Finding hope escrita por nje


Capítulo 14
12: Tudo a seu tempo


Notas iniciais do capítulo

Eaí, povo! (;
Ainda não respondi os comentários do pedido de opiniões e peço desculpas por isso. Mas quero que saibam que li todos. Agradeço o apoio e decidi ouvi-los, uma vez que pedi a opinião de vocês hehe e que gostam tanto da história!
O capítulo veio curtinho e demorou muito, mas rolou a atualização! Hehe boa leitura!



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Naruto abriu os olhos e a primeira cena que viu foi o cateter introduzindo o soro em suas veias. Junto aos bipes dos aparelhos do hospital também pôde ouvir ao fundo o som da chuva. Ainda deitado, dirigiu o olhar até a janela e pôs-se a observar o cair torrencial das gotas.

Ao tentar se levantar para vê-la mais de perto, a frustração dominou o rapaz. Para alguém tão ativo que chegava a ser taxado como hiperativo, era bastante triste ver-se limitado daquela maneira.

Passou a recordar da noite em que levou a facada. Sentia intensa raiva do homem que o colocou naquela situação. Entretanto, sentia ainda mais do sistema injusto no qual a desigualdade social imperava tanto ao ponto de que algumas pessoas acabassem recorrendo ao crime como uma das maneiras de sobreviver. Se as oportunidades fossem as mesmas para todos, acreditava com veemência que episódios como o que viveu seriam bem menos frequentes.

Esse pensamento levou-o a recordar-se da ONG. O início do curso de Fotografia estava previsto para o sábado daquela mesma semana. Será que já teria condições de estar na frente de um grupo de pessoas em uma sala de aula?! É fato que seria necessário lidar com os olhares de pena e até mesmo maldosos. Todavia, este não era um grande temor, uma vez que passou a vida aguentando o preconceito da sociedade com relação aos seus pais; de alguma forma, essa situação o havia fortalecido. Ainda assim, Naruto não sabia se por questões de saúde e adaptação já estaria em condições de dar aulas.

Mergulhou em sua subjetividade e no meio de algumas das reflexões, acabou por recordar-se de Minato e Kushina. Por mais bem intencionados que pudessem ter sido em suas escolhas, Naruto não aceitava as mentiras. Embora desejasse perdoá-los e conviver com eles, ainda não se sentia pronto para fazê-lo, bem como também não queria ver nem mesmo Iruka e Kakashi em sua frente naquele momento. Precisava pensar, respirar fundo, ter um momento para processar toda a reviravolta que a sua vida sofreu em questão de tão pouco tempo.

O único conforto para o seu coração era lembrar-se de Sakura e seus lábios tão adocicados. A recordação do beijo entre eles levou-o a corar e o coração a bater mais rápido. Um sorriso espontaneamente formou-se nos lábios de Naruto, sem que ele pudesse conter.

— E esse sorriso bobo aí?! — Konohamaru entrou no quarto do hospital caçoando do irmão, que fez um bico ao ouvir as palavras dele, mas logo pôs-se a rir.

— Cara, a Sakura logo me deu um beijo ontem! — Naruto revelou. Ele estava cheio de vontade de contar para alguém o ocorrido. Ficou feliz por ser Konohamaru o primeiro do dia a visitá-lo. Com ele não havia nenhum tipo de tensão, só muita zoeira e amizade.

— É nada! Xi, será que eu preciso tá morrendo pra Hanabi decidir me beijar também?! — Questionou Konohamaru em tom brincalhão. Ele segurava o queixo com uma das mãos, fingindo estar pensativo.

— Qual é, pirralho?! Isso é piada que se faça?! — Naruto franziu o cenho.

Konohamaru riu gostosamente e deu de ombros. Por fim, respondeu:

— Pô, cê tá vivo e ainda ganhou beijinho da mina que cê gosta. Num tem que ficar com frescura e se doendo por isso, não. — E, embora hesitante, deu continuidade mudando de assunto: — Sua mãe tá lá fora, mano. Esperando pra te ver.

Naruto ficou em silêncio por um momento. Tinha bastante curiosidade de vê-la, mas ao mesmo tempo ainda sentia-se muito ferido.

