The Bulletproof escrita por Amelie Oswald


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que apreciem ♥ Boa leitura a todos ♥



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O barulho estridente do despertador começou a tocar ao fundo. A agente Jude Phoenix suspirou incomodada com o som, virando a cabeça irritada para olhar o objeto que tremia sobre a cômoda de metal ao lado da cama antes de desliga-lo. Sua noite de sono havia sido péssima, não conseguiu pregar os olhos desde o momento que deitou na cama de armar do quarto que dividia com a melhor amiga, Natasha Romanoff, no aero porta-aviões da SHIELD quando ambas estavam em missão com Fury. No momento encontrava-se sozinha, sem as conversas divertidas com a amiga, tendo que aturar os próprios pensamentos incômodos. 

A sua última missão envolvera o encontro com alguém do passado, mais precisamente, com alguém que julgou ser o seu inimigo número um durante anos. Steve Rogers, o tão conhecido, Capitão América. Dentre todas as coisas que Jude prefere guardar para si, escondendo o máximo possível dentro do canto mais escuro da sua mente, é sua antiga vida e antiga identidade. Antes de ser Dangerous, Judith foi conhecida por ser a arma perfeita da HYDRA, uma mutante poderosa treinada para não temer nada ou ninguém, um super inumano controlado para fazer aquilo que sabia de melhor: MATAR.  

Demorou anos para que Jude conseguisse livrar-se por completo do controle da HYDRA, a fuga se deu graças aos seus poderes mentais, mas não foi algo fácil. Jude precisou de toda ajuda da SHIELD para transformar-se em quem é hoje, ou melhor, para voltar a ser a Judith antes de ter a mente controlada. Porém, a imagem assustadora do passado é algo que permanece ao seu lado. Não é necessário ler a mente das pessoas a sua volta, principalmente daqueles que estão abaixo do seu nível, para saber que eles acreditam que tê-la como agente da SHIELD é um erro gigantesco e a qualquer momento ela pode voltar a ser a velha “arma” da HYDRA. 

Agora, com o despertar do Capitão América, todas as memórias que conseguiu evitar por anos estão emergindo em seus pensamentos. Quando contaram para Jude que um “velho amigo” havia sido encontrado com vida, chegou a ter uma pequena esperança de tratar do seu falecido marido Half Graham, mas nunca imaginou ser o queridinho da américa. A agente não gostou nada quando a mandaram para New York com o intuito de observa-lo descongelar e gostou menos ainda do momento em que ele acordou. 

Durante a missão de observação seu único trabalho era ler os pensamentos do soldado adormecido, não eram bonitos e alguns deles continham a presença da antiga Jude, principalmente o que envolvia a morte do ex-melhor amigo do soldado. Aquela situação a deixava preocupada, mas não com o que Steve seria capaz de fazer com ela no momento que despertasse e a visse, tanto que não ficou surpresa quando o mesmo a socou várias e várias vezes no meio da Times Square após ela o perseguir para tentar explicar o que estava havendo e o ano que estavam. A situação a deixava preocupada pois agora existia mais pessoas que contavam com a sua sobriedade para ficarem seguras. Ela possuía família. 

Depois de ter sido raptada pelos membros da HYDRA junto com seu irmão mais velho por serem inumanos e ser a única a sobrevivente aos terríveis testes de laboratório, a primeira missão que foi enviada como soldado da HYDRA foi para acabar com sua família. Eles queriam movê-la pela dor, testar o quão profundo foi a lavagem cerebral e vingar-se do pai da Jude por não ter cedido os filhos mutantes no momento do desabrochar dos poderes, escondendo as crianças por anos. Mesmo após ter se libertado do controle da HYDRA, a agente viveu carregando a culpa nos ombros, principalmente por acreditar que ambos os filhos pequenos foram mortos por ela. Aquilo a culminava por dentro. 

