Primeiro, eu matei o meu pai... escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel


Capítulo 18
Capítulo XVII:Dama dos ventos


Notas iniciais do capítulo

Gente o capítulo ta sendo repostado agora por um erro da gente!



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Capítulo XVII: Dama dos Ventos



Uma semana após regressar do Japão, Kammy finalmente foi visitar Shina. Devido a tensão instaurada no Santuário, a Amazona de Ophiucus foi tratada rapidamente pelos cavaleiros no Templo da Cura - também conhecido como Fonte de Athena - e entregue aos cuidados de Cassius:

—Como ela está, Cassius? - a loira perguntou. Se conheciam por alto do Coliseu, mas nunca interagiram.

—Felizmente. O golpe não foi fatal - respondeu o Soldado, cargo recém adquirido, já que não recebera o chamado de nenhuma outra armadura - Aparentemente, o Mestre Aiolia estava contendo seu golpe. Parece que ele não tinha a menor intenção de matar o Seiya.

—Nenhuma mesmo - deu de ombros - Ele é uma Fera Domada, babaca e impulsivo, mas é uma pessoa justa. No fundo, sabia que o Pangaré Alado não tinha feito nada.

—Fera Domada e Pangaré Alado? - o grego riu - Sério? Acaso eu tenho algum apelido?

—Não tenho motivos para te dar um apelido - cruzou os braços - Normalmente, eles só veem para pessoas que eu tenho algum tipo de aversão.

—Entendo… Mas Seiya teve sorte… 

—Por quê?

Ele fez um sinal para que Kammy esperasse e caminhou até um quarto. A loira ousou esticar o pescoço para espiar. Shina dormia serena em uma cama, sem sua máscara. Viu o rapaz cobrindo os olhos com a mão esquerda, enquanto pousava a direita na testa dela, a fim de saber se ela tinha febre. A prima de Camus achou aquele gesto fofo. Ela estava doente e ele era o único que podia cuidar dela, mas, ainda assim, mantinha o respeito perante sua mestra sem máscara. Retornou poucos minutos depois, falando mais baixo:

—Desculpe, mestra Kammy. Precisava verificar se ela estava dormindo, pois não quero que ela saiba o que aconteceu depois que vocês voltaram do Japão - olhou de soslaio para o quarto - Era capaz dela ignorar toda a recuperação para tentar salvar o Seiya.

—Ok, agora você está me assustando. O que diabos aconteceu após nossa volta?

—Assim que vocês voltaram, o Mestre Aiolia literalmente invadiu o Salão do Grande Mestre, o tirando de um estado de meditação e fazendo diversas ameaças. Os dois teriam travado uma luta, mas Shaka de Virgem, ainda não sei por qual razão, surgiu por lá. Eu creio que a senhorita sabe o que ocorre quando dois Cavaleiros de Ouro entram em conflito, não é?

—Uma Guerra de Mil Dias...

—Exatamente… Qualquer mísero deslize, seria o fim ou provocaria uma explosão quase ao nível de um big bang. Ambos estavam concentrados um no outro e, aproveitando-se disso, Arles usou um golpe lendário, passado de geração em geração entre os Grande Mestres, para controlar a mente do Leão.

—Cassius, você… Você está me dizendo que…

—Sim. Aiolia, neste momento, está controlado pelo Satã Imperial.

—Mas… Ele sabe a verdade - sussurrou - Ele sabe sobre a deusa Athena.

—A Mestra Shina falou sobre isso, em meio a seus delírios - lamentou - Também soube, por meio dos outros soldados, que Saori Kido e os Cavaleiros de Bronze estão vindo.

—Então… Minhas suspeitas estavam corretas - sentiu as lágrimas se formarem por trás da máscara, mas as conteve - Dê um abraço em Shina no meu nome quando ela acordar… Eu… Voltarei a outra hora, sim?

—Como queira, Mestra Kammy.

A loira saiu atordoada da cabana de Shina. Ela mesma havia dito a Camus que uma guerra estava prestes a começar, só não imaginou que seria tão rápido. Caminhou por alguns minutos, presa em seus próprios pensamentos e, quando se deu conta, estava no bosque, onde cresceu e treinou junto a Misty. Encarou a Torre dos Ventos, artefato que ela odiou por muitos anos, mas que passou a gostar graças às palavras de Crystal antes de duelar com Satrina pela Armadura de Cervo. Queria um dos dois naquele momento, pois apenas eles compreenderiam sua dor e seu medo:

—O Senhor Camus não me compreenderia - murmurou, tirando a máscara e secando as lágrimas - Ele me chamaria de fraca para baixo.

