Was Once What Could Be! escrita por Claymore


Capítulo 7
Capítulo 7 – Dia em família




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De volta a casa, meus pensamentos mal cabiam dentro da minha cabeça e mesmo que eu não quisesse admitir nem dentro do meu coração que estava pesado com suas palavras. Onde estava minha lógica? Onde estava minha missão e meus princípios?

Ele era mais perigoso do que eu imaginava. Não podia simplesmente cair em sua lábia, não podia me derreter por aqueles olhos todas as vezes que eles se dirigiam a mim. Não podia ter o luxo de ser uma adolescente apaixonada, não agora. Por que eu tinha que notá-lo só agora? Qual era o problema com a minha cabeça? Mas afinal talvez não seja a minha cabeça e sim meu coração.

Abri o grimório de fadas e os símbolos começaram a fazer sentido em minha cabeça conforme as páginas corriam pelas minhas mãos, deve ter ficado horas perdida em minha mente entre magias e pensamentos proibidos até que a luz da cozinha que entrava pela grade janela já estava quase inexistente. Meus olhos ardiam. E eu não sabia dizer se era pela leitura pesada ou pela vontade de chorar.

Minha atenção se voltou para a sala quando o barulho de conversa começava a ser mais proeminente e difícil de ignorar. Acho que não tinha muito o que eu poderia fazer. Todos os passos já estavam gravados na minha cabeça e o que eu precisava era de descanso. Toda a minha força seria usada amanhã e mesmo assim talvez não fosse o suficiente. Eu não queria pensar nessa possibilidade, mas era real e bem provável.

Uma lagrima perdida desce pelo meu rosto e me sentia sozinha. Sempre me sinto sozinha ultimamente. Como se uma nevoa pairasse sobre mim permanentemente, me impedindo de ver a luz do sol. Sempre frio e solitário. Todo herói se sente assim? Talvez somente aqueles que tenham que se sacrificar.

Mesmo que meus monstros embaixo da cama sejam reais não vou perder minhas últimas horas sozinha. Pego uma folha de papel no bloco de notas da geladeira e escrevo algumas palavras, um feitiço de perda de memória.  Guardo o papel no bolso e caminho ate a sala que está clara e repleta de pessoas. Todos estão ali conversando alegremente.

Meu pai caminha ate mim e me convida a sentar ao lado dele em um sofá próximo a janela maior.

— Estava pensando o que você tanto fazia lá dentro. – Seus olhos azuis cintilam as luzes amarela da sala. É engraçado vê-lo assim. Jovem. Sem os cabelos brancos atrás das orelhas. Sem as rugas em seus olhos. Mesmo assim, ele possui o mesmo olhar brincalhão e o sorriso torto que fez minha mãe suspirar todo dia.

— Estava lendo. - Seu olhar se suaviza, o que me faz pensar que tudo que ele descobriu sobre mim é algo importante.

— Você gosta de ler?

— Não é bem meu gosto, meio que preciso. Mas me acostumei de farto.

Ele estica sua mão e toca as minhas que estavam entrelaçadas em cima do grande livro.

— Você não fala como uma adolescente feliz. - Aqui eu vacilo, pois é assim que ele sempre me pega. Quando estamos sozinhos eu não consigo mentir para ele. Como eu poderia? Como dizer para seu pai que quando amanhecer eu não estarei deitada na minha cama. Que não vamos mais navegar juntos. Que eu não vou mais voltar.

— Nunca fiz o tipo adolescente feliz mesmo. – Tento disfarçar e sorrir e eu odeio isso. Odeio ser a que tem que salvar, só queria ser normal. Queria a possibilidade de ser a adolescente feliz. Olho para a sala na esperança de me livrar dele e vejo Robin sorrindo para mim. Perfeito. - Preciso conversar um minuto com a Robin.

Me levanto indicando com os olhos que ela deveria me seguir e ela o faz. Passamos por algumas pessoas pela sala e chegamos à varanda. A noite esta calma e consigo ouvir algumas cigarras cantando. Mas a floresta em si está em silencio. O vento começa a tomar forma fria como se sentisse a magia no ar.

— O que foi? - Ela me questiona e quando seus olhos se juntam aos meus e falo as palavras rápidas.

— Manubrium Gracilem Dux. – Seus olhos se perdem e viajam. Ela me olha sem me olhar. Seus olhos verdes tomam um tom esbranquiçado, como a nevoa pela manha em cima de um rio. – Preciso que me escute com atenção, tudo bem? – Ela balança a cabeça lentamente como se estivesse em câmera lenta.  – Amanhã, pouco antes do anoitecer eu vou desaparecer, você não deve deixar ninguém ir atrás de mim. Assim que o crepúsculo for tomado pela noite, você vai até o Johnny Rogers. Lá você vai encontrar uma pedra muito importante, ela é extremamente poderosa, então você deve sentir seu poder logo de cara. Você vai voltar para a casa e fazer este feitiço. – Entrego o papel em sua mão. – é um feitiço de memória, é muito importante que você se concentre em tudo o que aconteceu aqui e principalmente nas pessoas que vão ficar. E logo em seguida volte para casa com o feitiço de tempo que eu te entreguei antes. Quando chegar em casa dê a pedra para minha mãe. Diga há ela- minha voz aperta e sinto que algo está preso no meu peito- Diga que as 7 bruxas estão a caminho. Que eu sinto muito por não poder lutar ao seu lado, mas que sem essa pedra nunca teríamos chance– Enquanto eu falava ela ia como um zumbi afirmando com a cabeça. Eu não aguento e a abraço forte, não querendo nunca mais soltar. – Eu sinto muito Robin, sinto muito por não ficar e te ensinar magia, sinto muito por não ver seu casamento com meu tio, o que ia ser a coisa mais bizarra do mundo. E principalmente eu sinto muito por ser você quem vai encontrar o meu corpo. – Dou um beijo em sua bochecha e enxuga as lagrimas da minha. Respiro fundo - Reditus. –  E seu olhar volta a realidade.

— O que? - Ela está claramente confusa e esfrega seus olhos.

— Eu estava falando que amanha a gente podia fazer alguma coisa juntas.

— Há claro. Tipo o que?

— Eu não sei, vamos descobrir.

Jogo meu braço sobre seus ombros entramos na casa juntas, claro que ela está confusa, mas o feitiço de fantoche deve funcionar perfeitamente. Tudo o que precisa ser feito será e hoje eu espero aproveitar cada minuto dessa última noite com minha família.


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Notas finais do capítulo

Esse foi pequeno, mas tudo vai se encaixando . Jaja volto .



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