Here we are escrita por Amelie Oswald


Capítulo 2
One more song to follow you down


Notas iniciais do capítulo

Era para ter postado no sábado, mas dei uma enrolada e estou postando hoje. Espero que apreciem. Boa leitura a todos ♥



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One last call to carry you home
I won’t let you fall, one more song to follow you down
It goes on and on and on

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As comemorações de Odin sempre que Thor regressava de uma missão bem-sucedida não era novidade para os moradores de Asgard. O salão principal do castelo havia sido preparado especialmente para a ocasião que, provavelmente, duraria longas horas. Todos os moradores da cidade foram convidados, desde os pequenos funcionários até os grandes figurões. Naquelas comemorações não havia hierarquia, apenas pessoas comemorando a mais nova conquista do príncipe mais velho. 

A princípio Éowyn adorava estar em meio ao povo, comemorando as conquistas do irmão mais velho. Mas com o passar dos anos as festas deixaram de ser prazerosas e se transformaram no pior dos seus pesadelos, as vezes ela conseguia fugir com Loki para seu lugar secreto, aproveitando quando todos estavam interessados nas histórias de Thor sobre seus feitos em batalha. Para a jovem princesa de Asgard aquela era a pior parte da noite, não odiava o irmão mais velhos, apenas sua personalidade narcisista que aumentava com o hidromel. 

Entretanto nas últimas comemorações, Odin estava fazendo vista grossa em relação as fugas de Éowyn. O Pai-de-Todos vinha forçando a presença da filha adotiva no recinto, interrompendo todas as chances que surgiam dela escapar discretamente do local. A princesa sabia que existia apenas uma explicação para a marcação, Odin estava disposto a encontrar alguém digno para desposa-la. 

Para o grande deus nórdico, a princesa já estava com idade para encontrar um marido a altura. Éowyn era capaz de contar nos dedos todas as vezes que chegou em tempo de escutar Frigga e Odin sussurrando sobre o assunto. A sorte da loira foi que Frigga, sua mãe adotiva e rainha de Asgard, conseguiu convencer o marido a deixar Éowyn escolher o noivo que julgava perfeito para receber sua mão, caso contrário o grande Ódin teria a prometido para o primeiro figurão que tivesse o que acrescentar no reino.  

Ser a única filha de Odin não servia de muita coisa. Ela tinha o conhecimento que não pertencia aquele lugar, que o seu verdadeiro povo estava a milhões de anos luz de distância e seria incapaz alcança-los. Mesmo que Odin e Frigga insistissem em dizer que ela fazia parte da família tanto quanto os rapazes, não era o que Éowyn sentia. Por mais que amasse Frigga com todas suas forças e fosse grata por tudo, sentia falta da mãe biológica que nunca conheceu devido a todas histórias contadas por seus pais adotivos sobre os velhos tempos. 

Devido ao título de princesa, ela sabia que possuía regras a serem cumpridas. Nunca havia ansiado por um casamento ou pensado sobre o assunto, durante anos não deu o trabalho de cogitar escolher um pretendente ou olhar os membros da corte com outros olhos. Mas desde que Odin começou a insistir em apresentar pretendentes de modo discreto, ou nem tanto, a ideia de escolher um noivo para passar a vida toda ao lado soava assustadora. 

— Sorria, minha filha — Frigga ordenou gentilmente ao olhar para o lado e notar as expressões carrancudas de Éowyn — Uma princesa deve sempre manter o sorriso na face. 

— Claro, mãe — Mesmo estando contrariada Éowyn seguiu as ordens da mãe, colocando um belo sorriso falso, mas convincente, na face. 

— Seu irmão acabou de regressar para casa, aposto como suas histórias serão interessantes — Comentou Frigga tentando manter um assunto. 

— Duvido muito — Sussurrou Éowyn de modo quase impercetível. Porém não foi o suficiente para não chamar a atenção da deusa. Antes que Frigga pudesse lhe repreender, ela mudou o assunto — Queria poder sair em batalha como os rapazes, liderar meu próprio exército. 

— Ainda não está pronta, querida — Respondeu Frigga deslizando os dedos pelos fios soltos que estavam na frente da face de Éowyn com ternura, fazendo um sutil cacho na ponta. 

— Mas de acordo com o pai, estou pronta para casar — Reclamou Éowyn revirando os olhos — Escutei vocês conversando. 

— Seu pai sabe o que faz — Disse Frigga suspirando com pesar. 

— Não, ele não sabe — Éowyn entortou o lábio e voltou a olhar o horizonte. 

O olhar da princesa parou sobre o grupo de fanfarrões que conversavam empolgados em meio a risadas altas. No centro desse grupo, sendo o foco principal da conversa, estavam Thor, Hogun, Fandral, Loki, Sif e Volstagg. Eles narravam orgulhosos sobre seus feitos de batalha enquanto eram ouvidos por uma porção de curiosos e belas mulheres. Uma pitada de ciumes brotou no coração de Éowyn ao ver uma bela donzela aproximar do Loki e sussurrar algo em seu ouvido, quase se jogando em seus braços. 

— Vou pegar hidromel — Disse a princesa para a mãe adotiva. 

— Tudo bem, minha querida. Mas permaneça a vista de seu pai — Pediu a rainha antes da filha se afastar. 

Aquela poderia ter sido a brecha perfeita para Éowyn escapar da grande comemoração, entretanto sabia que as consequências não seriam das melhores nas próximas festas, sendo muito provável que Odin colocasse Heimdall como segurança, vigiando todos seus passos. 

