The Death Of Me escrita por julianab


Capítulo 11
You need two halves to make one whole.


Notas iniciais do capítulo

Muita gente acertou, afinal de contas não era assim tão difícil! Confiram...



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You need two halves to make one whole.
Você precisa de duas metades para fazer um inteiro.

 

Elena estava presa entre a parede e o corpo da pessoa que a arrastara para lá. Antes que o medo deixasse que ela raciocinasse, ou que o ritmo das batidas do seu coração diminuísse, Elena sentiu lábios se grudando aos dela ferozmente. Sua boca, entreaberta de susto, não ofereceu nenhuma resistência à língua que a invadia. Não foi necessário nem mais um segundo para que ela reconhecesse a quem pertencia.

Confusa ainda, Elena correspondeu ao beijo sem pensar duas vezes. As mãos dele a seguravam com aquela força sobre-humana, apertando-a contra o próprio corpo. Ela estava cheia de dúvidas, mas sua mente não conseguia trabalhar o suficiente para formular nenhuma pergunta, quem diria, então, para criar forças e se afastar daquele toque.

Os dois, com os corpos unidos, sem a intenção de se afastarem, andaram cambaleantes naquela sala desconhecida, procurando um lugar onde se apoiar.  Elena esbarrou com alguma coisa atrás de si, e depois ouviu pesados objetos caindo ao chão. Nenhum deles deu importância àquilo; ela apenas se agarrou mais a ele. Os suspiros pesados de ambos se misturavam numa demonstração de puro desejo.

A língua dele praticamente esfregava-se na dela, enquanto seus lábios moviam-se em perfeita sincronia, pressionados uns contra os outros tamanha era a urgência daquele beijo.

Com uma velocidade incrível, em que Elena mal pôde sentir o ar se mexendo ao seu redor, eles estavam sentados em alguma coisa que parecia muito com um sofá; ela no colo, com uma perna de cada lado do corpo dele. Suas mãos subiram pelas coxas de Elena, apertando-as entre os dedos, arrancando mais suspiros dela.

Ela, já sem fôlego, afastou-se só o suficiente para respirar fundo. Ele não perdeu tempo e deslizou a boca pelo pescoço dela, enchendo-o de beijos luxuriosos. Elena inclinou a cabeça para trás, deixando toda aquela região do corpo exposta a ele, sem nenhum medo ou escrúpulo. As mãos dela seguravam com força os cabelos dele, que nem parecia notar.

Apenas um suspiro discreto escapou dos lábios entreabertos dela ao sentir as presas cravadas em seu pescoço. Estava ficando acostumada com a sensação. Enquanto ele lhe sugava, ávido pelo seu sangue, Elena abriu os botões da camisa dele e deslizou as mãos pelo peito e abdômen definidos, alisando sua pele ligeiramente mais gelada.

Quando ele se deu por satisfeito, ergueu uma mão e segurou o queixo de Elena, à procura da boca dela. Ela tentou se afastar, a princípio, mas ele era obviamente mais forte e Elena desistiu. Ele beijou-a lentamente, de forma provocante, e ela pôde sentir o gosto do próprio sangue nos lábios dele.

Após beijá-la, ele deslizou novamente os lábios até o pescoço dela e passou a língua fria nas duas feridas. Elena contraiu-se toda, com uma fisgada repentina, e ele deu um beijo leve no mesmo lugar.

O silêncio se estendeu por um tempo, quebrado apenas pela respiração ofegante dos dois e pela música que vinha do andar debaixo. Ela pareceu acordar Elena para o lugar onde estavam.

— O que você está fazendo aqui, Damon? – ela tentou encará-lo, os olhos ainda não acostumados com o escuro.

— Aparentemente todos os jovens dessa cidade vieram para cá, então... De qualquer forma, não foi difícil de entrar. Que garota não me convidaria? – o tom de voz dele era convencido, e Elena bufou, começando a se levantar.

— Stefan está lá embaixo, ele vai estranhar a demora e pode aparecer a qualquer hora. – Damon segurou-a pelo pulso e puxou-a de volta para o seu colo sem nenhum esforço.

