Cogline quase perdeu as estribeiras quando avistou os três adentrarem os portões do castelo. Até os guardas pareciam mais aliviados. 

O povo élfico estava à beira de um colapso sem um superior.

As coisas estavam meio caóticas, desde a morte do Rei Ander e a guerra com o Senhor Feiticeiro. No entanto, agora era a hora de reconstruir tudo o que foi perdido, e a única pessoa com sangue real nas veias era Mareth. Além de agora ter que carregar uma coroa, tem que completar seus estudos druidas. Era um fardo muito pesado, mas a garota teria que aguentar.

— A coroação será amanhã. -Disse a chefe do conselho de Arborlon para Cogline. -Passe a informação para a filha do Allanon. Também haverá uma celebração para o garoto Shannara.

— Notícias correm que nem água, principalmente em tempos sombrios, certo? -Comentou Cogline, tetando ser engraçado, mas a mulher, séria demais, simplesmente o ignorou.

— Mandarei uma mensagem ao reino de Leah e aos gnomos, convidando-os para a celebração e assim fortalecendo nossa relação com as outras raças.

— Certo. -Cogline foi deixado sozinho, na sala do trono, vazia demais, exceto pelo velho cachorro do Eventine Elessedil.

Cogline foi de encontro aos três jovens e assim que Wil e Mareth recarregaram suas energias, na ala médica do castelo, ele resolveu soltar a boa nova.

— Então, temos trabalho a fazer...

***

Eretria estava extasiada por saber que sua amada Lyria viria ao casamento. Ou melhor, rainha Lyria.

Uma semana longe de seus amigos e aturando o chato do Cogline com suas baboseiras sobre controle de poder, ela se deu conta que estava perdendo tempo. Não havia como ter controle longe daqueles que ama. Ela precisava de Lyria perto dela, junto a ela, para combater suas trevas. E não longe. A tristeza a consumia, e a escuridão a atraia cada vez mais.

Assim que foi anunciada a chegada da rainha de Leah pela manhã, Eretria saíra do leito de Wil na ala médica e foi de encontro a ela. Nem ligou para os guardas e os servos. Apenas se jogou em cima dela em um abraço e Lyria correspondeu.

— Me desculpe ter ido embora, eu precisava...

— Se tocar que você não vive sem mim? - Lyria se gabou.

Eretria nem se deu ao trabalho de esconder o orgulho e beijou a garota, na frente de todos.

— Isso é um sim? -Lyria perguntou, mais uma vez.

— Até parece que você precisa perguntar, minha Rainha.

— Minha Rainha.

As duas se beijaram no salão, em frente a todos e houve vibrações boas e aplausos. Coração, celebração e casamento. Tudo no mesmo dia. Por que não? Era o fim de uma era das trevas.

***

Mareth estava nervosa com tanta responsabilidade em suas mãos, entretanto, sabia que era necessário. Não era hora de ser rebelde. O povo élfico precisava dela. E por ser mestiça haveria resistência. Ela tinha a necessidade de ser essa imagem para quebrar o preconceito entre as raças. Seria um novo reino.

Então ela se sentou no trono, foi coroada Rainha Mareth de Arborlon, e governou plenamente. Foi uma governanta única, justa e querida, apesar das dificuldades do começo.

Lyria e Eretria se casaram, e viviam no Reino de Leah, gloriosamente. A vida que a nômade sempre desejou e agora ela tinha. A riqueza e o poder eram o de menos. A felicidade bastava.

Wil ajudara Mareth e Eretria com seus poderes. E outros com poderes depois dela, além de curandeiro, agora era mentor. E não foi de grande surpresa quando Mareth o pediu em casamento.

Bom, ele não iria dizer não para a rainha.

As Quatro Terras entraram em um período de paz, depois de uma era de muitas trevas. Um reinado harmonioso agora prevalecia de união entre as raças. Não havia mais espaço para preconceito no novo reino.