Máscara Omega escrita por MrSancini
25 de Dezembro de 2013, Rio de Janeiro
Ao redor do mundo, a data acima é considerada apenas mais um Natal. Já para os habitantes da cidade, é um dia que jamais seria esquecido. Basta ver qualquer vídeo dos noticiários daquele dia, ou jogue em qualquer mecanismo de busca pelo termo Dia Zero.
Noticiário 1:
—Caos na Zona Norte do Rio de Janeiro. – Começa o narrador. – O chão, em uma região da Zona Norte simplesmente cedeu, afundando e levando casas, carros, prédios e pessoas. Ainda não foi estimado o número de mortos ou desaparecidos, mas a área afetada chega a cinco quilômetros quadrados, e as buscas por sobreviventes continuam, naquela imensa cratera que se tornou a região do Grande Méier.
—Foi tudo muito rápido, eu vi minha mãe cair na minha frente e ela gritou “Corre”, antes de desaparecer, eu fugi o mais depressa que pude. – Conta uma sobrevivente, em meio as lágrimas. Ela tinha feridas pelos braços.
Noticiário 2:
—Natal sangrento pros cariocas. – Começava o reporter. – Não basta o descaso que a população sofre por conta de seus governantes e a covardia dos bandidos, agora o Rio de Janeiro enfrenta uma tragédia. Muita gente perdeu casa, trabalho, família, amigos, no que é um caso sem precedentes. As autoridades decretaram estado de alerta e a assembléia iniciou uma reunião urgente, para decidir como proceder.
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A verdade é que eu só vi esses noticiários dias depois daquele Natal, pois durante a tragédia, eu acabei ferida e acordei alguns dias depois, sem saber onde estava ou o que aconteceu. Somente então, andando pelas ruas pude ver o que aconteceu numa totalidade, e que eu não tinha mais onde viver na cidade.
Felizmente para mim, aquele não era o fim, e havia alguém para me salvar. Fora do Rio estava o meu destino, mas não sabia uma coisa... Que algo em mim havia mudado, que algo ainda iria ser despertado.
6 Anos depois, Março de 2019, cidade de Trerriense, na serra do Rio de Janeiro
Eu treinava na academia de meu tio, socando e chutando um saco de areia. As pessoas que treinavam lá me conheciam, como eu era a sobrinha do dono, não pagava mensalidade, mas ajudava com as coisas de casa trabalhando lá, sempre que terminavam as aulas.
Meu tio, James Williams é um cara um tanto esquisito. Ele é um doutor, mas possui uma academia e um consultório, curiosamente a academia foi comprada por ele pouco tempo depois de eu vir pra cá. Não que eu reclame, graças as dicas e ao local, eu sou bem mais forte e ágil que a maioria das pessoas da minha idade.
—Christie, você devia sair mais. – Escuto a voz do meu tio, enquanto ele passa pela porta. Ele era um cara bem diferente dos meus falecidos pais, que eram formais até demais. Muitas garotas poderiam confundí-lo com um galã de seriados, mas ele é totalmente dedicado ao trabalho, desde que a esposa faleceu.
—E você deveria arrumar uma namorada. – Rebato, em um tom brincalhão, antes de ir sentar ao lado dele no banco.
—Assim como você. – Ele dá um tapa no meu ombro. – Mas sério, você devia sair mais com as pessoas. Inclusive aqui, ó: – James aponta para a porta. – Entra aí, cara.
Um garoto jovem, provavelmente por volta da minha idade, com cabelo curto espetado e o porte físico de quem provavelmente apanharia numa briga. A princípio não reconheço por causa da jaqueta branca e camisa vermelha e a postura casual, mas assim que bato os olhos no rosto dele.
—Ju-Julio? – Reconheço o garoto de pele negra, provavelmente meu único amigo na escola.
—Doutor, você não me disse que a sua sobrinha era a Christie! – Julio Sanches se vira pro meu tio.
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Seis anos atrás, aquilo aconteceu. Foi um revés, mas algumas coisas foram positivas. Infelizmente a cobaia zero desapareceu, mas conseguimos usar os dados dela. O projeto Máscara Alpha está pronto.
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