Siblings escrita por hrhbruna


Capítulo 10
09


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo dessa história ♥ fico feliz em ver que os números de acesso aos capítulos estão crescendo, mas seria possível que vocês deixassem um comentário sobre o que estão achando até agora?

Grazi fofa que sempre faz questão de deixar os comentários mais gentis ♥ espero que você se divirta com o capítulo de hoje.

Bjsss



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            Os dias se transformaram em semanas e as semanas se transformaram em meses. Eles tiveram as férias de inverno e Charlotte ficou em Hogwarts, assim como Harry. Blaise, Daphne e Malfoy, por outro lado, foram para casa naquele ano e deixaram o salão comunal da sonserina extremamente vazio – não que Charlotte tivesse notado, porque ela passava o tempo todo com Snuffles.

            Ela não disse a ninguém sobre Snuffles estar em Hogwarts. Não disse a ninguém sobre o esconderijo que o cão tinha a revelado. Ele se mostrou um animal bastante inteligente, tinha descoberto uma maneira de parar o Salgueiro Lutador e a mostrado o buraco no túnel que levava ao que parecia até a Casa dos Gritos.

            Era lá que ele estava ficando. Não era um lugar muito agradável, mas mesmo Charlotte descobriu que ela gostava de passar tempo lá. Ela levava seus livros, seu dever de casa, levava também comida para Snuffles que parecia ter um apetite aberto para sanduíches de peru.

            Ela arrumou uma cama para o pobre animal. Conseguiu mantas antigas e fez uma espécie de caminha para o bicho, mas infelizmente Snuffles embora fosse dócil não parecia doméstico já que toda vez que ela ia até seu esconderijo os cobertores sempre estavam desalinhados.

            Quando a neve começou a derreter nos terrenos de Hogwarts e eles tiveram os primeiros indícios de primavera, Charlotte estava sentada na biblioteca fazendo seus deveres de casa. Surpreendentemente a cadeira foi ocupada por seu irmão.

— Oi. — Harry disse.

— Oi. — ela sequer tirou os olhos do dever de casa.

            A pena arranhando o papel envelhecido foi o único som que se fez entre os dois por longos minutos. Charlotte conseguia sentir o par de esmeraldas do irmão seguindo o movimento de suas mãos e ela começava a se sentir ansiosa e irritada por ter dispensado a companhia de Blaise.

— O que está fazendo? — quis saber Harry.

— Não está óbvio? — Charlotte murmurou em resposta. Seu rosto lívido de qualquer emoção.

            Embora fosse boa em esconder emoções para os outros, Charlotte podia sentir um incômodo crescente em seu estômago pela presença de Harry. Estar muito perto do irmão sempre a causava aquilo.

            Ainda que ela tivesse conseguido evitar Harry com muita eficácia nas últimas semanas, Charlotte sabia que uma hora ou outra o irmão a encurralaria. Infelizmente nos últimos meses Harry vinha cada vez mais obtendo êxito em encontrar Charlotte sozinha, porém ela sempre conseguia se livrar dele já que Harry a abordava nos corredores a caminho da aula.

— Se eu estou perguntando, talvez não seja tão óbvio assim para mim.

— Estou fazendo a tarefa de Feitiços. Satisfeito?

— Você não precisa ser tão rude para responder a uma simples pergunta. — Harry comentou em tom anormalmente calmo.

            Seu irmão não era conhecido por ter um temperamento brando e sereno.

— Por que você não vai direto ao assunto e me poupa tempo? Eu preciso estudar. — Charlotte disse soltando um longo suspiro e depositando a pena sobre a mesa de alvenaria.

            Ela tinha certeza que Harry estava ali para falar da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas que tiveram antes das festas de fim de ano. O episódio havia sido motivo de conversa por muito tempo, mas Charlotte era mais que hábil em colocar alguns eventos para trás.

— Se você insiste. — Harry pigarreou. — Charlotte, algum dia eu a machuquei?

            A pergunta a pegou de surpresa. Ela não havia se antecipado por aquilo.

