Finding hope escrita por nje


Capítulo 12
11: Surpreendente


Notas iniciais do capítulo

Eaí, pessoal (:
Esse até que não demorou pra sair, né?! Mas confesso que conforme a trama avança e os arcos ficam mais complexos, também exige bastante de mim como escritora, socorro hehe porém sigo firme e animada, viu?! Mesmo que eu venha a demorar um pouquinho mais, é porque me preocupo com os mínimos detalhes e em disponibilizar os capítulos só quando eles estiverem realmente bons! Hehe

É isso. Me mantenho agradecendo mto pelos comentários, pelo incentivo, pela participação!

Obrigada mesmo!
Boa leitura. Espero que gostem! ♥️



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11: Surpreendente

Após atravessarem a saída do hospital, os jovens amigos de Naruto conversaram um tanto mais e logo se despediram, cada um seguindo para sua respectiva jornada.

Sakura foi cumprir com suas responsabilidades do lar, Shikamaru com as da vida profissional e acadêmica. Neji mandou uma mensagem para a prima mais nova, Hanabi, e combinou um lugar para ir ao encontro dela e de Hinata.

Sasuke e Ino eram os únicos que ainda estavam disponíveis e inclusive haviam combinado de aproveitar o fim de tarde do domingo juntos.

— E então? O que vamos fazer? — A dona dos longos fios dourados e olhos azuis parou na frente do rapaz. As bochechas encontravam-se levemente coradas. Embora fosse uma garota de atitude, não era comum  interessar-se por algum homem ao ponto de fazer convites e efetivamente acabar saindo com ele.

O ponto é que Ino até flertava bastante, mas dificilmente se permitia chegar a ir em um encontro. Era cômodo ficar somente na palavra, nas insinuações.

— Tem um parque legal aqui no bairro vizinho. Dá pra ir andando. — Sasuke respondeu sem se prolongar. O rapaz observava as maçãs do rosto dela avermelhadas e apreciava a cena, mas não teceu nenhum comentário a respeito.

Eles caminhavam lado a lado. O silêncio era confortável para Sasuke, mas não para Ino. Ela não queria ser irritante para ele, mas não conseguia se conter tanto assim.

— Tá esfriando, né?! — Ino procurou começar pelo clássico e mais ameno assunto, visto que enquanto caminhavam pelo bairro não parecia o momento ideal para se aprofundar em nenhuma conversa.

— Sim. Eu trouxe blusa. E você? — Indagou Sasuke, repreendendo-se mentalmente por responder de forma tão automática e estúpida.

— Com uma mochila desse tamanho, com certeza! Eu trouxe até flores, não podia me esquecer de uma blusa de frio, né?! A minha mãe é muito preocupada, também. Nunca me deixou sair de casa sem levar um casaco pro caso de esfriar, daí eu meio que acabei criando esse costume também..— Observou Ino, que logo pôs-se a contar sobre o hábito que tinha de compactar tudo o que havia de relevante em sua casa para caber na mochila.

Ele a ouvia falar sem parar e não se incomodava com isso. Pelo contrário, manteve-se atento a cada uma de suas palavras e vez ou outra também tecia algum comentário. Nem por um momento tirou os olhos de Ino. Nem por um momento deixou de tratar com importância tudo o que ela dizia, mesmo o que parecesse menor e mais insignificante. Se sentia mais confortável na posição de ouvinte do que na de locutor.

Seguiam nesse ritmo de conversa enquanto caminhavam rumo ao local de destino sugerido por Sasuke. Levaram por volta de quinze minutos para chegar lá. Tratava-se de um parque simples, de aparência tradicional. Repleto de árvores com algumas mesas e cadeiras de madeira espalhadas por sua extensão. Contava também com um grande lago que refletia as cores do céu naquele momento de transição da tarde para a noite.

Não havia muita gente ali. Alguns idosos e jovens solitários, casais, famílias. Parte chegando, parte indo embora.

Sasuke e Ino acomodaram-se em uma das mesas mais próximas do lago.

Após sentar-se na cadeira, o rapaz alto e magro retirou de dentro da sua mochila um maço de cigarros e acendeu um deles.

