Hinata Fernandez

Levanto-me da cama desligando o despertador.

"Não me lembro de ter dormido..."— penso levantando e indo tomar banho.

Dirijo-me para frente do guarda-roupa e tento escolher uma roupa para ir trabalhar, e ainda uma extra para ir para a faculdade, pois lá tem banheiro com local para tomar banho.

— Eu amo rosa... Mas vai me deixar com uma aparência mais infantil - coloco de volta no guarda roupa pegando outra peça de roupa - Eu gosto muito dessa blusa, mas é muito comprida, vai me deixar menor... - após tentar diversas coisas suspiro - Nada fica bom em mim...

Decido colocar uma blusa preta de manga curta caída no meu ombro sem nenhum desenho e uma calça jeans, com um salto baixo preto. Olho-me no espelho e ainda não me sinto bem. Meu celular toca,  já sei quem é e atendo.

— Bom dia Kevin - digo animada.

— Bom dia Hina, estou quase chegando, vou comprar café da manhã para nós dois, quer comer o que? - ele me pergunta animado.

— Vai me deixar mal acostumada - dou risada e ele também - Se tiver cappuccino eu quero.

— Você dá as ordens - dito isso ele desliga.

— Vou assim mesmo... - coloco uma blusa rosa na mochila e vou para frente da minha casa, que é perto da dos meus irmãos. Porem o Nathã sai muito cedo, e não tem como eu ir com ele. O Kevin chega com o carro abrindo a porta do carona para mim. Antes de entrar faço a mesma pergunta de todos os dias, mesmo já sabendo a resposta dele.

— Estou bonita? - vejo o mesmo sorrir.

— Você é perfeita do jeito que você é.

— Já imaginava a sua resposta - dou risada entrando no carro.

— Não está de rosa hoje, algum motivo especial? - ele me pergunta já dirigindo para a empresa.

— Não... Nada especial, só quis mudar um pouco - sorrio fraco.

— Mas você não precisa mudar nada que não queira - ele sorri - Se você mudou para experimentar algo novo tudo bem, mas se não for algo que queira, não mude por ninguém.

"Ele falando parece ser tão fácil"— penso.

— Vamos ouvir musica - digo ligando o radio e bebendo meu cappuccino.  

— Amo essa musica - ele diz e ficamos cantando o refrão juntos e rindo como dois doidos.

Kevin e Hinata (Mark Ronson - Uptown Funk ft. Bruno Mars)

Girls hit your hallelujah (ooh)

Girls hit your hallelujah (ooh)

Girls hit your hallelujah (ooh)

'Cause uptown funk gon' give it to you

'Cause uptown funk gon' give it to you

'Cause uptown funk gon' give it to you

Saturday night and we in the spot

Don't believe me just watch (Come on)

Don't believe me just watch!

Don't believe me just watch!

Don't believe me just watch!

Don't believe me just watch!

Don't believe me just watch!

Hey, hey, hey, oh!

Nesses curtos momentos em que estou aqui cantando com meus amigos eu não me importo com o que os outros pensam ou falam de mim. Eu amo o tempo que passo com todos. Já se passou dois meses desde que o Kevin e a Kaithy começaram a trabalhar aqui, e todos os dias tem algo novo e divertido para se fazer. Não ficamos 100% do tempo juntos, mas sempre nos esbarramos uns com os outros. E sempre temos o karaokê para juntar a turma toda, até o Kevin passou a ir ao karaokê junto com todos. E o Kevin me busca em casa e me leva para a faculdade e me traz em casa todos os dias, pois minha casa é no caminho para a casa dele. Ele é adorável. Despedimos-nos ao entrar na empresa, nos veríamos novamente à tarde.

Fui caminhando para o meu setor e avistei elas conversando perto da maquina de café. Elas não me viram ainda. Reúno coragem e ando, tenho que passar ali uma hora ou outra afinal. Vou andando e passo sorrindo por elas dando um bom dia bem animado, e elas dizem bom dia de volta. Ao passar por elas as ouço rirem 'baixinho'.

— Ela saiu da Pink pie para ser uma gótica - escuto uma sussurrar para a outra rindo.

— Deve achar que roupa preta define algo - ela diz alto o suficiente para eu ouvir de modo legível.

— Deixem a menina virar mulher criaturas - outra diz rindo e as outras riem juntamente.

