Greased Lightning escrita por Wavy Phoenix


Capítulo 6
Capítulo 6 - Greased Lightning


Notas iniciais do capítulo

Não morri e essa fic continua!!



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— Você bateu ele?! — o berro de Tony ecoou por toda a garagem quando viu a traseira amassada. 

— Bateram em mim! Aquele idiota do Killian e a namorada esquisita dele apareceram enquanto a Nat e eu estávamos… — Clint olhou em volta para os outros meninos que também participavam da aula de mecânica e estavam prestando atenção na conversa. — Namorando. E ele chegou do nada batendo com o carro dele no nosso!

— Se o Bruce ainda estivesse aqui, iríamos lá agora acabar com a raça desse cara — Thor disse, com os braços cruzados para dar mais destaque em seus músculos enquanto falava. 

— Só porque ele não é mais parte dos T-Arc, não quer dizer que você não possa ser amigo dele — Rhodes apontou e isso começou uma discussão sobre traição e sobre amigos não abandonarem os amigos. 

Tony apenas desligou o mundo à sua volta enquanto controlava sua raiva. Não era como se sua vida tivesse sido um mar de rosas até agora, ao contrário do que muitos pensavam, mas aquele ano letivo começar com tantas merdas rolando ao mesmo tempo estava acabando com a paciência dele. 

— Vamos fazer o seguinte, — ele falou, mais alto do que a discussão de seus amigos. — Pegamos as peças novas que o Lang conseguiu e colocamos ela no carro agora, eu vou ficar aqui durante o horário de almoço consertando a merda que o Clint fez e vocês vão procurar um turbo que sirva pra deixar o carro mais rápido. 

Nenhum deles questionou, nunca questionavam. Eles confiavam em Tony para tomar as decisões porque sabiam que, apesar de às vezes arriscadas, ele pensava no melhor para o grupo. Rapidamente começaram a se organizar para colocar a maioria das peças no lugar, enquanto alguns outros alunos ajudavam quando eram chamados. 

Mesmo com o imprevisto da batida, o carro já estava ficando bem melhor com as peças que pegaram no lixão. Ainda parecia uma lata velha do lado de fora, com a pintura suja e arranhada, e alguns amassados difíceis de serem removidos, porém ainda era a obra prima do Stark e ele estava orgulhoso dela. 

Depois que todos saíram para suas aulas do dia, Tony continuou na oficina terminando os reparos, completamente distraído enquanto seu CD do AC/DC tocava ao fundo. No momento em que viu o par de sapatos parando ao lado do carro, estava embaixo dele com muitas ferramentas, mas o que o pegou de surpresa foi a voz que seguiu. 

— Com licença, vim devolver essa furadeira que meu amigo pegou emprestada mais cedo — ao ouvir a voz de Steve, Tony inconscientemente levantou a cabeça e bateu com ela na parte inferior do carro, soltando um grunhido. — Você está bem?

O moreno apenas balbuciou um “sim” enquanto tentava se recuperar da pancada, que fez sua cabeça latejar. 

— Ok… Não quero te atrapalhar, então vou deixá-la em cima da mesa — ele estava falando como se não soubesse que era Tony ali embaixo, pois não havia mágoa em seu tom. 

Isso fez o Stark considerar se deveria sair debaixo do carro para enfrentar seus problemas como Pepper sugeriu, ou só continuar ali pelo resto do dia, se afogando em sua vergonha. 

Por fim, saiu debaixo do veículo com a mão na cabeça e o rosto bem sujo de graxa e viu o loiro se virar após deixar a ferramenta sobre o balcão. Steve congelou ao vê-lo, seus lindos olhos azuis se arregalaram por um momento, até que ele franziu o cenho e trincou a mandíbula. Tony não sabia o que dizer, sentindo aquele peso no peito novamente ao ver que o homem que tanto amava ainda o odiava. 

— Você parece bem — logo que disse isso, Tony sentiu vontade de enfiar sua cabeça embaixo do capô. 

— É isso que você tem pra me dizer depois do que aconteceu? — Steve não escondeu a indignação em sua voz. 

— Presumi que não quisesse ouvir desculpas de um babaca escroto como eu — o moreno deu de ombros. — Mas posso fazer se for te deixar menos emburrado. 

O loiro respirou fundo e desviou o olhar, cerrando os punhos enquanto pensava em suas próximas palavras. 