— Te incomoda? — Ele questionou.

— Até incomoda, mas sabe, quem vai ter problemas no pulmão é você mesmo. — Ino deu de ombros e riu fracamente — Dizem que é bom pra relaxar, né?! Talvez cê esteja precisando depois de toda a pressão do dia de hoje.

Sasuke retribuiu ao riso e confirmou com a cabeça.

Ela deu continuidade:

— O que achou do pessoal? — A garota indagou examinando-o atentamente.

— Não parecem gostar muito de mim.. — Ele respondeu. Seu tom de voz não expressava nenhum tipo de emoção, soava mais como uma constatação de um fato do que um desabafo. Ao terminar de falar, Sasuke deu um longo trago no cigarro.

Ino encarava-o, pensando sobre a sua resposta. Optou por ser objetiva e sincera, como era de seu feitio. Respirou fundo e acabou por se pronunciar:

— Não é só impressão, não. Até mesmo eu ainda tô tentando descobrir o que penso sobre você.

Sasuke processou aquelas palavras por algum tempo. Não lhe ofenderam, apenas fizeram-no refletir. A loira olhava para ele ansiando por sua resposta, com receio de ter sido muito direta, até mesmo um tanto dura.

— Tá suave, sem crise. Só acho que não me conhecem e não dei motivo pra isso..— Ele respondeu sem encará-la diretamente nos olhos. Alternava a sua atenção entre o lago e o cigarro entre seus dedos.

— Tô pensando em uma forma de te explicar.. — Ela confessou com sinceridade e ficou quieta por algum tempo antes de prosseguir — É que a gente, que é pobre, tem que ralar muito pra ser visto com bons olhos e ter valor diante da sociedade, sabe? E você, que tá cagando pra isso e vive se envolvendo em problema, ainda assim é muito valorizado por causa do seu nome e do seu dinheiro.. Isso sem falar que cê nunca nem tentou ganhar a simpatia de ninguém que não fosse da sua bolha, Sasuke. Se não fosse o seu interesse por mim, cê não trataria com respeito o Naruto, o Shikamaru.. Então é por isso que a gente ainda tem o pé atrás com você.

Sasuke arqueou levemente as sobrancelhas e sua boca estava entreaberta com a surpresa. Realmente, a garota era muito mais sincera do que qualquer um de sua convivência. Era raro alguém chegar para conversar com ele e dizer o que realmente incomodava, sem mascarar e falar pelas costas.

— Vou pensar sobre isso. — O rapaz prometeu, já começando a refletir sobre o que a loira disse. De fato, ele nunca tinha olhado por aquela perspectiva e estava impressionado com a própria postura.

Ino também não estava menos chocada. Aquele papo estava tomando um rumo surpreendente. Nem por um momento considerou que o rapaz estaria disposto a ouvi-la e refletir sobre suas atitudes.

E como se não fosse o bastante, Sasuke deixou-lhe ainda mais desnorteada ao prosseguir com um discurso muito pessoal:

— E não quero comparar os meus b.os com os de vocês, mas a minha vida também não é perfeita como pensam. —  Ele dava continuidade em sua fala. Ino ouvia com atenção. — Eu não tenho visto muito sentido no que vivo, no que faço. E não sei onde ou como descobrir o sentido. Não sei onde ou como descobrir o que gosto, o que quero.. Sem falar no meu pai, que vive me comparando com o meu irmão, o prodígio, seguindo a carreira e se destacando na área que os outros da família seguiram também. Isso é irritante pra quem já tá meio perdido.

Antes de elaborar uma resposta, Ino analisava cada pedacinho do que o rapaz havia dito e também a linguagem corporal dele diante daquela declaração. Uma das mãos encontrava-se fechada, apertada como se estivesse se contendo, e a outra esmagava o cigarro. O maxilar enrijecido. Tudo indicava que era um assunto penoso para Sasuke.

E na verdade, a garota não sabia ao certo o que responder, mas reconhecia que era bastante significativo que ele se abrisse daquela forma no primeiro encontro. Ela se perguntava se isso acontecia facilmente ou se era algum privilégio seu. E em um gesto quase que instintivo ao ver alguém tão vulnerável, Ino pousou a mão em cima do antebraço de Sasuke e apertou-o levemente, passando o polegar numa rápida carícia.

