Família Hatake - MenmaNG escrita por Teleya Inshinda


Capítulo 1
Usagi Hatake - Parte 1 de 3




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Uma bomba estava prestes a explodir e Kakashi era o único disposto a fazer o serviço. Havia muita tensão na sala, todos observando apreensivos enquanto suas mãos tremiam e o suor escorria por seu rosto. Respirou fundo algumas vezes, prendeu o ar e tomou coragem para abrir o embrulho. O resultado foi imediato, Yamato e Gai cobriram os rostos com as mãos e Kakashi se amaldiçoou por estar usando máscara, queria desesperadamente vomitar. 

— Ah! Que nojento. O que é que ele comeu?  — Yamato reclamou ao sentir o cheiro que se espalhava pelo ambiente.

— Bebês nessa idade só tomam leite. Esse fedor é prova de que é uma criança saudável. — Apesar da careta que fazia, Gai tinha um sorriso radiante. 

— Parece que fazer crianças é mais fácil do que cuidar delas, não é, Kakashi? — Debochou Yamato, que teve de se esquivar de uma toalha atirada pelo amigo. 

— Não chamei vocês aqui para ficarem zombando de mim. Ajudem-me a limpar isso. — A expressão do Hatake era de dar dó. 

— Eu adoro crianças, mas não vou trocar fraldas, Kakashi. Você quis ficar com o bebê, vai ter que assumir a responsabilidade. — Gai fez um sinal positivo como o polegar, o que só irritou ainda mais o outro.

— Não foi como se eu tivesse escolha, não podia abandoná-lo. — Esfregou os cabelos pensando em como resolver aquele problema. — Me dá essa sacola.

Kakashi tentou um ultimo olhar para Yamato, uma súplica silenciosa. Sabia que o preço a pagar seria alto, mesmo assim estava disposto a qualquer negócio para não ter de fazer isso, ao menos dessa vez. O moreno, no entanto, esforçava-se em parecer parte da mobília, deixando claro que não o ajudaria. 

Puxou as perninhas magrelas do bebê para cima, para poder retirar o excesso de sujeira com um pano seco, que foi atirado ao lixo em seguida. Vasculhou as coisas que comprou em busca de uma fralda, mas aquilo parecia tão complicado de colocar que resolveu improvisar com uma toalha limpa. Os dois amigos apenas balançaram a cabeça negativamente, julgando a falta de bom senso do Hatake.

— Você não pode deixá-lo sujo, vai ficar todo assado. — Dessa vez não tinha intenção de tirar sarro do amigo, Yamato estava realmente preocupado com o futuro daquele bebê, embora continuasse firme em sua decisão de não ajudar em tarefas que envolvessem odores desagradáveis.

— Eu sei, mas eu nunca dei banho em bebês, tenho medo de machucar. Nem como se pega um. — Era evidente que dizia a verdade, a julgar que ele estava segurando a criança de barriga pra baixo. 

Os desafios da paternidade não acabaram por aí, nas horas seguintes as coisas apenas pioraram. O banho encharcou Kakashi mais do que ao bebê, a hora da mamadeira cobriu Gai de "fluídos da juventude", como ele apelidou o vômito da criança, por fim a soneca rendeu quase meia hora de cantoria desafinada do Yamato. Quando finalmente conseguiram um tempo de descanso, os três jogaram-se no sofá conversando aos cochichos pra não acordar a criaturinha.

— Não vou dar conta disso sozinho. — Não era arrependimento, era medo o que sentia. Como poderia ser um bom pai? Saberia consiliar o trabalho e a vida doméstica? Aquela criança sobreviveria aos cuidados desajeitados dele? Eram questões demais.

— Você sabe que pode contar com agente, mas não somos de muita ajuda. Precisa de alguém que entenda de crianças. — Gai era o mais compreensivo dos amigos.

— Porque não deixa de ser teimoso e contrata logo uma babá? — Yamato já estava sem paciência para rodeios — Você é o Hokage, ganha muito bem. Não tem porque ficar enfiando seus amigos nessa furada.