— Você é inacreditável. 

— Eu sinto muito, Steve… 

— Não quero desculpas vazias, Stark! 

— Não são vazias e você sabe disso! — Tony rebateu, entrando na linha de visão do mais alto novamente, porém mantendo uma distância. — Você me conhece, provavelmente é a única pessoa no mundo que realmente conhece o verdadeiro Tony Stark. 

— Conheci o verdadeiro Tony no pep rally, quando ele partiu o meu coração e me humilhou na frente de todos os amigos dele — o moreno sabia disso, ele estava lá. Ainda assim, ouvir da boca de Steve fez com que ele se sentisse um milhão de vezes pior. — Não quero ter mais nada a ver com você. 

— Eu entendo. Não estou me desculpando porque quero tentar entrar nas suas calças, mas porque você é uma pessoa decente que merece ser tratado como tal — Tony se aproximou um pouco, e pôde ver a respiração do outro ficar mais agitada. — Eu sinto muito por ter te magoado, por ter feito isso da pior forma possível, mas agora eu percebi que foi o necessário. Porque eu não mereço você, então o melhor que pode fazer é, realmente, se afastar de mim. 

Agora foi ele quem desviou o olhar, porém, quando não ouviu uma resposta, voltou a encarar o rosto perfeito do loiro. A raiva em sua expressão parecia ter momentaneamente se esvaído, dando lugar à surpresa. Tony sabia que Steve não era do tipo de guardar rancor, por mais que ele merecesse sua raiva durante, pelo menos, dez anos, e algo dentro dele tinha esperança de que seria perdoado um dia. 

— Vamos esquecer tudo isso. Não quero que nossos problemas acabem com nosso último ano, nem que nossos amigos se envolvam nisso — Steve finalmente disse.

Tony tentou conter a felicidade de pelo menos ter conseguido um perdão parcial do outro, fingiu mexer em algumas ferramentas que estavam ao seu lado para não sorrir de imediato. Quando se voltou novamente para o carro, Steve o estava observando, como quem analisa uma obra de arte. 

— Este é o carro do qual você não parava de falar durante o verão? — o loiro pareceu vacilar nas últimas palavras, como se as lembranças as tivessem atropelado. 

— É ele mesmo, — Tony rapidamente mudou o tom para não deixar o desconforto tomar a sala novamente. — Meu querido Greased Lightning. Meu primeiro projeto independente, construído com a ajuda daqueles babacas adoráveis que chamo de amigos, modificado pra ser o carro mais rápido de toda Nova York. 

O moreno começou a rodear o veículo enquanto falava. Explicou como cada parte foi montada, onde conseguiram peças sem precisar do dinheiro de seu pai, que nem sabia sobre esse projeto, como cada engrenagem complementava a outra e como logo iriam conseguir o turbo que faria o carro “voar”. 

Só percebeu que estava falando sem parar quando notou que Steve não havia dito uma palavra desde que começou. Mas, olhando para o loiro, não viu tédio nem irritação em seu olhar, mas sim interesse e admiração, como se a forma apaixonada com que Tony falava de seu trabalho o deixasse orgulhoso. 

Steve pareceu perceber isso também, e rapidamente tossiu para fingir que não passou muitos minutos encarando o Stark. O moreno não pode deixar de dar um leve sorriso com a ideia de ainda ter um efeito sobre seu ex namorado. 

— É incrível, tenho que admitir. Só parece um pouco… — ele fez um sinal vago com a mão, mas o bilionário sabia o que significava. 

— Vamos trabalhar na aparência, eu sei. Pensei em vermelho com tons de dourado, mas não sei exatamente como fazer o design da pintura porque não entendo nada de arte. 

— As cores combinam, e poderia fazer um símbolo na lateral. Talvez um raio — Steve sugeriu, parecendo visualizar a ideia. 

Foi então que Tony teve uma brilhante ideia para se aproximar de Steve. 

— Você desenha muito bem. Lembro de ver você desenhando um retrato meu uma vez na praia. Você acha que- Se não for te atrapalhar- Ou se for, não precisa fazer, só… — Tony se xingou mentalmente por não conseguir formular uma frase. 

— Quer que eu faça o design do seu carro? — Steve perguntou, lançando um olhar surpreso para o outro. 

