Mater Primum escrita por Bruxinha


Capítulo 5
Puer non Sapiunt!


Notas iniciais do capítulo

Tradução do título - Criança não mente!




Observação: palavras em itálico estão escritas erradas propositalmente.



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— Nat...? Você tá acordada? 

 

— O que? – Natasha despertou totalmente confusa. Ao seu lado Steve a encarava – Disse alguma coisa?

 

Steve e Emma convenceram Natasha a assistir filmes antes de dormir, o que resultou nos três dormindo no sofá da sala. Steve e Natasha estavam com os ombros apoiados, no meio dos dois Emma tinha o corpo sobre as pernas de Steve e a cabeça nas coxas de Natasha. A televisão estava ligada exibindo um filme que ninguém assistia.

 

— Eu só perguntei se estava acordada mas acho que ja tenho a resposta. – O homem sorriu e então apontou para o canto da boca de Natasha – Você está babando.

 

— Ah... – Ela limpou a boca com o dorso da mão e então espreguiçou-se levantando os dois braços e ouvindo suas costas estralar. Olhou a janela e viu que estava de dia – Que horas são?

 

— São... – Ele pegou seu relógio de pulso da mesa ao lado do sofá – Nove e meia.

 

— O que? – Natasha se sentou com certa violência sem perceber que Emma estava ali.

 

— Ai... – Ela ouviu e seu corpo entrou em alerta olhando para a coberta em seu colo. A puxou e encontrou Emma coçando os olhos enquanto bocejava, uma cena tão adorável que mal se podia acreditar que pessoas tiveram a coragem de fazer algum mal para aquele pequeno ser.

 

— Oh...Me desculpe. – Ela encostou o corpo no sofá para Emma se sentar porém a garota continuou deitada encarando Natasha com a testa franzida. Ela estava confusa isso era óbvio, os adultos apenas esperaram que ela despertasse completamente. Ainda com o rostinho confuso olhou para Steve e então ao redor. Ela havia se esquecido que dormiu na casa de Natasha.

 

— Mamãe...? – Emma se sentou e entrou em pânico olhando em volta. Seus olhos se encheram de lágrimas se sentindo abandonada de repente. Natasha olhou para Steve pedindo ajuda, o homem suspirou lançando o olhar que ela sentia até seu estômago embrulhar. A ruiva balançou levemente a cabeça voltando a atenção para a criança chorosa em seu colo.

 

— Emma... – Chamou pela garota que a olhou lacrimejando – Está tudo bem. Você lembra de mim?Sabe onde está?

 

— E-Eu... – Emma começou a chorar de verdade, seu nariz escorria levemente e pequenos soluços atrapalhavam sua fala – Eu q-quero a minha m-mãe...

 

O grande homem olhou para Natasha com o coração em pedaços, ela achava meigo o lado infantil dele que estava quase chorando com Emma. A ruiva também se sentia incapaz ouvindo o chorinho baixo e sofrido, pensava em formas de acalmar a criança em seu colo que usava seu peito como toalha manchando sua blusa preta com lágrimas grossas. Olhou novamente para Steve parecendo um cãozinho, depois focou em Emma.

 

— Sh... – Ela a abraçou com força. Fechou os olhos absorvendo seu choro para si, não queria ver a garota triste. Steve a olhou suspirando antes de passar um dos braços pelas costas de Emma o deixando por cima dos braços quentes de Natasha – Respira Emma...

 

Aos poucos Emma foi se acalmando, mas o choro não ia embora.

 

— Vou pegar uma água para você. – Natasha fez menção de se levantar e Steve foi mais rápido se levantando.

 

— Deixa que eu pego, fica com ela e Nat... – Ele se aproximou do ouvido de Natasha para Emma não ouvir – Não a deixe dormir de novo, ontem ela mal comeu e pelo o que o médico que tava de plantão naquele disse ela precisa de nutrientes, e rotina.

 

Natasha prendeu a respiração quando o loiro se abaixou na sua direção e não conseguiu dizer nada, então só concordou com a cabeça e desviou o olhar. Ele a olhou e suspirou, não era bobo e sabia muito bem o que causava naquela mulher a sua frente, provoca-la era seu hobby mais divertido.

