resto da vida. Meus pais decidiram adotar ela mas precisaram lutar pro isso  por quase um ano. 

Então nós voltamos para a escola no ano seguinte. Nossos amigos se formaram um ano antes já que ficamos um ano fora. E cada um seguiu o seu rumo.