The Bulletproof escrita por Amelie Oswald


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá meus anjos, mais um capítulo fresquinho para vocês. Espero que apreciem, boa leitura a todos ♥



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Os pensamentos de Jude estavam repletos de preocupações de acordo com que terminava de recolher os poucos pertences espalhados pelo quarto. Um gelo estranho formava em sua barriga, porém a preocupação da agente não era tanto pelo objeto, mas pela segurança das pessoas que estão ao seu redor. Teme que as coisas acabem saindo do controle e, de alguma maneira, tragam a velha Jude de volta, a transformando de volta em uma arma assassina em massa. 

Ao terminar de organizar os seus pertences dentro da gigantesca bolsa de viagem de cor preta, ela deixou os aposentos e rumou para o quarto do agente Barton. Precisava de um momento com alguém de confiança, caso contrário acabaria enlouquecendo por conta própria. 

― Eu que sou mulher e você é o enrolão? ― Zombou a agente com o ombro apoiado no batente da porta. Sorria zombeteira para o melhor amigo. 

― Não tenho culpa se você já deixa seus pertences pré–organizados ― Clint parou o que fazia por breves segundos, apenas para olhar a melhor amiga e lhe mostrar a língua. 

Retribuindo o ato do amigo, ela ingressou no quarto do mesmo e sentou sobre a cadeira de metal. 

― Querido, meu segundo nome é responsabilidade ― Ela olhou com o canto dos olhos para ele no mesmo instante que ligou o smartwatch do pulso. 

― O primeiro é sem, não é? ― Zombou Clint sem tirar os olhos da mala que organizava. 

― Há! Há! ― Ela estava prestes a iniciar uma leitura rápida por cima dos artigos enviados por Fury, mas teve a brilhante ideia de atacar no melhor amigo um elástico através de uma arminha improvisada que ele mesmo havia ensinado para as crianças em um dos feriados que passaram juntos ― Vai se foder, Barton! 

― Aí, aí! ―  Clint reclamou quando o elástico pegou certeiro em sua nuca ― Vou contar para o Logan e o Howard que você repreendeu eles, mas está usando a técnica que ensinei. 

― Eu posso ― Jude deu com os ombros e preparou outro elástico, mas dessa vez Clint foi mais rápido, conseguindo desviar do objeto. 

― Não conseguiu! ― Ele pegou o elástico do chão e atirou nela, fazendo com que pegasse na perna. 

― Aí, Clint! ― Reclamou Jude acariciando o local onde o elástico havia batido. 

― Dói, não é? ― Ele riu e jogou o segundo elástico, o qual pegou no ombro da agente. 

― Babaca! ― Disse Jude abrindo a boca incrédula. Suas expressões não eram severas, pois no fundo desejava rir. Sarcástico, Clint mandou um beijo para a mulher e voltou a organizar seus pertences. 

O agente cheirava cada uma das suas peças de roupa antes de guarda-las dentro da bolsa de viagem. Por mais que tentasse prestar atenção em seus relatórios, assistir Clint arrumar a mala soava mais interessante. Ela revirou os olhos descrente do que o homem estava fazendo, achava impressionante como alguém como Barton pudesse ser bagunceiro aquele ponto, de ter roupas sujas misturadas com as roupas limpas numa única pilha dentro do armário. 

― Puta merda! Você é inacreditável ― Ela desligou o aparelho e levantou da cadeira. Percebendo o que estava por vir, Clint revirou os olhos discretamente ― Separa toda essa pilha, agora! Vou pedir para que a faxineira leve suas roupas para a lavanderia. 

― Jude... ― Resmungou Clint fechando o armário depressa. 

― Jude... ― A agente o imitou com voz débil enquanto fazia caretas ― Não vem com “Jude...” 

― Não temos tempo agora ― Rebateu Clint mostrando o dedo do meio para a melhor amiga. 

― Sabe onde vou enfiar esse dedo, não sabe? ― Ela arqueou uma das sobrancelhas e cruzou os braços na frente do corpo. 

― É sério isso? ― Perguntou Clint estupefato. 

― Estou com cara de quem está brincando? ― Jude bufou e usando do poder telecinetico, abriu a porta do armário do melhor amigo, jogando toda a pilha de roupa sobre o chão. ― Anda! 