 

 Foi para a cozinha e voltou alguns segundos depois com um copo de água para Emma. Desta vez ela bebeu a água sem reclamar, Natasha sorriu com isso. (N/A: aí aí muito mamãe orgulhosa.) Após alguns minutos o homem voltou a cozinha e demorou, Natasha resolveu ver o que ele estava fazendo. 

 

E pra isso precisava se levantar do sofá.

 

— Emma...? – Ela chamou a pequena a ouvindo fungar antes de responder.

 

— Hmm?

 

— Você está com fome já? – Continuava a massagear as costas de Emma com as pontas dos dedos e sentiu a menina assentir devagar ainda com o rosto apoiado seu peito – Então vamos ver o que o Steve está cozinhando? – A garota apenas repetiu o ato. Natasha se levanta do sofá devagar para não machuca-la e vai até a cozinha.

 

— O que está fazendo, Ste? – Ela indagou ao ver massa espalhada por todo o balcão e pia – Você vai limpar isso depois.

 

— Vou sim – Ele se virou para ela. Natasha segurou o riso ao ver que o homem estava com um avental rosa com flores brancas e amarelas que Clint lhe deu – Onde está meu celular quando eu preciso?

 

Emma ouviu a risada de Natasha e virou o rostinho na direção de Steve. Sorriu e levantou a cabeça do ombro da mulher apontando para ele.

 

— Eu quero um também! – Deu uma risada ainda fraca, seu nariz ainda escorrendo. A ruiva faz uma careta de nojo mas limpou o pequeno nariz com a mão.

 

— Eu tentei fazer a massa para panquecas sem ovos que eu lembrei que minha mãe fazia... – Ele olhou para a decepcionante massa no pote – Acho que não deu certo.

 

— Aposto que não está tão ruim. – Natasha transferiu o corpo de Emma para o outro braço e se aproximou de Steve que segurava a vasilha com a massa. Ela pegou uma colher e mergulhou na massa tirando um pouco e colocando na boca. – Urgh! – Ela sentiu o gosto amargo na boca e se curvou na pia para cuspir.

 

— Tá vendo? – Steve comentou irritado com ele mesmo – Está horrível. – Continuou. Emma olhou para ele e enfiou o dedo na massa, depois colocou na boca franzindo a testa ao sentir o gosto.

 

— Eca! – Ela reclamou cuspindo.

 

— Criança não mente – Natasha riu para Emma percebeu que Steve ficou realmente decepcionado com a massa – Acho que podemos tentar consertar. Afinal seria desperdício de comida e eu odeio isso. – Steve olha para ela sorrindo, adorava esse lado de sua parceira. Ele mesmo vivia ouvindo-a reclamar da quantidade de comida que ele costumava desperdiçar diariamente, um hábito que diminuiu consideravelmente por causa dos sermões da ruiva – Emma, o que acha de ficar com o Ste enquanto eu compro ovos?

 

— Eu queno.

 

— Vamos todos, Nat. Aproveitar e comprar algumas coisas pra baixinha. – Sugeriu e ganhou um olhar de dúvida de Natasha – Já que você irá cria-la precisará ter coisas infantis e que crianças precisam. – Ele se virou para Emma que estendeu os braços para si. A pegou do colo de Natasha e foi para a sala desligar a televisão. A mulher ficou estática com aquelas palavras do loiro. Sim, ela prometeu proteger Emma... mas cria-la? Isso já estava muito além do que ela imaginou para si.

 

— Nat, vamos? – Steve a chamou tirando de seus devaneios. Ele ainda tinha Emma em seu colo que parecia entretida jogando no celular do homem.

 

— Sim... – Parou em sua frente – Acho que tem um par de roupa de Lila que Laura esqueceu a um tempo. Talvez sirva em Emma.

 

— Quem é Lila? – A menor pronunciou atraindo a atenção de Steve e Natasha.

 

— É filha da tia Laura e do Tio Clint. – Steve lhe respondeu – Talvez você os conheça.

