1864 escrita por Dear Laura


Capítulo 2
Secret


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo eu guardei o melhor para o final, então estou muito na expectativa e espero que gostem ♥

("Secret" é uma musica do Maroon 5, bem gostosinha e sensual que combinou perfeitamente com o cap, então recomendo ouvir quem quiser o link abaixo)
https://www.youtube.com/watch?v=eEw1QqxNWAU



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1864 – ℳystic ℱalls, Virginia 

O cavalo trotava veloz arrancando tufos de grama nas ferraduras ao atravessar o campo molhado pela chuva. Damon gostava da sensação do vento batendo no rosto e o cheiro de terra molhada, mas agora gostava ainda mais da sensação dos braços menores envolvendo-o e do calor do corpo da garota às suas costas.

Já Anna não pensou muito antes de montar no cavalo do Salvatore, porém sabia também que um pouco o fez pois em breve poderia nunca ter outra oportunidade ou liberdade para fazer qualquer coisa, em dois anos faria dezoito e Pearl já tinha seus planos para ela. E Emily, apesar de uma boa amiga, era leal a sua mãe e contaria tudo. Como já deve ter feito a essa hora, pensou Anna ao lembrar da bruxa assistindo-a partir no cavalo do Salvatore.

E ainda tinha ele.

Anna não fazia ideia do que Damon pretendia. Ela o vira algumas vezes na companhia de Katherine com sua mãe e sabia sobre ele, a vampira, e o irmão. Deixando Anna mais desconfiada dele e do que Damon poderia estar tramando.

Foi tirada dos pensamentos quando o galopar do cavalo reduziu até parar quando chegaram as ruínas de uma antiga construção de pedras. Havia anoitecido e a luz da lua brilhava naquela noite dando iluminação, mas ainda assim estava escuro e frio pelo vento de chuva e as muitas árvores ao redor.

Damon desmontou do cavalo primeiro depois virou-se para Anna. Ele a encarou aproximando-se, segurou sua cintura com firmeza e a puxou suavemente fazendo-a se segurar em seus ombros para que a ajudasse a descer do cavalo.

Uma vez no chão, Damon colocou-a bem a sua frente mantendo as mãos ao redor de Anna, que o encarou. Os cantos dos lábios de Damon curvaram-se levemente ao observar a expressão apreensiva no delicado rosto dela, achando uma tentação. Instintivamente Anna deu um passo para trás e afastou-se dele.

— Que lugar é este? — perguntou, olhando ao redor. Dessa vez, Damon exibiu completamente o sorriso ardiloso.

— Você vai ver. — ele disse e segurou suavemente a mão dela.

Levou-a aos restos de uma amurada de pedras que cercavam degraus para baixo. Ele começou a descer, mas Anna parou hesitante.

Damon a olhou nos olhos.

— Não tenha medo — assegurou-lhe — Não quero machuca-la.

— Talvez devêssemos voltar...

— Confie em mim. — Damon pegou sua mão outra vez.

Anna não confiava, mas por algum motivo — talvez curiosidade ou anseio de anos por sair nas próprias aventuras — Anna deixou ser guiada ao que parecia uma espécie de gruta.

Não era tão escuro quanto achou, mas úmido, água vertia do teto e pingava algumas vezes. Anna olhou mais a frente então notou de onde vinha claridade, havia um buraco redondo acima por onde entrava a luz da lua e logo abaixo a sua frente estava o que restara d'água do que um dia teria sido uma pequena reserva. Anna percebeu, ali era um antigo poço que secara.

A luz do luar refletia diretamente sobre a água, era uma visão simples, mas muito bela.

— É tão bonito... — diz ela.

— Eu costumava usar esse lugar para me esconder do meu pai, é longe da cidade então ninguém vem muito aqui — Damon contou em tom cumplice. — Pode usar para se esconder da sua mãe se quiser, parece que você precisa mais do que eu. — disse, a fazendo rir levemente.

— Eu teria que encontrar um jeito de fugir primeiro.

— Bem, eu poderia ajudá-la com isso. Nós nos saímos bem hoje. — sorri.

— Verdade...

Anna olhava ao redor com olhos curiosos e aquele sorriso ingênuo que mexia com o Salvatore a observa-la, acompanhando-a.

— Por que ela é assim com você? — questionou.

— M-mmh — houve hesitação na voz de Anna e sua expressão murchou. — Minha mãe tinha um filho mais velho... Ele morreu quando tinha minha idade, eu ainda era pequena...

— Sinto muito — lamentou Damon, sentando-se ao lado dela sobre a pedra — Eu não devia ter perguntado...

— Tudo bem — Anna não o olhou nos olhos, mas Damon pode ver que havia mais do que tristeza. — Ela o tinha transformado, sabe, ele era jovem e aventureiro... Acabou chamando a atenção de caçadores.

