A última Malfoy escrita por Tostes Prih


Capítulo 15
Primeiro de setembro conturbado.




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Delphine Riddle, filha de Voldemort com Bellatrix Lestrange e mãe de Thomas. Não era um segredo para o rapaz o fato de que era descendente do Lorde das trevas. O que não sabia, até então, era o que o verdadeiro sobrenome de sua mãe era Riddle, o nome original da família de Voldemort. Na verdade, pouco sabia sobre  ela. Apenas que havia fugido de Londres, conhecido seu pai que era um trouxa, e com uma poção do amor conseguiu impedir que a linhagem de Voldemort tivesse um fim. Delphine morrera no parto e o homem ficou livre do efeito da poção e com uma criança que não queria nos braços. No início, a solução proposta era simples: apagar toda a memória que o rapaz trouxa do garoto pudesse ter sobre a bruxa.  Depois lembraram-se de que alguém teria que criar aquela criança e então permitiram que o jovem pai solteiro mantivesse sua memória com a promessa de que cuidaria do garoto. Thomas nunca soube o que era ter afeto ou o carinho de uma família. O pai casou-se novamente e seguiu com a vida, sempre deixando o menino de lado e se sentindo como um estranho em sua própria casa. Aos onze anos o garotinho foi chamado para estudar na escola de magia de Durmstrang, e ali descobriu que a mãe fora filha de um dos bruxos mais temidos dos últimos tempos. Para não sofrer pressão da parte dos colegas e até de alguns pais, apesar da escola em si sempre ter tido fama de concordar com o ensino das Artes das Trevas, ele foi orientado a nunca contar a ninguém sobre suas raízes.

Eram tempos de paz, ninguém falava sobre Voldemort e muito menos se lembravam que um dia ele fora Tom Riddle. O nome Gaunt então, já estava esquecido há décadas, e talvez por isso a mãe tenha usado esse sobrenome quando fugiu, para se disfarçar e homenagear o lado bruxo da família. Agora Thomas sabia de toda a verdade: depois de uma tentativa insana de trazer Voldemort de volta sua mãe fora mandada a Azkaban onde conseguiu fugir alguns anos depois. Para não causar pânico na comunidade bruxa  o Ministério escondeu tudo, e assim que ela foi parar no norte da Noruega onde deu á luz á Thomas e logo morreu. Foi uma surpresa nada agradável descobrir que a mãe fugira da prisão, que seu verdadeiro sobrenome era Riddle e que sua avó era ninguém menos que Bellatrix Lestrange, uma louca Comensal da morte que também passara anos presa. Parece que esse era o destino da família: a morte ou Azkaban. Mas Thomas jurava que com ele seria diferente!  Ele se confortava com o fato de ter se tornado um Auror e mantendo sempre a promessa de que nunca mais deixaria nenhum bruxo das Trevas aterrorizar o mundo como seu avô havia feito. Era assim que ele pagaria a dívida de sua família com a sociedade bruxa, mesmo que ninguém soubesse disso.

Agora entendia porque o garoto que o buscava em seus sonhos era tão parecido com ele. Encontrou uma foto muito antiga de Tom Riddle nos arquivos, bem antes dele ter a aparência horrenda de que as pessoas contavam nas suas histórias. A memória de seu avô estava se comunicando com ele, chamando-o e atraindo-o. Só não entendia o que Ágata Malfoy tinha haver com tudo aquilo. A menina também aparecia em seus sonhos e Tom lhe dizia que ela era a chave, e isso era o que mais intrigava-o. Havia algum artefato das Trevas em Hogwarts e Thomas iria destruí-lo antes que as coisas saíssem do controle e mais alguém achasse que podia brincar de Lorde das Trevas.

(...)

O dia primeiro de setembro finalmente havia chegado. Para Malfoy parecia que faziam séculos desde que encontrara o diário de Bellatrix no porão de sua casa. Tanta coisa havia mudado em sua vida nesses dozes meses, ela também não se sentia mais a mesma. Quando empurrou Marcus Skeeter para o seu Dementador ela realmente viu que teria coragem para fazer o impossível para ser a sucessora do Lorde Voldemort. Seu foco esse ano era encontrar uma forma de entrar no Lago Negro sem ser vista e descobrir que objeto Tom havia escondido lá. Era um dos últimos artefatos, e quanto mais rápido ela o encontrasse, mais rápido todos eles poderiam abandonar Hogwarts e dar continuidade ao seu plano.