― Mas que merda, Judith! ― Reclamou Barton entre os dentes enquanto recolhia a pilha de roupa do chão e colocava sobre a cadeira que Jude estava sentada anteriormente. 

― Judith o cacete. Nem as crianças de casa são assim. ― Reclamou Jude movendo o dedo indicador e fazendo com que o resto da roupa que estava no chão flutuasse para a cadeira. Clint bufou e revirou os olhos, ficando frustrado com o comportamento da melhor amiga ― Não adianta fazer careta não, ninguém mandou ser desorganizado. 

― Minha bagunça é organizada ― Respondeu o agente ignorando a pilha de roupas e voltando para a mala preta. 

― Pelo menos seus filhos não herdaram isso de você ― Disse Jude sentando ao lado dele na cama. 

― Como se a mãe deles fosse deixar ― Clint terminou de organizar os pertences e fechou a bolsa. Antes de carregar a mala pesada, ele beijou a testa da amiga e sorriu divertido ― Vamos, bicho chato! O que seria da minha vida sem você? 

― Um completo desastre ― Disse Jude ficando em pé. ― Agora é melhor apressarmos o passo, Phil acabou de enviar mensagem dizendo que o avião chegou. Pelo menos agora estou pontual. 

― E insuportável ― Comentou Clint jogando a alça do alforje sobre os ombros e empunhando o arco com a mão livre. 

― Acontece ― Ela moveu os ombros com desdém ― Droga, não vou ver a Nat! 

― Ela vai estar aqui quando voltarmos ― Clint passou o arco para a mesma mão que carregava a mala de viagem e abraçou a melhor amiga pelos ombros ― Enquanto isso, contente-se comigo. 

― É... ― Ela fingiu estar desapontada, mas logo sorriu, apoiando a cabeça sobre o peito do agente enquanto caminhavam. ― Pelo menos tenho você. 

Eles seguiram o resto do caminho através do convés do Helicarrier em silêncio. Parado com um sorriso estampado na face ao lado do avião que os levaria para a base da S.W.O.R.D. estava o agente Phil Coulson.  Aparentemente não estava irritado ou com medo de Jude devido o incidente ocorrido mais cedo no refeitório. 

― Vejo que estão prontos e pontuais ― Zombou Phil sorrindo radiante para os amigos ― Está melhor, Jude? 

― Por que não estaria? ― Perguntou a agente dando com os ombros e tomando a dianteira, sendo a primeira a ingressar no avião de caça. 

Discretamente, Clint balançou a cabeça negativamente ao passar por Coulson, respondendo a pergunta que o agente havia feito a Jude. Ele conhecia a amiga tempo o suficiente para saber que algo estava a incomodando mais do que deveria. Sem dizer nada, ele tomou o posto de co-piloto da aeronave. 

✱✱✱ 

O tempo estava quente e o céu pintado de azul sem a presença de nuvens, facilitando todo o percurso até a estação. Não houve turbulência, para a felicidade de Jude. Os presentes viajaram em silêncio, estando focados nas coisas que faziam. Enquanto Phil e Clint estavam pilotando a aeronave, Jude utilizava fones de ouvido e lia cautelosamente todo o relatório da missão. Não queria deixar nenhuma informação passar batido, até mesmo aquelas sobre coisas que não compreendia relacionadas a ciência e tecnologia. Devido isso, a viagem passou muito mais rápido do que Jude estava acostumada, principalmente por não gostar de voar. 

― Agentes! ― Cumprimentou um dos guardas do local quando os três aproximaram da entrada ao descerem do avião. ― Me sigam, por favor. 

O guarda deu as costas para eles e os guiou para o grande salão onde um laboratório fora preparado e a pesquisa ocorria. O local lembrava um grande galpão onde antes estiveram guardados tanques de guerra e aviões enormes. O telhado era alto, sendo quase impossível enxergar seu fim, havia também várias plataformas cruzando ponta a ponta do galpão. No centro estava o dispositivo criado para segurar o Tesseract, o qual brilhava intensamente de azul. Muitos cientistas perambulavam de um lado para o outro do salão, todos carregando pranchetas nas mãos e certificando as informações contidas nos diversos computadores espalhados pelo recinto. Jude sentia sono apenas de olhar tudo aquilo, estar em meio de cientistas nunca soava como uma missão interessante, principalmente por raramente entender o que falavam. 