— Para que a pressa, Elena? Fique mais um pouco aqui... – ele segurou-a pela nuca e falou com os lábios bem próximos ao ouvido dela. Ela fez toda a força que conseguia para manter a voz firme.

— Se eu ficar, você me responde algumas perguntas? – Damon deu uma risada arrastada ao pé do ouvido dela.

— Depende.

— Então eu vou embora. – ela fez menção de se levantar, mas foi um esforço inútil. – Damon. – ela falou com repreensão. Olhou ao redor agora, seus olhos acostumados, e pôde perceber que estavam em algum tipo de biblioteca.

Ele olhou para Elena com os olhos meio cerrados, pensativo, e depois soltou o braço dela.

— Vá, é melhor. Não preciso de Stefan no meu pé.

— Não faça nenhum estrago lá embaixo. – Elena falou ainda repreensiva, enquanto se levantava e arrumava a roupa, ajeitando a gola alta por cima das marcas no pescoço.

Damon, que fechava os botões da camisa com um sorriso de canto ao observar Elena, deu uma risada maliciosa para ela.

— Mais do que já fiz aqui em cima?

Ela olhou-o sem achar graça e balançou a cabeça, ajeitando os cabelos antes de abrir a porta e sair. O corredor estava vazio, e ela desceu as escadas lentamente, se misturando à multidão.

Quando chegou perto de Stefan, encontrou-o conversando com os mesmos caras de antes. Ele levantou a cabeça e ela sorriu para ele. Um sorriso firme, como se nada tivesse acontecido.

— Você demorou. – ele disse enquanto pegava-a pela mão e a fazia sentar em uma das pernas dele.

— Eu encontrei umas amigas e fiquei um pouco com elas. – Stefan sorriu e beijou-lhe os lábios de leve antes de voltar à conversa.

Elena ficou alheia a eles, os olhos vagando pelas pessoas ao seu redor. Depois de um tempo ela pôde ver Damon falando com algumas garotas que ela não conhecia. Ele, que estava de frente para Elena, olhou-a por cima do ombro delas, um sorriso típico brotando do canto dos seus lábios. Elena balançou a cabeça discretamente, um sorriso muito parecido no próprio rosto. Ele rapidamente fez uma cara de tédio, sem que nenhuma das garotas percebesse, e Elena se esforçou para não rir e não chamar a atenção de Stefan.

Por um bom tempo ela ficou sentada ali, vez ou outra vendo Damon por perto. Os dois trocavam olhares cúmplices, aquele tipo de olhar que ninguém mais consegue decifrar.

Ela constatou depois de algum tempo que não estava se sentindo culpada como das outras vezes. Não havia um sentimento horrível borbulhando no seu estômago, causando-a um mal-estar só por estar perto de Stefan. Elena não compreendia o que havia acontecido, mas algo mudara. Ver, mais cedo naquela noite, o olhar e os gestos frios de Damon, havia causado algo dentro dela. Um vazio. Um vazio que ele preenchera no instante em que grudara os lábios nos dela, lá no andar de cima. Se isso era necessário para que Elena não voltasse a sentir aquela sensação horrível, não se culparia.

Ainda assim, havia um emaranhado de sentimentos estranhos dentro dela, e perguntas que martelavam sua mente e seus ouvidos, deixando-a surda.

Ela disse a Stefan que iria buscar algo para comer e foi abrindo espaço entre as pessoas até a mesa. Passou os olhos, distraída, por tudo que ali havia, sem nada que lhe agradasse.

Uma voz muito perto e um hálito gélido na sua nuca a arrepiaram toda.

— Que festa chata.

Ela se virou, mas não precisava ter feito isso para saber quem era. Damon se esticou, pegou um salgadinho e levou-o à boca, olhando para Elena com um sorrisinho.

— Nenhuma garota interessante? – ela perguntou se apoiando na mesa e olhando-o também.

— Elas falam demais. – ele revirou os olhos e arrancou uma risada dela. Depois se esticou para pegar outro tipo de salgado, inclinando o corpo e ficando muito próximo de Elena. Sussurrou para ela com malícia. – Não está com vontade de ir ao banheiro de novo, não?

