Primeiro, eu matei o meu pai... escrita por Myu Kamimura, Madame Chanel


Capítulo 14
Capítulo XIII




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Os dias iam se passando e a relação que Sammyrah com Shura ficava cada vez mais intensa. Afrodite não via aquilo com bons olhos, mas conseguia dormir mais aliviado ao vê-la menos obcecada com Arles:

É uma paixão infantil e sem fundamento – pensava o Pisciano, durante mais uma rodada de treinamento com a ruiva – espero que, logo mais, ela esqueça isso por completo.

Sim, devido à proximidade com o capricorniano, a discípula de Afrodite reduziu as idas ao Salão do Grande Mestre, deixando ao cargo de Píton toda manobra contra os cavaleiros de bronze traidores - a última investida com Shina, Jamian, Capela e Dante ainda não tinha dado retorno. Contudo, ainda estava obstinada em conseguir uma armadura. Outra coisa que seguia igual eram as fofocas. O nome da ruiva ainda passava de serva em serva como "a principal vadia do Mestre Arles" e não demorou a chegar aos Cavaleiros de Ouro. Alguns apenas ignoravam, outros repreendiam a fofoca e, alguns, a aceitavam. Esse era o caso de Aiolia, que assim que chegou a arena e viu a ruiva treinando com Afrodite, torceu a cara:

—Alguém, por acaso, sabe da Marin? - o leonino questionou em voz alta, enquanto ajustava bandagens nas mãos.

Sammyrah, que estava numa espécie de pausa, se aproximou do capricorniano que deu um beijo no topo de sua cabeça:

—A passarinha debandou-se pro Oriente e não voltou, mestre Aiolia – a discípula de Afrodite respondeu tranquila, enquanto alongava-se apoiada no ombro de Shura.

—Suspeito que o Mestre Arles está acusando-a de traição, não é?

—Certamente, mas isso são assuntos do 13º templo… - A ruiva desconversou

—Aiolia você não parece bem inteirado dos possíveis traidores do Santuário, não é? - questionou Milo, que também se exercitava por ali. Adorava provocar o leonino, que tinha pavio curto e, por alguma razão desconhecida, nunca foi com a cara da discípula de Afrodite.

—Fico pensando como que uma reles aprendiz tem tanta informação privilegiada – se aproximou, ignorando Milo dessa vez – coisa que nem eu, como Cavaleiro de Ouro sei – virou o olhar para o hispânico – Você sabe que sua namoradinha anda tendo muito mais que simples reuniões com o Mestre Arles?

—Minha namorada anda o quê? - O espanhol cruzou os braços, sem levar o Leão a sério – Sinceramente não sei o porque um Cavaleiro de Ouro dá ouvidos a fofocas de servas.

—Nunca pensei que você, Shura, fosse do tipo que curtisse ser corneado.

—Aiolia… não sei se você percebeu, mas já está passando dos limites – Afrodite se enfiou no meio da discussão, mas aquilo não freou o irmão de Aiolos

—Agora eu to curioso – Ele colocou as mãos na cintura provocador e seguiu – Como que funciona isso? Tipo, ele come ela de segunda a sexta e você aos sábados e domingos ou ele só te libera ela quando você é um bom cavaleiro?

A cena a seguir foi de pavor. O cosmo de Sammyrah chegou a  níveis que ela nunca havia atingido, pegando Aiolia com a guarda baixa. Ela sabia que seria fisicamente incapaz, por isso, desestabilizou-lhe a mente, confundindo-o e acertando um soco preciso em seu estômago. O cavaleiro de Leão foi lançado sob as arquibancadas, levantando incrédulo ao perceber o que aconteceu:

—Como diabos ela…

—Exatamente! COMO O DIABO!

A ruiva já estava próxima, dessa vez lançando-o com um chute para o centro da arena. Shura assistia a tudo com os braços cruzados com um leve sorriso, Milo gritava palavras de incentivo a ruiva, enquanto Afrodite se desesperava a cada golpe da ruiva:

—Ele vai te matar quando isso acabar – gritou o Pisciano.

—Não se eu acabar com ele antes, Mestrinho – sorriu sadicamente – ele vai aprender a não ofender mulher nenhuma!