― Dr. Selvig! ― O guarda chamou a atenção do líder dos cientistas e principal pesquisador envolvido no projeto, retirando a atenção do homem de um dos paínes. ― Eles chegaram. 

― Olá! ― O Dr. Selvig possuía a aparência cansada, seus cabelos brancos estavam bagunçados e a camisa amarrotada por baixo do jaleco aberto. Mesmo assim, não deixou de sorrir educadamente aos agentes recém-chegados ― Vocês devem ser os agentes Barton e Coulson! ―  Primeiro ele virou para cumprimentar os homens, já que Jude estava entretida com o Tesseract ― E a senhorita deve ser a agente Phoenix! ― A mulher virou para ele levemente confusa quando ouviu seu nome ser chamado ― É um prazer conhecê-los. 

― O prazer é nosso! ― Respondeu Jude apertando a mão do cientista assim que ele a cumprimentou ― Pode me chamar apenas de Jude, Dr. Selvig. 

― Sendo assim, pode me chamar de Erick ― Ele sorriu e colocou ambas as mãos na cintura. 

― Então, como estamos com a pesquisa, doutor? ― Perguntou Coulson após alguns segundos de silêncio. 

― Nenhuma novidade, o Tesseract continua com os mesmos resultados. Ainda não descobrimos como ele funciona, mas tenho fé que as coisas não demorem a mudar ― O Dr. Selvig voltou a atenção para o monitor do computador, no fundo Jude torcia para que as coisas continuassem tediosas e sem mostrar resultados ― Vocês devem estar cansados, podem descansar caso tenham interesse. Sei que a viagem foi extensa. 

― Não, estamos bem ― Disse Jude dando com os ombros. ― Só vou deixar a minha mala em algum canto. De preferência onde não atrapalhe. 

― Pode deixar ali ― Disse Erick apontando para uma das poucas mesas vazias do local, mas sem tirar sua atenção do painel de controle. 

― Deixarei a minha junto com a sua, por hora ― Disse Coulson aproximando da amiga. 

― Barton, você vai... ― Jude começou a falar em voz alta, mas lentamente diminuiu o tom de voz enquanto procurava pelo melhor amigo a sua volta ― Ué, cadê o infeliz? 

― Aqui em cima! ― A voz do agente atravessou o ponto que estava em seu ouvido. 

― O que está fazendo aí? ― Ela perguntou vislumbrando a imagem do melhor amigo no alto de uma das plataformas. Uma das coisas no Clint que ela admirava, era a sua facilidade de escalada e a rapidez para subir em locais difíceis de alcançar.  

― Sabe que observo melhor de longe, principalmente do alto ― Disse o homem apoiando o queixo sobre a barra amarela de metal. 

― E o Gavião ocupou o ninho ― Jude sorriu para o melhor amigo e acenou. Suspirando, ela sentou num canto afastado e retirou do bolso de trás da calça do uniforme a sua revistinha de palavras cruzadas com a caneta. Aquilo era o que tinha para fazer por enquanto. 

✱✱✱ 

Tédio. Substantivo masculino. No dicionário formal possui a definição de sensação de aborrecimento ou cansaço produzida por algo lento, prolixo ou temporariamente prolongado demais. Para Jude Phoenix, tédio é o pior sentimento do mundo e exatamente a sensação horrorosa que estava sentindo em relação a missão que fora enviada com o melhor amigo. 

Pelo menos toda a sensação ruim que havia sentido ao ser convocada para cuidar do Tesseract havia se esvarrido dentro dos longos e cansáveis seis meses passados dentro da instalação de pesquisa da SHIELD. Para sua felicidade, os cientistas estavam num empasse com o objeto inexplicável, sem obter nenhum resultado positivo e amargurando o humor de todos os presentes na instalação de pesquisa que esperavam por algo. Por mais que tivesse de permanecer mais tempo do que o planejado dentro do local, não importava para ela desde que a pesquisa não avançasse um único passo. 

Entre estar ali em meio a todos os cientistas, sem compreender nada do que conversavam e nem suas piadas “inteligentes” e assistir o Capitão América em seu sono, ela preferia, sem sombras de dúvidas, estar entre os cientistas. Ao menos dessa vez ela tinha a companhia de Clint Barton, mesmo que o Gavião preferisse ficar mais tempo assistindo tudo nas alturas do que ao seu lado no solo. Ela compreendia o ponto de vista do melhor amigo, de que no alto teria ampla visão sobre tudo. Até poderia unir-se a ele em seu poleiro, mas a preguiça de escalar a arquitetura metálica do prédio vencia qualquer vontade de conversar com o homem em horário de serviço. 

