O Segredo da Capital do Oeste escrita por Izzy Aguecheek


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é enorme, tem revelações bombásticas e, por algum motivo que eu não sei explicar, foi extremamente satisfatório de escrever :v
Vou postar dois capítulos esse mês, porque eu esqueci de postar antes e porque eu posso.



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“Silêncio constrangedor” não era a primeira expressão que Jessé imaginara usar para descrever uma missão secreta para invadir o quartel general de uma organização mágica underground, mas foi exatamente isso que aconteceu quando as meninas se afastaram e ele se viu sozinho com Hugo.

Eles estavam perto da entrada do beco, embora não pudessem ficar muito perto da esquina; afinal, não tinham um Ilusionista para cobri-los. Hugo parecia dolorosamente ciente desse fato. Ele ficava olhando para as próprias mãos, abrindo-as e tornando a fechá-las, com uma expressão desnorteada que não combinava nem um pouco com sua aparência impecável e confiante. Havia recuperado o anel com o pantáculo, e vez ou outra o tirava e colocava de novo, girava-o e mudava de dedo, como se esperasse que a mudança de posição fosse ajudar. Jessé reconheceu o movimento; era algo que ele mesmo sempre fazia quando estava nervoso ou prestes a perder o controle.

Ele abriu um sorrisinho reservado quando viu Jessé observando-o.

— É tão estranho – disse.

Jessé assentiu, com simpatia. Ele adoraria não ter mais o fardo incandescente da magia para carregar, mas sabia que era a exceção à regra. Woodstock tinha crescido sem magia até os 14 anos, mas ele achava que perder seus poderes a mataria. Claro, o fato de ela tê-los recebido como um último presente do pai tinha algo a ver com isso, mas mesmo assim. Não devia ser nada confortável para Hugo.

— Deve ser. Mas é temporário. Se alguém consegue encontrar a Tábua, esse alguém é definitivamente Woodstock.

— Woodstock – murmurou Hugo. Não parecia muito tranquilizado. – Por que ela... Por que vocês querem tanto a Tábua? Andressa nunca me explicou isso.

A pergunta pegou Jessé de surpresa, embora não devesse. Mas Hugo parecia tão desinteressado, tão distante do resto deles, que ele não imaginou que o garoto fosse ligar para aquela história – e, no fundo, torcia para que não ligasse mesmo. Já fora ruim o suficiente reviver a lembrança ao contá-la para Andressa. Não era uma experiência que ele estava ansioso para repetir.

Então, ao invés de contar a história toda, ele disse:

— É pra mim. Eu tenho, hm, um problema de autocontrole.

Hugo franziu a testa.

— Isso explica um total de zero coisas.

— É complicado – Jessé respirou fundo. Uma faísca saiu de seu dedo indicador e se apagou ao cair no chão. É, problema de autocontrole. Como se aquilo não fosse óbvio. – Longa, longa história. Eu...

Ele foi interrompido pelo som de passos se aproximando. Ao se aproximar lentamente da entrada do beco, deparou-se com um rosto familiar: era Luiz, o amigo de seu irmão que os levara até ali. Jessé lembrou do que Woodstock dissera sobre “ter uma conversinha” com ele, mas hesitou. Se Luiz fosse membro de uma organização mágica cuja intenção era desconhecida, seria mesmo prudente contar a ele que eles estavam procurando pela Tábua? Claro, eles eram amigos. Talvez Luiz se dispusesse a ajudá-los. Por outro lado, ele nunca dissera a Jessé que tinha conhecimento sobre magia, muito menos sobre a Tábua de Esmeralda. Talvez ele não fosse tão amigável quanto parecia.

Jessé não teve tempo de tomar uma decisão. Ele ouviu Hugo praguejando em voz baixo ao agarrá-lo pelo braço e puxá-lo para trás, e, depois, a voz de Luiz, chocada e familiar:

— Jessé?

Bem, aquilo resolvia um problema. Talvez criasse outros, mas Jessé não tinha tempo para pensar naquilo agora. Ele abriu um sorriso que esperava que não parecesse tão nervoso quanto se sentia.

— Oi. Mundo pequeno, né?

Ele praticamente sentiu Hugo revirando os olhos ao seu lado, mas o ignorou. Luiz apertou sua mão e lhe deu um tapinha nas costas; até isso pareceu desconfortável, mesmo sendo o cumprimento usual deles. Ele levava um livro debaixo do braço, mas Jessé não conseguia ler o título.

— Pois é. Você é a última pessoa que eu esperava encontrar aqui – comentou Luiz, com uma risada sem graça. Jessé fez o possível para manter a expressão amena.

— Sério? Woodstock disse que encontrou com você aqui um dia desse, ela também ficou bem surpresa. A gente não tinha ideia que você frequentava o Mercado.