—Isso aí, Sammyrah! - Milo gritava, com se estivesse em uma partida de futebol - Dá a surra que esse Bichano Pulguento merece.

Sammyrah seguia com sua sequência de golpes físicos e psíquicos com tanto ímpeto, que não viu a aproximação de Arles. O patriarca ainda assistiu um pouco da peleja, antes de interromper:

—Eu posso saber que algazarra é essa aqui?

—Eu sabia que ele ia aparecer – Aiolia falou rindo, enquanto se levantava cuspindo sangue – A discípula do Afrodite…

—VAI! FALA PRA ELE AS MERDAS QUE VOCÊ TAVA ME FALANDO, SEU GATINHO VIRA LATA! - A ruiva ia avançar nele mais uma vez, mas Shura a segurou com força pelo braço

—Sammyrah foi ofendida, Mestre Arles – Shura falou, enquanto puxava a namorada que ainda se debatia para perto de si – Ela estava apenas exigindo  desculpas do cavaleiro de leão…

Arles, que internamente estava rindo bastante da situação do leonino, que estava se apoiando em Shaka de Virgem, que normalmente era sério, mas aparentava segurar o riso, respondeu:

—Aiolia, pare de se comportar como uma criança e respeite os aprendizes. Como pôde sentir na pele, às vezes eles podem nos surpreender… - O mestre virou e saiu andando – Enviarei uma carta com uma punição de acordo…

Quando o mestre saiu da vista, já se podia ver alguns cavaleiros rindo timidamente e outros nem tanto:

—Bem minha Rosa, parabéns! Acho que depois de tirar sangue do Leãozinho, você subiu no conceito da cavalaria, viu? - Afrodite disse rindo, vendo o Leão, amparado pelo indiano, sair mancando.

Sammyrah se alongou enquanto ouvia os elogios de Milo e via Shura observar atento a movimentação na arena em torno do acontecido. Talvez aquilo lhe rendesse bons pontos. 

 

Horas mais tarde, Afrodite recebeu um comunicado de Arles. Estranhou, pois normalmente o Mestre do Mal enviava um soldado ou serva para chamá-lo, por isso abriu depressa. Era uma convocação para ele e Sammyrah, ao meio dia seguinte na arena, o que deixou o pisciano extremamente apreensivo:

—Será que a ruiva se deu mal dessa vez? - respirou fundo, começando a ocupar sua mente com I Got You Babe— Não vou revelar nada disso para ela. Amanhã descemos normalmente como se fossemos treinar…

No dia seguinte, a rotina de Peixes foi normal. Acordaram, fizeram sua refeição matinal… Mas o guardião da casa não conseguiu ficar passivo ao que poderia acontecer:

—Tatia… - ele bateu à porta do quarto dela – posso entrar?

—Claro Dite. Está aberta – respondeu – Estou terminando de amarrar os espartilhos.

—Queria ter forças para treinar com isso – riu – Então… Eu tenho uma coisa pra te contar.

—O quê?

—Ontem a tarde eu recebi uma convocação do mestre Arles.

—Alguma missão?

—Não… Fui convocado a comparecer hoje, ao meio dia, no Coliseu… Junto com você.

—Ah deuses, eles vão me fuzilar!

—Não seja tão dramática - ele deu uma leve risada, tentando disfarçar o nervosismo - Até porque, os Cavaleiros de Athena não estão autorizados a usar nenhum tipo de arma, sobretudo, as de fogo.

—Bom, isso é, mas… você acha que serei punida?

Ele apenas balançou a cabeça positivamente. A ruiva deu de ombros e começou a trançar os cabelos:

—Se for para ser punida, que ao menos eu esteja bela, não é?

Eles desceram até o Coliseu e se depararam com quase toda a cavalaria ali presente, inclusive Arles, que estava no púlpito ao lado de uma urna.

—Bem, venho aqui em uma consagração extra, graças aos eventos fatídicos de ontem de manhã… 

—Uma consagração? - um leve burburinho começou entre os presentes - Mas assim, sem combate ou prévio aviso?

—Sim. Irei consagrar mais uma amazona de prata: Sammyrah de Perseu!