— Stefan está por aí. – Elena o repreendeu em voz bem baixa. Damon revirou os olhos novamente.

— Stefan, Stefan, Stefan... Ele me incomoda até quando não está por perto. – ele disse com desdém.

Elena ficou alguns segundos observando Damon, e então as palavras saíram pela sua boca sem que ela quisesse ou sequer entendesse de onde vinham.

— Damon. – ele ergueu a sobrancelha, estranhando a mudança repentina do tom de voz. – Por que você fica vindo atrás de mim? É apenas para irritar Stefan ou tem algo a ver com a minha semelhança com Katherine?

Ele foi pego de surpresa pela pergunta, encarando Elena com uma expressão indecifrável.

— Agora não é a hora, Elena. – ele respondeu em seguida, bem sério.

— Damon, eu preciso saber. Por favor – ela estava quase suplicante, com os olhos grudados nos dele. – É por alguma dessas duas opções, é pelo sangue... Qual o motivo?

Damon segurou no braço de Elena com certa força, deixando-a confusa.

— Agora não, já disse. – ele tentava falar alguma coisa pelos olhos ligeiramente cerrados. Elena franziu a testa, confusa, mas levou um sobressalto ao ouvir uma voz familiar logo atrás dela.

— O que está acontecendo aqui, Damon? – perguntou Stefan de um jeito firme, se colocando ao lado de Elena.

Damon soltou-a e ergueu as mãos, se declarando inocente, mas tinha um sorrisinho de canto nos lábios.

— Nada, irmãozinho. Eu já estava saída.

Damon continuou sorrindo daquela forma e se afastou na direção deles, esbarrando em Stefan ao passar. Elena passou os braços ao redor do pescoço dele antes que ele pudesse se virar para o irmão mais velho e beijou-lhe de leve, ficando na ponta dos pés.

— Vamos para casa também? Estou cansada.

— Vamos... – Stefan disse suspirando, ainda com os músculos meio tensos sob as mãos de Elena.

Ela segurou-lhe pela mão e os dois se afastaram no meio da multidão. Stefan estava perdido em seus pensamentos e não puxou assunto. Elena agradeceu, pois tentava, dentro da própria mente, entender a pergunta que fizera a Damon, e também de onde ela surgira. Não era algo no qual ela já tivesse pensado, não conscientemente, pelo menos.

Eles entraram no carro de Stefan, que já estava mais alegre. Ele ligou o rádio e foi conversando com Elena até a casa dela, sem perceber as respostas curtas dela.

Quando chegou na frente da casa, Stefan parou o carro. Antes de Elena descer, ele segurou-a pela nuca e aproximou os lábios dos dela, beijando-a levemente. Ela retribuiu o beijo da mesma forma, mas Stefan, gradualmente, foi tornando-o mais rápido, mais cheio de vontade. Os dedos de uma mão se afundaram no cabelo de Elena, enquanto os da outra seguraram a cintura dela e aproximaram seus corpos.

Elena também segurou-o com força, tentando se agarrar a ele, querendo que ele a impedisse de enlouquecer com todas suas dúvidas. Ele beijava-a com saudade, como se não a visse há dias, vez ou outra sugando o lábio inferior de Elena e puxando-a para si.

Os dois tiveram que respirar brevemente, e Stefan roçou a boca pelo queixo dela, na direção do pescoço. Quando ele começou a abaixar a gola de sua blusa, Elena se afastou como se tivesse levado um choque elétrico. Stefan a olhou preocupado, e ela respirou fundo, tentando manter-se calma.

— Jenna pode nos ver aqui, e ela não vai gostar nada disso.

Stefan a encarou por alguns segundos, a respiração ligeiramente ofegante, os cabelos bagunçados. Elena se aproximou, beijou-lhe de leve, desejou-o “boa noite” e saiu rapidamente, antes que ele pudesse fazer mais alguma coisa.

