O seu léxico escrita por Astraeus


Capítulo 5
Capítulo IV




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Imarcescível

i.mar.ces.cí.vel

que não perde o viço, o frescor

impossível de corromper; incorruptível, inalterável.

Harry sentou-se em uma das poltronas do luxuoso escritório de Malfoy. O moreno se perguntava se aquilo era devido ao seu mais recente trabalho de Mestre de Poções ou se havia algum dedo da fortuna dos Malfoy ali. 

Harry vivia numa casa modesta, embora tivesse dinheiro o suficiente para ter uma casa tão grande e luxuosa quanto a de Malfoy. Ele nem ao menos morava realmente no lugar, já que passava quase o ano inteiro em Hogwarts, e só ia para essa casa nos verões. Também tinha a casa que Sirius havia deixado para ele. E sua casa em Godric’s Hollow, mas tinha problemas separados com ambos os locais. 

— Eu agradeceria se você prestasse mais atenção em mim, Potter. — A voz de Draco despertou-o de seus pensamentos. — Afinal, eu sou o amor da sua vida, seu namorado, futuro esposo, alma-gêmea…

— Cale a boca, Malfoy. — Disse Harry. — Vamos logo ao assunto. 

— Era o que eu estava tentando fazer, Sr. Potter, e se você prestasse atenção em mim, não estaríamos tendo essa discussão. — Disse ele, presunçoso. — Então, temos que construir a linha do tempo do nosso namoro. 

— Começou naquele encontro às cegas. — Disse Harry. — Mas seria muito súbito, não é? Vamos dizer que voltamos a nos falar antes disso. Que tal…

Harry tentava pensar em algum evento em que os dois possivelmente poderiam ter comparecido juntos. Festas de aniversário? Não. Casamentos? Improvável. Parecia que não havia um único evento em que os dois compareceram… Ficaria mais difícil convencer as pessoas de que eles tinham se encontrado se ninguém mais tivesse visto… 

— A reunião de cinco anos, Potter. — Draco revirou os olhos. — Sinceramente, a sua memória é lamentável. 

— Ok, a reunião de cinco anos. — Harry disse, ignorando completamente o comentário de Malfoy. — Voltamos a nos falar lá. Isso foi antes ou depois de você publicamente pedir desculpas?

— Foi depois. — Disse ele. — Então você já estava menos revoltado com a minha pessoa. 

Draco anotava tudo que eles falavam. — Precisamos de detalhes. — Ele disse. 

— Eu fui conversar com você na reunião, eu me lembro disso. — Disse Harry, fechando os olhos e tentando se recordar daquela noite. — Fui perguntar o que você estava fazendo ali, e se tinha sido convidado. Eu estava desconfiando que você estava de penetra porque nenhum outro Sonserino havia aparecido. 

— Acharam que não seriam bem-vindos, e com a recepção que você me deu, praticamente me acusando de que eu estava ali de penetra, prova muito bem o ponto deles. — Draco disse, sem expressão, mas Harry sabia que ele estava irritado. Se lembrava do semblante de puro ódio do homem quando fora confrontá-lo na reunião. — Podemos dizer que você foi pedir desculpas para mim no final da cerimônia. 

— Eu estava completamente bêbado no final da cerimônia. — Disse Harry. 

Draco deu de ombros. — Eu também. Diremos que a bebida destrói o seu orgulho Grifinório imenso e você seja capaz de abaixar a bola e pedir desculpas. — Draco disse, duramente. 

Harry revirou os olhos. — E vamos dizer, também, que o álcool te deixa menos arrogante e faz com que a Vossa Santidade desça para junto de nós, meros mortais, e aceite o pedido de desculpas. — Disse ele. 

— E aí, nós transamos. — Disse Draco. 

Harry quase engasgou. — Por que tão rápido assim?

— Por que isso envergonharia nós dois e manteríamos isso em segredo. Faz todo o sentido. E então, fica um clima estranho entre a gente, até que… — Draco disse, tentando pensar. 

— Não precisamos de uma história super-elaborada para antes do encontro. — Disse Harry. —  Vamos dizer que ficou um clima estranho, não nos falamos mais, mas que o encontro às cegas foi… sei lá, um sinal do destino nos unindo. 

— Que brega, Potter. — Draco sorriu, zombeteiro. — Não sabia que acreditava nessas coisas. Você é mais romântico do que eu pensava. E eu não digo isso de maneira a elogiar-te. 

Harry mostrou o dedo para Malfoy, e prosseguiu: — Aí, nós fomos confrontados pelo passado. Tivemos que discutir o que aconteceu depois da reunião, e meio que decidimos ver aonde isso ia dar. 