O rosto de Luiz ficou vermelho.

— Não faz muito tempo que frequento – murmurou ele. Ele tinha um sotaque pesado; Jessé precisou se esforçar para se lembrar de onde ele era. Achava que era do interior de Pernambuco. – Foi depois que Josafá... Você sabe.

Depois que Josafá morreu. E, consequentemente, depois que Luiz havia perdido contato com a família dele. Eles haviam passado alguns meses sem sequer se ver depois da morte de Josafá, e, mesmo quando voltaram a se falar, não dava para dizer que os dois eram próximos o suficiente para saber muita coisa da vida um do outro. A relação deles se resumia em Jessé ajudando Luiz a juntar dinheiro no sinal durante as férias e em Luiz lhe mandando mensagens ocasionais no natal. Ele não sabia nem onde o outro morava, se tinha irmãos, se realmente precisava dos trocados que ganhava fazendo malabarismo na rua ou se era só um tipo de hobby esquisito. Parecia uma justificativa boa o suficiente.

— Entendi. – Jessé hesitou. – Então, você é...?

— Ceramista – A testa de Luiz se franziu de leve ao ver a surpresa no rosto de Jessé. – Você nunca viu minhas esculturas? Eu sempre fico vendendo elas no cruzamento lá perto do Villaoeste. – Ele parecia embaraçado. – Quer dizer, quando não estou no sinal.

Não, Jessé nunca tinha visto, mas não estava surpreso. Ceramistas eram os magos que tinham facilidade para manipular materiais ligados à terra, incluindo pedras e barro. Eram chamados assim no Norte e no Nordeste brasileiros porque muitos utilizavam essa habilidade para criar esculturas de barro representando a cultura local, muitas vezes vendidas em lojas de artesanato ou na beira da estrada mesmo, como parecia ser o caso de Luiz. Ele sempre suspeitara que o garoto tivesse algum outro tipo de trabalho; afinal, tinha um motivo pelo qual Josafá costumava ajudá-lo com o malabarismo. Isso também explicava por que os dedos dele sempre pareciam sujos.

— Ah. Não, nunca vi – Ele analisou a expressão de Luiz com cuidado. – E Josafá nunca me contou.

A expressão de Luiz mudou sutilmente, e seus ombros se tensionaram um pouco.

— Ele nunca me falou dele, também. Não até... Você sabe.

— Eu não sei – Era Hugo, que estivera ouvindo a conversa com impaciência. – Quem é Josafá?

Luiz se virou para Hugo, e deixou de parecer tenso e sem jeito para parecer tenso, sem jeito e um pouco impressionado, e Jessé revirou os olhos internamente. Aparentemente, Andressa não era a única sobre quem Hugo tinha aquele efeito, pensou, com certa amargura.

— Ele era... Um amigo – respondeu Luiz, incerto. Seu olhar foi para Jessé por um segundo, mas ele não parecia inclinado a desviá-lo de Hugo por muito tempo.

As pontas dos dedos de Jessé queimaram com a menção ao irmão. Ele as pressionou contra a tatuagem em seu braço esquerdo.

— Meu irmão mais velho – respondeu, em voz baixa. – Parte da longa, longa história que eu mencionei antes.

Para sua sorte, nenhum dos outros dois pareceu muito interessado em continuar o assunto. Luiz ainda estava olhando para Hugo como se ele fosse a coisa mais incrível que ele já vira.

— E você é...?

— Hugo – Dava para ver que ele estava contendo um sorrisinho. Jessé imaginou que soubesse o efeito que tinha. – Legal te conhecer e tal, mas, considerando as circunstâncias...

Certo. Jessé ficara tão desconcertado pela menção ao irmão e pelas novas informações sobre o amigo dele que quase se esquecera do motivo deles estarem ali. Luiz, aparentemente, estava se questionando a mesma coisa:

— Esse não é o lugar mais movimentado do Mercado – observou ele, em um tom mais cauteloso do que o que estivera usando até então. – Não que seja da minha conta, mas...

Ele deixou a frase no ar. Estava analisando Jessé atentamente, enquanto o garoto hesitava. Apesar do que Woodstock havia dito, ele ainda não tinha certeza do quanto era uma boa ideia revelar. Se dissesse algo que não deveria e acabasse colocando a busca deles pela Tábua em risco... Já havia gente invadindo a casa de Woodstock em busca de suas pesquisas. Ele conseguia pensar em pelo menos três possibilidades que agravariam a situação.

Foi Hugo quem quebrou o silêncio, inesperadamente. Ele apontou para o livro que Luiz carregava e disse:

— Mais pesquisa sobre a Tábua?

Jessé se virou para lançar a ele um olhar de “pelo amor de Deus, cale a boca”. Luiz piscou, parecendo surpreso.