Ela trancou a porta de casa ao passar e se deixou escorregar encostada nela até seu corpo alcançar o chão. Elena ficou ali parada, esperando seu coração voltar ao normal. Ela levou os dedos até o pescoço, tocando, por cima da gola, as feridas que Damon causara, e respirou aliviada.

Tinha sido por pouco.

 

Apesar do incidente no carro, e muito ironicamente, a relação de Elena e Stefan só melhorou dali em diante. A culpa dera definitivamente uma folga a Elena, e ela não se sentia mal estando perto de Stefan. Claro que sua mente não estava tranquila, sempre borbulhando com as constantes dúvidas. Ela não falara mais com Damon, mas ainda queria esclarecer algumas coisas.

Elena ligou a torneira e ensaboou as mãos, anotando mentalmente que tinha que pintar as unhas, já que estavam horríveis. Quando, secando-as, levantou os olhos para o espelho, teve de segurar um grito. Damon estava parado perto da porta, apoiado na parede com os braços cruzados.

— Damon! – ela o repreendeu, se virando com a mão no coração. Ele apenas sorriu de canto, cumprimentando-a com um movimento da cabeça. – Quando você vai começar a ser mais sutil? Aparecendo na minha casa à noite, me arrastando para uma sala escura, me dando sustos no banheiro. Meu coração não vai agüentar desse jeito.

— Menos drama, Elena. – ele disse, claramente se divertindo, observando-a de cima a baixo no seu uniforme do colégio. O dia estava quente e ela usava a saia xadrez que odiava, uma camisa branca de botões e um lenço que destoava totalmente.

— A propósito, o que você está fazendo aqui? – ela questionou, ignorando o olhar dele. – Esse é o banheiro feminino!

Ele não respondeu nada e caminhou lentamente até ela, que ficou imóvel. Ele parou muito próximo a Elena, pressionando-a contra a pia do banheiro, roçando a boca pelo rosto dela, próximo de sua orelha, enquanto a segurava pela nuca.

— Damon... – ela o repreendeu em voz baixa, as pernas bambas. – Stefan está em algum lugar por aí!

Ele grudou a boca no ouvido dela, deixando o hálito frio bater na pele, enchendo-a de arrepios.

— Eu sei... Não acha ainda mais divertido? - ela resmungou e colocou as mãos no peito dele, tentando afastá-lo. Damon bufou e a olhou. – Sim, Stefan está por aí, sendo um idiota. De tudo que ele pode reviver, ele vem justamente para o Ensino Médio? Por favor. A faculdade é mais divertida. – ele deu um sorriso malicioso e Elena revirou os olhos.

— Você não deveria estar aqui. – ela falou séria, tentando manter-se firme enquanto sentia o corpo dele todo grudado no dela, lhe causando arrepios que mais pareciam choques elétricos. Damon subiu as mãos pelas coxas de Elena, segurando-a e colocando-a sentada no mármore da pia antes que ela pudesse sequer esboçar reação. Depois se ajeitou entre as pernas dela, com os corpos bem próximos.

— Por quê? Só porque Stefan está lá, sentado, ouvindo coisas que ele sabe muito bem, enquanto você está aqui chifrando ele? – Damon deu uma risada abafada e imediatamente grudou a boca na dela.

Elena, porém, ofereceu resistência. Ele insistiu, pressionando os lábios nos dela, tentando beijá-la, mas ela deixou os seus bem fechados.

Quando se afastou para olhá-la, Damon não estava mais tão feliz.

— Não gosto que você fale essas coisas sobre Stefan. – ela disse com o queixo erguido.

— Eu estou mentindo, por acaso? – Damon perguntou com a expressão fechada. Elena encarou-o sem resposta por alguns segundos, e ele soltou uma risada sem emoção. – Você nunca para de mentir para si mesma, não é, Elena? - ela olhou-o confusa, com a testa franzida. Ele manteve um sorriso sarcástico. – Você passou um longo tempo tentando se convencer de que não me desejava. Eu sei disso. E agora tenta fingir que não está chifrando Stefan descaradamente, quando você sabe que é exatamente isso que está fazendo. E está gostando! – ele controlou a voz no final, vendo que ela estava se elevando.