— Então, mano, eu até aceito que ela entre, que a gente troque uma ideia e pá. Mas tomei a decisão de ficar morando uma cota na ONG ou com o velho Jiraiya e me organizar pra morar sozinho, tá ligado?! Essa parada de geral ter mentido umas coisas tão importantes pra mim.. Não consigo ficar de boa tão fácil.

— É foda. Eu nem sei o que faria no seu lugar. — Confessou Konohamaru. — Só sei que cê vai sentir falta de ter alguém pra zoar.

Naruto sorriu fracamente. Estava certo de que sentiria falta do irmão e dos pais, mas precisava desse tempo para pensar e até mesmo para tornar-se mais independente. Toda aquela situação levou-o a refletir e chegar a conclusão que via-se muito acomodado.

— Oxi, cara, eu não vou pra longe não. A gente pode continuar se trombando, de vez em quando cê me visita, de vez em quando eu te visito. Uma hora isso ia acontecer, num ia?! — O loiro questionou e o irmão mais novo assentiu.

O dono dos espetados cabelos castanhos direcionou-se até a porta e anunciou:

— Vou falar pra sua coroa entrar. Boa sorte.

— Valeu. — Naruto agradeceu, coçando a cabeça e tentando preparar o coração para o que quer que estivesse por vir.

Menos de um minuto depois, a bela mulher de longos cabelos vermelhos e grandes olhos azuis adentrou o quarto.

Naruto emocionou-se bem mais do que acreditou que o faria. O coração bateu forte e rapidamente. No momento em que Kushina se ajoelhou e envolveu a mão dele na dela, lágrimas começaram a escorrer tanto pela face do jovem quanto pela de sua mãe e assim se mantiveram por mais algum tempo. A trilha sonora daquele momento era o som da chuva, dos aparelhos do hospital e dos soluços.

— M-meu filho, me desculpe! Você está tão lindo, tão crescido! Não consigo me perdoar por ter perdido tantos grandes momentos da sua vida. Por não ter acompanhado de perto você se tornando esse rapaz de princípios e batalhador que é, embora no meu coração sempre tenha existido a certeza que isso aconteceria.

Naruto não respondeu. Sentia o ímpeto de abraçá-la e dizer que a perdoava, que tudo ficaria bem. Entretanto, ainda não era capaz de fazê-lo. Todos os seus pais — os quatro — precisavam receber uma lição, entender que não se deve enganar as pessoas que ama, especialmente não por toda uma vida sobre um assunto tão significativo.

O hiperativo loiro se manteve em silêncio com o coração apertado.

Kushina limpou as lágrimas e disse com firmeza:

— Rapaz, não espero que me ame e que me aceite da noite pro dia! Mas ao menos uma conversa eu exijo, ao menos ouvir a sua voz, suas palavras se dirigindo à mim.

Ele respirou profundamente e respondeu:

— Kushina... Quer dizer, mãe? Enfim, eu sempre quis te conhecer. Mesmo agradecendo e amando os meus pais adotivos, nunca deixei de pensar sobre como cê era. Se a sua comida era gostosa. Se cê me daria muitas broncas..

Aquelas palavras atingiram a ruiva em cheio.

— Bom, nesse caso você deveria ficar feliz, certo? Agora você pode ter a resposta pra essas perguntas..

— Vai ficar tudo bem, mãe. Eu prometo. Só num tô pronto ainda pra viver essa história de família grande e feliz como se nada tivesse acontecido. Mas pode crer que cê ainda vai fazer muita comida pra mim e me dar muita bronca, demorô?!

Ao mesmo tempo em que foi dolorido para Kushina ouvir o que o filho dizia, também foi reconfortante. Não havia de fato desprezo nem no tom de voz dele, nem no olhar. Talvez ela e Minato de fato precisassem dar um tempo a Naruto. A espera seria difícil? Sem dúvidas. Entretanto, o pior já havia passado. Não precisariam mais manter toda aquela farsa.

Logo em seguida, uma enfermeira entrou no quarto solicitando que a mulher se retirasse, pois havia chegado o momento de realizarem alguns procedimentos de rotina. Também viria o momento da fisioterapia e de outros cuidados que o rapaz necessitava, bem como outras visitas que ele certamente teria.