Devido à falta de ação e por suas revistinhas extras de palavras cruzadas terem acabado antes do tempo planejado, Jude era obrigada a se divertir do jeito que podia. Permanecia grande parte do seu tempo com os fones de ouvido ligados no máximo enquanto caminhava entre os cientistas, daninhando na maioria dos equipamentos. Não que compreendesse qualquer coisa sobre física quântica ou de qualquer área da ciência no geral, mas precisava ocupar sua mente. Em alguns momentos o líder da equipe de ciências, doutor Erik Selvig, pedia para que ela o auxiliasse, fazendo anotações que o ajudassem. Mas não demorava para que perdesse a paciência e a mandasse procurar outra coisa para fazer, ao invés de ficar apertando diversos botões aleatórios na intenção de ajudar o desenvolvimento da pesquisa mesmo sem saber para que eles funcionavam, mais atrapalhando tudo e colocando em risco tudo o que haviam coletado até então. 

Outra atividade que Jude gostava de exercer era a soneca. Quando não estava atrapalhando os cientistas, ela estava sentada no canto, dormindo. Dormir vinha sendo a sua atividade favorita, principalmente por saber que Clint estava de olho em tudo em seus momentos de descanso. 

Lentamente a agente abriu os olhos, deparando-se com o teto profundo da instalação de pesquisa. Ela precisou de alguns segundos extras para recordar onde estava e qual era a missão que exercia nos momentos que antecederam a sua soneca. Seu corpo estava dolorido devido a posição desconfortável que adormecera na cadeira de metal do laboratório, principalmente o pescoço que havia pendido para trás. Ainda sonolenta, ela ficou em pé, esticando os braços e estralando o corpo enquanto tentava disfarçar que havia dormido mais do que programado durante o expediente. 

― Depois de cinco horas, ela acorda ― Zombou o agente Barton do seu poleiro e através do ponto de ouvido. Rindo, Jude ergueu o dedo do meio na direção do melhor amigo. 

― Vai se foder, Barton ― Ordenou zombeteira, fazendo com o que o amigo risse mais ainda. 

Enquanto ajeitava os cabelos rebeldes e certificava que não estava fedendo, Jude caminhou com passos lentos para próxima do agente Coulson e do Dr. Selvig, os quais conversavam quase aos sussurros. Não demorou muito tempo para notar que havia uma movimentação esquisita se formando no laboratório por parte de todos os cientistas, todos aparentavam estar preocupados e anotavam informações em suas pranchetas, comparando resultados. O gelo estranho na barriga voltou a formar em Jude, ela franziu o cenho apressando o passo. 

― Bom dia, Jude. Como está o sentido depois do cochilo? ―Perguntou Coulson quando ela parou ao seu lado. O agente estava com as mãos para trás e balançava o corpo sobre os calcanhares. 

― Descansada. O que está acontecendo? ― Perguntou a mulher sentindo mais alerta do que o normal e sem rodeios. 

― Que bom que acordou, agente Phoenix ― Disse Erik caminhando de um computador para o outro com olhares apreensivos ― Estamos com um pequeno problema. 

― Que tipo de problema? ― Perguntou Jude cruzando os braços sobre o peito. 

― O Tesseract começou a mostrar sinais de atividade alguns minutos depois do seu cochilo, pensamos que não fosse nada ― Respondeu o cientista coçando a nuca ― Depois cheguei a pensar que a senhorita andou apertando algo durante a minha ausência. 

― Juro que não apertei nada ― Respondeu Jude trocando olhares apreensivos com Coulson. ― Simplesmente capotei. Não foi algum dos seus Oompa-Loompas

― Até onde sei, não foi nenhum deles ―Respondeu Erik voltando a andar entre os computadores. 

― E quais são as informações que obtemos até agora? ―Perguntou Jude seguindo o cientista. 

― Ele está com interferência, liberando radiação ― Disse Selvig desligando a energia do local todo. 

― O quanto de radiação? Não quero ninguém com câncer ― Jude olhava preocupada para o cientista, voltando a ter a mesma sensação ruim do começo da pesquisa. 