Entretanto, para a felicidade da Jude, as crianças sobreviveram graças a Peggy Carter. A fundadora da SHIELD, através dos seus informantes, soube do que estava prestes a acontecer e conseguiu salvar as crianças que foram escondidas por Half em um momento heroico antes de se sacrificar para deixar a ex-arma da HYDRA longe das crianças. As crianças cresceram sobre o programa de proteção a testemunha, criaram raízes e família, mas sem esquecer do ato heroico do pai e da mãe que sempre os amou. A mulher descobriu sobre os filhos da pior maneira possível, seu herdeiro mais velho estava a procurando, essa busca o levou em caminhos perigosos dos quais Jude já estava longe a algum tempo, e acabou sendo morto junto com a esposa que o ajudava com afinco, deixando duas crianças pequenas para trás. A SHIELD não hesitou em entrar em contato com Jude através das informações coletadas por Frances. Ao descobrir sobre a família, que agora incluía netos pequenos, sua vida voltou a ter um propósito. Ela jurou lealdade a SHIELD, usando seus poderes para o bem dessa vez, desde que eles mantivessem sua família em segurança. Atualmente o seu maior medo é que façam algo de ruim para seus familiares e amigos com o intuito de trazer a velha Jude de volta. 

Atormentada por seus pensamentos, ela suspirou e virou com o corpo perfeito para o lado. Os olhos fixaram sobre o relógio digital que a poucos minutos atrás apitou, o objeto marcava na cor laranja neon exatamente oito horas. Aquela era a prova de que essa estava sendo a sua terceira noite de insônia, torcia para que o cansaço não a pegasse durante a reunião que teriam hoje. Por mais que fosse imune a facadas, tiros, machucados e algumas doenças, suas necessidades fisiológicas permanecem as mesmas de uma humana comum. 

 Jude! Acorda!  A voz familiar do agente Clint Barton, mais conhecido pelo codinome de Gavião Arqueiro, trouxe alívio para a mulher. Dissipando por alguns instantes a nuvem de pensamento negativo que tinha. 

Sem esperar por qualquer convite formal, ele deslizou a porta de metal e adentrou no recinto com passos suaves. Estava acostumado a fazer aquilo a muito tempo, sendo sempre o primeiro a chegar no quarto para desperta-la, menos nos dias que Natasha estava dividindo aposentos com a morena. Porém, para a surpresa do agente, Jude já estava completamente desperta e sentada sobre a cama com as peras cruzadas. Ela abriu um sorriso sincero, porém sem humor, quando o viu. 

 Péssima noite de sono, imagino  Comentou Clint sentando ao lado dela na cama e envolvendo os ombros da mesma com um dos braços. Uma das coisas que Jude adorava em relação ao melhor amigo, era o fato de não precisar dizer nada, pois como um bom observador, ele sempre sabia o que estava acontecendo com Jude antes da mesma abrir a boca.  Aliás, belo pijama do Monstro Cookie, ou seja, lá o nome dele. 

 Infelizmente  Ela deitou a cabeça sobre o ombro do melhor amigo e esticou a camiseta do pijama, deixando a cara do monstrinho azul da vila sésamo desfigurada  Enquanto a isso, foi um presente. Disseram que é a minha cara. Não entendi o motivo, qualquer pessoa compra cookies das Abelinhas escoteiras. 

― Não mais de... O que? duzentas caixas? ― Zombou Clint acariciando os cabelos de Jude. 

 Fazer o que? Sou uma vovó competitiva  Jude deu com os ombros. 

O comentário de Jude fez com que Clint soltasse uma risada baixa e bemhumorada. Principalmente por recordar do dia em questão. Por mais que tentasse não rir, Jude acabou sendo contagiada pelas risadas do companheiro e por novas memórias do passado que a invadiram. 

A vida é algo engraçado, pelo menos na concepção da agente. O primeiro encontro entre ela, Clint e Natasha foi terrível, assim como os outros que seguiram durante quase um ano. Os responsáveis por capturar a ex-HYDRA após a morte do Frances foram Clint e Natasha. Naquela época Jude permanecia foragida de tudo e todos, além de acreditar que todo membro da SHIELD ou de qualquer instituição do governo fosse uma ameaça da HYDRA disfarçada. O que era para ser uma conversa acabou saindo do controle e se transformou em uma perigosa luta, pelo menos para os dois agentes. 