Ainda assim, para Éowyn aquela festa tornou-se bastante barulhenta e intolerável. Não deixando outra alternativa senão localizar um local calmo e com poucas pessoas para que pudesse recuperar sua compostura. Endireitou sua postura e atravessou o mar de pessoas que riam e bebiam, ignorando cada uma delas. Para sua sorte a sacada estava quase vazia, contendo apenas casais que conversavam escondidos no canto escuro e ignoravam o mundo ao redor, tanto quanto, a jovem princesa. 

Ela debruçou sobre a murada de mármore da sacada, observando o céu estrelado que brilhava sobre Asgard. O vento era seco e gélido, ela fechou os olhos para que pudesse sentir a brisa tocar sua face com ternura e balançar levemente seus cabelos e vestido. Achava tudo tão lindo e único. Mantendo os olhos fechados, tentou focar seus pensamentos em outra coisa, querendo ignorar todas as vozes, risadas e, principalmente, a lembrança de ter belas mulheres flertando com Loki naquele momento. 

Seu estômago embrulhou com o pensamento envolvendo o irmão adotivo, sentindo asco em pensar que outra mulher estaria chamando pelo nome do moreno durante um ato de luxúria. Uma mulher que não era ela, alguém completamente novo e que não o conhecia como ela. Sabia que em alguma hora aquilo iria acontecer, que ele encontraria alguém e deixaria de dividir os bons momentos com ela, da mesma maneira como Éowyn faria quando encontrasse um noivo digno de desposa-la. Mas seu coração torcia para que o momento demorasse. 

Não conseguia dizer com exatidão que momento seus sentimentos por Loki deixaram de ser algo fraternal e tornaram intensos, cheios de amor e desejo. Mas também não importava, pois era de seu conhecimento que Odin jamais aprovaria a união entre eles, além de que não sabia se o sentimento do irmão por ela era de mesma intensidade. Ela suspirou e reabriu os olhos, voltando a encarar o horizonte com tristeza. 

— Essa festa está um tédio — Os olhos de Éowyn arregalaram ao notar a presença de Loki ao seu lado. Ele havia acabado de alcança-la e segurava nas mãos duas canecas cheias com hidromel — Queria poder estar em outro lugar. 

— Com a dama ao seu lado, suponho — Disse Éowyn tentando soar sarcástica ao invés de ciumenta, mas não deu muito certo. 

— Exatamente — Assentiu Loki entregando uma das canecas para a irmã — Mas ela precisa ficar sobre a vista do pai. 

— Não estava referindo a minha pessoa — Ela ignorou o rubor da face e bebeu um longo gole de sua bebida. 

— Sei que não. Mas eu estou — Sutilmente, ele retirou uma mecha de cabelo da frente dos olhos dela enquanto sorria sedutor. Éowyn retribuiu o sorriso com doçura e dessa vez não tentou disfarçar as bochechas vermelhas. — Por que não se uniu comigo esta noite? 

— E ouvir todas as histórias idiotas de batalha do Thor? Não, obrigada — Éowyn fez careta com a ideia. 

— Essa é nova — Insistiu Loki sorrindo divertido. Adorava o modo como a irmã demonstrava desinteresse pelos assuntos do mais velho. 

— Você está nela? — Perguntou Éowyn arqueando uma das sobrancelhas. 

— Sabe que não — Loki virou, encostando as costas no mármore da sacada. 

— Então não me interessa — Ela terminou de virar o conteúdo da caneca com longos goles, talvez bêbada a festa parecesse mais divertida aos sus olhos. 

— Vai com calma ou o pai vai importuna-la, sabe que ele odeia quando bebe feito um dos garotos — Ao dizer as cinco últimas palavras da frase, ele imitou o timbre de voz de Odin, retirando uma gostosa gargalhada da garota. 

— Ele está ocupado escutando as asneiras do Thor — Ela deu com os ombros, pousando a taça sobre a murada. — É sempre a mesma coisa, começa com ele perdendo e do nada ele recupera a glória, derrotando o inimigo com um banho de sangue. Mas todo muno sabe que esse “do nada” é um dos guerreiros salvando o rabo dele. 

— Uau! Sorte a minha, ser seu irmão favorito — Loki riu e balançou a cabeça em negação. 

— É, sorte a sua —Zombou Éowyn balançando a cabeça discretamente enquanto acompanhava o irmão nas risadas. 

— Como seu irmão favorito, a convido para uma dança — O moreno deu um passo para trás e estendeu a mão para a irmã mais nova. 

— Não quero voltar para dentro — Reclamou a garota fazendo careta, hesitante em acompanha-lo. 

— Não quero passar o resto da festa sozinho — Ele gesticulou para que ela colocasse a mão sobre a dele. 

— Você não ficará sozinho se aceitar as cantadas daquela bela dama — Provocou a loira arqueando uma das sobrancelhas. 

— Ah, Éowyn! — Ele suspirou aproximando dela e de modo galante sussurrou em seu ouvido — Quando notará que a única dama com quem me importo é você? 

Éowyn sentiu os pelos do corpo arrepiarem com os sussurros do irmão e borboletas voarem em seu ventre. Estava sem palavras para responde-lo e com o coração batendo acelerado, caso não estivesse sobre constante vigia de Odin naquela noite, seria capaz de beija-lo ali mesmo. Não escondeu o sorriso que brotou na face. 

— Me convenceu — Respondeu a jovem mulher olhando para o chão enquanto sorria abobada. 

— Sabia que a convenceria — Antes de se afastar, ele depositou um beijo cheio de ternura em sua bochecha. — Agora, não seja ranzinza e permaneça ao meu lado o resto da noite. 

— Com certeza — Ela segurou na mão do irmão adotivo e ingressou ao seu lado no salão principal. A partir daquele momento, a festa tornou-se mais suportável. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, em breve postarei o próximo capítulo. Mil beijos, Amelie Oswald ♥



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