― Nada muito nocivo, apenas um pouco de raio gama ― Erik deu com os ombros e resmungou quando a energia voltou a ligar sozinha. 

― Não que seja a maior cientista, mas acho que foram os raios gama que transformaram o Dr. Banner no Hulk ― Disse Jude fazendo careta. 

― Não está na hora para piadas, Jude ― Resmungou Coulson aproximando da amiga ― Isso é algo sério... 

― Estou falando sério ― Jude revirou os olhos e bufou irritada. ― Por que ninguém pensou em me chamar quando isso começou? 

― Não achamos que fosse algo tão sério ― Respondeu Coulson colocando as mãos no bolso. 

― O Tesseract é uma fonte de energia, desligar a força não vai adiantar ― Reclamou Jude quando Erik tentou fazer com que tudo desligasse pela terceira vez. ― Merda! ― Levando o Smartwatch até próximo da boca, ela começou a dar ordens, fazendo com que sua voz exalasse por toda a S.W.O.R.D. ― Ordem de evacuação! Repito! Ordem de evacuação! Isso não é um treinamento. 

― Jude... ― Coulson começou a falar ao notar as expressões preocupadas na face da melhor amiga, porém ela o interrompeu. 

― Agente Coulson! Quero que avise ao diretor Fury sobre o que está acontecendo. Ele vai querer saber os detalhes. Ordene que venha para cá o mais rápido possível. ― Ordenou Jude tomando uma postura totalmente profissional, muito diferente da agente que todos conhecem. 

― Claro, agente Phoenix! ― O homem assentiu e deixou o laboratório preocupado. 

― Agente Barton, permaneça em seu poleiro. Quero um relatório de tudo o que acontece. Tome conta do Dr. Selvig ― Ordenou Jude ao melhor amigo enquanto se armava ― Irei auxiliar a evacuação, quanto mais rápido as pessoas deixarem a locação, mais segura elas estarão. Não hesite em me avisar caso algo diferente aconteça aqui. 

―Pode deixar, capitã ― Assentiou Clint do poleiro ― Mas acha que a evacuação é realmente necessária? Não pode ser apenas um problema técnico? 

― Acontece, agente Barton. Que não sabemos ao certo com que porra estamos lidando aqui ― Jude ligou o alarma atráves do aparelho no pulso, fazendo com que o som irritante de sirene ecoasse por toda a instalação de pesquisa ―Foi um evento espontâneo. Você leu sobre o Tesseract? Ele é um portal interdimensional. Se houve interferência, não veio desse lado. 

― Você está certa ― Assentiu o doutor Selvig olhando para Jude por cima da tela do computador. 

― Voltarei para cá assim que o diretor Fury chedar ― Jude mordeu o lábio inferior e saiu correndo do laboratório. 

Apressada, a agente corria por entre os corredores do bunker dando ordens de evacuação enquanto soava o alarme por onde passava. Aquelas pessoas presentes no recinto estavam correndo risco de morrerem dentro do local e até mesmo fora dele. Mesmo sendo leiga na maioria dos assuntos do laboratório, Jude havia aprofundado seu conhecimento em relação ao Tesseract, mesmo que a leitura não fosse das mais interessantes. O objeto alienígena era capaz de oferecer energia alternativa, porém ao atingir o seu pico poderia ser tão perigoso quanto uma bomba atômica. Sendo esse o principal interesse tanto da HYDRA quanto da SHIELD em aprofundar as pesquisas sobre o artefato. Caso utilizado da maneira correta, é capaz de gerar os melhores armamentos. 

Durante algumas horas o principal objetivo da Jude foi evacuar a instalação de pesquisa, salvando o máximo de agentes, funcionários e cientistas que poderia encontrar no caminho. Alguns homens armados foram enviados para a sala do Tesseract, assim como dois cientistas da escolha do Dr. Selvig, onde ajudariam Clint a enfrentar o que quer que pudesse estar ameaçando a segurança mundial. 

Cansada de correr, ela apoiou o quadril contra a parede e inclinou o corpo para frente, segurando os joelhos enquanto hiperventilava. Suas bochechas estavam mais rosadas que o habitual, alguns fios de cabelo escapavam do seu rabo de cavalo, o coração parecia que iria saltar a qualquer momento da caixa torácica e suor escorria por sua testa e nuca. 