Ele estremeceu tanto pela surpresa quanto pelo calor do toque quente dela em sua pele fria. Aquele toque lhe pareceu tão íntimo; mais íntimo até mesmo do que os que recebia em noites de sexo que rolavam ocasionalmente com garotas aleatórias.

Sasuke respirou fundo. Como pôde ter se deixado demonstrar tamanha fragilidade na frente de alguém que mal conhecia? Talvez fosse esse o resultado de nunca se permitir conversar com ninguém sobre seus sentimentos e pensamentos: não conseguir se conter na primeira oportunidade de fazê-lo.

Ele mexia as pernas inquietamente. Ino notou o quão difícil era para o rapaz lidar com as emoções e em vez de ficar tocando naquela ferida, pensou em tentar apresentar alguma forma de lidar com ela.

— Olha só, eu tô com um projeto na ONG pra realizar umas oficinas, sabe? De vários cursos diferentes, com profissionais de várias áreas. Pra ajudar mesmo o pessoal que tá meio perdido a tentar se decidir. E eu nunca pensei que alguém como você precisaria, mas eu acho que cê devia participar!

Sasuke assentiu e fez algumas perguntas, demonstrando interesse e até mesmo colocando certa expectativa diante daquela possibilidade. Aquele assunto acabou puxando outros e o tempo foi passando. Novamente Ino já estava tagarelando e Sasuke ouvindo-a com prazer, deliciando-se com sua incansável fala e suas variadas expressões.

Um jovem magro, ruivo, de olhos azuis e olheiras profundas adentrou a pequena mercearia. Seu nome era Gaara. Ele pegou alguns produtos e levou ao caixa, no qual havia um outro rapaz atendendo os clientes, pálido e também dono de cabelos vermelhos.

O atendente estremeceu ao olhar para a fila e deparar-se com aquela figura indesejada ali. Quando chegou a vez de Gaara ser atendido, ele aproximou-se e disse no tom mais baixo possível:

— Nagato, tenho um trampo pra você.

— Não tô mais nessas ideias, Gaara. Tô tentando mudar de vida. — Nagato tentou encará-lo, mas era difícil. O cara tinha uma expressão de perturbação e ameaça constante. Havia no alto da testa dele, do lado esquerdo, a tatuagem de uma mão segurando uma faca. Ele não sorria, não dizia uma palavra que fosse com educação ou gentileza.

Gaara entregou para Nagato um papel junto ao dinheiro das mercadorias. Não contestou, não se prolongou, somente se retirou como se nada tivesse acontecido ali.

Nagato ficou encarando-o partir e começou a imergir em seus pensamentos. Refletia sobre a situação atual de sua vida.

Ele ainda não tinha total confiança em Jiraiya e Tsunade, e por esse motivo não estava disposto a trabalhar junto a eles.

Yahiko, sabendo disso, contou-lhe que viu uma placa falando sobre a vaga no mercado e sugeriu para ele. Nagato se interessou, parecia ser a melhor opção ao menos até realmente conseguir decidir o que fazer.

E estava detestando, mas valia a pena quando via a felicidade de sua namorada e de seu grande amigo por estarem os três juntos buscando uma forma diferente de vida em relação a que estavam acostumados.

— Presta atenção, moleque! — O chefe dele vociferou. Então Nagato se deu conta de que em questão de pouco tempo o local havia se enchido de gente e havia uma grande fila na qual o pessoal reclamava pela demora no atendimento.

Respirou fundo e tentou colocar toda a sua atenção no código dos produtos, em receber o dinheiro e dar o troco certo, empacotar as compras dos clientes. O processo durou por alguns minutos até terminar de atender todos e por fim se encontrar sozinho.

Nagato observou ao seu redor. Ao confirmar que já não havia mais ninguém, o garoto abriu o papel que tinha em mãos. Nele estava escrito um dia, horário e local. Sentiu como se levasse um soco no estômago. Eles demoraram tanto para se manifestar que chegou a acreditar que o deixariam em paz. Ledo engano.