— Então tivemos um segundo encontro. — Disse Draco. — E agora estamos namorando, porque ao conhecer mais um do outro…

— Nós vimos que somos mais parecidos do que pensávamos e que isso poderia dar certo. — Completou Harry. — Você viu? Já estamos até completando as frases um do outro. 

— Tudo que eu vi foi você me interrompendo, Potter. — Disse Draco, desgostoso. — Mas acho que é uma história tragável. Agora, para o mais importante, Potter. 

Draco largou a pena e suspirou. — Eu não quero ter essa conversa, mas ela é necessária. — Disse ele. — Cláusula dois do contrato. — Harry pegou o pergaminho de cima da mesa, e observando a cláusula em questão, ele coçou o queixo. 

— Demonstrações de afeto. — Disse Harry. — Ah, sim. Até que ponto você está confortável, Malfoy? Você sabe que eu não me importo em abraçar, beijar ou andar de mãos dadas em público. 

— Eu não quero que você saia por aí me beijando quando bem entender. — Disse ele, direto. — Eu preciso de espaço, Potter, e saiba que se você passar dos limites vão haver consequências. 

— Malfoy, eu nunca encostaria em você se você não quisesse. — Harry disse sinceramente, olhando para os olhos cinzentos de Draco. — É algo que eu falo com todos os meus parceiros. Eu não tenho direito nenhum sobre o seu corpo, e eu não vivo em alguma ilusão em que isso seja verdade, não se preocupe. Mas você também não vai poder sair por aí me beijando. — Disse ele. — Porque isso tem que ser justo. 

Draco assentiu, aceitando as condições do moreno de olhos verdes. — Tudo bem. — Ele disse. — Vamos fazer os combinados, então. Só nos beijaremos se estivermos perto de pessoas. Claro que, depois que anunciarmos o namoro, haverão fotógrafos escondidos por todos os cantos, então teremos que fingir um pouco quando sairmos em encontros, já que…

— Espera, o quê? — Disse Harry. — Como assim, anunciaremos o nosso namoro?

— É, oras, esperava o quê? — Draco perguntou, cruzando os braços. — Estava no contrato. 

— Não estava, não! Eu li esse contrato duas vezes. 

— Leu mal, então, Potter. — Draco se levantou. Sentando-se no braço da poltrona em que Harry estava, ele apontou para uma cláusula do contrato. E lá, bem naquele lugarzinho, escrito com letrinhas miúdas, estava escrito que o namoro seria divulgado ao Profeta Diário assim que Potter fosse apresentado à família Malfoy, e vice versa. 

— Eu não acredito nisso! — Disse Harry. — Por que você colocou isso em letras miúdas?

— Você não lê as letras miúdas?

— Eu nem enxergo as letras miúdas direito, Malfoy!

— Aí o problema é seu. 

Harry não acreditava naquilo. Não podia voltar atrás, também, já havia assinado aquela porcaria. Não sabia que teria que divulgar para o mundo bruxo que ele e Draco estavam juntos. Não sabia que divulgaria a sua sexualidade para o mundo bruxo. Será que não poderia fazer Draco reconsiderar?

Ele se virou para o loiro, com cara de cachorro pidão. — Não vou reconsiderar. — Ele disse. — Estava no contrato, e você não leu. A culpa é sua. 

— Mas… Mas eu não estou preparado para divulgar minha sexualidade assim, para todo mundo! — Disse ele. — E se as pessoas começarem a me ver de uma maneira diferente, Draco? E se começarem a me encarar na rua, a falar mal de mim porque eu gosto de caras, a me ameaçar?!

— Primeiro… — Draco disse, agachando-se na frente de Harry, suas mãos repousadas sobre os joelhos do outro. — Não precisa ser imediatamente depois de você conhecer os meus pais. Segundo, as pessoas já te encaram na rua. Você é Harry Potter, pelo amor de Merlin. E se começarem a te ameaçar, não vai ser só você com quem eles vão ter que lidar, vai ser comigo, também.

Aquelas palavras surpreenderam Harry. Draco o protegeria? Sério, mesmo?

— Por que eu não vou deixar um bando de ninguéns falar mal do meu namorado. Isso seria um absurdo que, se deixado de lado, faria as pessoas acharem que eu não me importo com você. E eu não me importo, mas as pessoas não podem saber disso. 

E lá se vai todo o romantismo. Era de se esperar. 

Harry revirou os olhos. — Que seja. — Ele disse. — Agora sai daqui, não quero gente feia perto de mim. 

Draco franziu o cenho. — Deve ser difícil ter que conviver com você mesmo, então, Potter. 

Harry simplesmente o ignorou e procurou mais letras miúdas no contrato. Não deixaria mais nada daquilo passar batido. 



Harry estava exausto. Nunca imaginou que passar o tempo com alguém poderia ser tão cansativo. Malfoy o irritava, e o irritava muito. 

