Redemoinho escrita por Alice


Capítulo 15
15. Consequências II


Notas iniciais do capítulo

Resumo: Onde Ramona e Jackson conhecem a verdade, mas não escapam de outra mentira



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— Entra logo no closet. - mandou apressada para ele que prontamente a obedeceu.

A garota entrou no banheiro e trancou a porta no momento em que Jackson terminava de fechar a porta do closet e prendia a respiração ao escutar a voz de Kimmy no quarto.

— Ramona? - chamou confusa assim que parou ao lado da cama.

— Estou aqui! - respondeu do banheiro olhando para os lados pensando onde guardar as caixas e os testes.

— Filha, você está se sentindo melhor?

— Tô, mãe! Só espera um segundo que já eu saio.

Olhou para o cesto de roupas e o abriu jogando todo o tecido no chão, colocou as caixas e os testes no fundo e recolocou as roupas por cima. Se apressou para parar em frente ao espelho e ajeitou rapidamente o cabelo em um coque mais apertado. Olhou ao redor torcendo para não ter esquecido nada e quando viu tudo em ordem respirou fundo antes de abrir a porta.

— Meu amor! - sua mãe gritou correndo para abraça-la. - Tem certeza que está melhor? Não tá doendo mais nada? Ainda vomitou? Tomou o chá? E o remédio que eu deixei? Na verdade eu não deixei, mas comprei um agora. Quer tomar agora?

— Mãe. - chamou com uma risada se afastando dela e a segurando pelos ombros. - Respira, ok? - pediu a vendo fechar a boca em contradição. - Eu realmente estou melhor.

— Não me culpe por querer cuidar de você. Quando você for mãe vai entender.

Uma frase normal, mas que causou um embrulho no estômago de Ramona. Ignorando a sensação ela tentou levar sua mãe para fora dali, conhecia muito bem a incapacidade de Jackson de fazer silêncio.

— Porque não vamos pra cozinha? Eu tô com fome. - outra mentira, sentia que na hora que colocasse algo na boca iria vomitar.

Já estava achando que seus sintomas eram puro fruto de seu nervosismo.

— Que bom que você está com fome, mas acho melhor comer só uma sopinha fraca porque eu tenho certeza que você passou mal por conta daquele peixe estranho que seu pai comprou pro jantar. Ah, mas se o Fernando tiver alguma coisa a ver com isso eu juro que nunca mais deixo ele fazer as compras sozinho! Quem não pergunta se o peixe...

— Sim, sim. - continuou concordando com tudo o que ela falava enquanto a empurrava para fora.

Quase congelou quando viu a mochila de Jackson encostada na parede, mas por sorte sua mãe passou reto. Eles definitivamente deveriam ascender uma vela para agradecer a quem os estava protegendo, sua tia Anelise poderia estar certa quando sempre lhe dizia que depois de um tempo não é mais sorte e sim intervenção divina.

Assim que escutou as vozes sumirem no corredor, Jackson saiu devagar do closet olhando com cuidado para todos os lados. Quando percebeu que não havia ninguém, correu para fora e pegou sua mochila do chão. Saiu para o corredor e do topo olhou para a sala constatando que ela estava vazia, desceu os degraus tomando todo o cuidado do mundo para não fazer barulho e estava quase no fim quando a porta da cozinha se abriu de repente.

— Que merda, garoto. - soltou a respiração quando Ramona o xingou em um sussurro nervoso. - Sai daqui logo.

— Não sei se você percebeu, mas é o que eu tô tentando fazer. - rebateu impaciente caminhando em direção à porta da frente, mas antes que ele alcançasse a maçaneta outra voz se fez presente na sala.

— Jackson? - Kimmy perguntou confusa dando alguns passos para ficar ao lado da filha. - O que você está fazendo aqui?

— Eu. Eu. Hum. - balbuciou nervoso enquanto enrolava uma mão na outra.

Ele estava ficando vermelho e Ramona sentiu seu próprio corpo começar a gelar assim que Kimmy começou a alternar o olhar entre os dois. Até porque o garoto não conseguia se impedir de encarar Ramona com uma expressão de puro desespero.

— Ele tá matando aula. - ela disse rápido sem pensar nas complicações que aquela frase iria trazer.

Jackson a encarou com a boca aberta em medo, mas Kimmy entendeu como indignação.

— Jackson Tanner-Fuller! Que merda tá passando na sua cabeça garoto? Por que você tá matando aula? - a dona da casa perguntou de forma severa e Ramona sentiu o quanto seu amigo queria esgana-la naquele momento.

— Eu só. Não conta pra minha mãe. - pediu desesperado, pois sabia que se DJ o pressionasse ele iria contar mais do que devia.

O segredo para nunca terem descoberto os benefícios da amizade deles era justamente o fato de ninguém nunca ter perguntado diretamente e com todas as letras para o garoto. Mas Ramona não acreditava que ele iria se segurar mais alguns minutos e se ele abrisse a boca eles estariam mais do que ferrados, levando em conta principalmente a situação em que eles estavam agora.

— Não conta pra DJ, por favor mãe. - ela saiu em intercessão do amigo ganhando um olhar julgador de sua mãe. - É que depois que você saiu ele apareceu e disse que não podia ir hoje porque tem um jogador idiota do time que quer fazer uma pegadinha pra humilhar ele. O Jackson soube que ele tava planejando algo pra hoje então resolveu não ir. Ele não quer que a mãe dele saiba porque você conhece muito bem ela pra saber que a DJ iria direto lá, mas o Jackson só quer cuidar disso sozinho. A gente tá pra se formar e não vai demorar muito e tudo isso acaba. Só não conta, não hoje, por favor. - pediu a encarando nervosa notando que ela travava uma batalha interna.