— A Tábua? – Após um instante, a expressão confusa dele se desfez e ele deu um tapa na própria testa. – Claro. Eu devia ter imaginado.

— Que a gente tem interesse na Tábua? – perguntou Jessé. Ele não conseguia ler a expressão de Luiz.

— Bem, não. Isso eu já sabia. – Ele fez um gesto vago na direção da saída do beco. – Eu devia ter imaginado que vocês estavam aqui pra reunião.

Jessé e Hugo trocaram um olhar.

— A reunião – concordou Hugo, embora seu olhar dissesse: mas que diabos?. — Com certeza. Estamos aqui pra reunião.

Luiz pareceu aliviado.

— Isso vai facilitar muito as coisas – disse. – Eu achei que íamos ter que mandar alguém pra buscar vocês... – Ele olhou em volta, e sua postura voltou a ficar tensa. – Tem um motivo pra Woodstock não estar aqui, não tem?

Nem Hugo nem Jessé responderam. Luiz suspirou.

— Cara, isso não é bom. Minha tia é muito tolerante e tudo, mas ela odeia intrusos.

— Sua tia? – Jessé fez uma careta. As coisas não paravam de ficar mais esquisitas.

Luiz o ignorou. Estava mexendo distraidamente em uma pulseira em seu pulso direito. Ele sempre a usava, mas só agora Jessé notara os pequenos símbolos esculpidos nas contas.

— Se Woodstock já entrou lá, talvez seja uma boa ideia vocês irem atrás dela – murmurou ele.

Hugo olhou para Jessé e deu de ombros.

— Eles não parecem muito hostis – observou. – Se estavam esperando a gente.

Jessé não estava tão convencido, mas eles não tinham muita escolha. O calor constante em seu peito pulsava no ritmo de seu coração.

— Tudo bem, então. Pode ir na frente.

***

Nem Andressa nem Woodstock se sentaram. A mulher à frente delas suspirou.

— Bem, não posso exatamente culpá-las por isso – Ela gesticulou para o homem calvo ao seu lado. Ele voltou ao slide anterior, aquele que mostrava o político, mas Woodstock não conseguia esquecer a própria imagem refletida naquela tela branca. – Posso oferecer alguma coisa a vocês? Uma água, ou...

— Você pode começar dizendo quem são vocês – interrompeu Andressa. Geralmente, a objetividade era desconcertante, mas, naquele momento, Woodstock ficou grata por ela. – E por que têm uma foto da minha amiga, e o nome completo dela, e mais um monte de informação que vocês não deveriam ter.

Woodstock piscou, um pouco surpresa com a palavra “amiga”. O homem calvo de óculos pareceu indignado com a petulância de Andressa, mas a mulher apenas lhe lançou um olhar curioso, como se ela fosse só uma variante inesperada em qualquer que fosse o jogo que ela estivera jogando até ali.

— Não é nem de longe tão ruim quanto parece – disse ela, e, ao ouvir Andressa bufar, incrédula, acrescentou: - Vocês podem relaxar. Nós não queremos machucá-las. Na verdade – A atenção dela se voltou para Woodstock –, gostaríamos de propor um acordo. Uma parceria, acho que poderia chamar assim.

As duas garotas se entreolharam. Woodstock não conhecia Andressa bem o suficiente para ler a expressão dela como faria com Jessé, mas tinha certeza de que ela não estava convencida. Ela se virou para a mulher.

— Bem, estamos ouvindo.

A mulher abriu os braços teatralmente.

— Nós somos a Corja – Woodstock franziu o cenho ao ouvir o nome, e as sobrancelhas de Andressa se ergueram, o que fez com que a mulher sorrisse. – Meu nome é Fernanda Gonçalves. Eu sou a presidente da atual gestão – Ela indicou o homem ao seu lado. – Guilherme é nosso secretário. Nós somos uma organização política independente da Assembleia Estadual de Magia, e nossa principal preocupação é o bem-estar das minorias dentro da comunidade mágica.

— Então... Vocês são tipo a militância mágica?

Woodstock conteve o impulso de mandar Andressa calar a boca. Ela não se sentia exatamente ameaçada por Fernanda, mas não achava que era uma boa ideia debochar daquelas pessoas quando havia dez delas na sala, contra duas adolescentes.

Fernanda, porém, não pareceu insultada. De fato, ela riu.

— Algo parecido com isso. Claro, é um pouco mais simples do que a militância das pessoas comuns – Ela deu de ombros. – Nós só temos um grupo de risco.

A pulseira de couro no pulso esquerdo de Woodstock pareceu ficar subitamente mais apertada. Ela sentiu o estômago revirar.

— Os Usurpadores – concluiu. Fernanda assentiu.

— Os Usurpadores.

Andressa levantou uma das mãos num gesto de espere aí.

