Mudança de Passarela escrita por VFarias


Capítulo 18
Culpa sem lembranças!




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Narrativa: Colin.

— Sai fora! – Digo empurrando ele para longe de mim. - Você está ficando louco? O que foi isso? – Queixei-me dando uns passos para trás, para ficar ainda mais longe dele.

Ele estava ficando maluco, só podia ser mesmo, não havia outra explicação para o fato de que ele havia me beijado. Pietro Rossi o machão escroto estava me beijando, o cara que sempre me odiou, e o cara que é HÉTERO, EU SOU HÉTERO!

Ele se afastou de mim e começou a andar de um lado para o outro como se estivesse perturbado.

— Por que fez isso? – questionei a ele mais incisivamente. – Tá ficando maluco? O que é que está acontecendo com você cara?

Ele não me respondia, na verdade ele segurava a cabeça e ficava andando de um lado para o outro.

— Pietro eu estou falando com você! – digo a ele, ficando irritado. – Não era você que estava todo preocupado de eu trair a sua irmã e você vai lá e me beija? Você está ficando louco? VOCÊ ME BEIJOU!

Ele virou em minha direção com o olhar completamente transtornado, eu não sabia mais o que fazer, era doideira aquilo tudo, o que ele estava pensando, será que ele havia se drogado também, digo além da Vodcka?

Ele veio para cima de mim tentando segurar em meu rosto como se fosse me dar outro beijo.

Novamente eu o empurrei, que loucura era aquela do Pietro?

Pietro não gostava de mim desde a infância nem para ser meu amigo e agora ele estava querendo me beijar?

Ele me segurou pelos braços e me puxou para o que seria mais um beijo, eu consegui desviar o rosto bem a tempo.

— Para de resistir seu idiota. – mandou ele.

O que? Parar de resistir, ele dó pode estar doente da cabeça!

Consegui empurrar ele mais uma vez.

Ele seguiu em direção à garrafa de Vodcka a pegou e tomou uns bons goles.

— Ótimo agora ele resolve beber mais. – digo. – Você vive falando que eu não sou homem para a Laura, mas eu não estava fazendo nada de mais lá dentro, só estava dançando e ela sabe disso, e daí você vem e me beija? Logo você que começou toda a confusão por achar que eu a estava traindo.

Ele apenas me ignorava e como ele não me respondia aquilo me irritou.

Eu reparei que eu ainda estava com a pulseira, os seguranças não haviam tirado isso queria dizer que eu podia voltar lá para dentro.

— Me responde! – Falei incisivamente. – Já que não vai falar sobre esta sua loucura atual me diz o porquê de eu não ser homem para a Laura? Eu sempre a tratei bem, sempre cuidei dela, fui respeitoso, tratei ela como a mulher que ela é.

Como ele não me respondia eu desisti de tentar ficar ali e obter qualquer resposta, então caminhei até a frente da casa onde ocorre a festa e entrei novamente, os seguranças nem repararam em quem eu era apenas olharam a pulseira que eu usava e deixaram eu passar.

Demorou ainda um pouco para que eu visse Pietro lá dentro novamente.

Continuei dançando, decidido a esquecer tudo aquilo tudo até ele estar bem o bastante para responder as minhas perguntas, porque se tinha uma coisa que eu ia fazer era cobrar uma resposta diante de toda essa loucura dele!

Depois de algum tempo, olhei para o bar e vi que Pietro estava lá caído em cima do balcão, e estranhamente eu não via mais nenhum dos outros caras da agência que vieram junto com a gente, estranhamente eu suspeitava que todos já haviam ido embora com alguém ou sozinhos mesmo e nem se quer avisaram.

Bando de babacas e ainda se dizem amigos.

Já me xingando de todos os nomes possíveis imaginários por ser tão idiota eu caminhei em direção ao bar e o cutuquei, mas ele não acordava.

Ótimo, o idiota estava desmaiado.

90% do meu corpo dizia deixa ele aí, ele não merece a tua ajuda, mas a minha consciência que eram os 10% restantes berravam na minha mente traindo todo o resto do meu corpo, ele ainda é um ser humano e você deve ajudar ele!

Passei um braço pela cintura dele e o braço dele por cima do meu ombro, é tudo igual a outra vez, afinal essa era a maneira mais fácil de carregar alguém.

E então comecei a carregar ele para fora, o ruim é que ali na praia não havia táxis, então tive que praticamente carregar ele o caminho todo arrastando ele.