Durante várias trocas de tiros, golpes de karatê e afins, eles conseguiram imobilizar Jude através do fator de cura, que por mais que seja acelerada, não consegue trabalhar com eficácia caso algo esteja no meio. No momento em que Natasha distraia a mulher em uma briga corpo a corpo, Clint foi capaz de flechar Jude entre os olhos, empalando uma flecha em seu cérebro. Quando acordou, Jude estava presa e sobre o controle. Diversos testes foram feitos para terem certeza de que ela havia se livrado completamente das artimanhas da HYDRA e estava em sua real natureza humana. Demorou um longo tempo para que Jude confiasse e tivesse a confiança deles, principalmente depois da tentativa de assassinato. Mas de acordo com as missões que eram enviados, a confiança aos poucos crescia e o asco que sentiam deu espaço para o amor e a amizade, sendo agora conhecidos como o “Golden Trio”. 

Ao recordar sobre essa breve parte do passado envolvendo os melhores amigos, ela não conteve e permitiu que um riso fraco, mas bem-humorado, escapasse dos seus doces lábios enquanto balançava a cabeça negativamente. “O destino realmente age de modo misterioso” pensou a mulher diminuindo o riso gradativamente até ser apenas um sorriso. 

 O que foi?  Perguntou Clint baixando o olhar para encarar dentro dos olhos da amiga, estando interessado em saber qual foi o tipo de pensamento que fez a melhor amiga rir. 

 ― Lembrei o dia que nos conhecemos. Da cara de surpresa da Nat, quando o tiro dela atravessou direto minha cabeça e não demorei muitos segundos para despertar. E da sua cara assustada quando o joguei contra a parede. Aquilo deve ter doído, desculpa  Jude virou de frente para Clint e gesticulou com as mãos ao falar. 

 Doeu, mas me vinguei com estilo  Zombou Clint levando o dedo indicador para o meio da testa da melhor amiga. 

 É, se vingou  Ela assentiu e empurrou a mão dele para baixo, mantendo a mesma apoiada sobre o colo e segurando em meio as suas. Durante alguns segundos permaneceu em silêncio, apenas observando os detalhes da mão do amigo enquanto acariciava o nó dos seus dedos. 

 Jude A preocupação com a amiga era visível dentro dos seus olhos. Desde que ela retornou da missão com o Capitão América, estava menos falastrona e preferindo passar mais tempo solitária do que com os outros, com frequência ele a pegava com o olhar distante. Chegou a comentar com Natasha, mas a ruiva apenas disse para que ele desse um tempo a Jude, que com o tempo ela falaria.  Eu e a Nat, nós, estamos preocupados com você. Soubemos o que houve em New York, entre você e o Capitão. Sabe que pode contar comigo, não sabe? 

 Eu sei  Jude assentiu e soltou um suspiro pesado  Mas é que... Droga! Você precisava ver como ele me olhou. Com raiva. Não o culpo, me odiaria também. Mas é que... Todo mundo me conhece pelo que fui e não pelo que sou. 

 Isso não é verdade  Murmurou Clint. 

 É?  Ela arqueou uma das sobrancelhas ao fazer a pergunta retórica  Vocês chegaram causando no meu esconderijo. Tudo bem que ataquei primeiro, mas um diálogo seria o suficiente. Depois fui testada, de novo. E tirando você, Nat e Phill, nenhum outro agente da SHIELD confia cem por cento em mim. Nem mesmo o Fury. A questão é, por todo lugar que vou, a minha antiga imagem está. É algo que não consigo me livrar, estou cansada disso. 

 Todos nós temos algo no passado que preferimos esconder e que insiste em ser lembrado  Disse Clint segurando ambas as mãos da mulher entre as suas  Mas quem se importa? Jude! Você é uma mulher extraordinária, uma das melhores agentes da SHIELD. A culpa não é sua, é deles, eles que deveriam abrir os olhos para ver o quanto você é diferente daquela arma da HYDRA.  

 Obrigada, Clint!  Sem hesitar, Jude abraçou o amigo com ternura e afeto. Um abraço fraternal que foi correspondido no mesmo instante. 