A ruiva ficou totalmente pasmada, idem a Afrodite, que não esperava que aquilo fosse acontecer, até porque o Cavaleiro de Perseu mal tinha acabado de morrer. Achou a atitude de Arles deveras indecente, além de temer o que ele queria em troca. O burburinho no Coliseu também tomou outra proporção. Algumas Amazonas gritavam em revolta - destaque para uma enfurecida Ellen que, literalmente, subiu nos ombros de um soldado, a fim de chamar a atenção do Patriarca:

—Essa garota não tem poder para envergar uma Armadura de Prata, excelência! Na verdade, não tem poder para armadura nenhuma.

—Eu apenas estou transmitindo o que as estrelas estão dizendo, Ellen de Lebre. 

—Me perdoe por questionar o julgamento das estrelas, Mestre Arles, mas… - Shaka de Virgem, que estava na frente com os demais cavaleiros de ouro ergueu a mão e interpelou - Isso não tem nada a ver com o fato da jovem ter causado algumas luxações no cavaleiro Aiolia de Leão ontem. Tem?

Arles inspirou profundamente:

—Sammyrah, por gentileza… - ergueu o olhar para ela - aproxime-se, por favor.

A ruiva o fez, ajoelhando em reverência:

—Aqui estou, meu Grande Mestre.

—Levante-se e vista sua armadura

Ela não precisou ler a mente de Arles para saber o que ele queria provar. Outra pessoa cogitaria uma armação, mas não ela. Sammyrah confiava nele. Elevou o cosmo e viu a urna abrir totalmente. Algol era mais alto e, obviamente, mais másculo que ela, porém a armadura pareceu ajustar-se a seu corpo perfeitamente. O escudo estava devidamente acoplado às costas, sem risco de petrificar ninguém:

—E agora? - perguntou em um tom suave

—Dê dois passou para a frente.

A ruiva não apenas deu os dois passos, como começou a alongar o braço direito:

—Obrigada pela preocupação, Grande Mestre… A armadura coube perfeitamente em mim e pesa quase o mesmo que uma pena.

—Pois bem - Arles ergueu a mão, apontando para ela - Como todos vocês sabem, se ela não fosse escolhida, seria incapaz de suportar o peso da armadura. Que todos saúdem Sammyrah de Perseu.

As palmas foram secas e forçadas, mas fez com que a ruiva sorrisse por baixo da máscara, principalmente quando Shura lhe lançou um beijo. O Mestre do Mal também viu a cena, ficando cheio de raiva. A multidão começou a se dispersar, quando a ruiva saltou do elevado diretamente para os braços de Shura: 

—Meus parabéns, minha linda.

—Obrigada… Se eu soubesse que bastava dar uns sopapos no Aiolia para ganhar a minha armadura, já teria feito isso a muito tempo.

—Boba - acariciou-lhe os cabelos - O que acha de comemorarmos essa elevação de patente com um piquenique no lago mais tarde?

—Excelente ideia Cariño! - Ela sorriu, sendo levada pela mão por Afrodite, que andava com ela abraçada.

 

O caso de Sammyrah e Shura estava causando certo desgosto no mestre Arles, pois a ruiva passou a dar menos atenção aos planos de dominação mundial e problemas dele. Não deixava de fazer o trabalho, mas a parte favorita de Arles, que era manipular o interesse dela, diminuía cada vez mais.

—Aparentemente ela arrumou alguém pra dar conta não é? Maldito Shura! Sempre se metendo onde não é chamado - Pensou o mestre dando um soco no braço do trono.  

As servas eram boas de cama, mas o que ele queria mesmo era a virgenzinha apaixonada. Já teria conseguido, se seu lado bom não o impedisse de provar. Após aquela cena no Coliseu, a obsessão de Arles por ela o tomou por completo, levando a usar o Satã Imperial contra Brida, para que ela fosse seus olhos, sem levantar qualquer suspeita.  Ele tinha que saber o que Sammyrah tanto fazia, que não o correspondia mais. Já quase no fim da tarde, Brida finalmente flagrou uma cena diferenciada em um dos lagos. Shura estava sentado sobre uma toalha xadrez e a ruiva estava de joelhos rindo, enquanto ele beijava seu pescoço e parecia bastante empenhado em desamarrar a parte de cima de seu bíquini. Ambos usavam roupas de banho. Arles naquele momento sentiu o sangue ferver, não só por vê-la naqueles trajes, mas pois quem devia fazer aquilo era ele. Sammyrah era sua propriedade e não um deleite para um cavaleiro de ouro qualquer.