― Agente Phoenix. O diretor Fury acabou de chegar no local, ele está a caminho do salão do Tesseract. ― A voz do Coulson invadiu o ponto em sua orelha, pegando desprevenida e fazendo com que desse um pequeno sobressalto com o susto ―Fury quer que evacuemos o local o mais rápido possível. 

― Estou dando o meu melhor aqui ― Respondeu Jude voltando a ficar com a coluna ereta ― Obrigada por avisar, agente Coulson. Termine o serviço que iniciei, vou correr para o salão antes que de merda. 

― Claro! ― Assentiu Coulson do outro lado da linha. 

Tomando fôlego, Jude voltou a correr pelos longos corredores da instalação de pesquisa. Para o seu alívio, não estava muito longe da sala do Tesseract. Por mais que reclamasse da calmaria de vez em quando, não fazia parte dos seus planos uma mudança repentina no ambiente. Sua esperança era que a pesquisa fosse arquivada e nunca mais tocassem no objeto. Mas da mesma fora que havia sido com sua observação do Steve Rogers, a pesquisa do Tesseract deu uma pequena reviravolta, surpreendendo a todos.  

―Uma hora tudo está calmo e tranquilo, como se nada ruim fosse acontecer. Na outra hora tem um cara branquelo que fede a danone de morango te socando seminu no meio da Times Square ― Resmungou Jude revirando os olhos enquanto diminuía o ritmo dos passos ao aproximar do salão. 

A agente chegou na porta em tempo de pegar uma explosão azul que fez tremer todo o recinto, teve apenas tempo de cobrir os olhos com os braços. As ondas de energia em forma de nuvens de fumaça azul, subiram pela borda das paredes e se concentraram no alto do telhado, formando um rodamoinho de energia cósmica. Ao mesmo tempo que era bonito, aquilo soava assustador. 

― Que porra está acontecendo aqui? ―Jude perguntou mais para si mesma do que para os presentes na sala. 

No final da plataforma onde o Tesseract estava, um homem de cabelos pretos e com vestes de tonalidade verdes esquisitas se materializou magicamente. Seus olhos possuíam maldade, assim como seus pensamentos. Nas mãos carregava um cetro que remontava a uma lança esquisita. Ele olhava para todos os presentes de modo ameaçador e com suor brilhante escorrendo por sua testa. Jude empunhou suas duas melhores armas e apontou na direção do homem enquanto aproximava com passos lentos. 

― Senhor, por favor. Ponha essa lança no chão ― Ordenou Fury ao desconhecido. 

O homem olhou para lança em suas mãos e a ergueu lentamente. Sem nenhum tipo de aviso prévio, ele disparou um jato de luz na direção do diretor da SHIELD. O qual foi salvo por Barton antes que fosse pego pela linha de tiro. O Jato de luz explodiu num grande estrondo ao atingir um dos computadores, fazendo tudo que estava próximo voar pelos ares. 

― Clint! ― Gritou Jude preocupada com o melhor amigo enquanto abria fogo contra o desconhecido. 

De uma coisa ela teve certeza, aquele homem não era terráqueo e, muito menos, humano. Seus tiros não surtiam resultado, o atingindo como se fosse bala de festim. El era majestosamente ágil em suas ações, em poucos minutos havia derrubado um dos soldados ao pular sobre ele com o cetro, perfurando o seu peito como uma espada no mesmo instante que o derrubou. De algum lugar das vestes ele arrancou facas e atirou contra outros três soltados da linha de tiro, os atingindo com precisão na jugular. 

― Porra! Impressionante! ― Comentou Jude se protegendo de um dos tiros que veio em sua direção, criando uma barreira invisível antes de rolar para o lado e se esconder atrás de uma placa de metal. 

Quando o primeiro cessar fogo terminou, vários homens da SHIELD haviam caído, assim como alguns cientistas inocentes. Os poucos que permaneciam vivos custavam a levantar do chão, ou faziam o ato com certa dificuldade. Já o desconhecido parecia apenas cansado, nada mais do que isso. 

O primeiro agente a levantar foi Clint, ele estava determinado a acabar com o intruso, porém a escolha mostrou ser errônea. O homem correu em direção ao agente, dando início a uma luta corporal. Não tardou para que o homem conseguisse imobilizar Clint e, sem nenhuma dificuldade, utilizou a mão livre para levar a lança em direção ao coração do agente. Preocupada com o melhor amigo, Jude deixou o esconderijo e correu na direção do intruso, mas na metade do caminho Fury a segurou em seus braços, impedindo de continuar. 