Ficou rodando a máscara no dedo e pensando em tudo. Será que, se não fosse a interferência de Zephiros, algum dia ela chegaria ao Santuário? Será que Misty ainda a treinaria ou isso ficaria a cargo de sua mãe? E como seria se seu pai jamais tivesse traído o Santuário? Talvez as coisas fossem diferentes, mas ela não tinha como saber:

—Talvez o Didier perca a vida nessa guerra… - olhou para o lado, como se visualizasse alguém falando - “Mas são apenas Cavaleiros de Bronze”, vocês dizem. E, de fato, são apenas Cavaleiros de Bronze, mas eles evoluem a cada combate. “Mas é impossível que eles derrotem os Cavaleiros de Ouro”, vocês insistem. Eles têm a deusa em pessoa a seu lado guiando-os as vitória certa - suspirou - Talvez eu também morra, mas isso não importa…

Por fim, respirou fundo, colocou a máscara e retornou para a Casa de Aquário. Chegou a morada ainda atordoada e agradeceu silenciosamente por usar aquela máscara. Camus estava andando de um lado para o outro, parecia mais inquieto que ela:

—O que houve, senhor? - a loira perguntou, o tratando formalmente por impulso, já que não sabia se havia soldados de Arles por perto.

O guardião da casa olhou para os lados e fez um sinal para que ela o seguisse. Ela o acompanhou até uma área usada para treinos. Observou-o retirar a camisa  e pegar algumas bandagens em um canto, enrolando-a nos braços:

—Eu percebi que nunca treinei com você - ele falou despreocupado, enquanto prendia uma das bandagens no braço direito - Bom, nunca é tarde, não é mesmo?

—Hã? Eu não…

—O que foi? - ele a olhou com um leve sorriso sob o semblante normalmente carrancudo - Você sempre se declarou forte e especialista em eliminar traidores. Te chamam de Damas dos Ventos na parte baixa… Alguém com tantas alcunhas poderosas pode muito bem fazer um treino físico com um Cavaleiro de Ouro, não acha?

Por fim ela percebeu. Havia algo nas entrelinhas. Não era um simples treinamento de luta, mas sim uma conversa e das bem sérias:

—Não só um treinamento, Mestre Camus - respondeu, começando uma série de alongamento - com o terror psicológico certo, eu posso até eliminar um.

—Sem prepotência no meu dojo, mocinha.

—Não é prepotência: é um fato, mon ami. - riu - Vocês, Cavaleiros de Ouro, costumam ser muito confiantes em seu poder

A loira tirou as sandálias e entrou no tatame. Ela e Camus assumiram posição de luta, se encararam por alguns instantes e avançaram, chocando os punhos:

—Hm… Nada mal - o francês falou

—Pare de se segurar, Senhor Camus - ela aprofundou mais o golpe, se aproximando o suficiente para lançá-lo longe - Você me chama para treinar, mas resolve me tratar como sua doce priminha de cinco anos.

—Você já deixou de ser essa doce criança há anos. 

—Fico feliz que tenha percebido.

Camus se aproximou, disparando uma série de socos rápidos. A loira se esforçava para defendê-los, até que encontrou o olhar do primo. Um olhar tenso e preocupado. Deixou-se atingir e, nisso, perdeu a máscara:

—Olha só o que você fez - ergueu o rosto - Acho que serei obrigada a parar de me segurar também, priminho.

Ele não disse nada, apenas fez um sinal para que ela se aproximasse e ela o fez. Iniciaram uma sequência rápida de socos e chutes, que os ajudavam a ocultar suas vozes:

—O Mestre Arles enviou Máscara da Morte aos Cinco Picos Antigos para matar o Mestre Ancião - Camus começou a falar - Ele perdeu totalmente as estribeiras

—Primeiro ele envia Aiolia para eliminar os Cavaleiros de Bronze e agora… - esquivou de um golpe e direcionou outro no rosto do dourado, acertando-o em cheio - desculpe - prosseguiu - Sim, são apenas Cavaleiros de Bronze, mas foram capazes de derrotar valorosos guerreiros. Ele está louco! O que o controlava antes?

—Aquela garota, Sammyrah de Perseu - devolveu o golpe, sem se desculpar.

—Houveram boatos sobre eles dois, mas eu nunca acreditei que…

—Boatos sobre um possível romance não me interessam - ele a pegou pelo braço e lançou-a no chão, observando-a se levantar e vindo novamente para cima dele. Tornaram a trocar uma série de socos - Eu sou alguém que analisa os fatos friamente. Sammyrah de Perseu também é Tatiana Romanova. Ela passa seis meses no Santuário e seis meses em Paris. Certamente, recebeu diversos treinamentos e estudos, incluindo algum sobre articulação militar. Some isso a um treinamento bélico para Cavaleiro e dons herdados de antigas tribos nórdicas. Pronto: temos alguém perfeito para articular ataques contra aqueles que se opõe a quem governa.

