Ela estava o esperando sentada numa rocha, com o cotovelo apoiado na perna e a cabeça apoiada na mão, com o arco e flecha a tiracolo. Concentrada demais em seus pensamentos, Hanami não percebera a aproximação do Otsutsuki e por isso se sobressaltou quando ele surgiu repentinamente.

— Você realmente veio… — admirou ele

A moça levou a mão ao peito, no intuito de acalmar as batidas descompassada de seu coração.

—Por acaso gosta de assustar os outros?

Ele abriu um sorriso malicioso.

— Achei que perceberia minha aproximação. Pra que carregar um arco se não vai poder se defender de um ataque surpresa.

Hanami dardejou um olhar a ele e bufou. Embora não quisesse admitir, o Otsutsuki estava certo; ela não conseguiria se defender de um ataque iminente.

Pôs-se de pé.

— Onde é o lugar?

Indra a olhou de relance e deu um sorriso debochando. Concentrou chakra nos pés e saltou para o galho de uma árvore, e dela para o chão correndo com os braços para trás. Hanami o acompanhou todo percurso, sempre a alguns passos atrás, pois Indra seguia numa velocidade inalcançável para a moça.

Por fim, chegaram ao local. Era uma densa floresta de coníferas e mato alto, provavelmente pouco desbravado. Pouco à frente havia uma clareira feita por alguém, pois os troncos de árvores ainda restavam escondidos pelo mato alto.

— Costumo vir treinar aqui, é um ótimo lugar. Ninguém me incomoda e também não nos incomodaram agora que estamos sozinho —disse tranquilamente, sorrindo maliciosamente.

Hanami arregalou os olhos diante de tal comentário e dardejou um olhar de severo ao Otsutsuki.

—Não pensei que fosse um idiota!

— E não sou. Você queria que não fossemos vistos juntos, e acatei seu pedido. Ninguém saberá que estamos aqui, posso lhe garantir.— ele se aproximou mais da mulher que lhe dardejava um olhar. — Sequer seus parentes vão imaginar que anda a ser encontrar sozinha comigo.

Ela bufou e desviou o olhar das orbes ônix de Indra.

— Idiota! — resmungou. — Podemos começar logo?

— É claro. — Indra caminhou até o centro da clareira. — Apenas observe.

O Otsutsuki fez uma sequência de movimentos rápidos e juntou as mãos. Uma chama alaranjada crepitou sobre sua mão sem queimá-lo. Com um simples movimento a desfez.

— Ainda criança pôde perceber que o chakra poderia ser alterado para formar que eu desejasse. No início, eram coisas pequenas, simples. Mas quanto mais eu treinasse, novas habilidades eu ia descobrindo.

Hanami o ouvia com atenção, admirada com tal habilidade. Seus irmãos sabiam como alterar o chakra, mas ela não. Seguia o conselho de seu avô em usar o chakra para se conectar ao espírito. Corpos saudáveis para sustentar espíritos ricos, dizia Hagoromo.

— Ao infundir o chakra para liberar poder, a formação das nossas mãos faz diferença. Dependendo de como combinamos nossos dedos, podemos criar variados poder. Dúvidas?

— Hum… Em relação ao esprito como fica? — perguntou ela. — Meus irmãos usam os jutsu como forma de combate, não como algo para aprimorar ou elevar o espírito.

Antes que respondesse, Indra sentou no chão apoiando os pés em cada uma das coxas e as costas alinhadas. Era a posição de Lótus, e Hanami a conhecia bem. Era a posição na qual, um grupo reunido, usava o ninshu para unir as almas.

— Meu pai, Hagoromo, uma vez me disse que se o chakra fosse usado como arma, deveríamos treinar ainda mais a alma para controlar esse chakra.

Ele fechou os olhos, uniu as mãos e passou a meditar. Hanami olhou com espanto, o criador dos selos e jutsu a convidava para ficar em sintonia com sua alma. Embora espantada, Hanami sentou no chão, ficou na posição de lótus e, antes de fechar os olhos, olhou de relance para Indra.

Estava pronta para harmonizar sua alma a dele.