— Como é que é? – Ela olhou para Woodstock. – Você me disse que algumas pessoas não gostavam de vo... de nós, mas não falou nada sobre ser ruim a ponto de precisarmos de uma organização específica pra nos proteger.

Atônita, Woodstock sacudiu a cabeça. Ela ouvira rumores no Mercado, sobre grupos que perseguiam Usurpadores e faziam discursos argumentando sobre a ilegitimidade da magia deles, que supostamente os tornava uma ameaça. Antes de morrer, seu pai lhe dera o bracelete com o objetivo único de esconder a marca em seu pulso, mas ela sempre imaginara que fora a ação de um pai superprotetor, e usava o acessório mais como recordação do que por ter medo de ser descoberta.

Agora que pensava no assunto, lembrava-se de ter ouvido discussões sobre o tema nas últimas eleições, alguns anos atrás. Alguns dos candidatos defendiam a ideia de que Usurpadores deveriam ser exilados da comunidade mágica, ou até eliminados, mas Woodstock não achava que eles haviam sido eleitos – não que ela soubesse muito sobre política. Desde a morte de seu pai, sua mãe, que não era nada mágica, nunca parecia se importar com o assunto, e a família de Jessé havia adquirido aversão a qualquer assunto ligado à magia depois da morte de Josafá. Ela não havia crescido no meio mais politizado do mundo.

— Normalmente, não precisamos tanto assim – Fernanda respondeu por ela. – Nas últimas décadas, o debate sobre a legitimidade dos Usurpadores enquanto magos não esteve muito acirrado. As preocupações da Assembleia Nacional, e sobretudo da Assembleia Estadual, eram outras. Ano passado, porém...

Ela indicou a imagem projetada na lona branca. O homem das campanhas eleitorais sorria para elas; Woodstock notou, com um arrepio, que ele estava usando um terno. Se ele havia acabado de chegar à cidade, não era impossível que ele fosse o famigerado homem de terno que estivera comprando todos os livros sobre a Tábua.

— Eu conheço esse cara – interveio Andressa. – Mas ele não se elegeu, se elegeu?

— Para a Câmara de Deputados, não – respondeu Fernanda. – Ele se elegeu para a Assembleia Potiguar de Magia. E o discurso dele sobre os Usurpadores não é dos mais lisonjeiros.

Antes que ela pudesse entrar em detalhes, as portas duplas na extremidade da sala se abriram para revelar Luiz, levemente corado, seguido por Jessé e Hugo. A presença deles alarmou Woodstock, mas eles não pareciam ter sido coagidos ou levados até ali à força. Jessé lhe lançou um sorriso amarelo ao se aproximar, enquanto Luiz se aproximava de Fernanda e murmurava alguma coisa no ouvido dela.

— Oi. Você disse pra gente falar com Luiz, então eu falei.

Andressa soltou uma risadinha nervosa. Hugo permaneceu parado junto à entrada, fitando o slide projetado na lona com a boca entreaberta.

— Você está atrasado – sibilou Guilherme para Luiz, cuja expressão endureceu.

— Caso você não tenha percebido – Ele indicou os outros garotos com um gesto. – Eu tive um imprevisto.

Você é o tal do Gabriel? – indagou Woodstock. Jessé pareceu desconcertado.

— Gabriel? Caramba, eu achei que sabia pelo menos seu nome.

Luiz esfregou a nuca, parecendo embaraçado.

— Luiz é meu segundo nome. Mas minha tia é a única que me chama de Gabriel.

— Sua tia?

Hugo os interrompeu antes que eles pudessem concluir a discussão. Ele apontou para a imagem projetada na lona branca e disse, soando nauseado:

— O que ele tá fazendo aí?

Todos os olhares da sala se voltaram para ele, mas, pela primeira vez, ele sequer pareceu notar. Ainda encarava a imagem fixamente, pálido e horrorizado.

— Você o conhece? – perguntou Fernanda.

Devagar, Hugo voltou o olhar na direção dela.

— Claro que conheço – respondeu. – É o meu pai.

Um silêncio sepulcral recaiu sobre a sala. O olhar trocado entre Fernanda e o homem com cara de segurança junto à porta não passou despercebido a Woodstock; sem pensar, ela se colocou entre Hugo e o homem.

— Seu pai – repetiu.

Ela imaginava que Hugo fosse um ou dois anos mais novo que ela, mas, naquele momento, ele parecia muito mais jovem. Ele sempre parecia tão controlado; era difícil imaginar que um dia o veria tão perdido. Ele assentiu, engolindo com força e claramente lutando para recuperar a atitude de sempre.

— É. Meu pai. Vai por mim, isso também não me deixa muito animado – Ele olhou para Fernanda, depois de volta para Woodstock. – Alguém vai me dizer o que ele tem a ver com qualquer coisa?