            Charlotte havia se preparado para uma pergunta como “por que eu sou seu bicho-papão?” e não a preocupada indagação que saiu da boca de seu irmão gêmeo.

— Não. — respondeu verdadeiramente.

— Em algum momento você já se sentiu ameaçada por mim? — Harry continuou.

            Não diretamente, respondeu a voz na cabeça da jovem.

— Não. — sussurrou.

— Você tem medo que um dia eu faça algo contra você? — perguntou o menino por fim.

            Sim, disse a voz de novo.

— Não. — mentiu.

            O problema de conhecer alguém há tanto tempo e só ter aquela pessoa, é que é completamente possível identificar uma mentira contada. Harry imediatamente percebeu que aquele “não” que Charlotte deu a sua pergunta, não podia estar mais distante da verdade.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu. — Harry disse baixinho, fazendo menção de pegar na mão dela, mas parando ao ver a expressão de horror no rosto da ruiva. — Eu sinto muito se eu tiver algum dia ferido seus sentimentos ou até fisicamente. Nunca foi com a intenção.

— Ok. — respondeu a menina ruiva no mesmo tom. — Desculpas aceitas.

            Harry sorriu torto e se levantou.

            Ela odiava quando Harry a olhava daquele jeito piedoso, tão característico de um grifinório como ele.

            Mas odiava especialmente, porque era daquele jeito que o reflexo de seu pai no espelho de Ojesed havia sorrido para ela. Do mesmo jeito que Harry o fazia.

— Escute. Tenho um presente de natal para você. — Harry disse e colocou uma caixinha sobre a mesa, empurrando-a na direção de Charlotte. — Espero que você goste, Lottie.

            Charlotte se sentiu terrivelmente mal. Ela não havia se dado ao trabalho de comprar nada para Harry.

            Ao abrir o a caixinha, percebeu que se tratava de duas presilhas com pedras cor de rosa. Era extremamente delicado e, sem dúvidas, Granger havia ajudado Harry a escolher.

— Hermione me ajudou, mas eu tive a ideia de que fosse um apetrecho para o cabelo. Sei como gosta de se enfeitar. — Harry disse com um sorriso.

— É perfeito. Obrigada. — respondeu e tentou sorrir, ainda que estivesse sem graça. — Desculpe não ter comprado nada para você. Acho que não consegui pensar em nada que você fosse gostar.

            Claro que Harry não se importou. Harry não ligava para presentes, tendo passado a vida inteira recebendo as meias velhas de Duda como prenda de aniversário, ele havia desenvolvido muito mais o desejo de presentear que de receber presentes.

— No momento, apenas uma vassoura nova. — Harry comentou com uma voz ressentida.

            Charlotte sabia que seu irmão havia perdido sua Nimbus 2000. Após um acidente na partida de Grifinória contra Lufa-Lufa, a vassoura tinha voado até o salgueiro lutador e tinha sido completamente destruída pela planta.

— Eu lamento, Harry. De verdade. Gostaria de usar a minha vassoura? Sei que não é tão boa quanto a sua, mas...

— Não. Está tudo bem. Eu vou comprar uma nova vassoura, apenas não tive oportunidade ainda. — Harry disse enquanto ia se levantando. — Não quero atrapalhar você. Bem, feliz natal, Charlotte.

            Naquela noite, pela primeira vez, Charlotte jantou na mesa da Grifinória e foi o melhor presente de natal que Harry já havia ganhado.

—x-

            Na manhã do dia seguinte ao natal, Charlotte foi surpreendida por Harry que, quando ela entrou no Salão Principal, informou aos berros que havia ganhado uma Firebolt. Quando a sonserina o perguntou quem havia o presenteado, ele disse que não sabia e não parecia achar nada suspeito.

— Harry. — Charlotte alertou-o. — Eu o aconselho a não voar na vassoura ainda. Permita que algum professor examine o conteúdo. Merlin sabe o que pode haver escondido ali...

— Oh, céus. Eu sabia que você viria com algum sermão.

— Bem, alguém tem que ter herdado um pouco de razão no DNA.

