Love Live! Rebellion!! escrita por Kemur


Capítulo 2
Um brilho de coragem


Notas iniciais do capítulo

Olá, minha gente!
Como vão?
Resolvi postar esse cap logo, pois acho que só o prólogo não mostra o que quero mostrar aqui pra vcs. Então aproveitem!



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Um barulho irritante seguido de um fino feixe de luz que atravessava a cortina velha fez com que Julia acordasse. Seu corpo ainda estava muito cansado devido à não ter se acostumado com o horário do Japão.

— Ai... – ela colocava a mão nas costas devido uma forte dor. — Eu preciso logo de uma cama.

Julia se levanta do sofá cama onde dormia. Após viver por dez  anos nos Estados Unidos, Julia tinha se acostumado a dormir em camas e por isso ela não se sente confortável dormindo num sofá desses.

— Julia, vem tomar café! – uma voz masculina vinda do andar inferior.

— Já vou!  - ela responde desanimada, enquanto desliga o despertador e vai até o banheiro.

Desde que chegou ao Japão, Julia nunca se olhou no espelho. Ela lavava o rosto e escovava os dentes sem nem se encarar. Seu cabelo, por ser curto, não era trabalhoso para arrumar. Isso tudo pela vergonha de si mesma que sentia todos os dias. A vergonha de uma filha que perdeu os pais e a vida após escolhas idiotas.

Após tomar um banho e fazer toda sua higiene pessoal, Julia vai até seu armário velho e pega seu uniforme. Tratava-se de um blazer cor de vinho com uma camisa de botões preta. Sua saia era cinza e tinha duas listras na barra, uma da mesma cor que o blazer e outra mais clara. Ela tinha um laço amarelo para pendurar na gola, isso indicava que ela estava no segundo ano. Ela também troca as ataduras em seu braço direito e em seguida, desce as escadas.

 — Ei, devia acordar com o primeiro toque. – dizia um homem de cabelos curtos e pretos vestido com roupas similares ao de um barman que estava atrás de um balcão.

— No dia que eu me acostumar, talvez. – Julia responde. — Bom dia, tio Ryu.

— Bom dia. – ele responde com um sorriso.

Ryu Akutagawa é o irmão mais do pai de Julia. Ele é dono de uma cafeteria chamada Le Blanc que fica no distrito comercial de Habataki. Ele sempre adorou Julia, mas não aprovava o estilo vida rebelde da garota, mas após ouvir sobre ocorrido, ele se voluntariou para cuidar de Julia, pois sabia que se ela vivesse com seus pais, sua vida se tornaria um poço tóxico e isso podia piorar a situação dela. Porém, ele teve de deixá-la vivendo no andar de cima de sua loja, pois sua casa não tinha quatros extras.

— Ei, seu uniforme ficou bem em você. – Ryu tentava elogiar Julia, mas ela nada dizia. — Ei, eu sei que já me ouviu falar isso muitas vezes, mas você precisa se animar.

— E como? – ela pergunta. — Não consigo mais ver nada de bom em continuar viva. Perdi meus pais, uma amiga morreu por minha causa e fui praticamente deportada de volta pra cá.

— Julia, minha querida. – Ryu da a volta no balcão e se senta ao lado da sobrinha. — Pense que você está aqui para recomeçar. O Japão é o pais onde tudo pode acontecer. Uma hora você vai encontrar a redenção e quando isso acontecer, seu mundo voltará a ser colorido.

Ryu estava certo. O mundo em que Julia vivia atualmente era todo cinza. Nada e nem ninguém tinham cores, sua comida apenas servia para encher a barriga, mas seu paladar não sentia mais sabor algum e seus ouvidos apenas escutavam palavras monótonas e sem sentimentos.

— Eu já disse, eu vou tentar. – Julia responde. — Mas eu não vou encontrar esse “recomeço” tão fácil assim.

 — Ao menos você vai tentar. – ele abraça a garota. — Pode me contar sobre qualquer coisa, ok?

— Sim. – ela termina seu café, limpa o rosto e parte para a escola. — Estou saindo.

— Vá com cuidado. – ele responde, enquanto observa a garota deixar o estabelecimento.

Julia faz seu caminho para a escola. O colégio feminino Sakuranomiya é atualmente um dos mais prestigiados colégios do Japão, tendo em vista que foi fundado por um político influente que quase se tornou o primeiro ministro durante sua juventude. Apesar de ser bem próximo de onde mora, ainda era necessário ir de trem até lá e isso incomodava Julia muito. Ela sempre odiou transporte público e por isso ela optou por andar de moto assim que pode.

Depois de muita luta para conseguir sair do trem, ela finalmente chegou até os portões da escola. Pouco aos poucos, as alunas iam chegando. Umas viam caminhando, outras de carona e algumas de bicicleta, mas nenhuma estava sozinha.

— E aqui vamos nós, a novata estrangeira na escola nova. – Julia entrou no colégio, mas assim que põe os pés no pátio, ela vez uma garota de cabelos verde escuros um pouco acima dos ombros correndo para fora da escola, quase esbarrando em Julia. — Hã?

Julia não apenas estranhou alguém fugindo no primeiro dia de aula, mas também o fato de que ela estava toda molhada e suja de comida. Uma clara cena de bullying, algo que Julia odeia do fundo de seu coração, pois para ela, quem abusa dos mais fracos não é muito diferente de um monte de lixo.

— E é assim que eu me decepciono mais ainda em ter que vir pra cá. – Julia já havia sofrido bullying antes por conta de seu tom de pele natural ser moreno e não branco, pois sua mãe era morena e assim como ela, ruiva. — Se eu vejo isso, eu...