"Esta tudo bem... Logo irei ver os meus amigos"— penso e sorrio verdadeiramente, pois sei que se eu deixar uma lagrima cair não vou conseguir segurar as outras.

Kevin Dreyar

Ao chegar ao local que uso para trabalhar me sento e suspiro bem alto.  

— Queria poder ajuda-la... O sorriso dela é tão lindo, queria poder a fazer sorrir verdadeiramente sempre - digo pensando alto.

— Se continuar sonhando alto assim, seus desejos não vão se realizar loiro - olho a dona da voz e vejo Kaithy me olhando sorrindo - Pensando na Hinata novamente? - ela para ao meu lado.

— Queria poder colocar um sorriso eterno no rosto dela - digo com o coração pesado - E ela não me diz o motivo, mas eu sei, eu olho nos olhos dela e não vejo o brilho...

— Kevin - eu a olho - Se você sente algo, cante.

— Como assim?

— Cante,  coloque tudo para fora em uma musica que lhe defina ou despeje seus sentimentos num papel - ela sorri para mim - Acredite, você ira se sentir livre se fizer isso.

— Cantar...

— E a musica é algo especial na vida da Hinata, tente se expressar com uma canção - ela toca meu ombro gentilmente.

— Kaithy, está dando em cima do colega de trabalho? - Nathaniel exclama brincalhão, Kaithy como resposta pega um dos meus bonecos que fica na mesa do PC e joga nele - É pra machucar é?

— É para quebrar a cabeça e ver se tem algo dentro - ela retruca.

— Joga algo mais pesado - Nathã está pedindo para Kaithy perder a paciência. Nesses meses eles brigam tanto que teve um caso dela pular nele e tentar arrancar a língua do mesmo. Foi tenso esse dia.

— Vou jogar a paciência que você me faz perder - ela revira os olhos.

— Você não tem paciência para jogar em mim - Nathã retruca, não quero estar aqui quando eles rolarem no chão querendo se matar.

— Ora seu... - ela ia jogar a tela do meu PC nele, mas eu segurei antes que ela pudesse fazer isso.

— Calma os dois, ainda nem começou o dia - digo desesperado, quem para as brigas deles é o Eric, eu não sei parar brigas.

— Ele que me tira do serio - Kaithy diz vermelha de raiva.

— Ela que fica muito fofa com essa cara de tomate - ele sorri a deixando com mais raiva.

— Não quero morrer tentando separar os dois, gosto da minha vida, tenho planos para uma coisa chamada futuro - digo voltando a me sentar.

— Um futuro que começa com Hi_ e termina com _nata  - Kaithy diz rindo de canto para mim.

— Minha irmã viu querido  - Nathã me olha e eu gelo.

— Nem se acanha esse ai late, mas não morde - Kaithy diz revirando os olhos, para minha surpresa Nathã mordeu o ombro de Kaithy, e ela... Bem...

Nathã e eu estamos muito vermelhos encarando a morena, que está igualmente vermelha.

— ...

—...

— Se contarem para alguém assassino vocês com essa caneta - ela pega uma caneta apontando para os nossos pescoços, nos fazendo engolir seco.

— C-Claro - digo com medo de ela cortar meu pescoço.

— Posso ter replay? - Nathã pergunta sorrindo, e Kaithy fica mais vermelha.

— Só pra avisar que se for matar alguém, mate só ele - digo suando frio.

— Nathaniel Fernandez... - Kaithy diz sibilando o seu nome.

— Ferrou... - ele sai correndo como um louco e ela atrás dele com o objetivo de mata-lo.

— Ele pediu por isso, sinceramente... - digo feliz por estar vivo.

"Se a Hinata estivesse aqui ela iria rir com aquele jeito que só ela sabe"— penso sorrindo.

— Vou fazer uma coisa por ela, espero que ela goste - pego papel e caneta e vou para o carro. Percebo que escrever dirigindo não vai dar certo, ligo o áudio e vou tentando fazer uma coisa enquanto me dirijo ao shopping.

Hinata Fernandez

Finalmente, a melhor hora do dia, o almoço! O horário que posso me sentar com meus amigos e respirar sem a pressão de todos estarem me encarando.

— Finalmente, não vejo a hora de poder ver todos - digo levantando-me.

— Não é estranho ela ter pintado o cabelo assim? - uma menina diz sussurrando - Não parece mestruação?