Woodstock o fez, tentando transparecer tão pouco julgamento quanto possível. A informação não pareceu surpreender muito Hugo.

— Bem, certo, meu pai sempre foi um babaca racista. E machista, e homofóbico – Uma sombra cruzou seu rosto. – E todo o resto. Não me admira que ele tenha preconceito contra Usurpadores também – Ele deu de ombros, parecendo um pouco culpado. – Na verdade, eu meio que já sabia disso.

— Existe um nome pra quem tem preconceito contra Usurpadores? – sussurrou Andressa para Jessé. – Tipo “Usurpadorfóbico”?

Ninguém respondeu. Todos os membros da Corja ainda estavam fitando Hugo, como se tentassem decidir o que fazer com ele. Luiz parecia decepcionado. Por algum motivo, todo aquele escrutínio fez com que Woodstock se sentisse estranhamente protetora. Ela era uma mulher negra e não-heterossexual; sabia o que era ser julgada por coisas que fugiam de seu controle.

— Certo. Então, esse é o pai do Hugo – Woodstock fez um gesto para que Fernanda continuasse. – E ele aparentemente é um babaca, mas acho que já tínhamos estabelecido isso. O que ele quer com a Tábua de Esmeralda?

Fernanda ainda parecia hesitante. Guilherme, por outro lado, foi bastante direto:

— Nós não vamos discutir isso na frente dele. Não temos como garantir que ele não está espionando para Vancini.

A ideia pareceu ofender Hugo o suficiente pare ele retomar a postura de adolescente convencido.

— Primeiro de tudo, quem é você? – indagou ele, mas, antes que Guilherme pudesse responder, continuou: - Em segundo lugar, seja lá o que meu pai anda fazendo, eu nunca soube, e nunca quis saber, e ele nunca quis me contar. Ele mal me deixa sair de casa sem supervisão. Nunca ia me envolver em... O que quer que seja isso.

Outro homem, sentado a algumas cadeiras de distância de Guilherme, bufou com desdém.

— Eu disse. Ele não confia nem na própria família.

— E por que deveria? – Uma mulher de cabelo curto deu um sorrisinho de escárnio. – Aparentemente, nem eles gostam dele.

— Eu não vou discutir isso com um monte de estranhos – decidiu Hugo. – Acho que isso já foge do assunto.

— É bizarro vocês saberem de praticamente tudo da vida do cara, mas não saberem que ele tem um filho – comentou Andressa. Por um instante, Hugo pareceu ter levado um tapa, mas ele logo recompôs a expressão neutra. – Além disso, fala sério. Ele tem dezesseis anos.

— Quase dezessete – murmurou Hugo.

Dezesseis anos. Quem ia querer envolver um moleque nisso?

Guilherme olhou para Luiz, que o ignorou de forma um pouco deliberada demais. Então, apontou para Woodstock.

— Sua amiga aqui parece bem envolvida.

— Eu tenho dezoito – informou Woodstock, calmamente. – Quase dezenove. E, se Hugo estivesse espionando vocês, ele já saberia o que o pai dele está fazendo. Então acho que é seguro falar disso na frente dele.

Fernanda olhou de um adolescente para o outro, ponderando.

— Você sabe que, se te contarmos isso, vocês terão que nos dizer por que vocês parecem tão desesperados para encontrar a Tabula.

O olhar de Woodstock encontrou o de Jessé, e eles tiveram uma daquelas conversas silenciosas que anos de amizade haviam tornado possível. É a sua história, diziam os olhos dela. Os dele responderam: Não temos uma escolha de verdade. Nenhum dos dois tinha nenhuma ilusão de que poderiam simplesmente sair andando dali se quisessem.

— Feito – respondeu Woodstock. E, sem se permitir pensar muito no assunto, caminhou até a cabeceira da mesa oposta à que Fernanda ocupava e se deixou cair na cadeira vazia ali.

Imediatamente, Jessé se sentou à sua direita. Após uma breve hesitação, Andressa se acomodou à sua esquerda, e Hugo do lado dela. Ainda havia bastante espaço entre os quatro adolescentes e os membros da Corja, mas Woodstock sentiu um arrepio. Ela sempre achara que sabia exatamente o que estava fazendo em sua procura pela Tábua de Esmeralda, mas agora não tinha tanta certeza. Era possível que houvesse dado um passo maior que a perna, mas ela tentou não pensar nisso agora. Não queria que aquelas pessoas a vissem insegura.

Após um momento de hesitação, Fernanda retomou a reunião, como se nada tivesse acontecido. Woodstock tinha que admirar o controle e a frieza da mulher, mas isso não a deixou mais inclinada a confiar nela.

— Se Vancini conseguir a Tábua, terá poder para colocar em prática todas as suas ideias discriminatórias – explicou ela. – Se as lendas forem todas verdadeiras, ele poderá escravizar os Usurpadores, despi-los de seus poderes... Até dizimá-los completamente, até onde sabemos.