― Me solta! ― Ordenou Jude entre os dentes. 

― Não! É muito perigoso para você ― Falou o diretor enquanto Jude debatia em seus braços para escapar. 

― Você tem um coração ― Disse o intruso ao Clint antes de tocar o peito com a ponta da lança. 

Magicamente a coloração azul dos olhos do Clint intensificaram, ficando no mesmo tom de azul que emanava do Tesseract e da pedra na lança do intruso. Houve uma mudança brusca no comportamento do agente, o qual relaxou o corpo e começou a seguir as ordens do desconhecido. Aquele já não era mais o Clint que Jude conhecia e adorava. 

― Fuja, agente Phoenix! É uma ordem ― Falou o diretor soltando a mulher, porém ela não moveu um músculo, ficando petrificada diante do poder do homem e do que havia acabado de presenciar ― Anda, Jude! 

― Não! ― Retrucou a agente voltando a realidade e recarregando a arma ― Não vou abandonar você e, menos ainda, o meu melhor amigo. 

― Isso não é uma opção, é uma ordem! ― Crispou Fury enquanto retirava sutilmente o Tesseract do seu apoio e colocava dentro de uma maleta ― Anda, vamos! 

Utilizando da mão livre, o diretor puxou Judy pelo antebraço enquanto a outra estava ocupada segurando a maleta contendo o objeto alienígena. Tentavam sair discretamente do recinto, aproveitando o momento em que o homem hipnotizava mais agentes com seu cajado. 

― Não façam isso ― Disse o intruso em tom de ordem ― Preciso dele ainda. 

― A situação não precisa piorar ― Disse Fury virando o corpo lentamente para o homem. 

― Claro que precisa! Vim de muito longe para que não fosse assim. Eu sou Loki, de Asgard, e tenho o fardo de um glorioso propósito ― Se apresentou com fúria no tom de voz. 

― Loki de onde? Isengard? ― Jude colocou o corpo em frente do diretor, o protegendo como um escudo para que desse tempo dele fugir ― They’re taking the hobbits to Isengard. ―Ela cantarolou a canção de um dos seus memes favoritos da internet e moveu os ombros com desdém ― Pensei que esse lugar só existia nos livros do Senhor dos Anéis. 

― É Asgard. Não Isengard. ASGARD! ― Corrigiu Loki fuzilando Jude com os olhos. Outra vez ela moveu os ombros com desdém, demonstrando não sentir medo dele. 

― Loki, o irmão de Thor ― O doutor Selvig que antes estava cuidando da sáude de um dos companheiros cairos, ficou em pé e tomou a dianteira. 

― Que Thor? Espera, o tal do deus nórdico? ― Perguntou Jude olhando surpresa para Erik, o qual apenas assentiu positivamente com a cabeça, fazendo com que ela soltasse um assobio baixo ― Puta merda! Esse é o cara da máscara. 

―Jude, agora não! ― Ordenou Fury antes que ela dissesse algo que pudesse piorar ainda mais a situação. Ele olhou para o príncipe asgardiano e ergueu a mão lentamente com a palma virada para frente ― Não temos rixa com o seu povo. 

―O verme não tem rixa com a botina ― Retrucou Loki com desdém. 

― Você pretende nos esmagar? ― Perguntou Fury baixando a mão e assumindo uma posição ameaçadora. 

― Eu trago boas notícias, de um mundo que está livre ― Loki começou a andar, parando em frente do doutor Selvig. 

― Livre? Livre de que? ― Perguntou Jude fazendo sinais discretos para que Fury escapasse com o objeto enquanto tinha tempo. Mas o diretor não moveu um músculo. 

― Liberdade. Liberdade é a maior mentira da vida. Depois que aceitar isso, de coração ― Ao dizer a palavra coração, ele tocou com a ponta da lança o peito do doutor, controlando sua mente da mesma forma que estava fazendo com a do agente Barton e de outro agente que Jude nunca recordava o nome ― Conhecerá a paz. 

―É. Você diz paz! Mas acho que está pensando em outra coisa ― Falou o diretor agarrando com mais força a alça da maleta que segurava. 