 

Ao fim daquele dia, Shina trouxe a Píton a notícia de que Jamian, Capela e Dante também falharam. Arles já havia deixado claro que aquela seria sua última chance. Desesperado, resolveu apelar. Com a morte de Guilty, a fraca barreira que mantinha os Cavaleiros Negros presos a Ilha da Rainha da Morte ruiu, possibilitando a comunicação com o mundo externo. Piton encheu-se de coragem e foi até a ilha, fazendo uma proposta a Jango, seu novo líder: caso ele eliminasse os Cavaleiros de Bronze, seriam perdoados pelo Santuário de todo e qualquer ato criminoso que tivessem cometido até o momento, sendo, inclusive, considerados parte do exército de Athena. O atual líder dos cavaleiros renegados jurou vingança a Ikki, quando este deixou a Ilha e se uniu aos Cavaleiros de Bronze, então aceitou a proposta do comandante:

—Fênix tem um orgulho maior que ele… Basta atraí-lo com uma promessa de batalha. Quanto aos outros, virão atrás, achando que ele quer se unir a nós novamente.

 

Ao regressar ao Santuário, Arles o chamou. Queria um parecer sobre a missão dos Cavaleiros de Prata. O comandante estranhou a presença de Brida e não de Sammyrah ao lado do Grande Mestre:

Talvez, agora que a ruiva é Amazona, não tenha mais a mesma graça— ele pensou.

—ONDE VOCÊ ESTÁ COM A CABEÇA?! - Arles gritou, o tirando o devaneio - EU QUERO SABER ONDE VOCÊ SE ENFIOU, QUE TIVE QUE SABER ATRAVÉS DA BOCA DE UM TERCEIRO QUE JAMIAN ESTÁ MORTO?!

—E-eu… Eu fui até a Ilha da Rainha da Morte, senhor.

—E o que você foi fazer naquele pulgueiro? Não me diga que estava tão desesperado a ponto de se aliar a eles…

—E-e-eu….

Arles estava zombando do comandante, mas ao ver o suor escorrer por sua testa e a gagueira aumentar, percebeu que ele havia realmente feito aquilo:

—SEU IDIOTA! - lançou um raio de energia - VOCÊ NÃO TINHA UMA IDEIA MENOS ESTÚPIDA NESSA SUA CABEÇA OCA?! 

—S-s-sei que minha decisão foi tola, mas aqueles rapazes já derrotaram muitos guerreiros valiosos. Conversei com o líder dos Cavaleiros Negros e ele não passa de um babaca manipulável. É um terroristazinho de quinta categoria que acha que pode dominar o mundo. Basta eliminá-lo quando ele liquidar os cavaleiros de bronze…

—Se ele os eliminar, não é mesmo? - A frase foi dita por Sammyrah, que entrou sem pedir licença no Salão do Grande Mestre, trajando a Armadura de Perseu completa - Dá pra ver que o Gigars foi seu mentor, Píton… Você é tão estúpido quanto ele. Aliás, que fim levou o Velho Manco?

—Foi encontrado morto nos arredores do Santuário - o comandante respondeu - Os Cavaleiros do Templo da Cura disseram que ele sofreu um tipo de ataque psíquico, que foi demais pro corpo velho dele, liquidando-o em segundos. Sabemos o culpado.

—Sabem?

—Sim… Ikki de Fênix.

—Chega de falatório - Arles os interrompeu - Sua sorte foi Sammyrah aparecer, Piton, pois eu ia acabar com a sua raça. Saía daqui imediatamente!

—S-s-sim, senhor.

—Você também, Brida.