A previsão era de que Naruto recebesse alta para sair do hospital na sexta-feira.

Aquela era uma segunda-feira de frio intenso e também de incessante chuva, e por mais que a vontade de ficar na cama fosse forte, o chamado da responsabilidade era bem mais. A vida seguia normalmente. Os carros e os ônibus transitavam por ambos os lados do bairro, tanto no privilegiado quanto no mais carente. Algumas das pessoas que caminhavam segurando firmemente o guarda-chuva e as mochilas — que tinham a missão de carregar tudo o que era necessário para o indivíduo enfrentar o dia fora de casa — trajavam roupas sociais, outras vestiam uniformes de trabalho ou escolares.

De dentro da floricultura Yamanaka, duas jovens estavam a colocar os aventais em que havia desenhado o logo do estabelecimento e realizando todos os preparativos necessários para a abertura do local. Tão próximas, tão parecidas no quesito personalidade, mas tão diferentes em suas vivências e estado de espírito naquele início de semana.

A loira olhava para a rosada sem saber ao certo o que dizer ou fazer. A vontade era grande de contar para a amiga como fora o seu encontro com o reservado e mimado Sasuke Uchiha. Entretanto, sabia que Sakura andava enfrentando maus bocados: conflitos com os pais, um melhor amigo — que por sinal também era a paixão dela — paraplégico e no hospital. Acréscimos a uma vida que já não era nada fácil com suas questões financeiras e responsabilidades.

Sakura vislumbrou pelo canto do olho mais de uma vez a loira observando-a com preocupação. Não desejava que os problemas que vivia fossem um empecilho na amizade entre elas e também em seu ambiente profissional. Por esse motivo, ainda que bastante desanimada após mais uma noite de silêncio por parte dos pais e em que Naruto encontrava-se no hospital, reuniu forças para demonstrar alguma empolgação e interesse na vida da amiga ao dizer:

— Você saiu com o Sasuke ontem, certo? E por que não me contou nada, porquinha?! — A rosada provocou. O palavra de origem do nome de Ino era javali, e foi a partir desse significado que Sakura criou um apelido que utilizava para irritar a amiga.

— Eu querendo pegar leve com você, e você toda cheia de gracinhas! — Ino cruzou os braços, bufou e encarou Sakura com seus grandes olhos azuis. Entretanto, a jovem era observadora e deduziu que tratava-se de uma provável tentativa de amenizar o clima. — Sim, saí. E foi bem legal! Mas ele foi mais devagar do que eu pensei que seria. Por mais que tenha falado sobre coisas bem pessoais e baixado um pouco a guarda, não me deu nem um selinho que fosse o encontro todo.

Sakura não precisou forçar-se a rir dessa vez; o riso veio espontaneamente ao ouvir o comentário da amiga.

— E você ficou me zoando, me dizendo que eu era devagar, sem atitude. Sendo que no fim das contas, no seu encontro não rolou beijo. E eu, no hospital, beijei o Naruto. — A dona dos cabelos rosáceos corou levemente ao proferir aquelas palavras, mas sustentou a pose de quem se gabava.

Ino arqueou as sobrancelhas e abriu a boca surpresa, exclamando:

— Danadinha!

As duas começaram então a conversar inicialmente sobre a vida amorosa, mas também acabaram falando sobre as questões com os pais. Por volta de quinze minutos depois, adentrou na floricultura uma garotinha desesperada.

— Senhorita Ino! Senhorita Sakura! A dona Hirochi tá desmaiada aqui perto! Eu não sabia o que fazer, não sabia como ajudar ela! — A pequena garota de cabelos negros e olhos vermelhos dizia em meio ao choro desesperado.

Ino sentiu como se tivessem lhe dado um soco no estômago, ficou paralisada. Foi somente quando Sakura puxou-a pelo braço que a garota caiu em si e obrigou-se a ir socorrer a sua mãe.

— Valeu por vir falar com a gente! Agora pode ir pra escola. A gente cuida de tudo a partir de agora! — Sakura agradeceu e dispensou a pequena, que resistiu em abandonar a dona da floricultura, mas acabou por voltar ao ponto de ônibus onde tomaria a condução para ir até a escola.