Harry não conseguia entender como, mesmo quando precisava de ajuda, Draco poderia ser tão orgulhoso e metido à besta. Bem, pelo menos ele o ouvia, de vez em quando. Não era tão ruim a ponto de Harry desfazer o acordo completamente. 

Ele deitou-se em sua cama, e fechando os olhos, ele não pode deixar de pensar em Malfoy. Claro, por motivos totalmente profissionais. Tinha que se lembrar da suposta história que os dois tinham. 

Se viram novamente na reunião de cinco anos da Batalha de Hogwarts. A cerimônia fora há poucos meses, e visava prestar uma homenagem àqueles que faleceram pelas mãos de Voldemort ou na guerra. Não esperava ver Draco ali. Não esperava ver nenhum Sonserino ali. 

A sua opinião da Sonserina mudara, com o tempo. Ele aceitara que nem todos os bruxos ruins vêm de lá, e a casa toda não é composta só por pessoas ruins. Demorara um pouco, mas conseguira deixar seu pequeno preconceito para trás, mas ainda assim, ficara furioso quando vira Malfoy na cerimônia. 

Fora logo tirar satisfações. "O que você está fazendo aqui, não sabe que é culpado pela morte dessa pessoas?" Perguntara. 

Draco simplesmente o encarara. "Eu posso ser muitas coisas, Potter. Mas eu nunca matei ninguém."

E aquilo quebrara tantos pensamento que Harry tinha do loiro. Por todos esse anos, ele sempre acreditara que ele era um assassino, que havia sangue em suas mãos. Mesmo que ele não houvesse conseguido matar Dumbledore na torre de astronomia, aquela noite, não significava que ele nunca havia proferido a maldição da morte em outra pessoa.

"E caso você não saiba, eu também perdi alguém aqui." Ele dissera, e Harry se lembrou de Crabbe. O moreno o deixara sozinha depois disso.

Harry nunca se desculpara por aquilo. 

Talvez devesse, mas como? Não sabia como trazer o assunto à tona agora que já tinham discutido sobre isso.

A dúvida ficou em sua cabeça até o dia seguinte, até mesmo quando estava dando aulas.

— Então, existem dois tipos de feitiços. — Disse ele. — Existem os feitiços estáticos e os feitiços dinâmicos. Os feitiços estáticos são aqueles que encontraremos mais, neste curso. 

— Os feitiços estáticos são aqueles que têm um efeito singular e imediato, que não muda quando é lançado. Para se lançar um feitiço estático, não é necessário muita concentração. A duração do seu foco dura o tempo que você demora para lançar o tal feitiço. — Ele explicou. — Uma vez que está lançado, acabou a sua concentração. Esse tipo é o mais fácil de ser quebrado. Na nossa aula passada, nós aprendemos a importância do movimento preciso da varinha quando se lança um feitiço. Com os feitiços estáticos, é mais fácil aprender como lançar feitiços sem o movimento adequado da varinha, mas isso é algo que vocês só vão aprender no quinto ano. 

A sala grunhiu, desapontada. Harry riu.

— Passa mais rápido do que parece, acreditem. — Ele disse. — Agora, o feitiço dinâmico requer uma concentração maior, já que você precisará de mais foco por um longo período de tempo. Esse tipo de feitiço tende a ter efeitos estendidos que precisam de um fluxo contínuo de poder e concentração que deve ser irigido para o seu alvo. Por exemplo, o feitiço do patrono…

Interrompendo o monólogo de Harry, uma coruja simplesmente entrou na sala, deixando uma carta em cima da mesa de Harry e foi embora. Aquilo não era usual, e ele já tinha uma ideia de quem seria. 

Já sentiu uma dor de cabeça se formando. Mas não leria naquele momento, tinha que dar aulas, e Draco tinha que aceitar que ele não era a prioridade de Harry em sua vida. 



A aula acabara, e alguns alunos cercavam a mesa de Harry, como de costume. Ele pediu para que elas esperassem um momento, e então, abriu a carta. 

"Querido Harry,

Tive um imprevisto e não vou poder comparecer ao nosso encontro amanhã à tarde. Eu sei que é o seu único dia de folga, mas eu realmente não poderei estar aí.

Mas não se preocupe, porque no sábado vamos nos encontrar novamente e eu vou te encher de beijos e encher o seu saco também. 

No sábado eu vou te levar em um jardim imarcescível, perto da minha casa. Você vai gostar.

Saiba que mesmo que eu não possa comparecer, eu ainda estarei pensando em você.

Com amor, 

Draco."

Harry sentiu o seu rosto esquentando, e os seus alunos ficaram super interessados para saber o que estava acontecendo. 

Ele guardou a carta no bolso. No que Draco estava pensando!?


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