— Por isso não a transformou ainda... — Damon completou o raciocínio.

— Ela pretende esperar até que eu faça dezoito anos.

— E quanto a você, senhorita Annabelle? — ele arqueou a sobrancelha — É isso o que quer?

Anna fitou-o. Depois balançou a cabeça em negativa.

Damon franziu a testa.

— Então por que vai fazer mesmo assim?

— Por que as pessoas se tornam vampiras, Sr. Salvatore? — Anna abriu um sorrisinho e por sua vez arqueou a sobrancelha.

— Por favor, "Sr. Salvatore" é o meu pai. Além disso, estamos sozinhos aqui, apenas me chame de Damon... E eu poderia chama-la de Anna.

Ele arqueou a sobrancelha incentivando-a a continuar.

— As pessoas desejam se tornar vampiras porque amam tanto alguém que desejam estar juntos para sempre. Eu amo minha mãe. E acho que ela apenas não quer ficar sozinha pela eternidade...

— Seria uma longa eternidade. — zombou Damon fazendo-a sorrir.

— E o Sr...

Damon a olhou inquisitivo e ela corrigiu-se

— E você e seu irmão querem se tornar vampiros pela Srta. Katherine?

Damon foi pego de surpresa, e Anna sorriu sem graça.

— Eu sempre ouço as conversas... Desculpe, eu não deveria...

— Não sei quanto ao Stefan, mas sim, eu quero. — Damon responde forçando um sorriso.

Anna assentiu, e ele meneou a cabeça continuando.

— Na verdade, eu até já fui caçar uma vez.

— Ah, é mesmo? — Anna ergueu a sobrancelha duvidando, ele assegurou então ela franziu o cenho. — Deve ter sido muito nojento.

— Muito nojento. — concordou e eles sorriram.

— Vi minha mãe beber sangue uma vez, quase vomitei.

— Eu literalmente vomitei assim que entrei no quarto, não pude ver carne mal passada durante o resto da semana. — Damon fez piada.

— Vá se acostumando esses serão os próximos cento e tantos anos da sua vida! — brincou Anna.

— Você não está melhor, filhinha da mamãe, se fosse para viver com meu pai controlador pela eternidade, eu preferiria morrer de uma vez.

— Ora!

Anna tentou empurra-lo para a água fingindo ofender-se apesar de rir. E Damon ameaçou derruba-la também, divertido.

A brincadeira parou, mas eles não se afastaram. A chuva caia novamente entrando pela fenda acima da água e mostrando-se forte, mas nenhum dos dois pareceu perceber e continuavam olhando-se nos olhos.

Watch the sunrise
say your goodbyes
off we go

Na verdade, era a primeira vez que Damon podia falar abertamente como toda a coisa de vampiros poderia ser estranha e divertir-se como não fazia muito com a pressão nos últimos tempos.

Foi quando Damon entendeu aquela conexão que sentia com Anna antes mesmo de conhecê-la, porque ele já havia sido assim como ela: inocente e tão obediente ao pai que precisou ir a guerra obedecendo-o para finalmente perceber que não era nada disso o que queria e tomar coragem para se libertar. Assim como Anna, que nem poderia ter uma conversa sem ser vigiada pela mãe, ou através de Emily.

Então Damon acabou se perdendo nos pequenos e escuros olhos de Anna e na inocência da qual ele sentia falta. Ele ainda segurava seus braços e devagar deslizou sua mão acariciando a pele macia descoberta pela manga do vestido dela. Vendo sua pele arrepiar-se pelo simples contanto, sentiu seu desejo aumentar mais. Damon percebeu que Anna nunca havia sido tocada e ansiou por fazer isso subitamente.

Some conversation
no contemplation
hit the road

Em um movimento calmo, ele ergueu a outra mão até o rosto de Anna e deslizou as pontas dos dedos em sua pele pondo uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Anna acompanhou seu movimento, mas seu olhar estava preso aos olhos azuis de Damon, ela sabia que devia se afastar porém não conseguia. Então ele atreveu-se a tocar mais uma vez, segurando o rosto de Anna acariciou suavemente com o polegar.

Então era isso o que ele queria com ela?

Como se levasse um choque, Anna levantou depressa evitando o olhar de Damon.

— Sr. Salvatore–

— Damon — corrigiu, pondo-se em pé a sua frente.

— Eu realmente preciso ir... Está tarde e Emily já deve ter contado a minha mãe...

— Se você vai ouvir um sermão de qualquer jeito, é mais uma razão para não se apressar.

Anna tentou desviar dele, mas Damon parecia premeditar suas investidas em passar por ele, bloqueando seu caminho.