 

— Vem. – Natasha estendeu os braços para Emma que pulou nela, pediu o celular de Steve que a menina devolveu sem reclamar e o deixou na mesa da cozinha – Vamos ver se serve em você, assim você vai ter outra roupa para sair.

 

Ota roupa aeeee – A pequena respondeu sendo levada pela até as escadas que levam ao segundo andar.

 

— Ste. – O chamou parada na metade da escada – Tem uma calça e uma camiseta sua ai nesse armário. – Ela apontou para o armário ao lado da porta – Você esqueceu aqui no meu aniversário e esqueci de comentar.

 

— Ah, claro claro. – O homem sorriu se lembrando de três semanas atrás no dia do aniversário da ruiva que ele passou o dia todo com ela apenas para a irritar. No fim do dia tomaram banho de mar aonde, talvez pela influência do mar calmo e estrelas no céu, beijou mulher. A amizade dos dois não ficou ruim. Ao contrário pois em momentos aleatórios a ruiva simplesmente aparece e lhe dá selinhos – No fim acabou sendo útil. – Olhou para ela e mordeu levemente o lábio a vendo arfar e subir as escadas murmurando. O homem riu alto pegando a sua bendita roupa e indo para o banheiro. 

 

Natasha abriu a porta do quarto de hóspedes e sentou Emma na cama de casal para se abaixar para abrir a ultima gaveta de um roupeiro embutido na parede e de la tirar um vestido amarelo florido.

 

— Venha. – Chamou pela criança que ficou em pé ao seu lado, colocou o vestido por cima de sua roupa – Servirá certinho. – Sorriu – Lila usava esse vestidinho quando tinha três anos... Quantos anos você tem?

 

— Assim ó. – Ela mostrou cinco pequenos dedos levantados para Natasha que estranhou o fato de Emma ter o tamanho de um bebê de três anos. Novamente sua mente a lembrou das condições precárias que a garota vivia, uma motivação para lhe dar tudo de melhor que conseguia.

 

— Agora vamos tomar um banho para ir ao mercado? – Emma confirmou sorrindo e pegou a mão da mulher que a conduziu até uma grande suíte – Ja tomou banho sozinha alguma vez? – A menina negou devagar. Natasha concordou se preparando mentalmente para dar banho na criança sem afoga-la, então se abaixou em sua frente e perguntou se poderia a despi-la. Emma confirmou temerosa. Calmamente e com extrema paciência a russa retirou o macacão que a S.H.I.E.L.D. deu a menina, depois colocou-a dentro da banheira e ligou a água quente deixando a banheira encher até um pouco menos que a metade, o suficiente para a água chegar à barriga de Emma sentada no fundo.

 

— Parece um lago. – A pequena comentou batendo a mão na água, espirrava por todo o banheiro, porém Natasha já esperava por isso.

 

— Sim. Eu já volto. - Deixou a porta aberta e levou o macacão de Emma até um cesto de roupas atrás da porta do quarto. Olhou rapidamente para o banheiro vendo que sua criatura estava desenhando na água e resolveu descer até a cozinha vendo Steve limpando a bagunça que ele mesmo criou. Riu sozinha e voltou para sua suite com passos largos para começar a dar banho na menina.

 

— Você não vai toma banho? – A voz fina e infantil perguntou assim que a ruiva se abaixou ao lado da banheira.

 

— Vou depois que você estiver pronta e bem cheirosa. – Natasha se esticou até conseguir pegar um sabonete líquido, shampoo e condicionador. Colocou os frascos no chão e com movimentos lentos aproximou a mão do corpo magro e pequeno. Quando começou a passar a mão pelas costas da menina sentiu várias bolinhas. Hematomas.

 

Natasha olhou para o rosto pequeno procurando por sinais de se a menina estava ou não se sentindo confortável com a mulher passando a mão por seu corpinho. Até aonde constatou Emma estava bem tranquila e até relaxada. 

 

— Emma? – Viu que ela olhou para seu rosto e continuou – Você está bem?