— Não é bem assim que funciona, Damon. – ela falou com a voz fraca, sem muita convicção.

— Nem a você mesma você está enganando, Elena. Aceite os fatos. – Damon estava controlado, mas dava para notar uma ponta de raiva nas suas palavras.

Ele se afastou dela, deixando-a ali sozinha, e bateu a porta do banheiro ao passar.

Elena se inclinou para trás, apoiando as costas no espelho, e permaneceu sentada no mármore da pia, de olhos fechados. Deixou a mente vagar por onde ela bem entendesse, mas ela sempre acabava voltando para o mesmo lugar: os olhos de Damon. E, enquanto isso, as mesmas perguntas de sempre ficavam martelando os seus ouvidos, como que sussurradas por seres invisíveis. A mais freqüente era: o que ele está fazendo comigo?

 

Elena chegou em casa do supermercado com várias sacolas penduradas nos braços, mal conseguindo suportar todo o peso. Bateu a porta ao passar e, indo na direção da cozinha, ouviu algumas vozes vindo de lá, junto com o cheiro maravilhoso de algo que ela não conseguiu identificar.

Quando dobrou o corredor, entrando na cozinha, ela quase deixou cair no chão tudo que carregava. Sua tia, Jenna, picava alguns legumes enquanto conversava animada com ninguém menos do que Damon Salvatore, que servia duas taças de vinho tinto.

Sua tia se virou e observou-a ali, parada, dando um sorriso.

— Elena, finalmente. Vamos ter um convidado para a janta hoje. – ele, que certamente ouvira a aproximação de Elena, se virou com um sorriso no canto dos lábios.

— O que você está fazendo aqui?! – ela perguntou ríspida, sem pensar, com uma expressão de indignação.

— Elena! – sua tia a repreendeu, a testa franzida de irritação. – Vocês se conhecem? – ela perguntou se virando para Damon, que a estendia uma das taças.

— Infelizmente. – respondeu Elena com a mesma grosseria antes que ele abrisse a boca.

— Me desculpe pelos maus modos da minha sobrinha. – Jenna pediu sem jeito a Damon, que balançava a cabeça com um sorriso de compreensão. Quando ele se virou para Elena, sua tia a lançou um olhar furioso.

— Boa noite, Elena. – Damon disse cordial, se aproximando dela. – Deixe-me lhe ajudar com as compras. – tomou rapidamente as sacolas das mãos dela e as colocou sobre o balcão. Elena ficou parada no mesmo lugar, sem agradecer.

— O que você está fazendo aqui? – ela repetiu sem a mínima paciência. Pelos olhares que sua tia lhe lançava, ela teria vários problemas para resolver depois, mas, naquela hora, pouco se importava.

— Nós nos conhecemos no posto de gasolina. Damon me ajudou com uns problemas no carro. – Jenna lançou a ele um olhar de admiração, sorrindo ao mesmo tempo.

Era ridículo de se observar os efeitos que Damon causava sobre todas as mulheres ao seu redor. Como ele as seduzia de uma forma inexplicável, fazendo-as assim, tão bobas na presença dele. Elena esperou, intimamente, que não fizesse a mesma cara de idiota.

— Foi um prazer. – Damon respondeu cheio de educação, dando um de seus sorrisos irresistíveis. – Elena, será que você pode me mostrar onde é o banheiro?

Sob o olhar severo da tia, e resmungando, Elena levou-o até o fim do corredor, numa porta à direita. Parou-se em frente à entrada do banheiro e olhou-o com os olhos cerrados.

— Eu não sei o que você pretende com isso, Damon Salvatore, mas desista.

Ele ergueu as mãos, declarando inocência, mas seus olhos tinham um brilho que Elena conhecia muito bem.

— Sua tia apenas foi gentil e me convidou para jantar em retribuição ao favor.

Elena apontou o dedo no peito dele, irritada; não existe muita gente que apontaria o dedo para um vampiro como Damon, mas ela era exceção. Não tinha medo dele.