— E esse não é o único problema – acrescentou Guilherme. – Tudo indica que Vancini não pararia por aí. Ele sempre foi louco por poder. Até onde sabemos, ele pode muito bem decidir subjugar todos nós à sua vontade. Todos os magos do Rio Grande do Norte, e, eventualmente, do país inteiro. A começar pela Assembleia.

Woodstock engoliu em seco. Ela sempre soubera que a Tábua de Esmeralda era poderosa, mas a ideia de alguém querer usar esse poder em escala nacional nunca lhe ocorrera. A percepção fez com que ela se sentisse perturbadoramente jovem e ingênua.

— Vocês... Ele realmente pretende fazer isso?

— É o que o discurso dele dá a entender – Fernanda franziu os lábios. – E ele com certeza tem a ambição para isso.

— Você o conhece? – indagou Hugo. Todos o ignoraram, exceto por Andressa, que discretamente cobriu a mão dele com a sua em um gesto reconfortante.

— Ambição política é uma coisa – disse Jessé. Ele parecia estar escolhendo as palavras com muito cuidado; claramente não se sentia à vontade ali, mas Woodstock não se lembrava de tê-lo visto à vontade em nenhum lugar fora de sua casa havia anos. – Isso é algo completamente diferente.

— Todo grande tirano já foi só um homem ambicioso um dia – retrucou Luiz, em voz baixa.

Jessé parecia ter algo mais a dizer, mas, por algum motivo, preferiu ficar em silêncio. Aquilo nunca era um bom sinal.

Andressa, por outro lado, não tinha papas na língua, como de costume. Ela ergueu uma sobrancelha cética para Fernanda, ainda segurando a mão de Hugo.

— Então, sabemos o que ele quer com a Tábua. E vocês?

— Nós queremos impedi-lo – Foi outra mulher quem respondeu, a Ilusionista que afastara o feitiço de Andressa. – Isso não é óbvio?

— Se fosse óbvio, eu não teria perguntando – retrucou Andressa, sem desviar o olhar de Fernanda. O canto da boca de Jessé tremeu ao tentar conter um sorrisinho. – Vocês vão impedi-lo de encontrar a Tábua. E depois? Duvido que vocês vão simplesmente deixá-la onde encontraram. Devem ter algum plano pra ela.

A maioria dos outros membros da Corja pareciam insultados ou chocados com a petulância da garota, mas Fernanda se manteve inalterada.

— Nós temos os recursos necessários para manter a Tabula Smaragdina a salvo e longe de pessoas mal-intencionadas quando a encontrarmos. Isso eu posso garantir.

— A menos que as pessoas mal-intencionadas sejam vocês – murmurou Hugo.

O comentário gerou uma série de exclamações indignadas e murmúrios sobre ao redor da sala. Algumas pessoas chegaram mesmo a pedir que Hugo fosse imediatamente expulso do recinto, alegando que ele não era confiável. Uma mulher idosa gritou que eles não deviam satisfações a crianças que não sabiam de nada, principalmente ao “filho de um fascista”. Um homem de meia-idade apontou o dedo indicador para ele e o acusou de ser exatamente igual ao pai. Apenas Luiz permanecia calado, fitando Hugo com um misto de pena e curiosidade.

Hugo fez o possível para se mostrar tranquilo, mas Woodstock conseguia ver que ele tremia. Ela se sentiu como se tivesse engolido uma bola de chumbo. Seus dedos esfregavam o bracelete de couro no braço esquerdo, escondendo sua marca de nascença. À sua direita, Jessé balançava a perna sob a mesa, inquieto. Woodstock podia sentir o calor ao redor dele aumentar com seu nervosismo.

Dessa vez, Fernanda precisou bater na mesa com força para chamar a atenção dos outros, e demorou um instante até eles se acalmarem o suficiente para que ela pudesse dizer:

— A outra coisa que posso garantir é que nós sabemos muito bem o que estamos fazendo – Ela olhou para Hugo. Sua expressão enrijecera; ela parecia finalmente ter perdido a paciência. – Me arrisco a dizer, sob o risco de parecer convencida, que sabemos melhor do que qualquer outra pessoa nessa cidade.

A alfinetada não passou despercebida por Woodstock, e, aparentemente, nem por Andressa, que retrucou imediatamente:

— Pra alguém que sabe tanto, você certamente parece precisar bastante da ajuda de Woodstock.

Woodstock realmente gostaria que a amiga calasse a boca. A inabilidade de Andressa de pensar antes de falar iria causar problemas sérios a ela, um dia, ela tinha certeza.