— Não vou confiar no Thor e no Lang pra isso, eles transformariam meu bebê em um carro de palhaço — Tony sorriu. — Vamos ter uma corrida contra o escroto do Killian e da gangue dele logo. Se ajudar, vai estar contribuindo pra nossa vitória inevitável. 

— Não daria tanto trabalho assim e é um bom projeto. Ficaria feliz em ajudar vocês — Steve assentiu com a cabeça e Tony sentiu que sua sorte realmente estava mudando, porque seu dia passou de uma merda completa para um extremamente agradável só com essa frase. 

— Perfeito! Podemos começar quando quiser. Tenho muito tempo livre, ainda mais porque não preciso ver todas as aulas, então nós podemos… 

— Tony, eu vou te ajudar com o seu carro, mas quero deixar bem claro que não existe um “nós”. 

A forma séria como ele falou fez a empolgação do moreno despencar consideravelmente. De repente, sentia-se estranho, como se uma dormencia se espalhasse por seu peito, o trazendo de volta para a realidade; Steve ainda estava puto com ele. 

— É claro, eu só quis dizer que, se precisar de companhia, eu fico feliz em ajudar — ele tentou mexer em um pano e desviar o olhar para se sentir menos idiota. — Se quiser, depois da aula podemos discutir sobre o raio que comentou. 

— Hoje não posso, tenho um encontro — a forma casual como o loiro disse aquilo fez o cérebro de Tony levar alguns segundos para processar a informação. 

Steve tinha um encontro. Na mesma semana em que eles haviam rompido de forma terrível e dolorosa, ele tinha um encontro. Ele quase sentiu a vontade de vomitar chegando, porém apenas assumiu sua postura de despreocupação e continuou limpando o retrovisor. 

— Um encontro? — o moreno repetiu, tentando soar desinteressado. 

— Sim. O Bucky vai me levar para conhecer o Burger Diner. 

Imediatamente, Tony sentiu uma vontade absurda de voar na garganta do jogador de futebol americano. O que ele tinha de especial para fazer o loiro esquecê-lo tão rápido? Só porque era atlético e gostoso? Tony podia fazer tudo o que ele fazia e mais. 

— Legal — foi o que ele disse com a nova informação, mordendo o lábio inferior para não dar na cara que queria socar a cara de Barnes. 

— Talvez amanhã? — Steve quebrou o silêncio que durou quase um minuto. 

— Funciona pra mim — o Stark deu uma última olhada para o outro com um sorriso claramente falso e voltou para a parte de baixo do carro, onde poderia sofrer em silêncio. 

Só se deixou respirar fundo quando ouviu os passos do homem que amava deixar a oficina. 

 

***

 

Steve se sentia um idiota por ter aceitado passar horas ao lado do homem que destruiu seu coração. O pior era saber que ainda sentia algo por ele, porque uma parte dele queria acreditar que Tony realmente não era daquele jeito, que foi tudo uma atuação para parecer legal na frente dos amigos. Não tornava ele uma pessoa menos babaca, porém dava a entender que ele também tinha sentimentos por Steve, que tudo o que eles viveram não foi uma farsa. 

Se Natasha soubesse disso, com certeza iria repreendê-lo por ser iludido e inocente. Por isso, manteria seus futuros encontros com Tony um segredo até que pudesse dizer, com certeza, que não sentia mais nada por ele. 

O que o irritava mais sobre essa situação era que, no momento, estava em seu primeiro encontro com Bucky e tudo em que pensava era em Tony Stark. 

— O que achou? — Barnes perguntou após beber de seu milkshake de chocolate. 

Steve voltou à realidade e olhou em volta para a lanchonete típica dos Estados Unidos, com tons de azul pastel nas paredes e mesas em contraste com o branco das poltronas. O local estava cheio de estudantes do Avengers High, alguns conversando animadamente, enquanto outros dançavam ao som da música vinda da jukebox no meio do salão.

— É incrível. Nem acredito que nunca ouvi falar nesse lugar, costumava morar em Nova York quando era mais novo — ele comentou, em seguida comendo um pedaço de seu hambúrger. 

— Fico feliz que tenha gostado. Depois pode escolher uma música se quiser, reservei um espaço — Bucky sorriu, estendendo a mão para encontrar a do loiro do outro lado da mesa. 

