Cicatrizes e Flores escrita por Astraeus


Capítulo 1
Capítulo 1




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Harry teve a permissão refazer o ano que perdera, que seria considerado o “oitavo ano” em Hogwarts, mesmo que não existisse realmente na grade escolar. McGonagall havia decidido que todos os setimanistas deveriam ter o direito de terminarem sua educação de verdade e ingressarem no mercado de trabalho mágico porque é assim que um mundo capitalista funciona.

Claro, o oitavo ano seria diferente dos anos normais em Hogwarts. Primeiramente, eles não poderiam usar os dormitórios, pois os mesmos já estariam cheios. A alternativa era alugar uma casa em Hogsmead, o que não era ideal mas era melhor do que nada. Os alunos já formavam grupos para viverem juntos, dividindo igualmente o preço das casas. No final das contas, Harry acabou ficando com Ron, Gina, Hermione, Simas, Dean e Neville. Não lhe impressionava que todos fossem da Grifinória.

É verdade que Hogwarts se tornou mais unida depois da guerra, mas aqueles que pertenciam à Sonserina ainda eram excluídos pelas outras casas. Harry conseguia entender as razões, mas ele achava que ninguém, absolutamente ninguém, merecia ser isolado e jogado em um armário de vassouras. Ele não gostava daqueles que conhecia na Sonserina, mas isso não significa que os primeiranistas e outros iniciantes em Hogwarts fossem todos ruins.

Falando em Sonserina, as aulas começariam duas semanas depois dos julgamentos. Cada um dos alunos envolvidos com o Lord Voldemort, assim como seus pais, iriam passar por um longo processo de interrogação e julgamentos para definir se eles eram culpados ou inocentes.

Harry tinha, honestamente, quase certeza de que a maioria dos pais daqueles alunos seria sentenciado à Azkaban, e seus filhos teriam que carregar a vergonha de estarem do lado errado da história. Harry não sabia como se sentir sobre eles, que eram adolescentes e inocentes, assim como ele já foi um dia. Os pais têm muita influência sobre os filhos, isso é o que Harry pensa.

Ele fora, obviamente, chamado para testemunhar. Claro que gostariam que o menino que sobreviveu, o eleito, comparecesse no julgamento e apontasse o dedo para os comensais da morte, mas Harry não estava muito contente em fazê-lo. Ele só queria que, por uma vez na vida, aquela história toda acabasse sem a sua ajuda.

Houve um julgamento, porém, que ele se sentiu obrigado a testemunhar, porque ele tinha certeza que ninguém mais veria o réu como ele o via. Ninguém veria o sofrimento que residia dentro daquele loiro de pele albina durante mais de cinco anos. Ninguém veria a redenção que ele desesperadamente procurava. Ninguém veria o garoto que jogou a Harry sua varinha para lutar contra um dos homens mais poderosos que já viveu. Todos eles veriam apenas a sombra de um comensal, o único filho de um casal de ideologia podre. Todos eles veriam a marca em seu braço, não as marcas em seu coração.

É por isso que Harry precisava testemunhar no julgamento de Draco Malfoy. Ele não se importava com o que aconteceria com ele, mas ele não conseguiria dormir a noite sabendo que o garoto havia sido vítima de uma grande injustiça. Não se escolhe os pais que tem, afinal de contas.

O dia chegou rapidamente para Harry, mas ele tinha certeza que o mesmo tempo que se passara para ele fora dolorosamente lento para aquele que se sentava na cadeira do réu e ouvia palavras duras sobre as ações dele.

Ele logo fora chamado para testemunhar, e ele sabia que ninguém ali esperaria aquelas palavras de sua boca, mas ele já estava no ponto de não dar a mínima para o que as outras pessoas pensavam.

― O que tem a dizer sobre os atos indecorosos do réu?

Harry não tinha muito a dizer. Sabia que o mais importante era uma frase sucinta, breve e impactante. Ele não precisava de redações ou ensaios, porque o mais importante era que no momento final, Draco Malfoy havia feito a escolha certa.

― Se eu sou o menino que sobreviveu, Draco Malfoy foi o menino que tinha uma escolha. Tudo que tenho a dizer é que, na batalha de Hogwarts, ele provou estar do lado certo. Quando as coisas estavam feias, ele me jogou a varinha. Se não fosse por ele, as coisas não teriam acontecido como aconteceram. ― Harry disse. ― Tanto ele quanto a mãe dele foram essenciais para que Voldemort fosse derrotado. Draco e Narcissa mentiram para o Lorde das Trevas e me encobriram porque eles sabiam quem estava certo. Se não fosse pelos dois, eu não estaria aqui hoje. É tudo que tenho a dizer.



― Nunca te disseram que mentir é errado? ― Uma voz familiar perguntou-lhe. Ao virar-se, Draco Malfoy o encarava. Haviam olheiras profundas em seus olhos e sua postura estava longe de mostrar a confiança habitual. ― Minha mãe não mentiu porque estava contra Voldermort.

― Isso não importa. ― Harry deu de ombros. ― Você precisa de alguém que te dê ouvidos quando quiser reclamar de Hogwarts.

Draco nada disse, mas Harry não esperava que dissesse. Não era do feitio dos Malfoy agradecer, ele sabia. Aquele encontro foi rápido e sem grandes significados, exatamente como deveria ser. Os dois seguiriam seus caminhos em paz, agora, sem incomodar-se um com o outro. Assim como deveria ser, desde o início.


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