 Não precisa agradecer.  Falou Clint sem soltar do abraço.  Mas, sem querer estragar o clima, acho melhor se recompor. Temos uma reunião daqui a poucos minutos. 

 Oh, Deus! A Reunião!  Jude foi a primeira a soltar do abraço. As palavras amigáveis do agente fizeram com que sentisse mais disposta para trabalhar e lhe deram o ânimo que precisava.  Temos quanto tempo ainda? Trinta, quarenta minutos? 

 Não...  Ele checou o relógio para certificar o tempo que possuíam  Na verdade temos dez... Ops, cinco minutos! Se não quiser se atrasar, acho melhor correr. 

 MERDA!  Urrou a mulher com pressa, levantando da cama com um sobressalto e procurando um uniforme que estivesse limpo para vestir.  Não ri, isso não tem graça, Barton! 

 Não estou rindo  Mentiu Clint tentando disfarçar as risadas enquanto daninhava nas coisas da Jude que estavam espalhadas sobre a escrivaninha de metal. 

Em meio aos palavrões e xingamentos, Jude rapidamente retirou o pijama que usava, jogando o mesmo sobre o monte de roupa sujas que estava em cima de uma cadeira de plástico e que aos poucos crescia, ganhando quase a forma de um ser humano. Estendendo a mão em direção ao armário e utilizando da sua telecinese, fez com que um dos uniformes voasse em sua direção. 

De maneira discreta, Clint ria de toda a situação. Achava engraçado como Jude parecia não saber lidar direito com as coisas simples do dia a dia quando estava com pressa. Porém o seu olhar estava sobre algo mais interessante, mais precisamente sobre o famoso Smartwatch que Jude carregava para lá e para cá. Sempre teve o interesse em saber como aquele objeto foi parar em suas mãos, pois antes mesmo dela ingressar na SHIELD como agente, já portava o aparelho. Quando questionada, tudo que Jude dizia era ter sido presente do seu velho amigo. 

 Isso não é brinquedo!  Falou a mulher tomando o aparelho das mãos do amigo, bem no momento que ele tentava adivinhar como os hologramas azuis funcionavam, e prendendo no próprio pulso. Agora vamos! 

 Você nunca disse quem te deu esse presente...  Clint sempre insistia no assunto quando a oportunidade batia a porta. Ele andava atrás da Jude acompanhando seus passos apresados pelos corredores do Helicarrier 

 E nunca vou dizer  Jude abriu um meio sorriso irônico e disse em tom de quem termina uma discussão.  Apresse o passo, ou o Fúria da Noite vai comer o meu fígado. 

 Vamos conseguir chegar a tempo  Barton fazia esforço para segurar as risadas  O escritório não está muito longe. 

 Você é um babaca  Reclamou a morena parando em frente a porta da cabine de controle, onde normalmente aconteciam as reuniões. 

Carregando expressões severas na face devido ao desgosto quatro minutos de atraso, ela aproximou o olho direito do leitor ótico. O aparelho escaneou sua córnea, comprovando assim sua identidade e permitindo que o casal de amigos ingressasse dentro do recinto. Como Jude temia, ambos acabaram deparando com a imagem severa do diretor Nick Fury. O homem já os aguardava e não parecia nada contente com o atraso, o olhar julgador foi direto para Jude, ignorando quase que por completo a presença do Clint logo atrás dela.    

 Estamos aqui, Blade. Digo, chefe  Disse Jude abrindo os braços como um sinal de boas-vindas, atraindo de vez a atenção do mesmo. 

 Andou dormindo mais do que deveria, suponho  Disse Fury com o tom de voz sarcástico a avaliando dos pés à cabeça. 

 Errado!  Respondeu Jude sentando ao lado do agente Phill Coulson na mesa de reunião  Não dormi nada, para ser sincera. Deve ser culpa da vergonha relacionada a surra que tomei do Capicolé em New York, bem no meio da Times Square. Lindo! 

Sobre o que queria tratar, diretor?  Disse Clint antes que Fury pudesse dar outra resposta para Jude e iniciar uma troca duradora de sarcasmos entre eles, algo que sempre acabava com Jude presa em seu quarto por longas horas sem comida para aprender a respeitar o chefe. 