E ainda com o papel em mãos enquanto fazia a contagem do dinheiro nos caixas para poder ir embora, só conseguia pensar no quão infeliz estava e questionar se um dia de fato conseguiria alcançar a tão famosa felicidade. Ele só tinha uma certeza: toda vez que acreditava estar se aproximando, ela se distanciava ainda mais.

O rapaz encontrava-se acomodado em uma cadeira acolchoada de tom azul-claro. Havia na sua frente uma mesa tingida da mesma tonalidade. Ele degustava de um chá enquanto aguardava. Seus amigos costumavam caçoar de sua maneira zen de ser: praticante de artes marciais, meditação, sempre optando por comer ou beber algo mais leve e saudável.

O local em que esperava pelas primas também tinha essa atmosfera. Tanto as comidas quanto a decoração eram totalmente livres de qualquer tipo de sacrifício animal. Inclusive as principais receitas e também os materiais utilizados para ornamentação envolviam o uso de elementos naturais — diferentes tipos de ervas e plantas —  em sua constituição.

O estabelecimento era próximo da casa em que ele morava quando ainda tinha boas condições financeiras, no lado nobre de Konoha. Era uma lanchonete, cafeteria e restaurante, tudo ao mesmo tempo. E frequentar aquele lugar era o único luxo do qual o rapaz realmente nunca abriu mão e não estava disposto a fazê-lo.

Ele aguardava no ambiente do café, que era bastante aconchegante e tranquilizador. E olhava para a sua xícara de chá enquanto repassava o discurso que preparou para contar às suas primas que seria pai. Sem que nem mesmo notasse, os lábios dele se mexiam acompanhando os pensamentos. Ficou bastante constrangido ao ouvir a voz de Hanabi direcionando-se a ele:

— Ei, primo! Falando sozinho?! — Ela tinha nos lábios um sorriso divertido.

A garota descolada não parecia combinar muito com aquele local. Ela era moderna demais e até um tanto extravagante, já a cafeteria parecia remeter a um clima de natureza e tranquilidade.

Hanabi usava um camisetão amarelo da Adidas e uma saia de algodão azul escura e justa. Nos pés um par de tênis branco, da mesma marca que a camiseta. Estava encaixado no alto de sua cabeça um óculos de sol da marca Chanel.

Alguns olhavam-na apreciando, outros caçoando que uma garota com o peso dela vestisse uma saia tão justa. Entretanto, a jovem estava se sentindo muito bem e tentou não dar atenção para o julgamento de gente hipócrita. Sabia que muitos ali frequentavam o local por se colocarem numa posição de evoluídos, cheios de boas energias, quando na verdade bastava uma oportunidade para deixar o ego e a maledicência falarem mais alto.

Quanto à Hinata, esta era mais simples e discreta. Usava apenas uma calça jeans clara sem detalhes e uma regata branca que possuía a gola alta, pois não gostava de nada que deixasse os seios à mostra e nem ressaltasse o tamanho deles.  Nos pés também usava um tênis de marca.

Neji observou com tensão a chegada chamativa das primas e ficou aguardando que se sentassem. Entretanto, quem o via nem imaginava o dilema interno que o rapaz enfrentava.

As garotas se acomodaram e deram uma olhada no cardápio. Logo um garçom veio atendê-los e as garotas optaram por chá e biscoitos de aveia.

— E então, como tá o Naruto? — Indagou Hanabi, pensando em Konohamaru. Até aquela hora ele ainda não havia lhe dado mais notícias e não recebia mais as mensagens. Provavelmente o celular dele havia descarregado.

— Acordou! Só não vai conseguir andar por algum tempo. — Revelou Neji.

Hinata os observava em silêncio, se perguntando porquê convidaram-na. Ele não olhava para ela e nem dirigia-lhe a palavra em momento nenhum.

Neji colocou-as a par de tudo o que ocorreu no hospital aquele dia. Hanabi e Hinata teceram alguns comentários. O assunto perdurou por certo tempo, mas o rapaz não conseguia deixar de pensar nem mesmo por um momento no motivo que o levou a chamá-las para conversar. E vibrou internamente quando a prima mais nova, Hanabi, objetiva como era, foi direto ao ponto:

— Sabe, quando eu falei do nosso rolê não pensei que você marcaria com tanta urgência. E desde aquele dia te achei um tanto estranho. O que tá acontecendo?