Após se acalmar da raiva que sentiu ao ver a garota fugindo, ela foi em direção a sua sala de aula e se sentou onde havia sido designada no mapa da sala. A cadeira no centro da fileira do meio, um lugar onde todos tinham visão dela.

— O pior lugar possível. – ela reclama.

— Não é pra tanto, vai. – ela escuta uma voz ao seu lado. — Se parar pra pensar, aqui você consegue se esconder melhor se quiser passar cola ou algo do tipo.

— E você é? – Julia pergunta ao notar a garota de longos cabelos verdes que se sentava na cadeira ao seu lado.

— Moriko! Moe Moriko, é um prazer. – ela faz um sorriso bobo.

— Ah, tá. – diz Julia ignorando o sorriso de Moe.

— E você?

— Hã?

— Seu nome? – ela responde. — Eu te disse o meu, quero saber o seu.

— Akutagawa. Julia Akutagawa.

— Julia? Você é estrangeira?

— Digamos que sim. – Julia

— Entendo. – ela sorri novamente. — É um prazer te conhecer, Julia.

— Eh? Me chamando pelo primeiro nome? – ela encara a garota confusa.

— Você gosta de ser chamada assim?

— Acabei de te conhecer e você está sendo informal assim. – ela responde. — É claro que isso me incomoda.

— Ah, mas eu deixo você me chamar só de Moe. – ela junta as pontas dos dedos. — Assim a gente fica quite, né?

A cabeça de Julia doía. Primeiro um trem lotado, depois um possível caso de bullying e agora uma garota inconveniente, Julia não queria mais ficar ali, ela só queria voltar para “casa” e nunca mais se levantar do sofá cama.

— Faz o que quiser. – Julia reclama e Moe fica surpresa.

— Sim! – ela abre um enorme sorriso. — Obrigada, Julia!

...

A cerimônia de boas-vindas. Algo que Julia esqueceu que existia e que ela odiava. Basicamente, a diretora e a presidente do conselho estudantil dando as boas vindas aos alunos, explicando como a escola funciona e desejando uma boa vida acadêmica aos alunos novos. Como Julia havia se transferido de fora do pais, ela foi forçada a participar, mas ela conseguiu escapar e começou a vagar pelo colégio.

— Não sei o que é mais falso, as boas vindas da diretora ou o “ficou ótimo em você” das vendedoras de loja de roupa. – Julia reclamava, enquanto subia as escadas que levavam até o telhado da escola, onde os alunos eram autorizados a ir durante os intervalos. — Preciso ficar sozinha... Hã?

Julia ao se aproximar da porta do telhado, começa então a escutar totalmente diferente do que havia escutado nas últimas semanas. Era uma voz, porém ao invés do tom monótono que ela sempre escutava, aquela voz possuía um tom doce e amável, como se fosse um anjo ali cantando. Ela abre a porta e então nota uma garota alta, de cabelos curtos e pretos com uma franja cor de rosa que tapava seu olho direito cantava, enquanto observava o horizonte.

Eu não conseguia despertar
Desse pesadelo sem final
Eu abri mão de vez, dos meus desejos

As memórias eu tentei salvar
Mas só via um mundo destruído
E eu ali na chuva, sem forças pra lutar

Pra salvar a quem amamos
É preciso ter força
E jamais abandonar a esperança
As fraquezas aceitar e seguir pro amanhã

Brave Shine!
Nessa noite sua luz me guiará
Vai curar cicatrizes, me salvar
Como as lanças sobre essa batalha
Tão bravamente a minha fé
Refletirá sua luz
Pra sempre
Seu brilho.

A canção da garota atingiu o coração de Julia como se fosse uma flecha. Aquela voz linda se prendeu na cabeça de Julia e por um único instantes ela pode enxergar o mundo colorido da qual tanto busca.

— Hã? – a garota olha Julia assustada. — Quem é você?

— Ah, eu... – Julia nota que lágrimas escorriam de seus olhos.

— Por que você está chorando? – a garota fica ainda mais confusa.

— Isso é... Espera! – ela se vira e começa a limpar as lágrimas. — Poxa, que vergonha. Nunca achei que ia chorar na frente de um desconhecido.

— Não se preocupe com isso, aqui pegue. – a garota oferece um lenço a Julia, enquanto tenta segurar a risada. — Agora me diz, qual o motivo do seu choro?

— Obrigada. – Julia aceita o lenço. — Sua música...

— O que tem?

— Eu tô passando por uns maus bocados e depois de escutar sua música... Eu sinto que meu  mundo foi salvo.

A garota fica com o rosto totalmente vermelho após escutar as palavras de Julia. Ela então abre um sorriso gentil e ri um pouco, o que deixou Julia sem graça.

— Ei, não ria...

— Desculpe. – ela cessa o riso. — Eu me chamo Kurogane, Erika Kurogane, sou do primeiro ano, turma C.

— Eh? – Julia abre um sorriso. — Eu me acho Akutagawa, Julia Akutagawa, mas pode me chamar só de Julia. Erika.

Algo que Julia não esperava aconteceu. Através de uma música, seu mundo não apenas se coloriu por um momento, mas também fez com que ela encontrasse a primeira de suas novas amigas. Um brilho de coragem foi o pontapé inicial para o recomeço de Julia.


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Notas finais do capítulo

Música: Brave Shine
Créditos à:
Original: Aimer
Adaptação: Nato Vieira
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E ai, o que acharam?
Até a próxima!