            Embora Charlotte estivesse um pouco curiosa sobre quem poderia ter mandado aquela vassoura para Harry, a mochila pesada em suas costas a lembrou do compromisso que tinha naquela manhã.

            Esgueirar-se sem ser percebida por Blaise e Daphne era constantemente um desafio. Embora Charlotte confiasse em Blaise, ela sabia que seu amigo não compreenderia o motivo de estar cuidando de um cão aparentemente abandonado.

            Nem mesmo Charlotte conseguia compreender exatamente o que a deixava tão intrigada com aquele cão, mas ela era capaz de passar horas na companhia do animal, conversando encostada em seu dorso ou lendo um livro com a cabeça peluda apoiada em seu joelho.

            Ele era uma companhia agradável e silenciosa. Charlotte apreciava o silêncio e a solidão.

            Naquela manhã de natal, Charlotte estava usando o suéter cor de rosa que a Sra. Weasley havia enviado para ela. Muito embora Charlotte não fosse exatamente uma grande fã dos Weasley, ela apreciou o gesto da matriarca e resolveu despachar uma carta com os doces que havia comprado para presentear Hagrid, optando por dar ao amigo apenas a garrafa de licor de laranja.

— Alô, Hagrid. Feliz natal. — disse ao amigo meio-gigante, quando ele abriu a porta.

— Oh, Lottie. Não precisava, doce menina. — disse Hagrid, recebendo a exagerada garrafa de licor.

            Como de costume, Charlotte quando visitava Hagrid não ficava presa em sua cabana. Ela gostava de caminhar na companhia do meio-gigante para alimentar as estranhas criaturas que viviam na floresta.

— Eu estou cuidando e adestrando centauros agora. — Hagrid anunciou orgulhoso.

— O que são essas criaturas? — perguntou Charlotte, carregando algumas doninhas para alimentar os hipogrifos.

— Suponho que você não seja capaz de vê-las. — Hagrid explicou com um sorriso. — Só pessoas que presenciaram a morte são capazes de ver essas criaturas. Do seu ano, acredito que apenas Neville Longbottom conseguiu vê-los puxando as carruagens.

— O quê? Eles puxam as carruagens?! Eu sempre pensei que fossem encantadas.

— Você e toda Hogwarts! — anunciou Hagrid com satisfação, claramente porque era algo que ele sabia e outros não.

            Eles alimentaram os hipogrifos e depois Hagrid a levou para ver Bicuço, que estava ficando mais afastado e preso. Partiu-lhe o coração ver o pobre animal daquele jeito.

— Eu estou estudando para defendê-lo diante da corte. — informou Hagrid, enquanto eles acariciavam o animal. — Hermione tem me ajudado. Sabe? Ela é uma ótima menina. Vocês duas se dariam muito bem...

            Charlotte ficou em silêncio. Mais de uma vez as pessoas já a disseram o quanto seria bom se ela fizesse mais amigos, especialmente meninas. Daphne não era exatamente uma amiga, mas uma colega de dormitório.

— Ela está muito solitária também. — explicou Hagrid. — Ron não está falando com ela e acaba que Harry passa muito tempo na companhia do amigo.

— Bem, algo me diz que tal como eu, Hermione não tem problemas em ficar sozinha.

— Não, não tem. Mas acho que uma amiga da sua idade, para desabafar, sabe? Poderia vir a calhar.

            Hagrid não tornou a tocar no assunto, o que a sonserina agradeceu e ela também logo se despediu do amigo porque precisava levar o presente de natal de outra pessoa. Ou melhor, de outro... alguém?

            Charlotte foi cuidadosa em olhar para os lados e se certificar que não estava sendo observada. Quando teve certeza disso, tirou a varinha das vestes e disse apontando para um galho.

— Wingardium leviosa. — disse.

            Moveu o galho de forma que ele bateu no nó que o cão sempre apertava para entrar no Salgueiro. Logo a árvore ficou imóvel e Charlotte pôde entrar pelo buraco.

            Charlotte fez o percurso um pouco curvada. Ela estava crescendo rápido, percebeu. E o trajeto foi realizado em pouco mais de cinco minutos, normalmente ela era recebida por Snuffles no meio do caminho, mas bem, não havia se anunciado como das outras vezes, não podia esperar que o cão adivinhasse que ela estava chegando.