— Fique longe da minha tia. – Elena pronunciou as palavras devagar, de forma clara e em voz baixa.

— Estou detectando uma pontada de ciúmes, Elena? – ele perguntou com a sobrancelha erguida e uma expressão de quem se divertia.

— Não seja idiota. – ela falou com desdém, ao mesmo tempo em que ouvia sua tia gritando seu nome. Elena sussurrou, agora mais ameaçadora. – Fique longe dela. – e então fez a volta pelo corpo de Damon e se afastou.

Na cozinha, sua tia virou-se ao ouvi-la entrar.

— Ponha a mesa. E nós vamos conversar muito sério mais tarde, mocinha.

Elena ignorou-a, bufando baixo ao pegar os pratos e levá-los até a sala de jantar. Quando voltou com os talheres agora, encontrou Damon encostado no batente da porta, observando-a.

— Acho que alguém se meteu em problemas. – ele disse com uma risadinha abafada. Elena decidiu ignorá-lo, distribuindo os pratos e talheres pela mesa.

Damon passou por ela, ainda com uma expressão de divertimento que a tirava do sério, e foi até a cozinha. Sem querer encará-lo, Elena foi até a sala e ligou a televisão com raiva. Nenhum canal a agradou, então ela subiu as escadas e bateu a porta do quarto, pegando o celular no bolso.

Stefan atendeu ao primeiro toque.

— Seu irmão está aqui para jantar com a minha tia. – ela falou irritada antes que Stefan se pronunciasse.

— Damon está na sua casa? – ele perguntou um tanto surpreso.

— Sim. Aparentemente ele ajudou Jenna com o carro estragado esta tarde e agora ele está aqui. E não preciso dizer que ela está se derretendo por ele.

— Posso tentar ligar para ele... – Stefan sugeriu em dúvida, sabendo que não funcionaria.

— Não, tenho uma ideia melhor. Você vai vir jantar aqui também. Não demore. – ela desligou o celular antes que Stefan pudesse falar alguma coisa.

Então ela desceu a escada rapidamente, entrando na cozinha. Jenna tinha a taça próxima aos lábios enquanto Damon falava alguma coisa sobre a faculdade que frequentara em Ohio. A tia tinha um sorriso interessado, admirado, e os dois estavam bem próximos.

Elena pigarreou.

— Temos mais um convidado para a janta. - Jenna olhou-a com a sobrancelha erguida, ainda irritada com a sobrinha. – Seu irmão, Damon.

Damon cerrou os olhos, sua expressão se transformando subitamente: ficou daquela forma indecifrável. Mas, na mesma velocidade, voltou a ser cordial quando Jenna o olhou curiosa.

— Seu irmão?

— Sim, o irmão dele. Stefan. – Elena quem respondeu com o queixo erguido.

Jenna olhou de um para o outro, compreendendo. A expressão dela não ficou das mais felizes.

— Ah... Então Elena é sua cunhada? – ela se dirigiu a Damon, que confirmou com a cabeça, um sorriso simpático.

— Minha querida cunhada. – ele olhou para Elena ainda com o mesmo sorriso, a ironia palpável na sua frase.

Enquanto Jenna digeria a descoberta, a sobrinha foi até a prateleira e pegou mais um prato, mais um conjunto de talheres e mais um copo, levando-os até a sala de jantar.

Não demorou muito e a campainha tocou. Ela correu e abriu a porta, sorrindo para Stefan. Ele abraçou-a pela cintura e os dois foram caminhando até a cozinha.

— Jenna. – Stefan cumprimentou a tia de Elena com educação, e depois se virou para o irmão. – Damon.

— Olá, irmãozinho. – Damon ergueu a taça de vinho para ele, como num brinde.

— Vamos jantar todos em família, então? – Stefan perguntou cordial, o olhar cerrado e fixo no irmão.

— Elena, por que você não vai chamar Jeremy? – perguntou sua tia, parecendo um tanto incomodada com a presença dos dois.

Elena subiu as escadas de dois em dois degraus e bateu na porta de Jeremy algumas vezes. Ele a abriu com um fone no ouvido e o outro pendendo do pescoço.