Quando finalmente chegamos ao hotel agradeço muito por ser de madrugada e não ter muitas pessoas por ali.

Subi com ele para o quarto e foi só chegar ali que o idiota despertou, "correu" para o banheiro e vomitou, quando fui ver se ele não estava se afogando no vaso sanitário vi o tamanho do problema que ele causou, ele havia vomitado no vaso sanitário, no boxe e até em cima de si mesmo, o que era simplesmente ótimo, além de nojento, eu devia deixar ele assim, mas seria muito desumano, e embora tivesse certeza que ele nunca faria isso por mim.

Ele apagou logo depois de vomitar, então carreguei ele para fora do banheiro e tirei a camiseta dele, estranhamente não conseguia tirar os olhos de sua boca que aliás a pouco tempo atrás estava na minha esse pensamento me fez recordar do momento e agora eu deixando o susto de lado e o nervosismo eu pude perceber certas sensações que eu tive na hora, como por exemplo o quanto sua boca era macia, o quanto o formato da sua boca era atraente, completamente desenhada e era rosada também, era bem o tipo de boca que me chamava a atenção.

Então um estalo se deu em minha mente: Colin para com isso, foca nas coisas que tem para fazer, que por sinal já era muito estranho.

Depois de tirar toda a roupa dele sem olhar muito para ele, peguei uma toalha no banheiro e um vaso de vidro que tinha algumas pedras, tirei as pedras e o enchi de água, quando voltei para a cama dele ele já estava dormindo eu comecei a limpar seu rosto com a toalha molhando-a toda vez que limpava boa parte do vômito.

Eu sou muito idiota, santo Mickey.

Depois disto, vasculhei sua mala em busca de algo que eu pudesse vestir nele, achei um short de moletom velho, parecia pijama, coloquei nele ainda sem olhar muito para o seu corpo.

Afinal eu não podia pensar nele daquele jeito, embora eu não tivesse preconceito com nada nesta vida, tinha o imenso fato de que eu sou hétero, Pietro é hétero e nada do que aconteceu tinha lógica de acontecer e nada mais podia acontecer.

Após isso fui limpar o boxe do banheiro que ele havia vomitado e logo em seguida tomei banho e dormi ainda pensando em como ele havia me beijado, como eu agora entendia que havia gostado e como tudo isso era louco.

Pareceu que eu não dormi nada e já estava acordando.

Olhei para a cama ao lado Pietro não estava mais lá, havia descido o que era louco.

Eu me arrumei o mais rápido que pude não por causa de Pietro, mas sim porque estava atrasado, tinha pouco tempo para fazer tudo que precisava antes de ir embora.

O problema foi que quando cheguei ao salão refeitório eu encontrei todos os modelos da "AL" enfileirados um ao lado do outro, Sebastian estava na frente deles, era como uma cena militar, era assustador.

— Eu quero saber quem foi o responsável por organizar está saída noturna não autorizada! – dizia ele. – E eu quero saber agora!

O pessoal falava que Lúcio era cruel, mas Sebastian que era quem tinha ficado para tomar conta de nós estava uma fera, completamente nervoso e irritado, general de verdade e eu conhecia muitos militares afinal morava com um em casa.

Reparei também que Pietro usava óculos escuros, embora não entendesse o porque já que lá dentro não era tão claro a ponto de incomodar as vistas.

— Chegou mais um! – disse Sebastian olhando para mim. – em fila!

Assim como ele mandou não ousei questionar e fui.

Ele estava furioso, olhou bem no meu rosto depois mirou em Pietro.

— Tire esses óculos! – mandou ele.

Pietro obedeceu seu olho esquerdo estava um pouco inchado. Deve ter sido da nossa briga antes de sermos expulsos da festa

— Perfeito, você e Colin andaram brigando novamente não é? – Questionou Sebastian a Pietro. – E eu aposto que a ideia de ir a festa sem permissão foi sua também, afinal essas coisas são sempre ideia sua.

— Senhor... – começou Pietro tentando se defender, mas ele não conseguia.

Por mais que eu estivesse irritado com ele e até mesmo confuso por tudo, eu não podia deixar que ele levasse a culpa de algo que não tinha feito, embora a briga tenha sido por causa das idiotices dele, estarmos lá era por minha causa eu tinha incentivado os garotos a verem se haveria a festa e irem, tomei a dianteira e falei.

