Uma Era de Krakens e Lobos escrita por L R Griwich


Capítulo 3
Balman




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Enquanto Meistre Balman caminhava em direção à mesa, os membros do Pequeno Conselho o encaravam com relutância. Sabia que estava atrasado. A Mão, Lorde Kork Sainter, presidia o conselho, e estava vestindo seu gibão ciano característico, com um leve pano escuro por cima da roupa. Estavam presentes junto a ele Hoster Blackwood, Mestre de Guerra (Bran Stark tinha transformado o antigo cargo de "Mestre dos Navios" em "Mestre da Guerra"); Hern Stokeworth, Senhor Comandante da Guarda Real; Carlic Payne, Mestre da Moeda e Baner Hightower, Mestre dos Sussurros. Antes mesmo de sentar-se, já sabia qual era o tema discutido.

— Perdoem-me, meus Lordes, pelo meu atraso – disse o meistre.

— Não há problema, Meistre Balman – respondeu Blackwood.

— Bom, espero que todos já saibam, mas se não, é bom que fiquem sabendo – iniciou Kork          Sainter – Rei Brandon, O Quebrado, está morto. Morreu na madrugada de hoje. A causa é desconhecida, uma lástima.

— Por enquanto, meu Lorde – relutou Balman (teve de tirar coragem sabe-se lá de onde para dizer aquilo).

Estava claro na sala, o sol perfurava a Fortaleza Vermelha, e seus raios penetravam até refletirem no chão do aposento. Fora do castelo, Porto Real vivia um dia comum, um pouco agitado, mas comum. Já dentro da fortaleza, cada palavra em falso custava-lhe o pescoço.

— Sem dúvidas, meistre – continuou Sainter – espero que a causa seja confirmada o quanto antes.

Tão falso quanto pena de dragão. Balman pensou.

— O Rei está morto, isso é um fato – Carlic Payne iniciou – outro fato é que estamos sem rei. Devemos nos decidir logo. As paredes dessa fortaleza têm ouvidos e bocas.

— Era desejo de Bran que o Pequeno Conselho escolhesse um novo rei, e assim deve ser feito – afirmou Balman.

— Pelo que sei, ninguém além de nós sabe que o rei falecera – Baner Hightower falou pela primeira vez.

— Inevitavelmente os soldados saberão, uma hora ou outra – explanou Sainter – Concordo com todos. Era desejo do rei que este conselho estivesse reunido, estamos sem rei e ninguém além de nós sabe. Tudo isso é fato. Porém, não acho que devamos escolher um rei, pelo menos não agora.

As cabeças de todos os presentes viraram-se para Lorde Sainter. Até mesmo Stokeworth, que detestava assuntos sobre a política, virara-se e parecia começar a prestar atenção.

— Perdoe-me, Lorde Sainter – Payne interrompeu – como assim? Não teremos rei?

— Escolher um novo rei agora seria dizer para todos de que Brandon morreu. Brandon era um inútil, mas era a única coisa que mantinha o reino unido. Os Greyjoys e os Martells só não marcharam para Porto Real até agora por não quererem quebrar o acordo que fizeram 40 anos atrás – além disso, isso criaria uma guerra entre o Norte e as Ilhas de Ferro (deveras indesejada) – o Norte perderia a simpatia por Porto Real se soubesse que Bran morreu, não haveria porque manterem-se pacíficos - e nisso Kork Sainter tinha razão, e continuou:

— O Pequeno Conselho deveria governar de forma regente, sem que ninguém saiba. Para o resto do reino, quem estará governando será Bran, O Quieto.

Inteligente. Muito inteligente. Como não pensei nisso antes? Sainter é mais astuto que imaginei.

Balman tinha congelado com a ideia de Lorde Sainter, não é que não achasse bom, é que não queria.

— Pode funcionar – retrucou Balman – mas uma hora ou outra todos deverão saber que Brandon morreu. O conselho não pode governar para sempre, nem Bran pode governar para sempre, e... –

— ... e quando essa hora chegar, Meistre Balman – interrompeu Sainter -  será a hora que o reino estará estável. A atual conjuntura não permite tal erro, palavras do próprio rei.

Não tenho o que dizer. Tudo o que posso fazer é concordar. Malditos sejam os Sete.

— Talvez de fato essa seja a melhor solução – concordou Payne – o que os outros acham?

De um por um, todos concordaram, até Balman, de forma relutante.

— Agora, se me permitem, meus Lordes, trago sussurros do leste – disse Hightower.

— Notícias de Arthur Rosby? – perguntou Kork.

— Sim. Foi encontrado carbonizado por um de seus escudeiros. Perto de Volantis.

— Havia mais alguém com ele? – Hoster Blackwood mostrou-se interessado.

— Não. Apesar de haverem algumas casas abandonas ao redor.

Os membros do conselho trocaram olhares, assustados.

— Alguma hipótese, Lorde Hightower? – indagou Sainter.

— Alguns dizem sobre um ataque dothraki. Eu não acho que seja provável, os dothraki há muito não atacam. Outros tratam como um assassinato por parte dos Greyjoys.

— Improvável – interrompeu Stokeworth – se os Greyjoys querem nos prejudicar, mirariam seus canhões em nossas bundas, não em cavaleiros em missões.

— Concordo – Lorde Sainter não dava a mínima importância para a conversa.

— Já alguns contam sobre dragões...

— A besta ainda está viva? – perguntou Sainter – a última vez que o dragão da vadia dos dragões foi visto foi há décadas. Como ainda pode estar vivo?

Meistre Balman viu-se obrigado a intervir.

— Dragões vivem mais de 150 anos, meu Lorde. O dragão de Daenerys Targaryen se estiver vivo não deve ter mais que 50 anos.

— Acho extremamente improvável ele estar vivo, mas, se estiver, não deve incomodar – Lorde Sainter nunca vira um dragão, nem acreditava neles. Começou a acreditar quando chegou a Porto Real e viu a destruição, mas mesmo assim, sem muita convicção.

— Talvez esteja certo, talvez não – respondeu Balman.

— Nosso maior problema agora não é um dragão, e sim um kraken. E dependendo de como as coisas caminharem, talvez um lobo – Lorde Sainter se mantinha preso na conversa anterior – Espero que essa reunião tenha ficado clara.

— Sim, meu Lorde – Payne tinha confiança no plano de Kork Sainter.

— Então acho que estamos dispensados.

Quando todos saíram, e Balman foi para o seu aposento, observou o mapa de Westeros. O Norte, As Terras Fluviais, O Vale, As Ilhas de Ferro, As Terras Ocidentais, As Terras da Coroa, A Campina, As Terras da Tempestade e Dorne. Cada uma das regiões com suas particularidades, suas culturas, suas tradições (estranhas, muitas vezes) e seus lordes. Como pode isso tudo se manter unido? Balman pensava. Uma parte do reino já se despedaçou, quanto tempo levará para as outras se despedaçarem? Distraiu-se. Quando voltou a olhar o mapa, estava todo partido. Coisas da sua cabeça.


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