A loira o reverenciou saiu em silêncio. Sammyrah estranhou, pois ela sempre lançava uma piadinha quando se tratava dela ficar a sós com Arles. A serva também estava apática e magra, parecendo um cadáver vivo. Algo estranho estava acontecendo, mas a Amazona de Perseu decidiu ignorar por hora:

—Eu juro que sequer estava tentando invadir sua mente - falou, olhando para o Grande Mestre - Estava fazendo algumas lições de botânica com o Afrodite quando ouvi seu cosmo me chamando. Quando cheguei e flagrei você falando com Píton, entendi tudo…

—Eu… - atirou a máscara e enfiou as mãos nos cabelos - Preciso de sua ajuda.

Ela se aproximou, ajoelhando aos pés do trono e, após alguns segundos de hesitação, ousou-lhe tocar o lado esquerdo da face. Por um instante, a ruiva poderia jurar que viu aquele Saga doce e bondoso que conheceu quando chegou ao Santuário, o Saga que seu coração infantil idealizou para si como seu futuro esposo, mas foi apenas por um instante. Ele tirou a mão dela e ficou de pé, a encarando com os olhos avermelhados:

—Eu vi seu cosmo. Vi o que foi capaz de fazer a um Cavaleiro de Ouro… - segurou-a pelos ombros - Preciso que me ajude a causar uma catástrofe na Ilha da Rainha da Morte.

—Eu não sei se…

—Você é capaz sim, minha bruxinha… É uma ilha vulcânica… Podemos varrer aqueles lixos que se dizem cavaleiros com um pouco de lava - tomou-lhe uma das mãos - fora que, acho que enfim poderá se vingar do único dos seus sequestradores que escapou… Ou melhor, da única sequestradora.

Sammyrah voltou no tempo, no dia em que soube o que eram os Cavaleiros. Ainda tinha na mente o rosto e o nome da mulher indiana que tentou levá-la para Zephiros. Se não fosse por Afrodite, hoje talvez ela estivesse naquela Ilha Maldita:

—Vamos fazer - respondeu com ar de sorriso na voz - Mas preciso de um terreno sagrado… Onde nada e nem ninguém possa nos interromper.

—Eu sei onde te levar.

Arles a auxiliou na subida de Star Hill, o local sagrado onde o Grande Mestre lia o destino do mundo nas estrelas:

—Esse lugar é realmente perfeito… - a ruiva indagou, sentando no chão pedregoso do local - Me dê as mãos e se concentre no vulcão… Unicamente nele. Nossos cosmos precisam estar em sintonia para que tudo dê certo.

—Ok.

Quando enfim sentiu que sua cosmo-energia se alinhara a de Saga, Sammyrah começou a falar uma língua estranha, que o Grande Mestre foi incapaz de decifrar. Por fim, conjurou:

—Que toda a energia do ódio e da raiva que existe na Ilha da Rainha da Morte ferva com a fúria de todos aqueles que ali morreram. Que venham todas as almas infelizes do inferno e coloquem para fora todos os seus ressentimentos!

Um feixe de luz saiu do meio dos dois e subiu aos céus. Em seguida, Sammyrah caiu desmaiada sobre as rochas.

 

***

 

Saori, Hyoga e Shun, além dos três cavaleiros de Aço, estavam apreensivos na sala de espera do Hospital GRAAD, onde Seiya estava em observação desde a luta com Jamian. O rapaz se salvou graças a Ikki, que correu com ele para o hospital, mas partiu em seguida, alegando que tinha algo para resolver em outro lugar. Quando finalmente tiveram permissão para ver Seiya, Saori teve um mau pressentimento em relação ao Cavaleiro de Fênix. Ordenou ao Cavaleiros de Aço que fizessem algumas investigações, enquanto ela e os demais conversavam com o Pegasus. Minutos depois, a confirmação veio:
—Ushô foi de helicóptero até a Ilha, interceptou um Cavaleiro Negro e ele falou tudo - Shô, o mais velho dos Cavaleiros de Aço relatou a deusa - Ikki está na Ilha para lutar com Jango, que se tornou o líder após a morte de Guilty. Dizem que o Ikki os traiu quando veio para seu lado, Saori-san.

—E essa agora...

—Eu… O Ikki me salvou - Seiya se manifestou, saindo da cama - Mesmo ferido, eu vou até a Ilha ajudá-lo.