— É natural, já perguntei a ela - outra diz sem muito interesse.

— Credo...

"Meus olhos estão ardendo..." - penso e mordo meus lábios. Sigo em frente, tenho que passar ao lado delas... Continuo andando para ir ver meus amigos, mas tropeço em algo e caio. De relance percebo que foi ela que colocou o pé.

— Desculpa, estava balançando o pé e não percebi você passando - está obvio que ela não está arrependida...

— Tudo bem... - o pior de tudo, é que todos estão rindo.

Após andar mais um pouco não me aguento e as lagrimas descem pelos meus olhos.

"Droga!"— penso e começo a correr para o banheiro, mas acabo me esbarrando em alguém e caio juntamente da pessoa - "Mais alguém para me chamar e lerda, não quero!" — penso, mas para minha surpresa a pessoa me abraçou e estava chorando também. Abro os meus olhos e vejo a Kaithy me abraçando, e chorando junto comigo. Sinto mais lagrimas em meus olhos. Olho para cima e vejo o meu irmão Nathaniel com o rosto muito sério, ele está com muita raiva, é possível notar isso. Levanto-me e antes de poder falar com ele o mesmo me corta.

 - Quem? - ele me pergunta e sinto meu coração apertar, não quero mais problemas - Me diga quem foi Hinata - ele diz tentando manter a calma.

— Nathã, é melhor não fazer nada, por favor... - Kaithy diz e vejo-o trincar os dentes tentando segurar a raiva.

— Eu não quero... - eles me olham - Não quero trazer problemas para vocês! - me afasto e saio correndo, não vou tirar o sorriso deles.

— Hinata! - escuto o Nathã me gritar e vejo de relance Kaithy o segurar para não vim atrás de mim.

"Obrigada"— agradeço Kaithy mentalmente. Encontro um lugar aparentemente abandonado, ou uma área que não usa mais. Sento-me ali e começo a chorar tudo que estava guardado. Após uns minutos ali abaixada com o rosto entre minhas pernas sinto alguém me abraçar. Não queria ninguém ali, queria ficar sozinha, mas sei quem é, e tenho certeza que ele não vai me deixar sozinha mesmo que eu implore. Então simplesmente o abraço.

Kevin Dreyar

Após ficar sabendo do que houve através da Kaithy e do Nathã, corri em busca da Hinata em todos os lugares, e a encontrei no lugar abandonado que seria reformado em breve. Ela não me notou, então coloquei a caixa ao lado e a abracei, e eu não iria a soltar nunca se pudesse. Ela retribui meu abraço e fico feliz por ela ter me aceitado ali com ela.

— Vem, vamos para o terraço... - ela confirma com a cabeça sem me olhar e fomos para o ultimo andar, que é só um local sem nada, porem bem fechado e seguro, e eu levei a caixa comigo. Sento-me e a coloco entre minhas pernas, fazendo-a apoiar a cabeça no meu peito e chorar a vontade.

— Kevin isso tá muito errado! - ela se pronuncia, não esperava que ela fosse falar algo, então dou total atenção - Porque que elas estão fazendo isso comigo? Não! Todo mundo só olha, e ri... Eu tento não ligar, eu juro, eu juro, passei anos da minha vida tentando não ligar, não só aqui! Assim como é na faculdade e como foi na escola! Mas não dá mais, é horrível!

— Hina... - dou um beijo na testa dela.

— Kevin... Eu não sei quem são essas pessoas, eu não as conheço! Eu não sei o nome delas, eu não me importo em saber o nome delas! Eu tenho que passar por essas pessoas todos os dias e eu não sei o porquê de tudo isso. Elas só acham engraçado, mas eu não acho engraçado!

— Sinto muito - sinto as lagrimas escorrerem  no meu rosto.

—  Você para de ser você mesma para ser outra pessoa. Você não usa mais o que você gosta você não sabe mais o que usar! Sabe o que é se olhar no espelho e não saber mais quem é você?! - ela se agarra na minha camisa e intensifica o choro, e eu a abraço querendo a proteger de tudo aquilo.

 Não sei do tempo e não me importo, se for para fazer essa joia rara sorrir novamente, eu delego o tempo. Após sentir ela se acalmar, levanto o rosto dela e passo o dedo enxugando os rastros de lagrimas.

— Você estava chorando? - ela me pergunta.

— Como não chorar ao ver uma rosa murcha assim? - sorrio para ela.