Our road is long
your hold is strong
please don't ever let go
oh, no

— O que quer que esteja fazendo, pare! – disse Anna, e passou por ele.

— Estou fazendo isso por você, na verdade. — Damon diz com obviedade a seguindo.

— Por mim? — sorriu irônica sem sequer parar — Você nem me conhece!

— Não, mas sei como é ser sufocado pelos pais.

Anna parou de repente já na superfície, sentindo os pingos gelados da chuva atingindo sua pele com força começando a ensopar seu cabelo e o vestido. Virou-se e olhou para Damon respirando pesadamente ao encara-la de volta.

O únicos sons eram os da chuva despencando do céu e atingindo o solo enquanto ninguém disse nada naquele momento.

I'm driving fast now
don't think I know how to go slow
where you at now?
I feel around, there you are

— Escuta, Anna, posso leva-la de volta agora mesmo se é o que quer, mas nós dois sabemos que quando voltar, nunca mais vai ter a chance de sair assim novamente e com certeza não sozinha. — a cada palavra Damon dava mais um passo, devagar, na direção de Anna.

— Você não sabe disso... — finalmente ela responde, insegura.

— Sim, eu sei. Eu costumava ser como você, até fui para uma guerra que não era minha para não desobedecer meu pai. — Damon continuou — Mas eu sabia que precisava ou nunca viveria minha vida e quando tomei essa decisão, quando parei de fazer o que meu pai queria que eu fizesse e comecei a fazer o que eu realmente queria, nunca me senti mais vivo. E no fundo, Anna, você também sabe que é o que precisa fazer.

Perto o bastante, Damon pode ver os olhos escuros de Anna brilharem enchendo-se de lágrimas e como ela tremia levemente, mas não pelo frio ou a chuva, e sim pois parecia estar segurando isso há muito tempo.

— Não posso... — diz com lábios trêmulos — Eu quero, mas não posso...

— Você pode. — Damon pegou sua mão, ela não soltou mas balançou a cabeça negativa e sorriu sem humor.

— Eu sou tão fraca...

— Não — Damon negou, segurando seu rosto menor com firmeza e olhando nos olhos de Anna com segurança.

I ask you how hot can it get
and as you wipe of beads of sweat
slowly you say
"I'm not there yet!"

— Você já deu o primeiro passo hoje. Isso não é fraqueza, Anna. — ele sorriu acariciando o rosto dela e limpando uma lágrima com o polegar. — É mais forte do que pensa. Você é corajosa.... Você é linda.

Os olhos azuis encararam a boca dela e notando isso Anna também fitou a dele por um momento e depois aos olhos de Damon novamente, então ele tomou impulso. O barulho da chuva encobrindo o som das batidas de seu coração acelerando a medida que Damon aproximava o rosto do dela, apenas fechou os olhos ao sentir o nariz molhado encostar no dela e a respiração quente misturar-se a sua, então os lábios macios tocaram os seus.

I know I don't know you
       but I want you
 so bad

Anna sentiu o gosto salgado da chuva nos lábios de Damon quando se moveram sobre os dela, mas não era ruim, de certa forma era gostoso, era excitante.

Damon envolveu sua cintura e puxou o corpo dela contra o seu fazendo Anna sentir o calor dele apesar das roupas pesadas e ensopadas da chuva fria. Timidamente Anna segurou-lhe o rosto e com a outra mão afundou os dedos finos nos cabelos molhados de sua nuca. Damon ainda segurava seu rosto com a destra, guiando o beijo enquanto ela seguia o ritmo ditado por ele. Era seu primeiro beijo então Anna imaginou que a inexperiência seria óbvia.

A mão de Damon deslizou em suas costas devagar e um arrepio percorreu sua espinha no mesmo caminho que a mão dele subia. Anna sentiu suas pernas bambas e seu corpo se arrepiar, ela não conseguia respirar direito entre o beijo por causa da chuva, ainda assim não quis parar, era tão bom. Ao mesmo tempo o beijo se tornava mais quente e intenso. Anna sentiu isso na firmeza dos toques de Damon e em como seu corpo inclinava-se contra o dela.

Everyone has a secret locked
           but can they keep it?
           oh, no, they can't

Ela sabia pelo que o corpo dele ansiava, mas não estava pronta para ir tão longe ainda. Então o afastou delicadamente pedindo que a levasse de volta, mas combinaram de se encontrar ali novamente. Anna sabia que aquela noite seria mais um segredo deles, mas de certa forma ela gostava disso.

Naquela noite Damon foi para cama com Katherine pensando em Anna e depois sonhou com ela, sem saber que ao seu lado a vampira continuou acordada. Katherine percebeu que algo nele havia mudado naquela noite determinada a descobrir o que era, e então, quando descobrisse...

Everyone has a secret
       but can they keep it?
       oh, no, 
they can't.


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