— Entrevistei várias, só que nenhuma me convenceu. Ela teria de estar aqui em tempo integral e isso iria tirar minha privacidade. Sempre gostei de morar sozinho — Ele sabia que teria de ceder em algum momento.

Os amigos riram baixinho ao terem o mesmo pensamento: “Ele nunca mais moraria sozinho de qualquer maneira”. Preferiram, no entanto, não dar mais uma coisa para que ele se preocupasse. Apesar das brincadeiras, sabiam que aquele era um momento difícil. Não tinham ideia de onde havia saído a decisão de criar uma criança como pai solteiro, sequer sabiam quem era a mãe do bebê, mas se ele tinha feito isso, deveria ter uma boa razão.

Ouviram batidas na porta da frente, mas nenhum deles levantou para abrir, estavam exaustos. As batidas persistiram, com pequenos intervalos entre uma sequência e outra. Quem quer que estivesse ali, parecia querer muito falar com o dono da casa.

— Fiquem quietos que vão desistir logo. – Kakashi instriu aos amigos. 

— Deve ser alguém curioso sobre o bebê. — Yamato fechou os olhos, desinteressado. — A essa hora, a notícia já se espalhou pela vila.

— Mais um motivo pra fingir que não tem ninguém. — Kakashi insistiu. A ultima coisa que queria era dar explicações a pessoas com que mal tinha contato. Nessas horas odiava a fama como Hokage.

— Kakashi, todas aquelas vezes que vim te visitar quando não tínhamos missão... Você não estava fingindo que não estar em casa, não é? 
Caprichando na risada falsa, Kakashi negou com a cabeça, enquanto Yamato fazia gracinhas pelas costas de Gai. Não fazia por mal, só não gostava muito de socializar, principalmente com o animado colega que sempre queria inventar uma competição estranha e cansativa. 

Os três se assustaram quando a porta abriu e por ela um rosto família sorriu envergonhado. Nenhum deles disse ou fez nada, apenas ficaram observando, esperando que a visita se pronunciasse.  

— Desculpe a invasão, Kakashi. É que... — Iruka corou ainda mais ao tentar se explicar — Dava pra ouvir vocês e a porta estava aberta. Não quero incomodar, só vim deixar uma coisa.

Os três continuavam encarando, esperando a provável enxurrada de perguntas sobre o bebê, surpresos que tivesse sido Iruka o primeiro a querer se inteirar da fofoca, não parecia fazer o tipo curioso. 

— Bem... Eu só vim pra te dar isso. — Ele para o chão muito sem jeito, enquanto estendia uma bonita cesta com coisas para bebê. — São para o seu filho. Desculpe mais uma vez. 
Ele colocou o embrulho em um aparador e já ia se retirar quando Kakashi suspirou e pediu para que esperasse. Mesmo cansado, o Hatake se levantou do sofá e foi receber o presente adequadamente, parecia ser o certo a fazer.

— Agradeço a preocupação, nós só estamos exaustos. — Pegou a cesta para observar o conteúdo. — Quer beber algo com a gente? 

— Eu não sou do tipo que bebe, mas posso brindar com vocês. Deve estar muito feliz de ser pai, não é? — Mesmo dizendo isso achava muito difícil engolir a notícia de que de repente o outro resolveu ter um filho. Era a última coisa que imaginaria sobre ele. — Parabéns. 

Não respondeu, apenas voltou ao seu lugar no sofá e arremessou uma lata para o convidado, que sentou-se em uma poltrona vazia. Fizeram um brinde simbólico, já que Kakashi sequer tirou a máscara.

A hora seguinte passou com todos em silencio. Gai teve de sair primeiro, porque tinha um compromisso na casa de seus alunos, Yamato cochilou no sofá, Kakashi apenas olhava para a TV desligada e Iruka estava tão deslocado que até de ir embora sentia vergonha. 