 Agente Barton! Agente Phoenix! Tenho uma missão de suma importância para ambos. Preciso dos meus dois melhores agentes na nossa instalação da S.W.O.R.D., vamos iniciar uma pesquisa sobre o Tesseract  Disse o diretor no momento em que Coulson entregava para Clint um tablete contendo as informações necessárias para a missão. 

 Pensei que tivéssemos dado início a tempos, desde que ele foi achado no Oceano  Toda ironia e sarcasmo que Jude possuía no tom de voz anteriormente, agora deram espaço para sua voz séria e profissional. Ela tomou o tablete que pertencia ao Phill, passando rapidamente o conteúdo e lendo por cima as informações. 

 Uma cópia dos arquivos foi enviada para o seu brinquedinho, agente Phoenix!  Fury apontou com o queixo para o pulso da mulher  Pode ler com calma no final da reunião, não apenas as palavras chaves. Nele estão os motivos relacionados a essa nova pesquisa. 

 O Tesseract é algo extremamente perigoso...  Começou Jude olhando firme para Fury. 

 Temos conhecimento  Interrompeu o diretor antes que ela terminasse o discurso  Ele está controlado e, até o momento, não demonstrou ser uma ameaça. Não deve se preocupar. 

― Não é com o Tesseract que estou preocupada, mas com os caminhos dessa nova pesquisa ― Murmurou Jude mordiscando o canto do dedo indicador. 

 A única coisa com a qual deve se preocupar é a segurança Disse Fury dando um basta nas explicações da Jude Esse é o trabalho de vocês. 

 É!? E quando partimos?  Perguntou a mulher irritadiça por ser ignorada. 

 Ainda hoje. Terão duas horas para se preparem e sem atrasos dessa vez. Diferente de mim, o piloto não vai espera-los  O diretor sorriu sarcástico e sem mostrar os dentes  Agora, vamos tratar sobre os detalhes que realmente interessam a vocês. 

A reunião progrediu por quase uma hora. O diretor Fury, com ajuda do Coulson, passava todas as informações necessárias relacionadas a quem e o que eles iriam proteger nos próximos dias. Mesmo estando cansada e faminta, Jude não deixou transparecer em nenhum momento, estando focada em prestar atenção em cada detalhe da missão. Aquela era a primeira vez, em muitos anos, que Jude ficaria frente a frente com a algo que no passado foi muito desejado pela HYDRA. 

― Vamos! ― Clint cutucou Jude na cintura com o dedo indicador quando o Fury os liberou da reunião. 

― Finalmente! ―Sussurrou a agente espreguiçando o corpo antes de levantar da cadeira ― Estou faminta. 

 ― Agente Phoenix! ― Antes que Jude pudesse acompanhar Clint para o refeitório e depois arrumar suas coisas, o diretor a chamou. ― Antes de ir, preciso conversar com a senhorita. 

― Claro ― Ela assentiu e trocou olhares confusos com Clint antes de deixar o amigo seguir caminho sozinho e aproximar do diretor Fury. ― Pensei que todos os detalhes já tivessem sido expostos. 

― Estou pensativo com algo que você murmurou ― Disse o diretor olhando firme para ela ― Tem algo que sabe e nós não sabemos? 

― Não, senhor ― Disse Jude suspirando fundo ― Só que estamos lidando com algo extremamente perigoso. O Tesseract não é uma tecnologia Stark ou da SHIELD e, até onde sei, não é nada parecido com o que temos na Terra. Não sabemos ao certo com que estamos lidando, pode ser algo alienígena, não que eu acredite nessas coisas... 

― Logo você? ― Perguntou Maria Hill quebrando o silêncio que a transformava quase em uma fantasma, ela estava do lado do Fury fazendo sua segurança. 

― Sou cética a muitas coisas, Hill ― Respondeu Jude cruzando os braços sobre o peito ― Ou vocês querem que eu realmente acredite que o tal do Thor é mesmo o deus Nórdico? 

― Ele tinha um martelo ― Maria deu com os ombros.  