            E nada, absolutamente nada poderia ter preparado Charlotte.

            Snuffles não estava ali. Mas havia um homem, sujo, vestido em maltrapilhos, com cabelos que iam até a altura de seus cotovelos. E Charlotte ia gritar, ela ia, mas ele disse em uma voz rouca e grave, como se há muito não fosse usada.

— Por favor. Não grite. Eu não vou te machucar.

—x-

            Ela estava com medo, Sirius constatou.

            Ele não sabia que Charlotte viria, porque normalmente ela se anunciava, gritava e chamava pelo cão peludo que estava acostumado a sempre recebê-la.

            Sirius, porém, quando estava sozinho, as vezes se transformava em homem. Passar muito tempo como cachorro não era de tudo ruim, mas ele sentia falta de estar em sua forma humana. No entanto, se soubesse que Charlotte o visitaria tão cedo, teria permanecido como Almofadinhas por mais tempo.

— Está tudo bem. — disse mostrando as mãos marcadas e sujas. — Veja. Eu não tenho uma varinha. Está tudo bem e eu não vou te machucar.

            Charlotte estava em choque e ela estava com a boca aberta, os olhos cheios de lágrimas e pavor em seu rosto.

— O-onde...? — ela tentou dizer.

— O quê?

— O-o que vo-você fe-fez com Snu-nu-ffles?

            Os lábios de Sirius se curvaram num sorriso. Ela ainda não havia se dado conta. Estava a frente de um “assassino louco” e o perguntava sobre o paradeiro do fiel amigo de quatro patas.

— Vou te mostrar. — disse engolindo em seco e se concentrando.

            Com a graça e a suavidade de sempre, Sirius se transformou em Almofadinhas. Ou para Charlotte: Snuffles.

            A moça de cabelos ruivos longos tampou a boca e se agachou no chão, da forma que sempre fazia e esperava o cachorro se aproximar.

            Sirius permitiu que Charlotte fizesse o reconhecimento de Snuffles e ela o tocou por algum momento, mas então, pareceu dar-se conta de que aquele não era um cão de verdade.

            Ele se transformou em homem novamente e viu que Charlotte se assustou e caiu para trás, machucando os cotovelos.

— Godric. Venha. Vou ajudá-la. — disse, e embora ele se sentisse extremamente acanhado de tocá-la, porque estava sujo e fedido, Sirius percebeu que Charlotte não recusou a ajuda.

            Ela ainda estava com medo. Ainda estava perplexa e atordoada. Mas não estava gritando e dizendo “Assassino! Assassino!”.

— Você é... Sirius Black. — Charlotte disse.

— Sou. — Sirius confirmou. — Mas eu não quero te machucar. Nunca quis. Percebe que eu tive inúmeras chances, certo? Eu nunca te toquei... quer dizer, não para ferir, claro.

— Então... então o que você quer? Queria que alguém o ajudasse a encobrir seu disfarce de cachorro e que trouxesse comida?

— Os sanduíches não eram nada mal, mas a história é mais complexa e longa do que parece. — Sirius disse com amargura.

— É natal. Eu tenho todo o tempo do mundo.

— Eu sei. — Sirius acenou com a cabeça e indicou uma caixa. — Estava terminando de embalar seu presente, por isso que estou na minha forma humana. Um pouco complicado embrulhar usando patas.

            Charlotte franziu o cenho na direção da caixa.

— Dê-me uma boa razão para não ir até Dumbledore. — Charlotte disse em tom baixo. — Você. É. Um. Foragido. Um assassino, até onde sei.

— Bem, você disse que tinha tempo...


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Notas finais do capítulo

Alguns acontecimentos ocorrerão de forma diferente do livro, até porque não justificaria que eu reescrevesse trechos idênticos a obra de Rowling aqui :) o objetivo é fazer uma releitura e a história é mais contada sob a perspectiva da Charlotte que do Harry.

Espero que tenham gostado.

Beijos



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