— Senhor na verdade Pietro foi praticamente arrancado do quarto para ir a festa que na realidade foi ideia minha. – Digo confiante e sincero o bastante para que ele acredite de primeira, e sabendo que eu seria punido por isso.

— E difícil de acreditar nisso devido ao seu histórico garoto. – disse Sebastian um pouco desconfiado.

— Mas insisto em dizer que é a verdade. – digo mantendo meu semblante impassível. – Nós tínhamos esse costume na "AR" de sempre comemorar quando tínhamos um evento deste porte finalizado com sucesso, eu só pensei em fazer o mesmo. Não pensei que haveriam problemas. E quanto a briga que Pietro e eu tivemos, na verdade não foi um com o outro, nós apenas nos defendemos de outros caras que vieram para bater em nós porque derrubamos um copo perto deles e respingou bebida na roupa eles.

Sebastian respirou fundo e falou.

— Tudo bem! – disse ele passando a mão nos cabelos. – Mas vou informar isto a escola e ao Rogerio, mas fique ciente de que você Colin, vai para a detenção.

Esse é o maior problema de escolas integradas a agências de modelo, onde quer que você erre a outra vai ficar sabendo e você será punido talvez pelas duas.

— Sem problemas senhor. – respondi sabendo que não tinha muito o que argumentar eu estava errado e tinha que arcar com minhas consequências.

Olhei para Pietro e vi que ele estava boquiaberto, assim como alguns outros garotos.

— Vão tomar café, saímos em duas horas. – mandou Sebastian sério.

Sentei-me a uma mesa com Victor.

— Cara desculpa eu devia ter dito a verdade também, não foi só você. – disse ele se sentindo um pouco culpado.

— Não se preocupa, não precisa se sentir culpado irmão. – digo a ele em reposta. – até porque não tem necessidade de nós dois irmos para a detenção.

— Mas a festa foi bem legal! – disse ele sorrindo.

Que bom que para ele foi tudo legal.

— Teria sido melhor se eu não tivesse carregado Pietro bêbado para o hotel de volta. – digo.

— A cara você é muito bonzinho, Pietro não merece tua ajuda não cara, para falar bem a verdade não entendi porque você assumiu a culpa, sendo que ele levaria ela. – disse ele. – eu descolei uma gata e levei ela para um canto na praia e foi bem divertido.

— Justamente porque ele levaria culpa de algo que não fez. – digo a ele meio irritado com o que ele disse. – Eu não deixo ninguém levar culpa de minhas ações.

— Relaxa ai cara. – disse ele.

Subi para o quarto para arrumar as minhas coisas sem nem ter comido direito, peguei um pão de batata e um copo de chocolate quente e sai da mesa irritado, eu tinha pouco tempo para arrumar tudo e estava tudo uma bagunça.

Pietro entrou no quarto pouco tempo depois, não falou nada, foi direto para suas coisas e começou a arrumar sua mala.

Eu estava ficando agoniado, pois queria falar sobre as coisas de ontem, ou melhor sobre o beijo.

Ele sentou na cama com o celular na mão e mandou uma mensagem em forma de áudio.

— Cara eu to morrendo de dor de cabeça, não lembro de nada que fiz ontem. – disse ele.

Foi como se ele lesse a minha mente, mas será mesmo que ele estava dizendo a verdade.

— Sério que você não se lembra de nada de ontem? – questionei assim que ele terminou o áudio.

— Qual foi otário? – Questionou ele. – Que acha de não ficar ouvindo a conversa dos outros.

— E você idiota o que acha de começar a responder as minhas perguntas! – retruquei.

Ele se levantou e veio andando até mim, por um momento achei que ele fosse me bater e que toda a palhaçada ia começar, mas ao chegar bem próximo a mim ele engoliu em seco e fez uma cara de quem está se contendo, virou e voltou a arrumar as coisas dele.

— Eu não lembro de nada! – disse ele.

Não insisti mais, sabia que forçar o assunto só causaria mais brigas entre nós e não era isso que eu queria por pior que fosse para eu ficar curioso.

Também decidi não contar nada para Laura, ela não precisava saber disso e eu tentaria ao máximo esquecer tudo isso, assim como Pietro havia esquecido, porém sem o uso do álcool.

E aquelas coisas que para mim precisavam de repostas, ficaram sem e eu decidi seguir a vida assim mesmo, é uma das partes da vida.


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