Arrastando o malão ela desceu as escadas da mansão vazia. Aquele ano ela iria sozinha até a estação, os pais estavam muito ocupados com suas próprias vidas para acompanhá-la. Chegando no expresso Hogwarts, um burburinho se estendia com todos falando sobre o mesmo assunto: os desaparecimentos que estavam ocorrendo em Hogsmeade no último mês.

— Primeiro foram alguns indigentes da Travessa do Tranco, mas agora tem duas crianças na lista também. – Comentou uma mãe parada próxima ao trem.

— Algumas pessoas juram ter visto não um, mais dois Dementadores sobrevoando por lá durante a  noite.

— Ano passado também houveram boatos sobre isso em Hogwarts.

— Isso é um mal sinal. – Completou a outra assustada.

Malfoy passou pelas duas sentindo uma imensa satisfação. Ouvir da boca de outras pessoas sobre seus feitos a deixava tão contente quanto uma artista exibindo sua obra. Acontece que ela e um grupo de novos seguidores eram os responsáveis pelos desaparecimentos. Com os Dementadores se multiplicando novamente eles tiveram que encontrar algumas almas para que pudessem alimentar as criaturas. Andou pelo trem buscando uma cabine vazia. Dois garotinhos passaram correndo por ela quase derrubando-a no corredor. Revirou os olhos diante daquilo, odiava os alunos do primeiro ano, eram sempre infantis, sem postura e umas verdadeiras pestes.

Bethany uma Sonserina um ano mais nova que Malfoy e uma de suas seguidoras recém recrutada lhe esperava no corredor.

— Ágata! Mantivemos uma cabine vazia para você. – Disse abrindo a porta.

— Finalmente. – Respondeu a loira com desdém.

A menina fez menção de seguir a mais velha e entrar.

— O que está fazendo? – Perguntou a outra fixando um olhar severo sobre ela.

— M-me acomodando com você. - Disse recuando alguns passos.

— Fique na porta da cabine do lado de fora. Talvez eu precise tratar de alguns assuntos e não quero correr o risco que ninguém me ouça. Você e Allan ficarão de guarda até que eu os dispense.

— Como quiser, me desculpe. – Disse a menina voltando para o corredor e deixando Ágata sozinha.

Logo Lizzie abriu a porta e entrou:

— Finalmente encontrei você. O que aqueles dois estão fazendo parados na porta?

— Preciso de capangas para me ajudar, considere parte do ritual de iniciação deles.

— Eles que te ajudaram nas férias?

— Sim e mais alguns selecionados a dedo, já que não pude contar com os primeiros da minha lista. – Respondeu com um olhar de censura. – Onde está Rosie?

— Não estou falando com ela. Está com um novo grupo de amigas da Corvinal em outra cabine, inclusive Melanie Potter.

Malfoy revirou os olhos ao ouvir o nome da ruiva. A rixa dos Malfoy contra os Potter havia acabado quando seu pai na infância, se tornou o melhor amigo de Alvo. Desde então, vez ou outra os Potter participavam de algum evento na mansão Malfoy.  Alvo e o pai de Ágata trabalhavam juntos como desfazedores de feitiços para o Ministério viajando pelo mundo, porém, Ágata deixou de se relacionar com filha mais velha do Potter logo quando começaram a frequentar Hogwarts. As duas eram extremamente diferentes e notaram isso logo de cara aos onze anos, sendo assim elas juraram nunca recomeçar a velha briga de novo e desde aquela época uma não cruzava o caminho da outra. Tudo havia dado certo nesses seis anos, e a Malfoy não podia correr o risco de que a tapada da Rosie cansasse de brincar de bruxa das trevas e desse com a língua nos dentes sobre tudo o que eles faziam.

— O que houve? – Perguntou visivelmente interessada.

— Digamos que ela não leva a sério o que estamos fazendo. Acha que é algo que quando ela deixar Hogwarts vai poder esquecer e seguir com a vida. Não praticou nada durante as férias e está começando a desenvolver um pensamento muito diferente do nosso.