Jackson olhava para a amiga sem saber da onde ela inventava tanta coisa, mas resolveu que era melhor seguir o que ela falava.

— Tá legal. Mas. - os parou no meio da comemoração. - Se ela perguntar eu falo. - deixou claro ao dar as costas pra eles e ir em direção à cozinha. - Eles ainda vão me matar. - resmungou antes de fechar a porta.

Ramona se virou para o Fuller que a olhou aliviado, mas logo olhares precupados tomaram seus rostos.

— Fica aqui. - ela pediu enquanto corria escada acima.

Assim que chegou no quarto foi para o banheiro e trancou a porta. Foi para o cesto e começou a cavar em meio à roupas para chegar ao fundo, quando encontrou os três testes pegou uma das caixas para ver o que seriam os resultados. Quando comparou e viu que só tinha uma linha azul em cada um em vez de duas rosas, ela sentiu que não poderia estar mais feliz do que naquele momento. Seus olhos começaram a pinicar e em pouco tempo lágrimas escorriam livres por seu rosto, era um peso enorme que estava sendo tirado de seus ombros e sentada no chão frio do banheiro ela chorou, abafou os soluços com a mão e olhou para o forro do teto se sentindo leve.

— Eu não tô grávida. - sussurrou feliz por poder afirmar sem medo. - Eu não tô grávida. - um riso escapou de sua boca e quando notou ria em meio às lágrimas.

Ela realmente iria ascender uma tocha em vez de uma só vela. Esperou alguns minutos para se recompor, não iria contar para Jackson enquanto sua mãe estivesse em casa já que corria o risco dele ter uma reação mais exagerada que a dela.

— Ramona? - a voz dele veio seguida por batidas na porta. Ela se levantou e a abriu com um sorriso enorme. - O que houve? Você tava chorando? - perguntou preocupado ao que ela somente se jogou em seus braços o apertando forte. - Mona. - chamou nervoso pelas suas ações.

— Eu não tô grávida. - sussurrou em seu ouvido o sentindo paralisar em seu abraço antes de envolver sua cintura e a girar pelo quarto em uma comemoração silenciosa.

A colocando no chão ele a encarou com os olhos lacrimejantes. Ela levou uma mão ao seu rosto limpando uma lágrima que caía e assentiu diversas vezes em confirmação.

— Obrigado, Deus. - o escutou agradecer baixinho enquanto colava sua testa na dela.

Ramona fechou os olhos sentindo a presença dele. As respirações se acalmavam e ela levou uma mão ao peito dele sentindo as batidas do coração. O medo que eles sentiam, mas que não haviam verbalizado para não surtar mais no momento, estava se esvaindo completamente.

— Eu realmente tive uma infecção intestinal.

— Ainda bem.

— Seu idiota. - ela reclamou sem conseguir conter a risada assim que ouviu a dele.

— isso explica tanta coisa! - se separaram como se tivessem levado um choque ao escutarem a voz de Kimmy.

Ramona a encarou espantada e correu para o banheiro se trancando novamente, agora era o momento de se livrar de tudo.

— Não é nada disso que- - Jackson conseguiu começar uma frase depois de alguns segundos paralisado, mas foi interrompido por Ramona que voltou para o quarto.

— É exatamente isso que você tá pensando. - afirmou recebendo um beliscão de Jackson, que a fez se lembrar de mata-lo depois, e um sorriso conhecedor de sua mãe.

Iria ser uma loucura dali para frente? Iria, mas a Gibbler mais nova sabia muito bem que aquela mentira era melhor do que a verdade que eles acabaram de confirmar.

Mães loucas eram melhores que pseudo-avós lunáticas e quando contou para Jackson depois que sua mãe correu para ligar para DJ, ele não teve como não concordar.

— Agora um namoro falso? - ele perguntou rindo descrente pela nova situação que eles se meteram.

Ramona sentou ao seu lado na beira da cama enquanto os dois olhavam para o nada.

— Melhor do que um bebê de verdade.

— Não tenho como discutir com esse argumento.

— Nós somos burros, não somos?

— Nós somos loucos isso sim.

— Argh! Por que as mentiras saem tão fácil da minha boca?

— Também queria saber, mas se não saíssem a gente estaria na maior merda agora. - a confortou segurando em sua mão a fazendo trocar olhares com ele. - Mas acho que você tem um problema.

— Calado!

— Sério, Mona. Tem tratamento pra isso e-

— Jackson.

— Eu já conheci pessoas que mentiam sem parar-

— Garoto eu tô te avisando.

— Uns meses em uma clínica vão te ajudar a-

— Eu vou te bater.

— Controlar essa sua falta de ética.

— Eu te avisei! - gritou irritada se jogando contra ele o derrubando de costas na cama.

Ela começou a tentar dar tapas nele enquanto ele só gargalhava. Esse garoto realmente seria a morte dela.


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Notas finais do capítulo

Amanhã eu posto a parte dois do outro.
Tô tão feliz pelos comentários e por pessoas maravilhosas estarem lendo!

Talvez tenha uma one para saber como está indo essa nova mentira



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