O uso do apelido confundiu Fernanda por um instante, mas logo ela pareceu entender a quem ele se referia. Quando tornou a falar, se dirigia diretamente a Woodstock:

— Ninguém sabe tanto que não possa aprender, e ninguém sabe tão pouco que não possa ensinar. Não é o que dizem? – Ela abriu um sorriso apaziguador. – O que estou propondo é um acordo, Carla. Acredito que você possa ter informações que nós não temos, e vice-versa. Se suas intenções com a Tabula forem inofensivas, pode usá-la, quando a encontrarmos, antes de nós... A tirarmos de circulação.

Woodstock analisou a expressão dos amigos. O rosto de Hugo era ilegível; ele encarava a imagem de seu pai, ainda projetada na lona branca do outro lado da sala. Andressa mordia o lábio inferior, pensativa. Jessé apertava com força o antebraço queimado, e seus olhos faiscavam, mas ele apenas deu de ombros.

Woodstock sabia que o gesto queria dizer que ele confiava na decisão dela, e sentiu seu estômago revirar. Seu cérebro trabalhava furiosamente, tentando encontrar uma resposta que não firmasse compromisso com aquelas pessoas, nem as excluísse totalmente de cogitação. Ela sabia que não podia hesitar por muito tempo; ao seu redor, os membros da Corja já começavam a murmurar entre si, irrequietos.

— Eu não vou discutir minha vida pessoal na frente de todas essas pessoas – decidiu, por fim. Houve um murmúrio de indignação, mas ela o ignorou. – Vou contar os motivos de querermos a Tábua, mas de maneira privada, só a quem realmente precisa saber. Isso parece razoável para você?

Havia certa rigidez na postura de Fernanda que indicava que ela não estava satisfeita com o fato de Woodstock estar ditando regras, mas ela assentiu, os lábios comprimidos em uma linha fina. Jessé relaxou minimamente. Woodstock prosseguiu:

— Ótimo. Então, nós vamos falar sobre isso, e, depois, acho que é justo nós todos termos um tempo pra refletir – Ela ergueu a cabeça, projetando um pouco o queixo, numa postura um tanto arrogante, que ela esperava que compensasse sua evidente falta de confiança no que estava fazendo. – Afinal, você sabe se pode confiar em mim tanto quanto eu sei se posso confiar em você, certo?

Para sua surpresa, Fernanda abriu um sorrisinho.

— Ah, eu não estou muito preocupada com isso – Ela fez um sinal para Guilherme. – Mais alguma coisa na ata de hoje?

— Na verdade, sim. Aquele projeto...

— Mais alguma coisa relacionada à Tabula?

Guilherme engoliu em seco. Não parecia nada contente com o desenrolar dos eventos.

— Não. Nada.

Fernanda tornou a olhar para Woodstock.

— Você tem algum compromisso agora?

— Não – respondeu Woodstock, contendo a vontade de dar uma risada histérica. Aquilo não era nada como ela imaginara o dia sendo. – Felizmente, liberei minha agenda hoje.

Andressa soltou uma risadinha debochada pelo nariz, o que fez com que Guilherme a fuzilasse com os olhos. Fernanda assentiu.

— Está decidido, então. – Ela fez um gesto com a cabeça. – Guilherme. Gabriel. Vocês vêm comigo. A reunião de hoje está encerrada.

Resmungando, os outros membros da Corja começaram a se dispersar, a maioria lançando olhares mal-humorados por cima do ombro na direção dos adolescentes. Woodstock se levantou, trêmula, para seguir Fernanda, e ficou um pouco surpresa ao ver que Andressa, Hugo e Jessé fizeram o mesmo.

— Você não precisa fazer isso – murmurou ela para Jessé. – Eu sei que lembrar é difícil pra você.

Uma faísca saiu da ponta do dedo mindinho dele e aterrissou no chão. Jessé a apagou com o pé num gesto quase automático.

— E deixar você sozinha com essa gente? Nem pensar.

Woodstock olhou para Hugo, mas, antes que pudesse falar qualquer coisa, ele a interrompeu:

— Eles não são as primeiras pessoas a falar mal do meu pai na minha frente. Ele é político, lembra? Eu sigo a oposição dele no Twitter.

Os quatro riram, a despeito da tensão da situação. Woodstock se acalmou um pouco. Talvez aquilo fosse dar certo, afinal.

— E óbvio que eu não vou embora – acrescentou Andressa. – Você não disse pra eu me envolver com magia? Então. É exatamente isso que eu tô fazendo.

— Acho que você vai se arrepender disso – observou Woodstock.

— É, provavelmente. Mas o que é mais um arrependimento pra lista, né?

Eles se apressaram em seguir Fernanda, Guilherme e Luiz pelo corredor.