— É melhor que a convença a pensar melhor sobre isso antes que eu a jogue aos Dementadores. Sabe que eu não vou tolerar covardes e nem traidores.

— Deixa ela comigo.

— Estou falando sério. Se ela nos trair e eu pedir que a mate, você seria capaz?

— Que tipo de pergunta é essa?

— Uma bem simples: Você é mais leal a mim do que a seu próprio sangue? – Perguntou a Malfoy olhando-a de uma forma penetrante e macabra.

— Mas é claro que sim, ninguém que quebre o juramento de lealdade a você merece viver. - Lizzie respondia com confiança mas Malfoy podia ver a dúvida em seu olhar.

— Vou me lembrar dessas palavras.

A porta da cabine se abriu novamente cortando clima tenso da conversa. Darla e Alex entraram de mãos dadas e sorridentes.

— Está um caos no corredor. – Reclamou Alex.

— São os alunos no primeiro ano, odeio crianças! – Reclamou a Malfoy.

— Alguém viu o Matt? – Perguntou Alex.

— Não falei com ele o verão todo. – Disse a Malfoy com indiferença.

— Eu o vi pela última vez no final das aulas ano passado, ele não pegou o expresso porque os pais iam busca-lo no dia seguinte.

— Que estranho. – Comentou Lizzie.

— Precisamos saber o que houve, considerando o histórico dele. Pode ser que algo tenha acontecido. – Disse Darla olhando pela janela preocupada.

—Como assim? – Perguntou a Malfoy.

—Mathew pode ter tomado o controle de volta. Considerando que você o incentivou a deixar de tomar as poções com a promessa de ajuda-lo a ser mais forte e ficar no controle. ele vai estar uma fera com você.

— Será que ele tem as lembranças de Matt? – Perguntou Lizzie que agora também estava preocupada.

— Vamos ver o que aconteceu primeiro e depois pensamos em tudo.

A viagem até Hogwarts foi tranquila na medida do possível. Desembarcaram na escola e adentraram o castelo como sempre faziam todos os anos. Rosie passou por eles acompanhada de Melanie Potter e mais algumas amigas e sequer os olhou.

— Esse ano vamos ter aula com Thomas Gaunt. – Ouviu Melanie dizer animada.

— Ele é tão lindo. – Respondeu Rosie e todas bateram palminhas animadas e deram risinhos de alegria.

Essa era mais uma coisa que Ágata tinha que descobrir: quem era realmente Thomas e porque era a cópia fiel de Tom Riddle?

— Será que ele é solteiro? – Comentou a Potter.

— Ele é um professor sua doida!

— Duelos não é uma matéria. Falei com meu pai e ele me disse que Thomas é mais como um monitor aqui. Ele tem só dezenove anos.

—Então tecnicamente ele poderia sair com uma aluna. – Comentou Rosie.

— Não seria inadequado.

Ágata estava prestes a vomitar ao ouvir aquilo tudo. Apertou o passo deixando o grupinho para trás e no caminho fez questão de roçar em Rosie enquanto tocava sua própria tatuagem, a fim de lembrar a garota sobre ficar quieta. Rosie rapidamente começou a esfregar o dedo onde a tatuagem de cobra ardia como fogo, assustada levantou o olhar para a Malfoy.

No Salão Principal Matt Wood chegou atrasado e tomou o seu lugar na mesa da Sonserina. De longe ele encarava a Malfoy com um olhar estranho e a menina tentava descobrir quem estava ali, se era Mathew ou Matt. O jantar correu tranquilo, Medeia fez o tradicional discurso de “ está tudo bem e não há o que temer, apesar de tudo o que vem acontecendo”. Todos se recolheram as suas Salas Comunais bem cedo. No caminho Matt puxou a Malfoy pela mão.

— Podemos conversar antes de entrar? – Perguntou parando a alguns passos da entrada para a sala da Sonserina.

Betany, Allan, Alex e Darla fizeram menção de ir até eles, mas a menina os dispensou com um sinal de cabeça e todos entraram. Quando o corredor ficou completamente vazio, Matt a pegou de surpresa, jogando-a com violência contra a parede de pedra do local e mantendo-a ali com o braço em seu peito usando o peso do próprio corpo para impedi-la de se debater. Olhando-a com puro ódio ele deu-lhe um beijo violento. Foi um mero tocar de lábios, mas com a força empregada ela pode sentir o gosto de sangue em sua boca indicando que ele a havia machucado.