— Me desculpa.

— Você não tem culpa... - eu pego a caixa - Um presente para você, vê se você gosta - ela enxuga os olhos e se ajeita no meu colo abrindo a caixa.

— Que lindo... - ela diz impressionada com o vestido rosa rodado que havia na caixa.

— Estou feliz que gostou, agora vai lá vestir, prometo que não olho - digo sorrindo.

— Mas...

— Eu sei que quer vestir Hina, tem mais uma coisa que quero te mostrar... - ela me olha curiosa e vai para um canto trocar de roupa. Enquanto isso preparo o celular para o que eu planejei.

Depois de uns minutos ela volta, e eu já havia configurado o celular. Não consigo parar de olhá-la.

— Estou bonita? - essa pergunta...

— Você é perfeita do jeito que você é - sorrio indo até a mesma.

— Já imaginava a sua resposta - ela da uma leve risada, o que me deixa extremamente feliz a ver sorrindo e de um jeito que ela se sente ela mesma.

— Hinata, me disseram que a musica faz parte de quem você é.

— Sim... Às vezes uma musica diz o que o coração não sabe colocar em palavras simples.

Sorrio com a resposta dela e seguro a sua mão, dou play na melodia que criei no celular em um aplicativo, e junto com uma letra que tinha em mente. Ela me encara surpresa, e eu a encaro com um sorriso bobo no rosto.

(Bruno Mars - Just The Way You Are)

https://www.youtube.com/watch?v=VOes_wYp_pA

Kevin (Musica 'feita' por ele)

Oh...  Os olhos dela, os olhos dela.

Fazem as estrelas parecerem que não têm brilho. (Encaro seus olhos)

O cabelo dela, o cabelo dela

Recai perfeitamente sem ela precisar fazer nada (Enrolo meu dedo em um cacho dela)

Ela é tão linda...

E eu digo isso pra ela todo dia (Ela fica vermelha e eu sorrio com isso)

Sim eu sei, sei

Quando eu a elogio, ela não acredita

E é tão, é tão

Triste pensar que ela não vê o que eu vejo

Mas sempre que ela me pergunta se está bonita

Eu digo...

(Ela sorri e se balança de leve no ritmo da musica)

Quando eu vejo o seu rosto!

Não há nada que eu mudaria,

Pois você é incrível

Do jeito que você é

E quando você sorri (ela da um sorriso)

O mundo inteiro para e fica olhando por um tempo

Pois, garota, você é incrível

Do jeito que você é

Os lábios dela, os lábios dela

Eu poderia beijá-los o dia todo se ela me permitisse

(Nesse momento ela me encara boquiaberta)

A risada dela, a risada dela

Ela odeia, mas eu acho tão sexy (ela fica vermelha de novo)

Ela é tão linda

E eu digo isso pra ela todo dia (Me aproximo da mesma)

Oh você sabe, você sabe

Você sabe que eu jamais pediria para você mudar (enfatizo essa parte)

Se a perfeição é o que você busca

Então continue a mesma (Ela me olha tímida e de certo modo agradecida)

Então nem se preocupe em perguntar se você está bonita

Você sabe que eu vou dizer...

Quando eu vejo o seu rosto (Me aproximo mais)

Não há nada que eu mudaria (Estamos frente a frente)

Pois você é incrível (Ela morde o lábio inferior me encarando)

Do jeito que você é...

E quando você sorri

O mundo inteiro para e fica olhando por um momento

Pois, garota, você é incrível

Do jeito que você é

(No final dessa parte estávamos totalmente colados um no outro e os lábios a milímetros de distancia, mas não vou arriscar, não aqui.)

— Isso foi muito lindo... - ela diz sorrindo e chorando de modo calmo.

— Só mantenha esse lindo sorriso no rosto, em nome do meu coração, ele não aguenta lhe ver triste - abraço ela.

— Kevin...

— Oi?

— Obrigada por existir.

Fico emocionado com o que ela diz, ficamos ali abraçados e conversando até algumas horas. Como o Nathaniel é o nosso superior, ele obviamente relevou que não voltamos ao trabalho. E mais tarde explicamos a situação na faculdade, e não tivemos nenhum problema. Isso já motivo suficiente para se alegrar também. E me sinto muito mais próximo da Hinata, nada poderia me deixar mais feliz do que ver o sorriso dela. Isso para mim já é suficiente.