Filha da Tormenta. escrita por Khaleesi


Capítulo 7
Uma carta para o Rei.




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Jon observava atentamente o treinamento de arco e flecha de alguns garotos. E por um momento se lembrou de quando era ele ali, recebendo os treinamentos de Sor Rodrik sob os olhos vigilantes do pai, e sentiu saudades de quando era somente um garoto, cuja sua única preocupação era os olhares duros de Lady Catelyn. Perdido em seus pensamentos, nem percebeu quando Sansa e Davos chegaram ao seu lado.

— Chegou uma carta para o Rei do Norte.— ela disse, levando toda a atenção de Jon para si, e ele não pode deixar de notar o pequeno incômodo em suas palavras ao chamá-lo de Rei do Norte.

E ele entendia. Também se sentia incomodado com aquilo, com aquele tratamento. Ele se lembrou de quando era criança e desejava ser o Senhor de Winterfell, ou receber do Senhor seu pai sua espada, Gelo. E lembrou de quando foi posto em seu lugar pelo seu irmão Robb, que disse a ele que nunca seria senhor de nada, muito menos de Winterfell. Ele era um bastardo, e bastardos nunca herdavam nada, a não ser o eterno título. E então ele se guardou em sua total insignificância, e aceitou seu destino. E agora ele estava ali, um Rei. O Rei do Norte. O protetor de Winterfell.

 Mas logo tratou de afastar os pensamentos e pegou a carta da mão de sua meia irmã. Ao observar o selo, era visível a cabeça de três dragões. O símbolo da Casa Targaryen. E sentiu seu corpo ficar tenso, mas quebrou o selo e antes de ler olhou para Sansa, que mantinha nele um olhar curioso.

A Rainha Daenerys Targaryen, Primeira de Seu Nome, o convida para a Pedra do Dragão. Minha Rainha comanda as forças combinadas de Dorne e da Campina e a frota de Homens de Ferro, legiões de Imaculados, uma horda Dothraki e três dragões. Os Sete Reinos sangrarão enquanto Cersei se sentar no Trono de Ferro. Juntos podemos acabar com sua tirania, venha até nós para uma conversa. Eu apelo a você, de um bastardo para outro, pois todos os anões são bastardos aos olhos de seus pais.

Tyrion Lannister, Mão da Rainha.

Ele leu a carta e a entregou para a irmã ao seu lado, e então recordou-se da noite em que Tyrion lhe dissera aquelas palavras. 

— Você acha que é ele mesmo? — ela perguntou enquanto ainda olhava para a carta.— Acha que é Tyrion? Pode ser alguém querendo o levar para uma armadilha. 

— Leia a última frase. — ele lhe disse. 

— Todos os anões são bastardos aos olhos de seus pais. — ela repetiu.— O que isso significa?

— Significa que é ele. Ele me disse essas palavras quando nos conhecemos, antes de eu ir para a patrulha da noite e ele ir visitar a Muralha — ele explicou, e olhou para Davos que se encontrava atrás de Sansa, antes de voltar o olhar para ela. — Mas você conviveu com ele mais tempo que nós. O que acha sobre isso?

Ela hesitou por um momento, talvez para procurar as palavras certas.

— Bom... Tyrion com certeza não é como os outros Lannisters. Sempre foi bom comigo, sempre me tratou bem. Mas ainda é um risco — ela disse enquanto o olhava nos olhos antes de reler outro pedaço da carta: — " Os Sete Reinos sangrarão enquanto Cersei se sentar no Trono de Ferro. Juntos podemos acabar com sua tirania, venha até nós para uma conversa."

Sor Davos então pegou gentilmente a carta das mãos de Sansa, e a leu. 

— Parece tentador. Quer dizer, se pensarmos por um momento na horda de Dothrakis, na legião de Imaculados e nos três dragões, a tentação se perde um pouco. — ele disse, mas ficou pensativo.

— O que foi? — Jon perguntou ao homem.

— Você me disse que fogo é uma das principais armas para matar os Outros. O que solta fogo? Dragões.

— Quer que Jon vá ao encontro dela? — questionou Sansa, com a voz carregada de repulsa.

— Não, mas...

— Mas...— Jon o incentivou a continuar, queria saber até onde Sor Davos queria chegar.

— Mas se o exército dos mortos atravessar a Muralha, sabemos que nossa gente não é o suficiente para enfrentá-los. 

Jon sabia disso. E por um momento se perguntou o que seu pai faria. E sentiu que estava nostálgico demais para um só dia. Precisava para de pensar no passado, não importava mais. Havia algo muito maior acontecendo ali. E ele sabia que teria de convencer o máximo de pessoas para lutarem contra os Outros. 

***

Enquanto Jon passara o resto do dia pensando se devia ou não ir solicitar a ajuda da Rainha Targaryen, em algum lugar entre as Gêmeas e Porto Real se encontrava Arya e seus rostos.

Ela estava cavalgando pela mata quando viu alguns cavalos parados, amarrados em uma árvore. E então observou um grupo de soldados reunidos ao redor de uma pequena fogueira. Soldados Lannisters. Por um momento se perguntou se poderia vencer todos eles apenas com Agulha e roubar seus rostos. Talvez assim fosse mais fácil chegar até Cersei e matá-la. 

Até que eles perceberam sua presença ali. Ela tratou de ajeitar sua postura, enquanto dois deles se levantavam. 