— Hora da janta.

Ele deixou o iPod para trás e os dois desceram para a sala de jantar. Jenna já servia um prato de massa com molho branco e vários legumes refogados por cima. Jeremy olhou com a testa franzida para Damon enquanto se sentava.

— Damon Salvatore, irmão de Stefan. – Elena apresentou, com um olhar de desafio.

A janta pareceu se arrastar, enquanto Damon contava várias histórias de sua vida, deixando Jenna impressionada, mas Stefan sempre achava algum ponto ruim ou vergonhoso para lembrar, fazendo Jeremy e Elena rirem. Às vezes ela notava olhares irritados de Damon para Stefan; em todo o resto do tempo, porém, o mais velho foi extremamente educado e simpático. Ele conseguia se controlar bem.  

Depois da sobremesa e de recolherem a louça suja, Elena foi até a calçada se despedir de Stefan. Ele puxou-a pela cintura e a beijou demoradamente. Quando se afastaram, Jenna estava parada à porta com uma expressão de repreensão, enquanto Damon, logo atrás, encarava-os com tédio.

Stefan se despediu dos dois novamente e então foi até o seu carro.

— Foi uma ótima noite, Jenna. – Damon falou com um sorriso de canto. Elena tinha os olhos cerrados para ele.

— Está convidado a voltar quando bem entender, Damon. – sua tia respondeu com a voz suave, totalmente envolta pelos olhos dele. Ele voltou a sorrir e saiu da casa.

— Boa noite, Elena. – ele disse ao passar por ela que estava na calçada, um pouco mais distante da porta de entrada.

Ela apenas revirou os olhos e ignorou-o. Quando se virou para voltar à casa, porém, pôde jurar ter ouvido-o dizer em voz baixa:

— Ciúmes.

Ela bateu a porta ao passar.

 

Elena teve que ajudar a tia a arrumar a cozinha e lavar a louça. Enquanto Jenna dava-lhe uma lição de moral que ela acreditava não merecer – afinal de contas, não passava de Damon –, Elena se desligou, deixando a irritação martelar sua mente. Quando se viu livre da tia, subiu as escadas correndo, pegando o celular e discando o número de Damon sem hesitar.

Ele atendeu prontamente.

— Já está sentindo minha falta? – ela bufou ao ouvir a voz convencida dele.

— Olha aqui, Damon. Eu realmente não sei o que você pretendia aparecendo assim na minha casa, tentando seduzir a minha tia com esse seu jeito irritante. Só quero deixar claro que você vai ficar bem longe dela. Ouviu bem? – Elena foi falando rapidamente, a voz dura.

— E por quê? – ele perguntou claramente se divertindo, o que só a irritou mais.

— Porque você traz o mal para todas as pessoas das quais se aproxima! Não quero você perto de ninguém que eu amo, Damon!

— Deixe de ser dramática, Elena. Isso está me cansando. – Damon falou com tédio, e ela podia apostar que ele revirara os olhos do outro lado da linha. – Ainda acho que é ciúmes. – ela bufou alto ao ouvir a risadinha abafada dele.

— E eu ainda acho que você é muito egocêntrico, Damon. O mundo não gira ao seu redor.

— Me prova, então. – Elena sentiu todos os pêlos do seu corpo se arrepiarem com a voz de Damon. Ela, além de sair do celular, soava ao pé do ouvido de Elena, o hálito frio tocando-lhe a nuca.

Ela se virou rapidamente, surpresa com a presença dele ali, notando a janela aberta atrás de Damon. Não ouvira simplesmente nada, nenhum sinal de que ele estava entrando.

Ela desligou o celular e abaixou a mão lentamente, enquanto Damon guardava o próprio iPhone no bolso da jaqueta. Os dois se encararam por longos segundos, perdidos no olhar um do outro. Elena foi quem se moveu primeiro, se aproximando de Damon. Ele, porém, manteve-a afastada, segurando-lhe o ombro. Elena olhou-o confusa, sem entender nada.