As duas jovens correram ao local indicado pela criança e Ino elevou as pernas da mãe. Aprendeu em um curso de primeiros socorros que esse tipo de ação era importante para estimular a circulação do sangue. Sakura estava já ligando para a emergência quando um carro parou na frente delas, e de dentro do veículo um homem loiro, alto e forte saiu desesperado na direção das três. Era Inoichi.

A pequena mercearia localizada na parte mais pobre de Konoha iniciara as atividades bastante cedo, como era o costume. Nagato estava lá pontualmente no horário de abertura do local. O rapaz observava ao redor com atenção e tensão. Não havia comparecido no local e horário solicitados por Gaara e seus irmãos. Tinha certeza que o silêncio deles a esse respeito não era nada comum e represálias estavam por vir.

Na noite em que o ameaçador ruivo de olhos verdes apareceu no mercado intimando-o, Nagato pôs-se a pensar, chegou a ficar tentado, cogitou a possibilidade de voltar a vender e usar drogas. Embora ocasionalmente ainda fumasse substâncias ilícitas, não era nem de longe tão perigoso quanto os negócios que andou experimentando até culminar no surto psicótico.

O fato é que na noite em que recebeu a visita de Gaara em seu local de trabalho, foi recebido por Konan no lar temporário deles com um afeto que há muito tempo não lhe era proporcionado. A dona dos cabelos roxos andava tão distante que ele chegou a crer que o término era apenas uma questão de tempo, por mais desesperadora que lhe parecesse essa possibilidade.

Na verdade, apesar de trabalhar em um lugar que detestava, não podia negar que começava a gostar da vida que estava levando. Era reconfortante ter um lugar para retornar dia após dia, com uma refeição à sua espera e pessoas fazendo-lhe companhia. Até mesmo conseguia sentir diferença em sua saúde. Prometera a Konan e Yahiko que eventualmente também iria iniciar uma terapia, embora essa fosse uma ideia que ainda lhe causava certa resistência.

O fato é que as coisas em certo nível pareciam caminhar bem. Todavia, sabia que após todos os erros que cometera, não seria tão fácil viver uma vida saudável e tranquila em um mundinho cheio de paz e amor.

E a confirmação desse temor veio através de uma mulher de curtos cabelos loiros e uma expressão nada amigável se aproximando dele. O chefe de Nagato, Ichiraku, observou-a com desconfiança.

— Olá, senhor. — Ela se direcionou ao homem mais velho. — Nagato é o meu irmão. Vim aqui desesperada, pois nossa mãe está mal de saúde. Será que pode liberá-lo para vir comigo hoje?

Ichiraku examinou-a da cabeça aos pés. Então voltou o olhar para o seu funcionário, que parecia ainda mais pálido que o normal. Encontrava-se em um verdadeiro dilema.

Tanto ele quanto Nagato sentiram-se aliviados quando um rapaz de negros cabelos espetados aproximou-se.

— Desculpa interromper vocês, mas é que eu ouvi a conversa e po, senhor Ichiraku, hoje num vou poder cumprir com o meu turno, lembra? Eu já tinha falado com você sobre isso, patrão. Desculpa aí, mas o Nagato vai precisar trabalhar, pra num deixar você na mão. — O moreno disse. Tratava-se de Shikamaru, que conhecia a história de Nagato por causa de Jiraiya, Tsunade e a ONG. Logo achou toda aquela situação suspeita e pôs-se a ajudá-lo.

Ichiraku era bastante astuto e compreendeu com rapidez que algo estranho realmente se passava ali.

— Olha só, não quero parecer desumano nem nada, mas é que não tenho como ficar sem ninguém aqui me ajudando! — O homem coçou a cabeça, tentando convencê-la de que toda a história contada por Shikamaru era real.

A feroz dona dos olhos verdes esmurrou a parede ao lado deles e começou a se distanciar, mas antes despediu-se com uma ameaça: "isso não vai ficar assim!", ela esbravejou.

Nagato respirou aliviado, pelo menos por um instante. Por outro lado, logo foi dominado pelo medo. Não haveria Shikamaru e outros ali todos os dias para salvá-lo. Sabia que aquele era apenas o início do inferno que o aguardava. O que não sabia era se havia alguma maneira de escapar desse destino.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Espero que tenham gostado! Hehe



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