— Ei garota — perguntou um deles. Era esguio, e tinha um rosto fino e cabelos que chegavam até o ombro.— O que você faz sozinha por aqui? Essa floresta pode ser perigosa para uma mulher.

— Estou indo para Porto Real — ela respondeu, analisando-os. Se ele vier até mim, posso cortar sua garganta e do outro atrás dele, e assim sobram quatro para conseguir matar, ela pensou. A adrenalina corria em suas veias.

— Bem, nós também. — ele respondeu, lançando a ela um sorriso amigável. — Me chamo Lancel. E esses são meus companheiros, Sam, Ed, Duck, Teo e Cris. E você?

— Arya, me chamo Arya. — ela diz, mantendo distância.

— Nós também vamos para Porto Real, mas paramos para assar algo para comer. Quer nos acompanhar? — ele pergunta gentilmente. Por um momento, sentiu sua barriga roncar.

— Não quero roubar sua comida, deve ter dado trabalho encontrar algo para comer nessa floresta. — Ela respondeu. 

Ele disse que não se importavam e os outros concordaram. E ela olhou ao redor e percebeu que estavam longe dos cavalos e suas armas estavam ao lado dos cavalos também, e então sentiu que poderia acompanhá-los.

Ela se sentou ao lado deles e eles lhe ofereceram um pedaço do coelho que caçaram e ela experimentou. Estava quente ainda, mas estava bom. E então eles conversaram sobre como não queria estar ali, mas que o dever chamava.

— Minha esposa teve nossa filha há pouco tempo. Eu nem sei como ela é — um deles falou. — Mas e você? O que te leva a Porto Real, a cidade mais fedorenta e desprezível de toda Westeros?

— Estou indo matar a Rainha Cersei — ela disse sem rodeio, e eles a encararam. E ela riu. A cara deles tinha sido impagável, mas o que ela disse ao todo não era mentira. Esse era o objetivo dela. 

Depois de muita conversa, ela decidiu seguir seu rumo. Desejou boa sorte a eles, que ainda teriam de ir para Jardim de Cima, a mando da rainha Cersei. 

Após cavalgar durante horas, Arya encontrou uma estalagem, e com o ouro que roubara dos Freys, ela se hospedou lá para passar a noite. Pagou para que alimentassem e cuidassem de seu cavalo, e resolveu ir para seu quarto descansar. Acordou e já havia amanhecido um novo dia, e sentiu seu estômago roncar quando sentiu o cheio de comida pairando no ar. Desceu em direção aquele cheiro e sentou-se em uma mesa vazia. 

— Arry? — Alguém a chamou pelo apelido que há muito tempo ela usara. Quando olhou para cima, reconheceu um velho amigo. Torta Quente.

Ele sentou-se de frente e ela e serviu-lhe com a torta que estava na bandeja que segurava. Estava deliciosa. Fazia tempo que ela não comida algo tão bom assim.

— O que faz por aqui? — Ele perguntou. — Pensei que pudesse estar morta. Eu fui vendido e vim parar aqui por saber cozinhar e fazer essas tortas. 

— Estou indo para Porto Real — ela disse, sem se importar muito com aquela conversa.

— Fazer o quê lá? — ele questionou— Pensei que você quisesse ir para casa, para Winterfell. É onde fica sua casa, certo?

— Por que eu iria para lá? Winterfell é dos Bolton agora, e se me lembro bem, eles ajudaram a matar minha família.

— Não, os Bolton estão mortos agora. Você não soube?— e então, naquele momento Arya se interessou por toda aquela conversa. — Jon Snow é seu irmão, certo? Ele derrotou Ramsey Bolton numa batalha que ficou conhecida como Batalha dos Bastardos, e então tomou Winterfell de volta. Alguns dizem que selvagens lutaram ao lado dele. E ele agora foi proclamado Rei do Norte.

E então, Arya se levantou e abraçou Torta Quente. Agradeceu ele e foi para seu quarto, tomar um banho e pegar seu cavalo. Ela não iria mais para o Sul. Iria para o Norte. Para casa. Para Jon. Sentia tanta a falta dele. 

Quando desceu, seu cavalo estava lá fora, e antes de montar nele, Torta Quente apareceu. Ele trazia nas suas mãos um embrulho, que logo ele disse ser uma torta. Desejou a ela boa sorte, e ela agradeceu. 

— Eu sempre soube que você era uma menina. Sabe Arry, você é muito bonita — ele disse, envergonhado. 

Ela sorriu e agradeceu novamente. E logo se pôs a cavalgar em direção a sua casa. 

***

Jon ainda não havia se decidido. Estava em seus aposentos quando Sor Davos entrou, tirando-o de seus pensamentos. Ele trazia consigo uma carta, que não tardou a entregar para Jon.

Uma carta da Cidadela. Uma carta de Sam. Logo quebrou o selo e se pôs a ler. 

"Jon, este é um mapa que eu achei em um livro. Vidro de dragão é raro em Westeros, mas há uma mina na Pedra do Dragão. Esta pode ser a única fonte restante em Westeros. 

Sam"

Ele entregou a carta a Sor Davos, que a leu e o encarou logo em seguida.

— Acho que eu realmente terei de ir encontrar com a Rainha Dragão —  ele disse, sentindo um peso enorme em suas costas. 

 

 

 


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