Contar a história de como Hugo perdera sua magia foi fácil; Andressa o fez com a maior naturalidade do mundo, como se roubasse a magia de meninos aleatórios que conhecera no Tinder todos os dias. Já explicar a morte de Josafá e todas as consequências dela demandou mais tempo e tato. Woodstock se encarregou da tarefa, o tempo todo consciente de Jessé ao seu lado, tremendo e com a pele ardendo como se tivesse uma febre.

Ele mostrou a cicatriz em seu braço como prova, o que fez com que Woodstock se sentisse nauseada. Ela estava fazendo tudo aquilo por ele, mas isso não fazia com que aquela exposição parecesse menos errada. Ele havia perdido tanta coisa e continuava sofrendo tanto, e agora aquele grupo de desconhecidos se achava no direito de julgar se o sofrimento dele era digno de ser sanado ou não. Ela sentia vontade de socar alguma coisa.

Quando eles terminaram a história, Luiz parecia prestes a chorar. Fernanda explicara que ele, por ser aluno do curso de História na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, era o responsável pela pesquisa sobre a Tábua de Esmeralda, o que justificativa sua presença.

— Eu não fazia ideia – disse ele, cobrindo a boca com a mão. – Todo... Bem, todo mundo achou que foi um acidente.

— E foi – retrucou Jessé, sem muita veemência. Ouvir a história de novo parecia tê-lo exaurido. Sob as luzes fluorescentes do escritório subterrâneo de Fernanda, as olheiras sob seus olhos castanhos ficavam perturbadoramente evidentes.

Parecendo horrorizado, Hugo murmurou uma condolência. Andressa pôs uma mão sobre o ombro de Jessé para reconfortá-lo, uma mímica do que fizera com Hugo mais cedo.

— Realmente, uma tragédia – concordou Fernanda. Havia empatia em seu tom, mas ele continuava distante. – É só isso, então?

Só isso?, Woodstock sentiu vontade de gritar. O que mais você queria?

Ao invés disso, ela assentiu.

— Só. Nenhum plano de dominação mundial.

— Bem, isso é um alívio – murmurou Luiz. – E suponho que você tem toda a sua pesquisa documentada?

Woodstock pensou nas pilhas de anotações sobre sua escrivaninha. Documentada era forçar um pouco a barra. Apesar disso, ela disse:

— É. Menos a parte que foi rasgada quando invadiram minha casa. Mas isso vocês já sabem.

Luiz abriu a boca para falar outra coisa, mas Fernanda o interrompeu:

— Bem, acho que todos nós temos bastante sobre o que deliberar. – Ela pegou um dos muitos cartões de visita sobre a mesa e o entregou a Woodstock. – Você pode entrar em contato comigo quando tomarem uma decisão. Tentem ser breves, sim? Não sabemos quão rápido Vancini está avançando.

Woodstock olhou para o cartão: Fernanda Gonçalves, advogada. Ótimo. Ela se levantou, e os outros adolescentes fizeram o mesmo.

— Pode deixar – disse. – Suponho que vocês tenham meu número? Já que vocês têm meu nome completo e endereço.

— Pra quê se preocupar com números quando eles podem simplesmente mandar alguém invadir sua casa? – murmurou Hugo. Luiz pareceu ofendido.

— Nós nunca faríamos isso.

— Ninguém nunca faria nada – observou Hugo. – Até fazer.

— Isso não faz o menor sentido.

Hugo apenas ergueu as mãos, como se dissesse: fazer o quê?

— Temos o seu contato – interveio Fernanda. – Comunicaremos assim que tivermos ponderado o suficiente.

Woodstock conteve um suspiro. Estava cansada daquelas palavras desnecessariamente formais.

— Ótimo. Que ótimo.

Luiz se ofereceu para acompanhá-los até a rua principal do Mercado. Eles já estavam no corredor quando Fernanda os chamou de volta. Woodstock esperou mais instruções sobre o que fazer ou comentários sobre a Tábua, mas, ao invés disso, ela só disse:

— Seria preferível que você não comentasse nada com seu pai sobre nosso pequeno encontro.

Ela estava olhando diretamente para Hugo, que claramente conseguia ouvir a sutil ameaça por trás do tom calmo. O maxilar dele se tensionou.

— Eu não sou idiota – respondeu ele, secamente. – E eu nunca conto nada a ele, mesmo.

Sem esperar pelos outros, ele continuou a andar. Seus ombros não relaxaram até eles chegarem à parte mais movimentada do Mercado; Woodstock teve a impressão de que todos eles compartilhavam da sensação.


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Notas finais do capítulo

Fun fact: eu quase mudei o nome do Luiz EXCLUSIVAMENTE porque eu queria que ele fosse gay, e Luiz é nome do meu tio super conservador :v no fim das contas, decidi que não fazia diferença. E não, inicialmente o Luiz não tinha nenhuma relevância pra história, ele era só o charity case do Jessé... Até que, de repente, eu precisei dele pra outras coisas :v



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