― Qualquer idiota com uma boa tecnologia seria capaz de criar um martelo como aquele ― Jude revirou os olhos ― Não é porque não foram os Americanos ou os Russos que inventaram que é uma tecnologia alienígena. ― Soltando o ar pela boca, ela virou para o diretor ― Posso ir agora? Preciso tomar café e tenho menos que uma hora para me arrumar. 

― Está liberado ― Assentiu o diretor ― Boa sorte, agente Phoenix. E não hesite em nos contar o que recordar sobre o Tesseract. 

― Sabe tudo o que penso sobre o Tesseract, ― Disse a agente dando as costas ao superior, mas antes de alcançar a porta ela virou para dar as últimas palavras ― Deveria ter o deixado no mar junto com o Capitão América. 

O caminho para o refeitório parecia ser mais comprido que o habitual, Jude não conseguia dizer se essa impressão era culpa da fome que sentia ou de todas as preocupações relacionadas aos novos caminhos que a SHIELD estava tomando. 

Silenciosamente, ela sentou de frente para o melhor amigo na mesa que o mesmo havia reservado. Por mais que estivesse com fome, a primeira coisa que fez ao acomodar foi ligar o smartwatch e começar a leitura sobre a pesquisa e os envolvidos. Os hologramas brilhavam sobre o pulso, atraindo olhares de agentes curiosos que estavam próximos, mas ela não deu a mínima. 

― Trouxe o seu café ―Disse Clint empurrando a bandeja pertencente a mulher na direção da mesma. 

― Uhum, obrigada. ―Agradeceu Jude estendendo a mão livre para a bandeja, mas mantendo o olhar sobre os hologramas. 

A agente estava quase terminando a primeira parte do relatório da missão quando o agente Phil Coulson aproximou sorrateiramente e segurou seus ombros, gritando em seu ouvido na intenção de assustá-la. Porém, não foi apenas ela que ficou assustada. 

Por uma fração de segundos Jude esqueceu que estava cercada de “amigos” e ao ser abordada por Phil, sua primeira reação foi grudar o agente pelos colarinhos das vestes e o atirar por cima dos ombros, fazendo com que o mesmo caísse de costas como um saco de batatas sobre a mesa fria de metal do refeitório. O barulho atraiu os olhares de todos e, antes que Jude tivesse tempo de entender o que estava fazendo, muitas armas eram apontadas em sua direção. 

― Jude! ― Gritou Clint em pé, estando preparado para entrar em uma briga com a melhor amiga caso fosse necessário. ― JUDITH! 

―O que? ― Ela olhou irritada para Clint, de várias coisas que odiava, uma delas é ser chamada pelo primeiro nome. Ela piscou os olhos de modo confuso, demorando para raciocinar. Mas ao olhar para baixo e ver Coulson assustado enquanto era prensado de modo assustador contra a mesa, fez com que voltasse a raciocinar normalmente ― Puta que pariu! Nunca mais faça isso, Coulson! ― Ordenou entre os dentes soltando o agente com um forte empurrão ― NUNCA MAIS. 

― Desculpe, Jude ― Assentiu Coulson se recompondo. Ele trocou olhares preocupados com Clint, ambos foram pegos de surpresa com a reação exagerada da agente. Era como se antiga Jude assustadiça estivesse de volta, com todas as suas inseguranças e explosões, a que acreditava que todos eram ameaças em potencial. 

― Perdi a porra do meu apetite ― Ela revirou os olhos e deu as costas para os amigos ― O show acabou! Voltem aos seus trabalhos! 

Permanecendo em silêncio, os agentes acompanharam com o olhar Jude deixar o refeitório com passos pesados. Após terem certeza de que ela poderia estar longe, Coulson foi o primeiro a quebrar o silêncio.  

― O que houve com ela? ― Perguntou preocupado. 

― Está preocupada, com medo ―Respondeu Clint sem tirar os olhos da porta. 

― Acha que ela pode... 

― Não ― Antes que Coulson pudesse terminar a pergunta, Clint o interrompeu ― Mas se ela está preocupada, também deveríamos estar. 


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Notas finais do capítulo

Em breve postarei o próximo capítulo, muito obrigada por estarem acompanhando.



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