Ele pensou em variadas formas de dizer. Decidiu começar contando do tipo de relação que tinha com TenTen, por mais constrangedor que fosse; e de fato o era.

Hanabi riu, fez gracinhas. Hinata se mantinha quieta, apenas ouvindo e observando-o com toda a atenção, tentando entender qual a motivação de Neji para contá-las detalhadamente aquela história.

— O meu objetivo com isso era contar pra vocês que a TenTen tá grávida. E que o pai dessa cria sou eu. E vocês são minhas primas, foram criadas comigo. Não gostaria que soubessem por terceiros. Sabe-se lá como a história podia chegar até vocês.

As irmãs se entreolharam e depois olharam para o primo. Por um momento se perguntaram se era algum tipo de pegadinha, por mais que esse definitivamente não fosse o perfil de Neji. Entretanto, ter um filho com uma garota com quem ele se relacionava casualmente também não parecia característico dele. Estavam confusas.

Ele não disse nada, apenas manteve a expressão de seriedade enquanto as observava.

— E cês vão casar ou algo do tipo? Como seu pai reagiu? — Hanabi forçou-se a perguntar, buscando por mais informações para tentar assimilar melhor a situação.

— Não vamos casar. Esse é o desejo do meu pai, só que escolhemos dar um jeito de criar o filho juntos, mas na amizade. — Por mais encabulado que Neji estivesse, procurou camuflar e responder às perguntas com firmeza na voz e na expressão. Os braços dele encontravam-se cruzados contra o peito e a cabeça ereta, sem vacilar.

Hinata, que esteve quieta durante a maior parte do tempo em que os três estavam juntos, acabou por se manifestar:

— N-Neji, meu primo.. Você não acha que essa criança deve nascer em um mundo em que a gente esteja de bem? — Ela estendeu a mão na direção do rapaz, que arqueou as sobrancelhas diante das palavras e do gesto da garota. Hanabi sorriu ao observar a coragem da irmã.

Ao olhar a delicada mão voltada para sua direção, o rapaz sentiu as suas armaduras caírem, a guarda baixar. A verdade é que Neji acreditou que Hinata iria ficar quieta, não emitir opinião nenhuma e julgá-lo em silêncio. Ela conseguiu desarmá-lo.

E quando ele se refez da surpresa, apertou com firmeza a mão que lhe era estendida e colou os seus lábios nos dedos dela por alguns segundos. O beijo na mão era um gesto de respeito muito significativo e antigo que seguia se perpetuando na família Hyuuga.

Hinata tomou aquela atitude como uma resposta positiva para a sua pergunta. E a partir daquele singelo momento, os três passaram a conversar sobre a criação desse filho e o que havia sido combinado entre ele e TenTen até então. Hanabi já planejava desenhar e costurar roupas estilosas para o bebê e Hinata, com toda a sua docilidade, já se ofereceu para cuidar da criança quando quisessem ou quando não tivessem com quem deixar.

Neji esboçou um sorriso ao observá-las fazendo planos animadamente. A conversa que ele mais temia foi a que resultou em maior acolhimento, afinal.

Ele olhava para Hinata quando um pensamento indesejado lhe ocorreu, consumindo-o sem que pudesse contê-lo. Existiria alguma chance entre eles?

Ao observar a figura do homem loiro e de olhos azuis assustadoramente parecido com os seus, Naruto ficou pálido. Mais pálido que Sasuke, o detestável novo ficante de Ino. Por um momento se perguntou se tratava-se de algum tipo de alucinação provocada pelos remédios. Chegou até mesmo a considerar que ainda pudesse estar em coma e aquele era algum tipo de experiência paranormal.

Ao perceber a expressão de choque evidente do rapaz, Jiraiya acabou com qualquer dúvida dele ao dizer:

— Naruto, esse é o Minato. O seu pai.

— Qual é, velhote?! O meu pai morreu, po. — As palavras saíram abafadas da boca ferida de Naruto.