O choro do bebê ecoou pela casa, chamando a atenção do pai que derrubou uma porção de latas vazias no chão ao tentar se levantar. Ele parou ao sentir uma mão tocar levemente seu braço.

— Você parece exausto. Pode deixar que irei vê-lo. — Iruka esforçou-se para que seu olhar fosse reconfortante. — Por que não vai tomar um banho? Eu sou bom com crianças.

Kakashi apenas assentiu com um aceno. Aquela situação era tão estranha, sentia a cabeça pesada, dor no peito, dificuldade para respirar. Havia tido nove meses para digerir a notícia de que seria pai, mas só quando trouxe o bebê para casa que a ficha caiu. Queria sair correndo.


A água da banheira estava propositalmente gelada. Ele mergulhou a cabeça várias vezes para clarear os pensamentos. Havia feito uma escolha que sabia ser a certa, mas isso não facilitava em nada as coisas.  

Ao sair do banho vestiu uma roupa qualquer e foi ver se Iruka estava em apuros. A porta do quarto da criança estava entreaberta, era possível ouvir uma melodia suave ser cantarolada pelo moreno enquanto o bebê dava risinhos de alegria. 

— Como você faz isso? — disse enquanto empurrava a porta com cuidado para não fazer muito barulho. — O Yamato só conseguiu colocá-lo pra dormir depois de cansá-lo de tanto chorar. — Iruka riu sem desviar a atenção do que fazia.

— Não é muito difícil. Eu trabalhei com crianças a maior parte da minha vida. Você também vai aprender. — Ele fez menção de entregar o bebê ao pai que negou com a cabeça — O que foi? Tem medo de segurar o pequeno Usagi? 

— Segurar o que? 

— Opa. É que você não me disse o nome dele, então apelidei de Usagi, porque o cabelinho branco faz lembrar de um coelhinho.  

— O nome... eu não sou bom com nomes. — Coçou a cabeça, constrangido por mais uma coisa que fez de errado. — Gosto de Usagi.  

— Era só um apelido, não precisa ficar com ele por educação... 

— Iruka, eu não sou educado, muito menos agora que estou de mau-humor então pare de falar está bem? — Não era isso que queria dizer, mas todo aquele estresse o fez soar extremamente ignorante em um momento que apenas queria agradecer a ajuda. — Vai ser Usagi Hatake, está decidido. 

As palavras duras incomodaram um pouco o moreno, mas tentou se colocar no lugar do outro. Nunca foram grandes amigos, mal se falavam e já haviam brigado algumas vezes, mas sentia que algo estava errado com ele. 

— Imagino que ser pai de primeira viagem deve assustar, mas...

— Eu não estou nada bem com isso, sabia? Não planejei ter filhos, mas não pude abandonar... Usagi. Só não faço ideia de como se faz isso. Eu não sei ser pai! — Desabafou pela primeira vez. As palavras deixando a boca sem controle, os olhos queimando pela vontade de chorar.

Palavras de consolo não eram seu forte, então andou em direção ao outro, usou uma das mãos para deixar os braços dele na posição correta e cuidadosamente depositou Usagi alí.

— Vamos começar com o básico, está bem? É assim que deve segura-lo. — sorriu levemente. 

De repente, tudo parecia diferente e, mesmo que situação fosse exatamente a mesma, que seus problemas continuassem presentes, que ainda não soubesse ser pai, uma paz havia invadido seu peito. Até arriscou balançar levemente o bebê que parecia feliz em seu colo. 

— Ele está quase adormecendo. Quando isso acontecer, apenas coloque-o no berço. Só irei em casa pegar umas coisas e já volto. 

— O que quer dizer?

— O Usagi precisa de muitos cuidados e vai acordar várias vezes a noite. Você é o Hokage, tem que descansar um pouco. Vou te ajudar até pegar o jeito se não se importar.

Kakashi balançou a cabeça para cima e para baixo ainda tentando entender aquele ser chamado Iruka. Sabia que ele tinha um bom coração e já havia contado com sua ajuda antes, mas isso... Eles nem eram amigos... 


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