Steve não conteve o sorriso e segurou a mão do moreno, que parecia do mesmo tamanho que a sua. Ainda se lembrava de como as mãos de Tony eram menores, como se encaixavam perfeitamente nas suas. E também como elas podiam fazer maravilhas enquanto eles davam alguns amassos no carro dele. 

Ele quase bateu com a mão no próprio rosto quando seus pensamentos instintivamente voltaram para Stark. Não deveria ter saído com outra pessoa tão rápido, não estava pronto para esquecê-lo. Mesmo assim, quando recebeu o convite e seus amigos o encorajaram a ir, pensou que era forte o suficiente. 

— Steve, tudo bem? — o moreno perguntou, parecendo preocupado. 

O loiro só esperava que não estivesse completamente vermelho ou fazendo alguma careta enquanto pensava. 

— Hum, sim, eu só… — ele ouviu o sino da porta tocar e o som de algumas figuras masculinas entrando no local. 

Uma rápida olhada confirmou serem os T-Arc, com Tony na frente trajando sua calça preta de couro, uma blusa branca e sua típica jaqueta de couro. Tinha óculos escuros no rosto e não os tirou quando entrou, mas Steve sabia que aqueles olhos castanhos estavam nele. 

— Eu acho que vou escolher aquela música agora — Steve disse, soltando a mão do outro para seguir até a jukebox. 

Bucky felizmente não pareceu perceber o motivo para a inquietação do loiro, então ele fez seu caminho dando a volta na lanchonete para não chegar perto de Tony. Viu de relance que Natasha passou pelo Stark e fez um comentário, que mesmo através dos óculos escuros sabia que o havia deixado extremamente puto. 

Decidiu ignorá-lo por completo e escolher logo a música para voltar para o seu encontro o quanto antes. Quase levou um susto ao ouvir uma voz feminina não muito distante de onde ele estava chamar:

— Tony! — a garota loira que ele viu algumas vezes na escola gritou e agarrou o moreno, que parecia estar no processo de ir na direção de Steve. — Você não me ligou, o que houve? 

Com o olhar de Steve sobre ele, Tony rapidamente se desvencilhou da jovem e fingiu que nem havia ouvido a pergunta. Quando viu que ele se aproximava, o loiro revirou os olhos. Realmente, um babaca. 

— Rogers — ele sentiu seu coração pular uma batida quando a voz disse ao seu lado. 

— Stark — respondeu, sem tirar os olhos da jukebox. 

— Como vai seu encontro?

— Muito bom. Bucky é um cara legal, além de muito bonito — Steve provocou, podendo sentir a raiva emanando do moreno. 

Tony soltou uma risada falsa ao ouvir isso e removeu seus óculos, praticamente fuzilando Bucky com o olhar antes de se voltar para o loiro com uma expressão mais tranquila. 

— Acha que vai ter com ele o que nós tivemos? — aquilo soou como uma pergunta sincera, como se o próprio Tony se questionasse sobre isso e quisesse saber a opinião de Steve. 

A resposta em sua mente foi automática, ele sabia que nunca teria algo com alguém nesse mundo igual ao que teve com o Stark. A ligação deles parecia de outro mundo, era como se o tempo que passaram juntos estivesse queimado na mente de Steve até o dia em que ele morresse. 

Mas, no mundo real, ele sabia que não deveria responder. O outro pareceu perceber a melancolia no olhar dele e deu um sorriso triste.

— Não precisa responder — ele guardou os óculos em seu bolso e sem desviar os olhos dos dele continuou. — Eu vou mudar por você, Steve. Vou te mostrar quem realmente sou, provar que sou muito mais do que isso. Porque você merece alguém à altura e eu vou lutar pra ser esse alguém. 

Steve sentiu sua boca abrir, porém nada saiu dela. Seus olhos estavam fixos no moreno e ele pôde ver a mesma vulnerabilidade que viu no dia do pep rally, depois da discussão que tiveram. Um nó se formou em sua garganta e ele podia jurar que começaria a chorar ali mesmo. 

Sem saber como reagir, o loiro apenas se virou e voltou para a mesa com Bucky, sem olhar para trás. Pois tinha medo que se o fizesse, iria acabar cedendo aos sentimentos que ainda estavam ali. 

No fim das contas, esquecer Tony Stark seria mais difícil do que ele pensava.


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