― Senhor! O diretor Fury e a agente Phoenix estão protelando. Isso aqui vai explodir e soltar toneladas de pedras, eles querem enterrar a gente ― Disse o agente Barton aproximando do Loki, o qual olhava para Jude. 

― De mesma forma como os antigos faraós enterravam seus tesouros. Primeiro iria deixai-lo cego, mas cego você já está de tanto poder ― Jude limpou o sangue que escorria do seu nariz. Durante todo o tempo, ela esteve tentando invadir a mente do melhor amigo, para que assim pudesse livra-lo do controle mental, mas era em vão. Todas as mentes pareciam conectadas em uma só, na do Loki, dificultando seu trabalho. 

― O portal está desmoronando, temos dois minutos antes da situação ficar crítica ― Disse o doutor Selvig dando uma última olhada no computador. 

― Então... ― Loki olhou para Clint, passando uma ordem mentalmente. 

Sem hesitar, o agente tirou a arma da bainha que havia em sua perna e disparou dois tiros. Jue não teve tempo de proteger o diretor Fury, sendo a primeira a ser atingida. Mesmo com a mente controlada, o agente Barton conseguia ser o melhor atirador de todos os tempos, acertando a mulher sobre o ombro direito e a fazendo cair de costas no chão. Enquanto o diretor foi atingido no meio do peito, também caindo de costas, mas em uma boa distância da Jude. 

― Seu filho da puta, você atirou em mim! Argh! ― Jude urrou no chão, sentindo o braço queimar e o sangue quente escorrer por toda a extensão. 

Enquanto aproximavam, ela esticou o braço saudável, tentando recuperar a arma que havia derrubado a alguns metros de distância. Rastejou de costas por alguns segundos, deixando uma grossa linha vermelha de sangue expeço enquanto o buraco da bala regenerava lentamente devido a presença dos estilhaços dentro do local. 

― Vamos ver se agora transformará tudo em piada ― Quando faltava poucos centímetros para Jude alcançar o armamento, Loki aproximou da agente e a grudou pelo colarinho das vestes, erguendo a mulher no ar sem muitas dificuldades. 

― Não faça isso, a agente Phoenix é uma bomba relógio prestes a explodir. ― Disse Clint antes que Loki pudesse encostar a ponta do cetro no meio do peito da agente, a transformando em um dos seus monstrinhos ― Mesmo que consiga controlar sua mente, não conseguirá controlar seus extintos assassinos. Ela é uma arma de destruição em massa, extermina tudo o que se move, independente do lado que estejam. A SHIELD a teme. 

― E o que farei com ela? ― perguntou Loki a chacoalhando ― Não podemos deixa-la livre. E matar não é uma solução, vendo que ela consegue se regenerar. 

― Não se algo estiver obstruindo seus órgãos vitais. Dessa forma ela demorará mais tempo para se recompor ― Clint retirou uma flecha do alforje e aproximou da amiga. 

― Não. Por favor, Clint ―Implorou Jude se debatendo mais ainda para escapar das mãos do Asgardiano ― Esse não é você falando, não faça isso. 

― Sim, esse sou eu falando ― Sem hesitar, o homem enfiou a flecha entre os olhos da melhor amiga, fazendo-a falecer nas mãos do deus nórdico. ― Agora, devemos ir, senhor. Antes que tudo exploda. 

Sem o mínimo cuidado, Loki lançou o corpo da agente sobre o chão gélido da sala, fazendo-a cair como um saco de esterco ao lado do diretor Nick Fury que fingia estar morto. Assim que os inimigos deixaram a sala levando o Tesseract, o diretor sentou no chão e retirou a bala do colete. Seu olhar caia com pesar sobre o corpo sem vida da Jude. Agora, sua preocupação maior era alertar os outros sobre o acontecido. 

― Hill! Clint mudou de lado, não o deixe sair do prédio. A Phoenix caiu, repito, a Phoenix caiu. A levarei para fora do prédio. Código vermelho. Eles levaram o Tesseract, atrás deles ―Ordenou Fury pegando a agente falecida no colo enquanto corria para fora do prédio que estava prestes a ser destruido ― Droga, Jude! Que deus tenha piedade de quem estiver perto de você quando acordar. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, em breve postarei o próximo capítulo. Mil beijos, com todo o amor do mundo, Amelie Oswald ♥



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