— Você pensou nas coisas que eu disse? – ele perguntou devagar, concentrado nas expressões dela. – Você aceitou os fatos, Elena? Parou de se enganar? – Elena quase não o reconhecia, agora que Damon falava sem nenhum tom provocador ou sorrisinho no rosto. Ele conseguia parecer ainda mais bonito assim.

Ela abriu a boca para falar, mas, por fim, sem palavras, permaneceu em silêncio. Balançando a cabeça, Damon virou as costas e afastou-se na direção da janela com a expressão fechada. Antes que ele pudesse dar mais de dois passos, porém, Elena segurou-o pelo braço até que ele olhasse para ela.

Então, alguma coisa no olhar dela, fez com que Damon a puxasse com força para os próprios braços, seus corpos se chocando com o movimento. Os lábios deles se encontraram quase famintos, enquanto Elena não decidia onde pôr as mãos, passeando-as por todo o corpo de Damon, se livrando rapidamente da jaqueta de couro dele. Sem se desgrudarem, andaram cambaleantes na direção da cama de Elena, caindo deitados nela, o peso de Damon pressionando-a contra o colchão macio.

Ela colocou as duas mãos no rosto dele e foi parando o beijo lentamente. Afastou-se o suficiente para encará-lo, o peito de ambos subindo e descendo em um ritmo acelerado. Ele tinha os cabelos bagunçados de um jeito extremamente atraente. Um dia ela pretendia entender como uma pessoa podia ser tão bonita como Damon.

Então, segurando-o pelo rosto, inclinou o pescoço e puxou-o até sentir os lábios frios tocarem a sua pele. Pela primeira vez, ela estava convidando-o a mordê-la, conduzindo-o para sugar o seu sangue. As presas afiadas deslizaram pela pele dela como numa carícia antes de se cravarem na carne.

Elena grudou os lábios na orelha de Damon, deixando leves suspiros escaparem deles enquanto ele se alimentava nela. Os dedos dela deslizaram pelas costas dele, subindo por baixo da camisa e arranhando-lhe a pele sem força nenhuma.

— Eu não sei como, e muito menos porque... – ela balbuciou rouca, roçando os lábios no lóbulo de Damon. – Mas não vou negar que você é metade de mim, Damon. E eu não consigo mais viver afastada dessa Elena que eu sou quando estou com você. Esses são os fatos.

Elena apertou mais os braços ao redor dele, que afastou a boca do pescoço dela imediatamente. Damon olhou-a por alguns segundos, estudando a expressão do rosto de Elena e a semelhança com Katherine. Mas os olhos dela... Os olhos dela não lembravam em nada os da outra, exceto pela cor em comum. E eles eram o que ele mais gostava em Elena.

Então Damon pressionou os lábios nos dela, que não fez nenhuma objeção ao gosto de sangue presente neles... Ao gosto do seu sangue.

Essa era a verdade. Tanto Stefan quanto Damon eram essenciais para Elena. Ela não podia abrir mão de nenhum dos dois, ou estaria matando uma parte de si mesma. Indo contra todas suas crenças, Elena estava agindo exatamente como Katherine, e tinha consciência disso. Ela não podia escolher. Não havia como escolher. Não se ela quisesse continuar inteira.


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Notas finais do capítulo

Tá aí o décimo capítulo de The Death of Me. Essa é a primeira fic que eu levo tão adiante assim, e devo isso a vocês. Nem acredito que já recebi mais de 120 reviews... Vocês são muito fofos! Continuem comentando e recomendando sempre... Só quem escreve sabe o poder que essas poucas palavras têm de motivar a gente!
E sobre a demora... Eu quero pedir pra que vocês tenham paciência. Os caps são grandes e eu demoro horas para escrever e revisar. Isso tudo enquanto tenho aula seis manhãs e duas tardes por semana, além de outras coisas como inglês, academia, etc. Eu me contorço toda pra conseguir ter tempo pra escrever, então peço a compreensão de vocês. Demora mas sempre vem!
PS.: O que estão achando da 2ª temporada até agora?! Quero ver as opiniões!
Beijinhos!