Minato adentrou o quarto e se aproximou de Naruto. Foi difícil conter a emoção. Os grandes olhos azuis do homem encontravam-se marejados quando ele perguntou:

— Você me dá uma chance de te explicar?

Naruto não disse nada, apenas aguardou que Minato iniciasse a explicação. Fosse qual fosse o motivo, o que mais lhe doía não era o abandono, e sim a mentira. Para ele, mentir era o maior vacilo que alguém poderia cometer em uma relação; fosse amorosa, familiar ou de amizade. Não conseguia compreender como alguém ficava em paz com a sua consciência enquanto enganava uma pessoa que depositava nela a sua confiança.

Ao ver que Naruto aguardava a sua fala, Minato pôs-se a explicar:

— Meu filho, eu não sei se você pode nos perdoar.. Mas quando eu e sua mãe te entregamos pra que o Kakashi e o Iruka cuidassem de você, a gente queria que você tivesse uma vida que não tinha nenhuma possibilidade da gente conseguir te dar. Eu não trampava e ela também não, os dois menores de idade e expulsos de casa pelos nossos pais. — O homem estava com os olhos fixos em um ponto qualquer, enquanto sua mente vagava pelas recordações ao falar —  Mesmo assim, eu tinha umas economias e numa tentativa de recomeçar a nossa vida em outro lugar, na estrada sofremos um acidente de carro pelo qual eu me culpei por muito tempo. Foi por causa de um carro velho que eu comprei de forma ilegal com um carinha lá da vila. Cê tinha acabado de nascer. Graças a Deus, nós três sobrevivemos, mas eu e a Kushina entramos em pânico pensando que a gente num era capaz de criar um filho e também no que seria da sua vida caso nos acontecesse alguma coisa. E então, isso tomou proporções tão grandes que a sua mãe acabou entrando em um quadro de estresse pós traumático e depressão pós parto. E a gente passou por longos dias de fome e noites mal dormidas em ruas ou hotéis baratos até arranjar um trampo, pra se sustentar e também pra conseguir pagar o tratamento dela.

Naruto analisava cada traço da expressão de Minato. Sentia a verdade e a dor nas palavras do homem e era capaz de acreditar em seus motivos e compreendê-los. Ainda assim, era difícil de perdoar facilmente tantos anos de mentira por parte de seus pais biológicos e por parte dos pais de coração também.

— Meu filho, tantas foram as vezes que eu e a sua mãe pensamos em te procurar, mas prometemos pro Kakashi e pro Iruka que não íamos te entregar para depois querer tomá-lo deles. E mesmo hoje não queremos que cê saia do aconchego do seu lar pra morar com a gente, não. Só queremos o seu perdão e te conhecer melhor, caminhar com você. Vimos o quanto você é querido pelos seus amigos, pela sua família e pela sua namorada. Inclusive, a sua namorada é linda! Vocês combinam muito!

— Ela não é minha namorada. — Respondeu Naruto, com as maçãs do rosto bastante avermelhadas. E prosseguiu com sua fala mudando de assunto: — Cadê a minha mãe?

— Foi a sua mãe quem doou o sangue pra transfusão, Naruto. Agora ela tá no quarto, dormindo. Acho que só vai ter forças para levantar amanhã. — Minato respondeu. Ele não desgrudava os olhos azuis do rosto do filho nem mesmo por um segundo. Observava cada uma de suas reações, ansiando por decifrá-las.

Foi com um aperto no coração que Minato constatou a perturbação de Naruto diante de todas aquelas informações.

— Você pode me deixar sozinho? Foi coisa demais pra um final de semana só. Preciso pensar um pouco, tá ligado? — Naruto solicitou e Minato assentiu. Não questionou, apenas respeitou o momento do filho.

— Posso ao menos trazer a Kushina aqui amanhã, quando ela acordar? — Perguntou o pai do rapaz antes de se retirar. Jiraiya já não estava mais por lá também.

Naruto esboçou um sorriso e moveu a cabeça para cima e para baixo, em um sinal afirmativo. Um gesto tão pequeno, mas que culminou em um grande sorriso nos lábios de Minato. Ele se despediu e deixou o filho ali, processando as informações.


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam! ;)



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