—Seiya - Saori falou - Você não…
—Desculpe, Saori-san… Mas nem Athena pode me impedir de ir ajudar meu amigo.

E saiu correndo, sendo seguido pelos demais e pela própria deusa.

 

***

 

Ikki caminhava em direção ao local que o líder da ilha ficava. Chegou a encontrar alguns cavaleiros de baixo nível, mas sequer perdeu seu tempo com eles. Seu objetivo era Jango, apenas ele e nada mais. Ele jurou nunca mais pisar na Ilha, mas seu orgulho não permitiria que ele vivesse com o estigma de traidor - mesmo que fosse por parte dos Cavaleiros Negros. Foi quando avistou uma flor e lembrou da doce e meiga Esmeralda. Se não fosse por ela, talvez ele fosse um lixo sanguinário como muitos que viviam naquela ilha. Decidiu recolher a flor e levá-la ao túmulo da amada. Infelizmente, Jango o interceptou no caminho, se gabando por ter toda a cavalaria negra a sua mercê - o que pareciam ser três cavaleiros e um dos ex-subordinados de Ikki, Ritahoa, o Fênix Negro.

Os Cavaleiros de Bronze, juntamente com Saori e os Cavaleiros de Aço chegaram a ilha da Rainha da Morte de helicóptero, auxiliando Ikki na batalha, que ocorreu sem problemas, apesar de que Saori ainda sentia algo maligno naquele local e ela estava certa. Quando Ikki deu o golpe final em Jango, um raio cruzou os céus, atingindo diretamente o vulcão, que entrou em erupção naquele momento:

—Mas… Esse vulcão estava adormecido há séculos - Ikki falou em desespero.

—Não é a natureza!  - Shun exclamou - A Saori-san falou e, agora, eu também estou sentindo: tem algo maligno tentando acabar com essa Ilha… Como se almas ressentidas tivessem vindo se vingar.

—Deuses! Nós vamos morrer aqui - indagou o Cisne - Temos que fugir!

—Eu não vou deixar o túmulo de Esmeralda sumir! Não posso…

A fala de Ikki, por alguma razão, fez o Vulcão voltar a dormir. Os cavaleiros olharam para trás e viram Saori, em toda sua glória de Deusa, ao lado dos Cavaleiros de Aço:

—Apenas o poder do verdadeiro amor pode superar o ódio… - a deusa falou - É isso que Esmeralda significa. A maior pureza de seu coração, Ikki.

 

Finalmente, o Fênix pôde visitar o túmulo da amada e depositar uma das flores que ela tanto amava. Os demais o acompanhavam a uma respeitável distância:

—E agora que Jango se foi… - Shun começou, ao ver o irmão se aproximar - Você ficará aqui, Ikki? Você será, novamente, o líder dos Cavaleiros Negros?

—Não…  Eu concordo que eles precisam de um líder justo, mas eu estou longe disso… Porém, acho que conheço alguém apto ao cargo. Me esperem aqui.

Ikki correu até os campos de flores. Esmeralda o apresentou àquele lado da ilha pouco antes de morrer. Queria mostrar para ele que coisas belas e amorosas podiam brotar mesmo em um solo infértil e cheio de ódio. Quando passou ali mais cedo, notou em um jovem cavaleiro de cabelos alaranjados, talvez da mesma idade ou um ano mais novo que ele, que fazia uma coroa de flores e colocava em um túmulo que havia ali - algo incomum na ilha, que normalmente jogavam seus mortos no vulcão:

—Ei, garoto!

—Quem me… - ele se concertou, curvando o corpo meio desajeitado - Senhor Ikki de Fênix. É uma honra que-...

—Corte esse papo. Primeiramente, me diga seu nome.

—Eu sou Notus, senhor… Notus, o Cervo Negro.

—Pois então, Cervo Negro, percebi que você é um rapaz jovem, calmo… Dará um bom líder para os Cavaleiros Negros.

Por fim, o Fênix renunciou a liderança, anunciando o jovem Notus, que prometera ser um líder justo, sem haver a necessidade de uma nova barreira isolando a ilha. Assim, um acordo de paz com os Cavaleiros Negros foi finalmente selado.


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Notas finais do capítulo

Socar o Aiolia faz bem para a alma e para o coração



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