 

— Como assim? – Franziu as sobrancelhas escuras – Eu bem, eu acho. Minha perna tá doendo dimais e essa mão aqui ó. – mostrou a mão esquerda que continha um arranhado – Doeu muitão quando entrei na água.

 

A ruiva usou aquela conversa para poder lavar o resto do corpo da garota sem a deixar sentir-se desconfortável, então sorriu satisfeita vendo que havia conseguido completar a primeira parte do banho com sucesso.

 

 

 

— Doeu por que sua pele está sensível. Podemos colocar um band-aid para não arder mais, okay?

 

— Okay... Mas o que que é um ban-deje?

 

— Band-aid. – Corrigiu enquanto terminava de tirar o sabonete da mãos para ler rapidamente o rótulo do shampoo procurando por alguma contra-indicação no uso para crianças – É como um papel que você coloca no machucado pra ele não doer.

 

— Entendi.

 

Não encontrando nenhum problema no uso resolveu colocar na cabeça de fios finos e loiros, o shampoo não criou nenhuma espuma fazendo com que Natasha o colocasse duas vezes para ter certeza que o cabelo foi limpo, então colocou um pouco de creme começando a massagear e desfazer os nós. Sentiu Emma parar de se movimentar a preocupando.

 

— O que foi? – Parou de mexer nos cabelos e viu Emma virar em sua direção sorrindo.

 

— Eu gosto de carinho na cabeça, é muito gostoso.

 

— Eu também gosto.

 

— É tão bom! – A menina voltou a ficar de costas para a ruiva que apenas enxaguou os fios.

 

— É sim. – Levantou-se do chão e pegou uma toalha que já tinha deixado separado para envolver a menina, a pegou no colo e esvaziou a banheira ao mesmo tempo que guardava os produtos de cabelo. Voltou a suíte e colocou Emma em pé na cama para seca-la e colocar o vestido e short de Lila.

 

— Ei! Cadê a calcinha? – Emma perguntou irritada, a cena era muito fofa.

 

— Não tem, usa esse short. – Terminou de fechar o zíper do vestido e a virou para secar e pentear os cabelos – Hoje vou comprar coisas pra você: calcinha, escova de dentes, shampoo e o que mais Ste me fizer comprar.

 

— Você vai compa coisa pra mim?

 

— Unhum.

 

— Uau. Eu nunca tive coisas assim, a mamãe nem deixava eu sai de casa!

 

— Ela não deixava? – Emma negou – Porque?

 

— Não sei. Mas ela não deixava.

 

Natasha anotou mentalmente pra conversar com Steve sobre isso mais tarde. Limpou a garganta de leve, pôs um sorriso no rosto e olhou a menina já pronta e com os cabelos penteados. A pegou no colo para ir até o closet pequeno e a deixar na altura da penteadeira.

 

— Sabe o que são esses vidros coloridos?

 

— É de tomar?

 

— Não, são perfumes pra te deixar bem cheirosa. Quer passar algum? – A loira abriu um sorriso largo que permitia que Natasha visse todos os seus dentinhos de leite. Assim que Emma escolheu, um rosa e bem doce, a ruiva passou levemente nela.

 

— Eu adorei isso! É muito fostoso hmm... – A pequena foi colocada no chão e abaixava o rosto para cheirar os braços onde Natasha espirrou a fragrância.

 

— Que bom, agora vamos descer. – Chamou a atenção de Emma estendendo a mão que a menina agarrou instantaneamente. A guiou até a sala vendo Steve sentado na ponta do sofás concentrado em algo em seu celular, Emma soltou sua mão e correu até o homem que sorriu desligando o aparelho.

 

— Olha olha olha! – Girou rapidamente fazendo o vestido levantar – Que bonito, não acha? Eu nunca usei uma roupa assim! É tão cororido e macio.

 

— Eu achei seu vestido lindo, e que cheiro é esse? – Se aproximou da pequena a fazendo rir.

 

Natasha riu também, os loiros pareciam se entender bem. Odiava ter que interrompe-los mas precisavam comprar coisas básicas para a garota com urgência.

 

— Hmrr – Limpou a garganta vendo o rosto do homem virar em sua direção – Vamos?

 

 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

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