—Eu cheguei a cogitar isso, mas achei que era porque passei tempo demais lendo “A Arte da Guerra”.

—Isso prova que você entendeu alguma coisa do livro - lhe aplicou uma rasteira - Se ela fez isso por amor ou  apenas porque é uma cobra ardilosa não sei. O fato é que: desde que ela começou a andar com o Shura, ele ficou mais e mais dissimulado.

—Chame minha mente de romancista e adolescente se quiser, Didier - aproveitou que estava no chão e usou as pernas para derrubá-lo, ficando de pé em seguida - mas ela tinha algum tipo de sentimento por ele sim, porém percebeu que não ia dar em nada, por isso se aproximou do senhor Shura - observou o dourado ficar de pé e avançar sobre ela, que defendeu o golpe, já estava começando a ficar ofegante - Isso o irritou de alguma forma. Ou acha mesmo que, com uma guerra se aproximando, ele deixaria um dos poucos Cavaleiros de Prata que sobrou partir para seu castelinho imaginário? Sammyrah pode não ter grande força física, mas a força psíquica dela foi capaz de jogar o Aiolia de uma ponta a outra do Coliseu. Fora o Escudo da Medusa, capaz de transformar qualquer um, independente do poder bélico, em pedra.

—Ela não tem força física, mas você… - ele segurou o punho da prima e sorriu - Chega por hoje. Obrigado pelo treino… - falou ofegante - Me ajudou a espairecer.

—Mas você estava se segurando - resmungou, se jogando sentada no tatame.

—Não mesmo - abaixou e lançou a máscara para ela - Você realmente me cansou. Digamos que, fisicamente, você é superior a mim. Quando essa balbúrdia acabar, quem sabe eu não treine com você na arena?

—Eu aguardarei ansiosamente esse dia

De repente, um barulho forte foi escutado e uma pressão no ar foi sentida. Os dois cavaleiros correram para a janela do Dojo e observaram um jato cruzar o céu acima do Santuário. Parecia prestes a pousar:

—Aviões são incapazes de sobrevoar essas terras - o aquariano falou - O que será que…

—São os Cavaleiros de Bronze - Kammy indagou, colocando a máscara sobre o rosto - Melhor nos apressarmos em vestir nossas armaduras. A guerra vai começar.

 

Minutos após um forte barulho passar acima do Zodíaco Dourado, Arles mandou chamar todos os Cavaleiros de Ouro que estavam no Santuário. Kammy estava junto a seu primo quando ele recebeu a ordem de subir ao Salão do Grande Mestre com a armadura completa. Como já estava com o traje cerimonial, meneou a cabeça a prima e subiu. Foi o segundo a chegar - obviamente, por questão de proximidade, Afrodite chegou primeiro. 

Em Aquário, a Amazona de Cervo permanecia encostada em uma das pilastras, apenas observando os dourados subirem com pressa, fixando o olhar especialmente em Aiolia, confirmando aquilo que Cassius dissera: ele estava sob efeito do Satã Imperial. Por um instante, lembrou do semblante de Crystal da última vez que o viu, mas logo desconsiderou, pois mais um cavaleiro de Ouro se aproximava, entretanto, todos os que haviam no Santuário já tinham passado:

—Alto aí… - falou desencostando da pilastra, bloqueando a passagem e assumindo uma posição de ataque - Existem 8 Cavaleiros de Ouro neste Santuário. Seis pediram passagem, um saiu daqui e, o outro, protege a casa seguinte, ou seja, identifique-se, se não quiser bater um papo com o Barqueiro do Inferno.

—Bem que me avisaram que a assecla da Casa de Aquário era tão geniosa quanto seu guardião - o homem sorriu, retirando o elmo. Tinha cabelos cor de lavanda e olhos doces - Eu sou Mu de Áries.

Se Mu pudesse ver os olhos da Amazona, estes estariam arregalados. Ela virou a cabeça para os dois lados e se aproximou:

—Eu soube que está do lado de Athena… Por q-...

Ele colocou um dedo sob os lábios prateados da máscara e ela entendeu que não era seguro falar. Em seguida, uma voz ecoou em sua mente:

Saori e os Cavaleiros de Bronze estão sendo lentamente guiados por Tremy de Sagitta até o Zodíaco Dourado, dando voltas e mais voltas sem nenhum rumo certo, por hora… Essa reunião de Arles é apenas um disfarce— ele a olhou sério - Por favor, não pense em descer e se expor da forma que quer. Sei que essa batalha não faz sentido para você, mas tudo sempre tem um propósito. 

Kammy apenas meneou a cabeça e abriu caminho para o ariano, mas foi surpreendida quando ele virou e partiu pelo mesmo caminho que veio. Percebeu uma calma sem igual vindo dele. Ainda preocupada, recostou-se novamente a pilastra e começou a rezar baixinho.


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