— O que está fazendo?

— Saudades de mim querida?

— Matt o que aconteceu?

— Não é o Matt que está aqui, é o Mathew! – Disse ele de olhos arregalados e parecendo mais louco do que nunca. – Você prometeu me ajudar com a minha maldição, disse que me faria mais forte. Ao invés disso namorou meu irmão e escolheu ele ao invés de mim. Me usou para dar força ao Matt!

— Não é o que você está pensando. – Disse ela sem folego.

Tentava ganhar tempo para que pudesse pensar em uma forma de se livrar do oponente já que a sua varinha havia rolado pelo chão quando ele lhe agrediu.

— Eu não estava no controle, mas eu pude ouvir tudo. Você disse a ele que eu era fraco! Quando consegui recuperar o controle despertei no meio da Floresta Proibida perdido e desorientado e o Ministério está no meu pé de novo.

— Não foi minha intenção...

— Cale a boca! Você vai me ajudar a tirar o Ministério da Magia do meu encalço, vai achar um jeito de me livrar do seu querido Matt para que eu possa ficar no controle do meu corpo e seguir a minha vida em paz. Do contrário, vou contar tudo o que eu sei sobre você e seus amigos.

Ela riu provocando-o.

— Isso é uma ameaça? Até que você não é tão fraco e patético quanto pensei.

— Pode rir á vontade. - Retrucou ele. - Veremos se continuará rindo assim quando eu contar a todos que você consegue se comunicar com Voldemort.

— Como sabe disso?

— Você contou ao Matt quando ele lhe deu a poção do amor e consequentemente eu também fiquei sabendo. O melhor de tudo é que o seu namoradinho não te falou nada, ficou guardando a informação para usar contra você se precisasse. Ou talvez até tivesse planos de roubar o diário e tomar o seu lugar.

Ágata fervilhava de raiva diante daquelas palavras. Não se importava com a traição de Matt por motivos sentimentais, pois ela nem chegou a amá-lo. O que a irritava era o fato de Mathew ter algo para usar contra ela. Mas se ele fosse realmente inteligente não teria entregado tudo daquela forma. Mesmo enfurecido ele continuava sendo ingênuo.

Ela o empurrou com força, conseguindo se desvencilhar.

— Pensa nisso! – Disse ele com um sorriso irritante enquanto ela o encarava.

— Está tudo bem aqui?

A voz grave de Thomas ressoou no corredor enquanto ele se abaixava e pegava a varinha da garota do chão. Encarou os dois com um olhar confuso, que logo se tornou um olhar de raiva ao deduzir o que estava acontecendo.

— Está tudo bem professor, já vou indo para a Sala Comunal. – Disse Mathew se afastando e entrando.

Thomas entregou a varinha para a garota.

— O que realmente aconteceu?

— Acho que ele não aceitou o fim do namoro muito bem. – Mentiu ela.

— Se tiver problemas com ele de novo, me procure. Não sou um professor, mas é meu dever zelar por vocês.

— Obrigada. Posso me cuidar sozinha. – Respondeu enquanto pegava a varinha e entrava.

Por um instante Thomas permaneceu no corredor olhando a entrada da sala da Sonserina. Aquela garota era diferente das demais meninas daquela escola e até de algumas mulheres mais velhas que ele já conhecera. Tinha coragem e muita personalidade, realmente, com toda aquela confiança ela não precisava de homem nenhum para defende-la. Deu de ombros e seguiu seu caminho. Ele havia chegado até ali por puro acaso, resolveu deixar a aura de magia negra que o atraía guia-lo pela escola afim de tentar encontrar o que quer que Voldemort houvesse deixado naquele castelo para que ele. Depois de andar sem rumo acabou parado nas masmorras onde novamente seu caminho se ligava ao da garota Malfoy. Teria que deixar a investigação para outro dia, não podia entrar na sala Comunal dos Sonserinos e investigar o lugar com tantos alunos ali. Cansado voltou para o seu dormitório. Já sabia por antecipação que não teria um boa noite de sono pois, sempre era açoitado por inúmeros e terríveis pesadelos.


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